domingo, 28 de fevereiro de 2021

        Engraçado, apreciem, é de 1925, do tempo da I República. Afinal será que o "Fascismo e o Colonialismo", vem de trás e não começou com o "Estado Novo"?...

   Que estão à espera para derrubarem a estátua do António José de Almeida?
   Alguém faz chegar isto ao Rosas e ao BÁ (e quejandos)?
   Abaixo a reacção!!!!
    I love it!
    BF



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Paradoxos da humanidade...

 


quarta-feira, 24 de fevereiro de 2021

Sem comentários!!!

     Vejam por favor este pequeno filme.

   Atentem no estado a que chegou a corrupção em Portugal. A falta de vergonha, o deserto moral e ético.
   E tal não tem a ver só com o "Socialismo" como afirma o João Tilly; é muito mais fundo e transversal.
   Note-se que o jornalista José Gomes Ferreira - que necessita ser apoiado e protegido, pois presumo que tenha a "cabeça a prémio" - desafia quem quer que seja (nomeadamente os visados) a colocarem-lhe um processo em tribunal.
    Não sei se tal irá acontecer, agora duvido que vá ficar muito tempo mais a aparecer nas pantalhas.
    Se me enganar será um pequeno sinal de esperança. Como escreveu em tempos, um cidadão (que, aliás, não é exemplo para ninguém), "mesmo na noite mais triste, em tempo de servidão, há sempre alguém que resiste, há sempre alguém que diz não"...

    Cumpts
       BF




domingo, 21 de fevereiro de 2021

 NOTA DE AVISO!

    CONTINUO A RECEBER MUITAS MENSAGENS SEM ESTAREM DEVIDAMENTE IDENTIFICADAS.
    LEMBRO QUE FAZ PARTE DAS REGRAS DESTE BLOGUE - COMO ESTÁ ANUNCIADO - QUE SÓ PUBLICAREI COMENTÁRIOS DE PESSOAS QUE SE IDENTIFIQUEM.
    HÁ QUE TER A CORAGEM MORAL DE ASSUMIR O QUE SE DIZ.



       CUMPRIMENTOS,

       BRANDÃO FERREIRA

Cantos de Lisboa

Cantos de Lisboa 

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2021

AINDA MARCELINO DA MATA

   O "caso" Marcelino da Mata vai continuar, estamos em crer, a dar que falar.

   Deixo em anexo, um texto sobre o seu funeral e dois artigos que escrevi, um em 2014, referente a uma pequena homenagem então feita ao ilustre que nos deixou e outro de 2018, referente à posição do presidente da Associação 25 de Abril, que se opôs à promoção de M. da Mata a major.

   Para finalizar, junto um video de uma extraordinária acção que um grupo de guineenses, antigos combatentes do Exército Português, efectuou no cemitério daquela cidade, nem há duas semanas.

 Não podia ter vindo em melhor altura.

    Cumpts
    Brandão F.


























sexta-feira, 12 de fevereiro de 2021

MARCELINO DA MATA (PONTE NOVA, GUINÉ, 7/5/1940 – AMADORA, 11/2/21)

 

                MARCELINO DA MATA (PONTE NOVA, GUINÉ, 7/5/1940 – AMADORA, 11/2/21)

12/2/21



  

                          “Nunca renunciei à nacionalidade portuguesa.

                           Houve um animal na Administração Interna que me

                           disse: “você foi colonizado”.

                           Eu respondi: eu nunca fui colonizado. Os meus ante-

                           passados foram colonizados, mas eu não. Eu nasci numa

                           Nação chamada Portugal”.

                           Marcelino da Mata.

     Por meados dos anos 90, num dia 10 de Junho, Dia de Portugal, uma grande aglomeração de gente, na maioria, antigos combatentes das últimas campanhas ultramarinas, juntou-se ao redor do Monumento aos Combatentes do Ultramar, sito junto ao Forte do Bom Sucesso, no Restelo – hoje ocupado pela Liga dos Combatentes -, a fim de participarem numa cerimónia de homenagem aos que, de armas na mão, foram chamados a defender o seu País, como aconteceu em todas as gerações, desde o início da nacionalidade.

     Homenagem que os órgãos do Estado, desde 25/4/74, levaram décadas a fazer e, ainda hoje, o fazem com relutância.

     Naquele ano havia uma concentração inusitada de antigos combatentes, que vieram ao mundo com uma tez negra, oriundos das antigas Províncias Ultramarinas (cujos símbolos a Camara de Lisboa quer fazer desaparecer da Praça do Império…), muitos deles ostentando trajes típicos e quase todos usando boinas e distintivos militares. Grande percentagem tinha pertencido a forças especiais portuguesas, nomeadamente, “Comandos”.

     Presentes no local estavam vários órgãos de comunicação social (o que passou a ser raro), incluindo televisões.

     Uma jovem jornalista de um dos canais de televisão (crê-se da SIC) impressionada com a presença de tantas pessoas de origem africana e do que ouvia dizer dirigiu-se a um deles (que ostentava um emblema da Causa Real, no casaco!) e perguntou-lhe: “O que é que vocês estão a fazer aqui?” A resposta veio pronta “estamos aqui a celebrar o dia da nossa Pátria fundada pelo nosso primeiro Rei, D. Afonso Henriques”.

     A jornalista dando mostras de ter ficado com os “fusíveis fundidos”, balbuciou “e há mais pessoas que pensam assim?”; “há, olhe à sua volta”. Seguiram-se várias entrevistas.

     Escusado será dizer que nada foi editado e passou nas pantalhas. Talvez não fosse má ideia tentar recuperar as imagens e o que ficou registado, quanto mais não seja para mostrar ao “SOS – Racismo” e aos senhores deputados da Nação que agora aprovaram uma resolução pífia, onde instam o Governo a gastar 15 milhões de euros em publicidade para fazer uma campanha nacional antirracista (Governo, que entretanto já tinha criado um grupo de trabalho para combater o Racismo…).[1]

      Marcelino da Mata também ia sempre que podia a esta cerimónia, de portugueses de alma limpa, onde tinha lugar marcado por ser Cavaleiro da mais importante condecoração portuguesa, que lhe foi atribuída em 2 de Julho de 1969, a Antiga e Mui Nobre Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito. E bem a mereceu, pois nunca lhe faltaram o Valor a Lealdade e o Mérito!

     O nosso Marcelino, porém, já não assistirá mais à cerimónia, pois faleceu no pretérito dia 11 de Fevereiro: não conseguiu resistir, aos 80 anos, a uma “emboscada” do Covid 19, pelos vistos um inimigo ainda mais insidioso do que aqueles que nos combateram, em África, e que ele sempre derrotou no campo de batalha.

     Morreu uma lenda viva, que não o era só do Exército, mas de todas as Forças Armadas Portuguesas, como muito bem o comunicado do Estado - Maior General das FA aduz. Uma lenda, todavia, bem real pois nada do que fez ou se diz ter feito, era apenas mito. Aconteceu mesmo.

     Marcelino da Mata foi um indómito guerreiro, que tendo sido alistado como soldado, em 3 de Junho de 1960, foi sendo sucessivamente promovido até Major, o mais das vezes por distinção. Ainda em 1994, foi graduado em Tenente – Coronel, mas sempre recebeu como capitão até á sua recente promoção a Major, em 2 de Junho de 2020…

    Esta última promoção foi contrariada por gente medíocre, que tendo até estudos, não lhe chegavam aos calcanhares em hombridade, carácter, coragem e espírito militar. Já nem falo em Patriotismo…

     Do seu longo curriculum militar e humano não cabe aqui uma visão de pormenor. Diremos apenas que combateu ininterruptamente, durante onze anos, tendo sido contabilizadas 2.412 (!) acções de combate em que participou. Nelas arriscou a vida inúmeras vezes e sofreu ferimentos vários. Mas o único ferimento grave que justificou uma evacuação para o Hospital Militar da Estrela (de saudosa memória) foi devido a acidente com arma de fogo de um seu companheiro. Aqui o apanhou o Golpe de Estado ocorrido em 25 de Abril de 74.

      Marcelino da Mata, de etnia Papel, católico, era filho de gente pobre e não teve estudos liceais, nem cursou qualquer escola superior militar. Subiu a pulso, era um homem simples, humilde e algo ingénuo. Tinha, porém, uma forma intuitiva e pouco ortodoxa de combater e fazer a guerra, especializando-se em acções de contra- guerrilha, fazendo-se apenas acompanhar por meia dúzia de combatentes da sua confiança.

      É quase épica a sua ideia em mandar tocar uma corneta, no meio do mato em que anunciava a sua intenção de atacar, ao mesmo tempo que afirmava a sua falta de temor pelo inimigo… E chegava ao ponto de se infiltrar com os homens que liderava, no meio de grupos de combate do PAIGC (Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo-Verde, que combatia a presença política de Portugal em África), fingindo que pertencia às suas fileiras, para os eliminar, quando encontrava o momento oportuno. Actuação pouco convencional, mas que vai ao encontro da “Surpresa”, Princípio incontornável da Guerra, que dita, enfim, realizar acções que o inimigo julga impossível ou muito improvável serem realizadas…

     E também é conhecida a sua permanente disponibilidade para socorrer ou salvar vidas de camaradas seus, como é exemplo a sua participação na célebre Operação Mar Verde, e na recuperação de pilotos da Força Aérea acidentados ou atingidos pelo fogo inimigo.

     No fim conseguiu o feito absolutamente incomensurável de passar a ser o militar mais condecorado das Forças Armadas Portuguesas! Onde constam cinco cruzes de guerra (sendo três de 1ª classe) - o significado disto já quase ninguém tem noção no país pela simples razão que a Instituição Militar foi desprezada e ter deixado de haver Serviço Militar Obrigatório…

     Nenhuma das condecorações foi obtida por feitos de secretaria ou de acções de gabinete, tão pouco por qualquer favor de circunstância. Decorreram de muitos sacrifícios, sangue, suor e lágrimas!

     Durante as fases mais agudas da “Revolução dos Cravos” foi perseguido, chegando – se à infâmia inaudita, de ter sido seviciado dentro de um quartel, por vários camaradas de armas, cujos nomes são conhecidos, e outros revolucionários (da treta) esquerdopatas, que nunca foram julgados e condenados pelos seus crimes. Na sequência emigrou para Espanha, à semelhança de muitos outros portugueses, que discordavam das malfeitorias em curso.

     Também foi proibido de pisar a sua terra natal – onde chegou a ter a cabeça a prémio – pelas novas “autoridades” do País, até hoje, falhado.

     E não deixa de ser irónico que, na passada semana, 47 anos depois, um grupo de guineenses, antigos militares do Exército Português, a quem tem sido negada a nacionalidade portuguesa, ou qualquer outro apoio, irrompessem no cemitério de Bissau, onde existem cerca de 500 campas de antigos militares lusos, tivessem coberto as campas de uma dezena deles com a Bandeira das Quinas, discursassem patrioticamente, e mais uma vez solicitado que lhes fosse concedido o que é de Direito e até, de simples decência (veja-se como é de pôr os cabelos em pé, comparar-se isto, com o que se passa actualmente com os migrantes!). Repare-se ainda, na mudança na atitude do governo da RGB que tudo deixou passar na televisão…

     Portugal devia estar de luto, no mínimo o Exército Português, que serviu com inexcedível valor militar e patriotismo. Infelizmente, tal não irá acontecer. Afinal Marcelino da Mata, não tem passado “antifascista”; não se drogava por “culpa” da sociedade; não jogava à bola, nem era baladeiro ou estrela de rock. Era apenas um combatente de excelência, português, que passou a estar no sítio errado, na hora errada.

     O Portugal de hoje, sem memória, sem vergonha, materialista, corrompido, eivado de ideias e ideologias malsãs, sem tino e sem rumo, não merece a distinção de ter Homens como Marcelino da Mata, que nem sequer vai poder ser homenageado com honras militares fúnebres, mais do que merecidas.

     Para Marcelino da Mata fica a marcha da continência e um grande “Mamae Sumae”. O seu nome ficará na História Militar Portuguesa, do século XX.

     Que Deus o tenha em Sua Santa Guarda, pois muito penou nesta vida.

 

                                          João José Brandão Ferreira

                                          Oficial Piloto Aviador (Ref.)



[1] Respectivamente, Resolução AR nº 15/2021, de 1de Fevereiro; e Despacho da Secretária de Estado para a Cidadania e a Igualdade, de 8 de Janeiro de 2021.


quarta-feira, 10 de fevereiro de 2021

Evocação do Regicídio - 1 de Fevereiro de 1908

     Bom Dia!

   Fez no passado dia 1 de Fevereiro, 113 anos que ocorreu o bárbaro e a todos os títulos condenável, assassinato de Sua Majestade o Rei D. Carlos I e do Príncipe D. Luís Filipe, herdeiro do Trono Português.
   Junto palestra que fiz em 2015, sobre tão infausto acontecimento, hoje esquecido no seu significado e consequências.

   Cumpts
   BF




Cédulas Municipais

Repasso com a devida vénia. E para lá caminhamos...



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Carta aberta - Guerra do Ultramar

          Esta "carta aberta" corre na "Net", mas desconheço a origem. Entendo que está bem escrita e tudo o que lá está é verdade, mesmo assim não resisti a tecer alguns comentários à mesma, que junto em anexo.

   BF






CARTA ABERTA

GUERRA DO ULTRAMAR

1. Especialistas ingleses e norte-americanos estudaram comparativamente o esforço das Nações envolvidas em vários conflitos em simultâneo, principalmente no que respeita à gestão desses mesmos conflitos, nos campos da logística geral, do pessoal, das economias que os suportam e dos resultados obtidos.

Um deles, o americano John P. Cann, aquele que mais escreveu sobre o esforço de guerra português num estudo financiado pelo Kings College de Londres, chegou a várias conclusões.

Assim chegou à conclusão que em todo o Mundo só havia 2 Países que mantiveram 3 Teatros de Operações de Guerra em simultâneo: a poderosa GRÃ BRETANHA, com frentes na Malásia (a 9.300 Kms de 1948 a 1960 -12 anos); no Quénia (a 5.700 Kms de 1952 a 1956 -4 anos); e em Chipre (a 3.000 Kms de 1954 a 1959 –5 anos), e o pequenino PORTUGAL, com frentes na Guiné (a 3.400 Kms), Angola (a 7.300 Kms) e Moçambique (a 10.300 Kms) de 1961 a 1974 (13 anos seguidos).

Estes especialistas chegaram à conclusão que PORTUGAL dadas as premissas económicas, os seus recursos, a sua pequenez, as dificuldades logísticas para abastecer as 3 frentes, bem como a sua distância, a vastidão dos territórios em causa, e a enormidade das suas fronteiras, foi aquele que melhores resultados obteve.

Consideraram por último, que as performances obtidas por PORTUGAL, se devem sobretudo à capacidade de adaptação e sofrimento dos seus recursos humanos, à sobrecarga que foi possível exigir a um grupo reduzido de quadros dos 3 Ramos das Forças Armadas, comissão atrás de comissão, com intervalos exíguos de recuperação física e psicológica e às centenas de milhares de jovens que durante 13 anos combaterem naqueles territórios.

Isto são observadores internacionais a afirmá-lo.

Estes homens que serviram durante 13 anos na Guerra do Ultramar, nos 3 Teatros de Operações, só pelo facto de aguentarem este esforço sobre-humano que se reflecte necessariamente em debilidades de saúde precoces, mazelas para toda a vida, invalidez total ou parcial, e morte, tudo ao serviço da Pátria, merecem o reconhecimento da Nação, que jamais lhes foi dado.

2. Em todo o mundo civilizado, e não só em Países Ricos, cidadãos protagonistas dos grandes conflitos e catástrofes com eles relacionados, vencedores ou vencidos, receberam e recebem por parte dos seus Governos, tratamentos diferenciados do comum dos cidadãos, sobretudo nos capítulos sociais da assistência na doença, na educação, na velhice, e na morte, como preito de homenagem da Nação àqueles que lutaram pela Pátria, com exposição da própria vida.

Por todo o Mundo se veneram, recordam, imortalizam e se homenageiam os soldados que combateram em teatros de guerras, sejam eles vencedores ou vencidos. São às centenas os memoriais, as estátuas e os cemitérios onde repousam os que morreram em combate.

Seria fastidioso citar todos as regiões planetárias onde isso acontece.

Muitos dos nossos mortos foram abandonados nos territórios africanos, pelos sucessivos governos pós 25 de Abril e encontram-se sepultados aqui e ali como se de animais se tratassem.

Em PORTUGAL???

Somos os únicos que não seguem os exemplos generalizados do tratamento diferenciado aos que serviram a Pátria em combate. E pior ainda. O cúmulo dos cúmulos. Quem combateu é censurado, vilependiado e ostracizado. Pelo contrário os traidores/desertores, muitos dos quais fugiram e foram viver com mordomias de príncipes e outros que ainda hoje pululam no sistema político vigente, apelavam à morte dos soldados portugueses.

SÓ MESMO EM PORTUGAL. POR ISSO ESTAMOS SEMPRE NA CAUDA DO DESENVOLVIMENTO E PROSPERIDADE DA EUROPA. É SIMPLESMENTE UMA VERGONHA!





                         COMENTÁRIO À “CARTA ABERTA – GUERRA DO ULTRAMAR”

9/2/21

                                                     “Tal há - de ser quem quer, co’ o dom de Marte

                                                      Imitar os ilustres e igualá-los:

                                                      Voar co’ o pensamento a toda a parte,

                                                      Adivinhar perigos e evitá-los

                                                      Com militar engenho e sotil arte

                                                      Entender os inimigos e enganá-los

                                                      Crer em tudo, enfim, que nunca louvarei

                                                      O Capitão que diga: “Não cuidei”.

                                                       Luís de Camões

                                                       “Os Lusíadas”, Canto VIII, LXXXIX.

     Já se sabe isto há muito tempo e é tudo verdade!

     Simplesmente as queixas agora expressas nesta “carta aberta”, que corre na “Net” (dirigida a quem, e qual a razão porque não está assinada?), existem por ter sido uma pequena parte das Forças Armadas - talvez cerca de 1% dos oficiais do QP (os sargentos não entraram no golpe), com a oposição de uns quantos (nunca quantificados) e a complacência da maioria, que derrubaram o Governo e as estruturas do Estado existentes a 25 de Abril de 1974, por causa de um decreto-lei mal parido, que os prejudicava na carreira. Tudo isto efectuado no meio de um longo conflito militar que a grande maioria da Nação Portuguesa (do Minho a Timor) suportava com sacrifício e estoicismo ímpares.

     Ao fazerem um golpe de estado, não pensaram no dia seguinte (e se pensaram daquela maneira ainda é mais grave), e deixaram o Poder cair na rua, ao mesmo tempo que se prendiam e saneavam de um modo alarve, destruindo a hierarquia e a disciplina e com isso provocando o desmoronamento do dispositivo militar em todas as frentes de guerra, oferecendo de bandeja a vitória ao inimigo, já maltrapilho e à beira do colapso.

       Parecia a queda da frente russa em 1917…

    Ao mesmo tempo deixaram regressar ao país umas dezenas largas de refugiados ou emigrados políticos, ao Regime e à guerra (que era justa e de Direito para Portugal, representado pelos seus órgãos de soberania), muitos desertores e alguns cujas acções configuravam crimes de traição à Pátria, não os julgaram, promoveram-nos a postos e funções na estrutura do Estado, dando até estatuto de quase heróis a alguns.

     Permitiram ainda que forças políticas diminutas, ao serviço de potências estrangeiras, inimigas de Portugal e servidas por ideologias totalitárias, anti - naturais, anti - patrióticas, desastrosas em termos económicos e sociais e malignas na sua actuação – como amplamente demonstrado em décadas anteriores de exercício do Poder, em diversas partes do mundo – tomassem conta da rua, da maioria dos órgãos de comunicação social, das grande empresas e do próprio Governo e Parlamento (tendo a nova Constituição sido aprovada sob sequestro e nunca referendada), gerando-se um enorme caos; prisões arbitrárias; saneamentos selvagens; ocupação e destruição de propriedade; campanhas de intimidação social e psicológica, etc., que provocaram a completa disrupção da vida nacional, em todos os territórios onde flutuava a Bandeira das Quinas, espalhados pelo mundo. Sobretudo em Angola, Moçambique, Guiné e Timor, o que levou à maior derrota política e militar, que os portugueses sofreram desde o início da nacionalidade!

      E não só à maior derrota jamais havida, mas à mais vergonhosa de todas (e muitas derrotas que tivemos no passado foram derrotas dignas!).

     Em pouco mais de um ano a Nação viu-se amputada de 95% do seu território e de 60% da sua população, de uma forma verdadeiramente atrabiliária, desonesta e infame.

     Ora não há desculpa nem perdão para isto.[1]

     O descalabro total foi evitado, “in extremis”, a 25 de Novembro de 1975, com o país que restava, à beira da guerra civil (que prosseguia no ex-Ultramar). Ora as forças vitoriosas em 26/11, não souberam, quiseram, e, ou, tiveram força, para retirar as devidas ilações de tudo o que se tinha passado, deixando o país inquinado e meio subvertido, até hoje.

     E tanto foi assim, que 40 e poucos anos depois, as forças derrotadas em 25/11/75, voltaram ao Poder e a data deixou sequer de ser evocada. Volatizou-se…

      Não é por acaso, que o ensino e divulgação da História quase desapareceu e quando é feito é-o, no mais das vezes, parcial, escamoteada, vilipendiada e mentirosamente.

      Por tudo isto, não é de estranhar os lamentos da “Carta Aberta” – que não estando assinada, perde a sua força e legitimidade - que os combatentes não sejam bem tratados; a Instituição Militar – que saiu de todo este período de mal consigo própria e com a Nação e esta com ela, e até hoje nunca fez uma autorreflexão que lhe permita ultrapassar o trauma – está desconsiderada e em vias de extinção. E o País sem rumo, moralmente corrupto e falido.

       Como nos “Lusíadas”, houve capitães que não cuidaram. Mas estes foram louvados.

       Não se pode resolver o que está a jusante sem tratar do que está a montante… E também se sabe que em Portugal, raramente se atacam as causas dos problemas, quanto muito os seus efeitos. Varrem-se, como o lixo, para debaixo da carpete…

     Mas, é claro, tudo isto só existe na minha imaginação.

 

                                      João José Brandão Ferreira

                                        Oficial Piloto Aviador (Ref.)



[1] O General Ramalho Eanes, então PR e CEMGFA, terá informado a sua Casa Militar, não querer julgar os responsáveis pelo que se passou em Timor, indicados no relatório (entregue em 1977) sobre os dramáticos acontecimentos que levaram à proclamação unilateral da independência pela FRETILIM (em 25/11/75) e subsequente invasão do território pela Indonésia (uma página A4 com nomes que iam do Aspirante Lobato ao General Costa Gomes, mais tarde feito Marechal) – relatório, que nem sequer queria entregar ao então Primeiro-Ministro Sá Carneiro – com a racional de que para o fazer “teria de julgar todo o País, e não haver político nenhum que se pudesse atrever a tal”. Pois era exactamente isso, que era preciso ter havido a coragem de ter sido feito…      

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2021

SEM TÍTULO

 

                                                       SEM TÍTULO

6/2/21

                                             “Será que para a injecção da Eutanásia também

                                               vai haver chico - espertos a passar à frente?”

                                               (Pergunta que corre na Net).

     Há muito tempo que digo a quem me quer ouvir que somos diariamente agredidos com uma qualquer barbaridade. E que ouvir os noticiários é um exercício de sadomasoquismo que dispensa quaisquer penitências prescritas pelas diferentes religiões – são verdadeiros filmes de terror!

     Pois é, só que agora essa agressão passou de diária a horária (de hora a hora, e “Deus não melhora”)!

     Sobre a “pandemia” do “Covid 19” tem sido um fartote e não se fala de outra coisa. Parece que não há vida para além do vírus…

     A cacafonia tem sido tal e tanta que ninguém sabe a quantas anda, nem em quem acreditar. Daí também, que a generalidade da população – que se tinha comportado de maneira pacífica e colaborante aquando do primeiro confinamento – começou a deixar de o ser. As coisas arriscam-se a, inevitavelmente, piorar. Já ninguém acredita em ninguém, não só por causa da referida cacofonia e de todo o bicho - careta opinar sobre tudo e todos, como por aquilo que melhor define a actuação dos órgãos do Estado, que mais responsabilidades têm tido sobre o assunto ser a volatilidade, o desacerto e as contradições constantes sobre as medidas que se foram tomando. Não vamos lembrá-las pois estão na memória de todos e as afirmações já colecionadas irão fazer parte do anedotário nacional por muito tempo…

     Sem embargo de sermos um povo perfeitamente displicente em termos de elaborar planos de contingência seja para o que fôr (é o “logo se vê”) – ao ponto do Governo e a Assembleia da República nunca terem regulamentado as leis do “Estado de Sítio” e “Estado de Emergência”), ao fim de mais de 40 anos – dificilmente poderia haver um plano que pudesse dar conta de um fenómeno destes. Mas, que diabo, já passou tempo suficiente para se organizar um” centro de crise” que passasse a comandar as operações a realizar, com uma hierarquia (palavra banida do dicionário político e até social) bem definida e uma disciplina estrita, que se estendesse à comunicação oficial sobre o que se passa e se pretende fazer; que tenha comando e controlo centralizado e execução descentralizada; níveis diferenciados de decisão e órgãos de conselho técnico adequado, perfeitamente saneados da “tralha dos Partidos”.

     Por mais que este tipo de linguagem e estrutura possa parecer estranho a organizações civis, muito menos a políticos de opereta partidária.

     A coisa ameaça desconjuntar-se e disso é bem revelador a demissão do Dr. Francisco Ramos de coordenador nacional do plano de vacinação (este cidadão já foi cinco vezes Secretário de Estado da Saúde e a razão pela qual se demitiu – certamente para não ser demitido – não se estendeu ao cargo que ocupa de Presidente de Administração e Presidente da Comissão Executiva do Hospital da Cruz Vermelha, onde aufere um chorudo vencimento). Boa sorte ao Almirante Gouveia e Melo que sempre foi um bom militar e marinheiro e para lá devia ter sido nomeado em primeiro lugar. Vai ter muitos escolhos pelo caminho…

     Eis senão quando, no meio do descalabro moral, ético e organizacional, que resultaram nas numerosas aldrabices ocorridas a nível da vacinação – uma mancha de óleo que nos envergonha a todos – desembarcou em Lisboa uma equipa de militares alemães a fim de ajudar no combate à pandemia (mais propriamente 26 elementos com diferentes especializações no campo da saúde).

     Quero desde já dizer que nada tenho contra a ajuda mútua entre Povos ou Estados amigos ou até, apenas em termos de conveniência mútua e pontual.

     Mas este caso levanta algumas questões que não parecem despiciendas.

      Aparentemente o Governo Português lançou um pedido para o ar, em termos que não são claros, para quem nos quisesse ajudar. A Alemanha disponibilizou-se pouco tempo depois, havendo indícios de que a Áustria e até a Espanha (que está mirrada de recursos e com problemas de todo o género ainda mais graves do que nós), também mostraram disponibilidade em nos ajudar.

     E após um reconhecimento prévio (como é apanágio dos militares) lá apareceu um avião da “Luftwaffe”e largou a equipa que ficou a trabalhar no hospital da Luz, em Lisboa. Uma ajuda que não deixa de ser simbólica, pois pela dimensão e tempo de estadia, não pode ser considerada de outro modo.

     A primeira questão que se levanta é a de saber se de facto havia necessidade de pedir ajuda pois a capacidade nacional não parece estar esgotada. De facto existe muita disponibilidade a nível privado; há muito pessoal de saúde que continua a sua vida normal (alguns até estão de baixa) e tirando a nível militar não se pediu voluntários para trabalhar neste âmbito a pessoal já reformado.

     A capacidade a nível dos serviços de saúde militar não está esgotada e consta que a própria hierarquia militar deu um parecer negativo à vinda da equipa alemã.

     Existe um hospital novo, com dezenas de camas, pronto e completamente equipado, em Miranda do Corvo, mas fechado…

      Apareceu há poucos dias um cidadão, creio que Secretário Regional da Saúde na Madeira (não fixei bem) que afirmou na TV que existiam 50 camas de cuidados intensivos na Região Autónoma e só oito estavam ocupadas, tendo assim” disponibilidade de receber mais três”; será que não somos o mesmo país?

     E, já agora, ressalvando alguma questão técnica que dite o contrário, não seria mais económico esgotar a capacidade do C-130 que levou três pacientes em estado grave para o Funchal?

     Não quero parecer miserabilista mas nós temos poucos recursos (sobretudo a nível militar), além de que o custo de uma operação como a efectuada é elevado. Além de que, convém lembrar, sobretudo a quem gosta de se armar em avestruz e mete a cabeça na areia, que o Estado Português está falido, o mesmo se passando com a maioria dos bancos, empresas e contribuintes. E os que não estão para lá caminham.

       Só há reservas de quase nada.

     Aliás convinha saber de onde vai sair o dinheiro para pagar aos alemães (e agora também aos austríacos), pois seguramente que esta ajuda não será graciosa, nem faz sentido que seja. E, qual será a “bandeirada”, portuguesa, alemã, “europeia”, ou outra?

     Podem vir dizer que a vida humana não tem preço, o que em teoria é muito bonito e politicamente correcto, mas a realidade encarrega-se de desfazer o dito em fogo – fátuo (quem pode, por ex. continuar a pagar às empresas farmacêuticas, milhares de euros por um comprimido para o cancro?). E nem sequer é necessário deitar mão da “cultura da morte”, que nos têm impingido; basta dizer que a Constituição da República, apesar de pejada de “Direitos” e muito emagrecida de “Deveres” (tirando o de pagar impostos), não promete (ainda) a vida eterna…

     Outra coisa que apanhou as autoridades em Lisboa, de surpresa foi o facto da equipa de alemães ser constituída por militares e não de civis – logo “eles” que adoram fardas! Ignoravam também que esta ajuda cabe no âmbito da Protecção civil alemã, que é tutelada pelos militares. Porque será que não se falou disto na Comunicação Social?

     Mesmo assim, chegou o avião e logo dois ministros, dois, emprestaram a sua presença na chegada do mesmo. Que diabo, os ministros não têm mais nada que fazer? O episódio justificava tal deslocação, ou foi apenas mais um gesto para a fotografia?

     Os governantes (com o PR á frente) para além da incontinência verbal que os caracteriza, ainda não perceberam que as suas intervenções devem ser adequadas ao nível a que supostamente, estão? Que a não ser assim tal configura atitudes demagógicas ou popularuchas? Nivelar por baixo? Que não se dão ao respeito? Que demonstram não saber delegar (os tais níveis diferenciados de decisão…)? Não conseguem entender que está tudo errado e só cometem asneiras?

     Finalmente pode até ter sido uma boa ideia ter mandado os alemães para o hospital da Luz (que já estava a colaborar com o hospital da Amadora – onde tinha havido o problema com o oxigénio e tinha sido objecto do reconhecimento prévio da equipa alemã), mas não deixa de ser irónico, que após tantos elogios feitos ao trabalho do SNS, em simultâneo com o anúncio da sua ruptura iminente (para já não falar na estúpida guerra ideológica feita á saúde privada), que vá ser justamente uma unidade hospitalar de privados – e parece que a única (juntamente com a CUF) que se disponibilizou - a receber a equipa alemã.

     Começámos bem a nossa presidência da UE com o lamentável e vergonhoso caso do Procurador Guerra e continuamos agora com esta “internacionalização” dos doentes de Covide.

     Só não compreendemos como a Ministra da Saúde ainda não se lembrou de ir a Havana ou a Caracas cantar a “Internacional” de que é tão fã e solicitar os préstimos locais. Afinal os kamaradas e revolucionários não são para as ocasiões?

    Em síntese o que resta de Portugal, enquadrado e governado, faz décadas, por um Regime de corruptocracia, demo - republicana, jacobino e infectado gravemente por demências de Poder anarco - socialista sofre, sobretudo, de um grave problema Moral e Ético, que origina um problema Político, do qual decorre um problema Financeiro, que desagua num problema Económico e, finalmente, Social.

     A ordem dos termos não é arbitrária.

 

                                                  João José Brandão Ferreira

                                                Oficial Piloto Aviador (Ref.)