quarta-feira, 24 de julho de 2019



OS FOGOS …
23/7/19




                         “Tanto é ladrão o que rouba a vinha, como o que fica a ver”
                                                                  Provérbio popular

            Vou escrever o artigo mais curto da minha lavra, até hoje. Podia até ser apenas isto: o que se escreve a 90% sobre os fogos em Portugal são apenas lucubrações mentais mentirosas e, ou, acessórias.
            Mas tenho que acrescentar algo mais.          
            O país continua a arder – nomeadamente nos locais onde já ardeu – e assim continuará, enquanto não se puser o dedo nas razões porque arde. Ora estas podem-se resumir a duas causas principais: naturais (diria menos de 1%) e humanas (as restantes). Esta última (causas humanas) pode ainda subdividir-se em três, a saber: por desleixo/imprevidência; por acção de tarados e “doentinhos”, que sentem prazer patológico em ver arder, e por intenção dolosa, isto é, criminosa.
            Não sei, nem é possível saber em concreto, a percentagem de umas e outras.
            Sei apenas – como qualquer cidadão mesmo sem escolaridade obrigatória – que para haver fogo são precisas três coisas em simultâneo: combustível, comburente e uma ignição.
            Em simultâneo.
            Isto é o fogo não nasce por geração espontânea.
            Neste momento percorrem as pantalhas da televisão imagens de artefactos supostamente usados na deflagração propositada de incêndios. São numerosas as vezes que tal já ocorreu.
            Há dezenas de pessoas presas todos os anos, que depois não se sabe o que lhes acontece sendo que a maioria é posta em liberdade sem mais aquelas.
            Ora não se resolverá jamais o problema desta desgraça dos fogos florestais que, lembra-se, não tem paralelo em qualquer outro país, senão se fizer duas de duas coisas, a saber: castigar a sério os autores de fogos por descuido ou irresponsabilidade e, “enforcar in situ”, aqueles apanhados em flagrante delito, o que seria acompanhado de investigação da possível “mão que os arma” o que está seguramente ligado a vários “negócios” que de algum modo possam prosperar, directa ou indirectamente, com os fogos.
            Enquanto não houver coragem para se fazer isto a tragédia continuará. Esta tragédia deve ser encarada como um problema de Segurança Nacional e os criminosos equiparados a terroristas.
            Mas não, ainda não vai ser desta.
            Quando a coisa amainar os adiantados mentais de serviço, lá vão voltar às velhas desculpas, a saber: as alterações climáticas; as populações que não limpam os terrenos à volta das casas; o reordenamento da floresta, a prevenção, blá, blá, blá…
            A que se segue a conclusão costumeira de que se vai envidar esforços (para o ano) na prevenção e no reforço de meios.
            Sem nunca se atacar o essencial. [1]
            Até quando é que vamos todos andar a fazer de estúpidos e a aturar este estado de coisas?




                                            João José Brandão Ferreira
                                           Oficial Piloto Aviador (Ref.)



[1] Lembram-se por acaso de uma reportagem passada num canal de televisão onde se descreveu e mostraram imagens assaz importantes de como se organizou a destruição do Pinhal de Leiria há dois anos atrás? Aconteceu alguma coisa?

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