quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

REFLEXÕES SOBRE A NATUREZA TELEOLÓGICA DA VIDA HUMANA OU AS PERGUNTAS QUE NÃO SABEMOS RESPONDER

“Enquanto a natureza do fogo fá-lo arder de maneira igual na Grécia e na Pérsia, a natureza do homem fá-lo estabelecer normas e padrões de comportamentos variados e variáveis”.
Aristóteles

Pretendo colocar um conjunto de questões para reflexão e a primeira questão é já esta: porque não refletimos sobre elas?

·     Do que sabemos sobre o “Direito Natural”, retiramos que a Natureza, ou a natureza divina desta e do homem, estabelecem normas, ou leis morais. Estas “leis” devem ser transformadas em Direito?[1]

·         Partindo do princípio que acreditamos em Deus e na vida eterna coloca-se, mesmo assim, a questão do que andamos a fazer nesta passagem pela Terra:

    - Porque nascemos? Porque morremos?

    - Trata-se de uma evolução natural de todos os seres vivos? Porque é o homem diferente de todos os restantes seres vivos?

     - Estará o homem ao “serviço” dos outros seres vivos ou estão estes ao serviço daquele? Complementam-se? Fazem parte de um equilíbrio cósmico? Qual o sentido desse equilíbrio?

        * Nascemos e temos o nosso percurso pré-determinado? Até que ponto influi o livre arbítrio?

        * O nosso percurso terreno destina-se a quê?

                    - Um aperfeiçoamento?

                    - Uma evolução para um estádio superior?

                    - Um teste? (para ver como nos comportamos?)

                    - Um castigo?

        * O equilíbrio do Cosmos, da Terra e do “Eu”: a nossa missão é manter esse equilíbrio – seja ele qual for – ou romper com ele? Ou, simplesmente, conviver com ele?

         * O que podemos fazer para aumentar o nosso nível de consciência sobre o passado, o presente e o futuro? Como devemos fazer? Que ferramentas temos ao nosso dispor?

         * Nós acreditamos na existência de Deus (o que pensarão os que não acreditam?) e que Ele fez tudo e obrou tudo; e que devemos caminhar para Ele segundo os preceitos que nos deixou. Porém, recorda-se, que apenas temos consciência/conhecimento desses ditames há cerca de 2000 (para o caso do Deus Cristão).

A Humanidade existe, contudo, há mais de um milhão de anos. Fixemos um milhão de anos. Deus deixou-nos em “pecado” durante 998.000 anos e só depois nos veio salvar, remindo-nos na Cruz? Porque levou tanto tempo?

*****

“Assim como fogo que queima em todas

as partes, o homem é natural como a natureza

e por isso todos têm direito à defesa”

Aristóteles

Outras questões merecem a nossa reflexão e, porque não dizê-lo, inquietação.

As mesmas derivam do facto incontornável de não termos qualquer controlo sobre as coisas mais importantes da nossa existência, isto é, da nossa aventura terrena.

Ou seja:

·          Não decidimos nascer (e se tal não for assim, não temos disso qualquer consciência);

·          Não sabemos quando morremos (o suicídio entra no âmbito do livre arbítrio e noutro plano de discussão);

·          Não escolhemos os nossos pais;

·          Se temos irmãos ou não;

·          Se nascemos sãos ou doentes;

·          As nossas características físicas e o nosso carácter;

·          O país/localidade onde nascemos;

·          A cor da pele;

Porque é que as coisas se passam assim?

E porque acreditamos tanto na Ciência se ela ainda não cuidou resolver nenhum destes mistérios?

Será que desafiamos Deus por não o entendermos ou o que nos rodeia?

E se nada temos a ver com a dádiva e o mistério da vida, a não ser pela união de um espermatozoide com um óvulo – o que nos coresponsabiliza – será licito que possamos interferir com o seu natural desenvolvimento (leia-se, aborto, eutanásia e manipulação genética)?

Finalmente, umas quantas questões relativamente à floresta de constrangimentos em que passamos a viver, derivados do mundo em que de repente “aterrámos” sem termos, aparentemente, contribuído em nada para o que ele é.

Estes constrangimentos limitam-nos e influenciam-nos, tremendamente, nas capacidades que entretanto desenvolvemos e nos permitem em maior ou menor grau, decidir nas escolhas importantes da nossa existência, com sejam:

·          Os nossos amigos;

·          Com quem casamos;

·          A nossa Religião;

·          A nossa profissão;

·          O que herdamos;

·          Se gostamos ou não de alguém;

·          O que aprendemos (e podemos querer e não ser capazes);

·          Onde passamos a viver;

·          O modo como vivemos e o caminho do Bem e do Mal;

·          A riqueza que criamos;

·          A felicidade que buscamos, etc.

Tudo depende das oportunidades que vamos tendo e das decisões que tomamos.

Eis algumas questões que acompanham o Homem desde tempos imemoriais e cada um de nós, desde que nasce e chega à idade da razão – seja lá o que isso for. E que cada um tem que aceitar e resolver consigo mesmo, para poder fazer o seu caminho. E dormir bem.

Questões que o torvelinho da vida moderna, sem tempo e sem silêncio, cada vez mais ilude, e torna mais difícil refletir.

Sobretudo porque são muito incómodas.

A vida, afinal, aparenta ser um mistério que só a Fé compreende. E a Razão intui.



[1] São dois os tipos de direito que regem a vida dos homens e dos povos: o direito natural e o direito positivo. Enquanto o direito natural é estabelecido pela razão natural, o positivo procede das leis e costumes de cada povo constituído em unidade política superior (civitas). Javier Hervada

terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

QUE SE PASSA COM A BANCA?

“Democracy substitutes election by the incompetent many for appointment by the corrupt few”[1]
George Bernard Shaw

Segundo notícias veiculadas pela comunicação social, a banca portuguesa espera acumular cerca de 2000 milhões de euros de prejuízo no ano de 2013.
Aparentam vir de longe os desatinos da banca (acompanham os do país…).
Remontam ao tempo em que o diligente Professor Marcello Caetano entendeu aliviar o controlo e o respeito, em que a tinha o seu antecessor no cargo de Presidente de Conselho de Ministros, e que vinha desde 1928; depois pelos desmandos do PREC, nomeadamente através das nacionalizações e das intervenções estouvadas.
A coisa nunca mais bateu certo.
O que os homens do dinheiro tinham a cobrar a comunistas, socialistas e outros “istas”, estão-lhe estes a tentar cobrar agora, embora com vantagens para os primeiros. Até ver
O Capitalismo “selvagem” desregulou, entretanto, tudo e todos e não houve Comissão Europeia que antecipasse, evitasse ou combatesse, fosse o que fosse. Passaram a ser, aliás, parte do problema e não da solução.
A população portuguesa vê a “guerra” ao longe, mas os tiros e as bombardas acertam-lhe em cheio.
Os poderes públicos comprometidos até ao tutano, com tudo o que de errado se passou governam para a fotografia e continuam a atacar os efeitos em vez das causas. Os predadores internacionais agradecem e aproveitam para nos pilhar.
O País está de facto a ser “desmontado” e alienado.
Tem que haver muita inconsciência, ignorância, ganância, incompetência e corrupção no meio disto tudo. Ou uma combinação de vários.
Centenas de empresas abrem falência em Portugal, mas não há um único banco que o faça, apesar de todos os escândalos que já viram a luz do dia. Antes pelo contrário, os governos metem lá o dinheiro dos contribuintes para os segurarem.
Que teoria económica/financeira, ideologia política ou moralidade pública, pode justificar semelhante atitude? Alguém sabe responder?
Por outro lado centenas de outras empresas sobrevivem e desenvolvem-se sem o apoio efectivo da banca, sendo esse apoio a sua razão de ser primeira – apoiar a economia (ou será que é a distribuição de dividendos aos respectivos accionistas?).
Estão aquelas a ser muito elogiadas, por políticos pressurosos, por serem a esperança de salvação do país ao exportarem mais e assim melhorarem a balança de pagamentos, apesar de estar longe o crescimento que permita pagar os juros das dívidas que, a um ritmo de relógio suíço, continuamos a contrair…
Convinha no entanto termos estatísticas credíveis que permitissem verdadeiramente avaliar o comportamento da economia e saber até que ponto, esta está dependente do Turismo (que é conjuntural e sazonal); da venda de refinados de petróleo (cujo investimento – uma boa aposta – vai levar muito tempo a amortizar) e qual o montante de ouro e joias de que as famílias portuguesas se estão a desfazer, está a engrossar a saída de riqueza do país.
A banca queixa-se sempre. Fá-lo discretamente mas, não raras vezes, tem o poder suficiente para influir em decisões importantes do Estado.
Terá razões para se queixar? Eis uma questão que merece uma resposta.
Aparentemente não tem.
Goza de um estatuto privilegiado; o Banco de Portugal – que virou uma espécie de estado dentro do estado - que, supostamente a tutela e lhe impõe critérios e baias, tem sido de uma liberalidade pasmosa.
O Banco de Portugal, aliás, nada parece conseguir antecipar ou prever, actuando em conformidade, prática em que ganhou especial destaque o mandato do Dr. Victor Constâncio, mais tarde promovido (certamente por distinção) a vice do BCE.
Consta também que a promiscuidade entre gestores do Banco de Portugal e a banca é vasta e, possivelmente, só tem paralelo no que acontece entre parlamentares e outros cargos privados que uma democratíssima legislação permite, confunde e incentiva…
A banca é menos penalizada nos impostos do que o mundo empresarial e o comum dos cidadãos; tem tido liberdade q.b. para comercializar produtos os mais díspares, incluindo a Bolsa, mesmo aqueles que vieram a ser apodados de “tóxicos”; idem para as taxas que cobram aos clientes; gozam da faculdade de contrair empréstimos a juros mais baixos, nomeadamente no BCE; fomentam (e já fomentaram mais) o endividamento de todos, através de uma publicidade agressiva e às vezes enganosa, relativamente a financiamentos, cartões de plástico, compras de bens, etc. e, agora, estão aflitos a tentar cobrar o crédito mal parado e a gerir os bens que lhes caiem no regaço por falta de pagamento dos respectivos empréstimos.
Enfim, se olharmos bem para as nossas contas constataremos que as mesmas estão sempre a ser escoadas por pequenas taxas constantemente aplicadas, que as mais das vezes desconhecemos e nem nos damos ao trabalho de perguntar.
No meio disto tudo, não há memória de ver um banqueiro pobre (e raramente se suicidam) nem a acompanhar uma refeição com um vinho abaixo da fasquia de um “Pera Manca” – passe a propaganda – entretendo-se a fazer “opas hostis”; em guerras de família; a discutir ou a lutar por reformas milionárias; em tricas de gestão ou de “estratégia” e quase sempre a evitar ter o capital social que o “negócio” aconselha ou obriga. Todavia, sempre a queixarem-se.
Terão alguma razão quanto ao empréstimo que Governo lhes quer fazer com dinheiro da “Troika”, cobrando em troca juros elevados e direito a nomearem gestores. Sabe-se como um dos principais bancos nacionais tem resistido a isto e os restantes bem se querem livrar dessa “canga”. Mas como com esse dinheiro, depois emprestam a juro mais elevado a quem lhes bate à porta, acabam sempre por ser o público e as empresas a pagar para todos…
As preocupações sociais também lhes passam ao lado. Sobram para a Igreja e organizações de solidariedade…
E Portugal como Pátria individualizada no concerto das Nações dir-lhes-á alguma coisa? (e como lhes dirá se os próprios órgãos do Estado falam em alienar os poderes que detêm na CGD e importam financeiros ligados a poderes externos, a fim de orientar os nossos destinos?).
Não há problema: a população mantida na mais perfeita ignorância política e confusão moral pelos tais que Bernard Shaw apontava, paga tudo e não manda nada. Disfruta o espectáculo nas televisões e descarrega a bílis na “NET” (o mais das vezes ao abrigo do anonimato) e, algumas vezes, na rua, o que não serve em rigor para nada (trata-se da bílis) já que apenas está a “usufruir do seu direito democrático à reunião e ao protesto”.
De facto a Banca queixa-se de quê?


[1] “A Democracia substitui a eleição pelos muitos incompetentes pela nomeação dos poucos corruptos” (tradução livre).

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

ENCONTRO DE OFICIAIS DIA 22 DE FEVEREIRO

Caro camarada:
 
Já na vigência da nova Direcção, em que a percentagem dos que se encontram no Activo ombreia com a equivalente ao somatório dos que estão na reserva e na reforma, terá lugar o “ENCONTRO de OFICIAIS”, em 22 de Fevereiro.
 
Os TGEN ART Formeiro Monteiro e MGEN INF Raul Ferreira da Cunha, respectivamente, Presidente e Vice-presidente da Assembleia-Geral, bem como o MAJ INF Comando Musa Paulino, Vice-Presidente do Conselho Nacional, e o TCOR TINF António Mota, Secretário-Geral, iniciarão, por isso, na prática, nesse dia os bons serviços que, como todos os que integram o colectivo da AOFA, irão certamente prestar aos Oficiais das Forças Armadas.
 
O Encontro surge numa altura em que entendemos ser nosso dever dizer que chega de tanta afronta, desconsideração e humilhação infligida aos militares e aos insidiosos expedientes utilizados para desestruturar as Forças Armadas. Numa altura em que, é bom tê-lo presente, os nossos concidadãos, que não podemos, nem devemos esquecer, passam, igualmente, por grandes dificuldades.
 
Perante a Bandeira Nacional, jurámos servir a Pátria, se necessário com o sacrifício da própria vida, mas nunca sob a condição de sermos maltratados, desconsiderados, humilhados até.
 
No quadro, que a democracia por nós conquistada proporciona, temos de encontrar caminhos que nos permitam pôr cobro ao que está a acontecer.
 
Por isso, partindo do pressuposto de que os limites foram ultrapassados, seja pela dimensão, seja pela injusta e iníqua natureza das medidas que nos têm vindo a ser infligidas, é fundamental encontrarmos os melhores e mais adequados caminhos para, recordando as palavras do nosso saudoso camarada Salgueiro Maia na madrugada de 25 de Abril, “pôr fim ao estado a que isto chegou”, tal como afirmámos em declaração à imprensa no passado dia 23 de Janeiro (Aceda, fazendo Ctrl+clik em “Declaração à Imprensa”).
 
Concordará que a melhor forma de o fazer é certamente com aqueles que representamos – os oficiais (Todos, sejam ou não associados da AOFA, do Activo/Reserva/Reforma/RV e RC!).
 
Como anunciado, o Encontro realizar-se-á no ISCTE-IUL, com excelentes acessos (Aceda ao mapa, fazendo Ctrl+clik em “Percurso de carro”, a partir de Entre-Campos ou a partir do Eixo Norte-Sul e o “percurso a pé” a partir de Entre-Campos). Anote, também, que existe um parque de estacionamento muito próximo.
 
Importa assinalar que à comunicação social é facultada, apenas, a recolha de informação antes e depois dos trabalhos (normalmente, junto de dirigentes da AOFA), estando-lhe vedada a cobertura do período de debate.
 
É, pois, o momento de nos afirmarmos!
 
Sobejam-nos razões, já publicamente denunciadas, havendo que prevenir outras e mais gravosas medidas que estão a ser preparadas (EMFAR, Estatuto da Condição Militar, Suplementos, LDN, etc.), no âmbito de um objectivo mais vasto – fragilizar a Instituição que servimos deixando o País ainda mais exposto em matéria de Soberania.
 
Por isso é importante que cada um se mobilize e saia do seu conforto para, em uníssono, proclamarmos um rotundo “chega”!
 
Digamos que, se há ocasiões em que a quantidade transporta consigo uma imensa qualidade, é este o momento.
 
Por conseguinte, caro(a) camarada, liberte-se das dúvidas ou receios que porventura ainda o (a) acompanhem para, com a verdade, ajudar a desmontar a teia com que procuram iludir a opinião pública. Há que demonstrar que estamos indignados, zangados e ajudar a encontrar maneira de fazer parar este constante atropelo à nossa Condição Militar e à Instituição que servimos!
 
E dizer que basta!
 
Que estamos fartos!
 
O Presidente
 
Manuel Martins Pereira Cracel
Coronel
 
PS: Pede-se aos camaradas que exercitem o “passa-palavra”.

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

O CRISTO DAS TRINCHEIRAS

No sector português da Flandres, que ficava entre as localidades de Lacouture e Neuve-Chapelle, encontrava-se um artístico cruzeiro com um Cristo pregado numa cruz de madeira que dominava a paisagem da planície envolvente.

A imagem deste Cristo não era, obviamente portuguesa, mas encontrava-se na zona defendida pelo Corpo Especidionário Português durante a ofensiva alemã que quase destruiu a 2ª Divisão de Infantaria.

No dia 9 de Abril de 1918, sobre aquela planície caiu uma tempestade de fogo de artilharia, durante horas a fio, que ametralhou, a incendiou e a revolveu. Era a ofensiva da Primavera de 1918 do exército alemão. A povoação de Neuve-Chapelle quase desapareceu do mapa, de tão transformada em escombros. A área ficou juncada de cadáveres e entre estes jaziam 7.500 portugueses da 2ª Divisão do CEP mortos ou agonizantes.
 
No final da luta apenas o Cristo se mantinha de pé, mas também mutilado. A batalha decepou-lhe as pernas, o braço direito e uma bala varou-lhe o peito. Mas, no meio do caos, foi trazida pelos militares que conseguiram reagrupar-se e regressar às linhas aliadas.

É quase inimaginável que, debaixo das barragens de artilharia alemãs, que dizimaram grande parte do contingente português, a opção de alguns militares fosse a de trazer consigo a imagem de Cristo, severamente danificada, e a colocassem em local seguro onde pudesse ser novamente venerada.

Em 1958 o Governo Português mostrou o desejo de possuir aquele Cristo mutilado ao Governo Francês. Tornara-se um símbolo da Fé e do Patriotismo nacional e passou a ser conhecido como o "Cristo das Trincheiras".

A imagem chegou a Lisboa de avião, a 4 de Abril de 1958, uma Sexta-feira Santa. Ficou em exposição e veneração na capela do edifício da Escola do Exército até 8 de Abril, quando foi conduzida para o Mosteiro da Batalha e colocada, a 9 de Abril à cabeceira do túmulo do Soldado Desconhecido, na sala do Capítulo.

A imagem foi acompanhada desde França por uma delegação de portugueses antigos combatentes da Grande Guerra, que residiam em França, e por uma delegação de deputados franceses, chefiada pelo Coronel Louis Christian. As cerimónias foram apoteóticas e milhares de portugueses desfilaram perante a imagem em Lisboa.

No dia 8 de Abril a imagem foi transportada num carro militar para a Batalha, sem qualquer cerimonial especial, e aí ficou exposta na sala do refeitório do mosteiro para no dia seguinte, 9 de Abril, se efectuar a entrega oficial.

No dia 9 de Abril, pelas 11 horas, começaram a concentrar-se junto ao Mosteiro da Batalha numerosas entidades civis e militares, entre elas os Embaixadores de Portugal em França e de França em Portugal, os Adidos Militares da França, da Bélgica e dos Estados Unidos, as altas patentes portuguesas do Exército, Marinha e da Força Aérea.

Ao meio-dia iniciaram-se as cerimónias com a chegada do Coronel Louis Christian (França) e o Ministro da Defesa de Portugal Coronel Santos Costa. A guarda de honra foi prestado por um Batalhão do Regimento de Infantaria N.º 7, Leiria. O andor que transportou o "Cristo das Trincheiras" entre a sala do refeitório e a sala do Capítulo esteve ao cuidado de representantes da Ligados Combatentes da Grande Guerra.

 
O "Cristo das Trincheiras" foi então deposto sobre um pequeno plinto adamascado à cabeceira do túmulo do "Soldado Desconhecido". Terminada as orações o Adido Militar Francês, Coronel Revault d'Allonnes, conferiu aos dois "Soldados Desconhecidos" duas Cruzes de Guerra, as quais foram depositadas sobre a campa rasa.

A fanfarra do Regimento de Infantaria n.º 19, Chaves, tocou a silêncio no final da cerimónia, enquanto uma Bateria de Artilharia do Regimento de Artilharia Ligeira de Leiria, salvava com 19 tiros.

Mais do que um episódio ocorrido durante a 1ª Guerra Mundial, o "Cristo das trincheiras" simboliza a fé que manteve os militares portugueses na linha de frente durante um par de anos, praticamente sem licenças, mal abastecidos, sentindo-se abandonados por quem os enviou para combater por algo que a maioria não entendia.
 
Este texto extraído do blogue de marinheiros "NRP CACINE" é uma viagem pelo nosso passado.

Um passado que não devemos ignorar e relembrar de quando em quando. Faz bem ao espírito.

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014