OS FOGOS …
23/7/19
“Tanto é
ladrão o que rouba a vinha, como o que fica a ver”
Provérbio popular
Vou
escrever o artigo mais curto da minha lavra, até hoje. Podia até ser apenas
isto: o que se escreve a 90% sobre os fogos em Portugal são apenas lucubrações
mentais mentirosas e, ou, acessórias.
Mas
tenho que acrescentar algo mais.
O
país continua a arder – nomeadamente nos locais onde já ardeu – e assim
continuará, enquanto não se puser o dedo nas razões porque arde. Ora estas podem-se
resumir a duas causas principais: naturais (diria menos de 1%) e humanas (as
restantes). Esta última (causas humanas) pode ainda subdividir-se em três, a
saber: por desleixo/imprevidência; por acção de tarados e “doentinhos”, que
sentem prazer patológico em ver arder, e por intenção dolosa, isto é,
criminosa.
Não sei, nem é possível saber em
concreto, a percentagem de umas e outras.
Sei
apenas – como qualquer cidadão mesmo sem escolaridade obrigatória – que para
haver fogo são precisas três coisas em simultâneo: combustível, comburente e
uma ignição.
Em
simultâneo.
Isto
é o fogo não nasce por geração espontânea.
Neste
momento percorrem as pantalhas da televisão imagens de artefactos supostamente
usados na deflagração propositada de incêndios. São numerosas as vezes que tal já
ocorreu.
Há
dezenas de pessoas presas todos os anos, que depois não se sabe o que lhes
acontece sendo que a maioria é posta em liberdade sem mais aquelas.
Ora
não se resolverá jamais o problema desta desgraça dos fogos florestais que,
lembra-se, não tem paralelo em qualquer outro país, senão se fizer duas de
duas coisas, a saber: castigar a sério os autores de fogos por descuido ou irresponsabilidade
e, “enforcar in situ”, aqueles apanhados em flagrante delito, o que seria
acompanhado de investigação da possível “mão que os arma” o que está
seguramente ligado a vários “negócios” que de algum modo possam prosperar,
directa ou indirectamente, com os fogos.
Enquanto
não houver coragem para se fazer isto a tragédia continuará. Esta tragédia deve
ser encarada como um problema de Segurança Nacional e os criminosos
equiparados a terroristas.
Mas
não, ainda não vai ser desta.
Quando
a coisa amainar os adiantados mentais de serviço, lá vão voltar às velhas desculpas,
a saber: as alterações climáticas; as populações que não limpam os terrenos à
volta das casas; o reordenamento da floresta, a prevenção, blá, blá, blá…
A
que se segue a conclusão costumeira de que se vai envidar esforços (para o ano)
na prevenção e no reforço de meios.
Até
quando é que vamos todos andar a fazer de estúpidos e a aturar este estado de
coisas?
João
José Brandão Ferreira
Oficial Piloto Aviador
(Ref.)
[1] Lembram-se
por acaso de uma reportagem passada num canal de televisão onde se descreveu e
mostraram imagens assaz importantes de como se organizou a destruição do Pinhal
de Leiria há dois anos atrás? Aconteceu alguma coisa?
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