segunda-feira, 30 de junho de 2014

A PRESTAÇÃO FUTEBOLÍSTICA NACIONAL

“As regras rigorosas da disciplina militar são necessárias para proteger o Exército contra as derrotas, contra a carnagem e, acima de tudo, contra a desonra”.
Napoleão

O treinador Jorge Jesus dizia, numa das últimas (muitas) conferências de imprensa a que nos habituou e nos diverte – não tanto por culpa dele, mas de quem lhe põe um microfone à frente – que toda a gente fala de futebol, mesmo sem ter qualquer crédito para tal.
Tem razão o homem, sendo tal razão escorada ainda no facto de nunca o termos ouvido falar a não ser nesse âmbito.
Marcaria mais pontos, todavia, se tivesse afirmado que o importante para o desporto conhecido por futebol (“football”, no original) era ter, e ver as pessoas a praticá-lo, em vez de se especializarem em treinadores de bancada; e já há muito, também, proliferam os comentadores, “noblesse oblige”!
Nós vamos seguir o seu conselho e não vamos discutir o que se passou dentro das quatro linhas.
Por isso vamos deixar os critérios sobre a escolha dos selecionados - a forma física dos mesmos e suas causas; o ambiente do balneário; as tácticas; a questão de se ter ou não, 10 jogadores a jogar em função de um, ou se temos uma equipa de 11 em que pode haver alguns que se destacam pela qualidade; as amizades ou inimizades que se vão desenvolvendo ao longo dos anos; se ter ido fazer jogos de preparação, aos EUA, era escusado; se o local de concentração no Brasil, foi o melhor; se foi adequada a mentalização da equipa, (isto é, o seu moral); se foi pensada a renovação da equipa atempadamente, etc. - dizíamos, a quem de direito.
Ou seja à Federação Portuguesa de Futebol e a quem mais possa ter responsabilidades neste âmbito.
O que se passou nem sequer foi mau de mais. Foi apenas a verdade que veio ao de cima.
Aguardamos, pois, em jubilosa esperança, que as “análises” e as “conclusões”, seguidas das “acções correctivas”, que sempre se prometem nestas alturas, não sigam o mesmo trilho do anterior, ou seja que não se ponha o dedo nas feridas e se ataquem as causas dos males que nos afligem, de que tem resultado nada se emendar.
O que tem obstado, até hoje, a que a equipa que representa a Bandeira das Quinas tenha ganho um título europeu ou mundial.
E das vezes que nos apuramos, tal aconteça sempre à última da hora, com mil peripécias pelo caminho e à custa dos “playoffs”!
Ou seja, afinal não se aprende nada…
E contra factos não há argumentos, apenas demagogia.
Ora a não ser que estejamos errados, as verdadeiras causas de ficarmos quase sempre curtos em desempenho, encontram-se à “anteriore” do que se passa nos relvados e para lá do que é estritamente futebol.
Sejamos claros, o futebol que não devia ser mais do que um desporto, passou a ser, sobretudo, um negócio e um palco para promover egos que despontam.
Sendo assim o mundo da bola está exposto e sujeito aos males da natureza humana e logo a um dos seus piores atributos: a cobiça. A cobiça é geratriz de corrupção e maus costumes.
Gera-se uma consequência de peso: como o futebol tem projecção mediática e cai no goto da maioria das pessoas, logo tem importância política…
Daí aquilo que se convencionou chamar de promiscuidade entre política e futebol.
O negócio – que passou a ter expressão quase global (até já chegou aos EUA que eram uns analfabetos futebolísticos e ignoravam semelhante jogo tido por “europeu”…) – passa pela compra e venda de jogadores, que é uma actividade de clubes e intermediários (uma espécie de mercado de escravos moderno); direitos de transmissão televisivos e por uma orquestradíssima campanha mediática de propaganda de marcas.

Ganhou, entretanto, direitos de “VIP” com galas para os melhores disto e daquilo.
Ora, em Portugal, tudo corre mal desde o princípio.
E o princípio é não se ter desporto escolar e verdadeiras escolas nos clubes.
Ter desporto escolar – desde a escola primária até à universidade – é uma responsabilidade não só dos privados mas, sobretudo, do Estado. E não falamos só de futebol, mas de todos os desportos. Isto deve ser a base de tudo.
Acontece que a juventude anda, simplesmente, por aí.
Depois temos as escolas dos clubes, que são responsabilidade destes e da respectiva federação. Mas como o negócio e a pressão da massa associativa (fora as campanhas eleitorais dentro dos principais clubes), agora com secções algo turbamultas, conhecidas como “claques” – que obrigam às “caixas policiais” e outras medidas de segurança impensáveis em terra de gente civilizada – opta-se por soluções que possam dar resultados imediatos.
Assim contrata-se “especialistas” conhecidos por “olheiros” que andam por esse mundo fora a tentar descobrir génios que possam ser transacionáveis.
As escolas, que levam tempo a produzir efeitos, passam a ser uma espécie de laboratórios de investimento para jogadores, cuja maioria nem chega a sê-lo, repletas não de portugueses, mas sim de pretinhos que se vão pescar por essa África, sobretudo naquela em que ainda se fala português. Quem não prova ou não tem sorte, porém, fica por aí abandonado pelos cantos…
E, então, não é mais fácil ir à América do Sul e Central adquirir um produto já acabado, tentar melhorá-lo e depois revendê-lo?
No topo de tudo isto ainda existe um Comité Olímpico, que não trata de futebol e que se deve ver da cor dos gatos para conseguir meia dúzia de atletas para apresentar nos jogos inventados pelos antigos gregos…
Como se tudo isto já não bastasse a preparação da “molhada” que se pretende transformar na lusa equipa passa a sofrer dos mais finos defeitos dos “Tugas”.
Em vez de criteriosa escolha de técnicos e jogadores por gente com créditos firmados e de, a partir daí, se estabelecer um plano (falam em estratégia, mas não sabem o que tal significa), e se começar a trabalhar com afinco, disciplina e método, passa-se a vida a dar entrevistas e a discutir tudo na praça pública, escorregando, por norma, tudo o que é importante fazer para a última hora.
E, de há muitos anos a esta parte, ninguém se pode desculpar com falta de meios: a selecção tem tratamento de príncipes!
Os ordenados que se pagam, neste âmbito, são moralmente pornográficos. E têm outro contra, juntamente com a luz da ribalta que se dá aos protagonistas do chuto na bola: deslumbra-os.
As excepções são poucas.
Os jogadores de futebol (e não só os jogadores) são, na sua maioria, gente simples com pouca instrução. Basta ouvi-los falar cinco minutos para se perceber as suas dificuldades em se exprimirem em português escorreito e em articularem frases com sujeito, predicado e complemento directo.
O estatuto que lhes atribuem, apenas comparados às estrelas de rock, naturalmente desequilibra-os. A sua imagem de marca passa pelos penteados “à índio”, tatuagens, brinco na orelha e boné à banda. Digamos que são extravagâncias identitárias que, em si, nada têm de mal, mas que os situam na sua verdadeira grandeza.
Para “heróis nacionais” estamos conversados.
A Comunicação Social faz o resto, massacra-nos com reportagens de tudo e mais alguma coisa. Horas a fio.
Temos que saber o que vestem; o que fazem; o que pensam; o que comem; para onde vão de férias; a cor do soutien da namorada; brindam-nos com grandes planos da Jante dos pneus do mister, etc.
Enfim, quando se aproxima o início de um campeonato, entra-se no campo do histerismo e do patrioteirismo que se substitui ao Patriotismo – que deve ser de todos os dias – onde as cores nacionais passam a ser confundidas com um trapo de enfeite. E onde se substituiu o “A eles como Santiago aos Mouros”, pelo “até os comemos”…
Pelo menos convém não confundir um campo de batalha com um campo de futebol que, repito, é apenas um desporto…
Mas os “média” e quem neles intervém, fazem pior: criam falsas expectativas; semeiam a confusão; provocam estados de euforia e depressão. As pessoas reagem em conformidade, tornam-se irracionais; esperam um milagre e a chegada de outro D. Sebastião, no meio da bruma, de espada em punho (ou de bola nos pés)!
Esquecemo-nos constantemente que somos poucos – logo não há muito por onde escolher – que temos que apostar na qualidade e que tal dá trabalho e implica escolhas; que é necessário organização, disciplina e persistência – de que somos relapsos – e de deixarmos de ter a “esperteza saloia” como topo de virtudes, mas antes apostar na inteligência empreendedora.
Todavia, enquanto não soubermos escolher a liderança para nos governar e o modelo político que a enforme, não sairemos da cepa torta.
Se o País está no estado em que está, porque é que o mundo do futebol haveria de gozar de saúde e boas práticas, que são o esteio dos bons resultados?
Se por acaso defendêssemos que só os jogadores que jogassem em Portugal pudessem representar o País, na seleção, o que diriam? Se a seleção é nacional, porque é que o treinador e a equipa técnica não têm que o ser? Porque é que os jogadores que praticam faltas disciplinares graves, não são mandados regressar imediatamente e irradiados da seleção?
Porque é que os jogadores têm que receber prémios por cumprirem o que se espera deles? Nesse caso passam a pagar quando perdem?
Pois é, caros leitores, nada disto é politicamente correcto.
O que parece correcto – mas apenas parece – é o facto das mais altas instâncias do Estado, mesmo antes de a selecção ter feito algo que a distinga – virem, céleres, convoca-la para uma fotografia de família, em vez de, simplesmente lhes enviarem um telegrama dizendo:
”Vão e cumpram a vossa missão. E não voltem sem terem transpirado tudo o que têm para transpirar, da cabeça para baixo. Essa, a cabeça, deve manter-se fria e focada.
É o mínimo que podem fazer pelos palermas que ficam aqui a torcer por vós!
Não se exige que ganhem – mas se ganharem melhor – apenas que não tornem o espectáculo penoso de ver, ao ponto de se envergonharem e a todos nós, por via disso. Boa sorte.”
É aqui que entra a disciplina de que falava Napoleão, o mesmo que tentava escolher os Marechais de França, apenas entre aqueles que tinham sorte.
Como se sabe, mesmo assim, ganhou muitas batalhas, mas acabou por perder a guerra.

quarta-feira, 25 de junho de 2014

ASPECTOS DA OPOSIÇÃO AO “ESTADO-NOVO” IV

Por razões judiciais tenho feito alguma pesquisa no arquivo do Ministério da Defesa, onde se encontra documentação muito interessante, infelizmente ainda longe de estar toda identificada e tratada.

Encontrámos uma miríade de transcrições de emissões de rádios estrangeiras algumas das quais possuíam programas preparados e emitidos por “exilados” portugueses que militavam em Partidos e organizações que lutavam contra o Regime Político instituído em Portugal, em 1933.
Ocorreu-me que seria interessante transcrever alguns trechos dessas emissões para os contemporâneos puderem avaliar o que então se dizia (e as queixas e “denúncias” que se faziam) – na substância e na forma – e poderem comparar com aquilo que se passou a seguir à “Revolução” do 25/4/1974 e com o que se passa hoje em dia.
Não farei comentários deixando a cada um retirar as suas conclusões.
Vou cingir-me à “Rádio Voz da Liberdade”, órgão da Frente Patriótica de Libertação Nacional” (FPLN), que emitia a partir de Argel, entre 1964 e 1974.[1]
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Pessoas amigas alertaram-me, entretanto, para o perigo de que o desconhecimento e ingenuidade de muitos concidadãos, ignorância da História Pátria, aliados à muita desinformação veiculada pelos órgãos de comunicação social e agentes políticos, na actualidade, podem levar a que os menos avisados possam acreditar na veracidade da totalidade dos textos transcritos. Nada, porém, pode estar mais longe da realidade. Aqui fica o aviso que deve sobretudo ser tido em conta, relativamente ao que era dito quanto à guerra que travámos em África durante 14 anos.
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Eis o 5º texto lido em 15/9/1965, intitulado “A Emigração – um Grave Problema Nacional.[2]
“Depois de na última emissão termos dado um balanço das proporções assustadoras dessa autêntica hemorragia de aptidões físicas e intelectuais de que padece o nosso país, vamos agora ver as causas da expatriação de dezenas de milhares de portugueses que anualmente procuram estabelecer a sua vida em países estrangeiros.
Hoje vamos voltar a atenção para o nível de emprego, isto é para as possibilidades de se adquirir uma colocação que são dadas ao povo português.
Uma primeira questão que se põe é a seguinte: existe verdadeiramente em Portugal o desemprego?
Existe, se bem que as estatísticas habilmente manipuladas pelos serviços salazaristas apenas acusem uma percentagem pequena de desemprego, umas tantas dezenas de milhares de casos, e seria tudo. Manifesta-se em Portugal uma forma particular de desemprego que na linguagem cor - de – rosa oficial se chama sub-emprego. E não passa afinal de desemprego mascarado.
Segundo o Diário de Lisboa, que mal se pode suspeitar exagero quanto aos números, o subemprego atinge mais de metade da população activa total. Com efeito, na Indústria, o conjunto de operários portugueses trabalham em média menos de duzentos e cinquenta dias por ano, o que dá aproximadamente seis meses de desemprego anual. Nos campos, a situação é infinitamente pior, as maquinarias, a monda química e outros meios técnicos anarquicamente usados, todos os anos lançam por vários meses centenas de milhares de assalariados agrícolas para o desemprego, e regiões há no nosso país em que os braços estão parados durante seis meses ou mais.
Por outro lado, o governo salazarista nada tem feito para assegurar condições de emprego a todos os portugueses. Basta ver o crescimento demográfico do país, ou por outras palavras, o aumento da sua população, faz-se ao ritmo de cerca de cem mil almas por ano. Isto leva a que todos os anos, outros tantos jovens aproximadamente entrem na idade de procurar trabalho.
Quanto ao encontrar cem mil novos lugares de trabalho anuais, é o próprio ministros das Corporações que nos respondeu no dia dez de Julho passado declarando com toda a facilidade e sobranceria de que um ministro de Salazar é capaz, para dar descabida importância a resultados menos que medíocres. Que se prevê a eventual criação nos três anos cobertos pelo plano intercalar de fomento, de cerca de cinquenta mil, quando seriam necessários trezentos mil.
Compreende-se, portanto, por que é que um organismo internacional como a O.G.P.F. (?), no seu relatório de 1964 sobre Portugal, profere estas palavras: no seu estado actual de desenvolvimento, a economia portuguesa não pode oferecer possibilidades de emprego suficientes à população em idade de trabalhar. É por isso, concluiu o relatório citado, que a emigração tem sido relativamente importante desde há muito tempo.
Nestes termos comedidos de uma organização reputada que consagra aqui a incapacidade da ditadura salazarista, e que ao fim de trinta e nove anos de governação equivale a um verdadeiro sistema de emergência política. Isto não é porém um facto casual, ou a impotência perante obstáculos insuperáveis, antes resulta de uma política económica que menosprezando o povo, orienta deliberadamente para a participação dos interesses de uns tantos monopolistas nacionais e estrangeiros.
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Eis o sexto texto lido em 5 /6/ 1965: Editorial “Contra o Fascismo e o Colonialismo um só combate”.[3]
“A opressão exercida sobre o povo português está tão estreitamente ligada à opressão exercida sobre os povos das colónias que hoje o combate contra o fascismo e contra o colonialismo é um só e mesmo combate. Lutar pelo direito dos povos das colónias à independência, é lutar pelo direito do povo português a uma verdadeira independência nacional, porque enquanto se mantiver a exploração colonial, seja sob a forma de colonialismo fascista seja sob a forma de neocolonialismo, o povo português continuará também a ser explorado. Só a plena independência de Angola, da Guiné e de Moçambique significará a plena independência de Portugal. A liquidação do fascismo passa pela liquidação do colonialismo. Em Portugal, em Angola, na Guiné e em Moçambique, o combate pela liberdade é um só combate. Assim o compreendeu já o povo português, assim o compreenderam os povos das colónias, e mais do que palavras valem os actos”
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Texto lido em 9/6/1965 com o título “Bona corre em auxílio dos colonialistas portugueses”.[4]
“O boletim da agência de imprensa soviética traz um artigo de que o assunto tratado nos merece a maior atenção.
Vamos ler seguidamente alguns trechos desse artigo, que tem por título “Bona corre em auxílio dos colonialistas portugueses”.
Os dirigentes da Alemanha Ocidental declaram muitas vezes que têm simpatia pelos países em via de desenvolvimento. Eles compreendem a sua luta pela consolidação da independência. A propaganda de Bona dá uma grande publicidade às lutas e à ajuda desinteressada dada pela República Federal Alemã aos estados de África e de Ásia.
Mas nenhum pretexto nem demagogia poderão dissimular o caracter imperialista e neocolonialista da política alemã ocidental na Ásia e na África. A aproximação da República Federal Alemã e de Portugal, e a ajuda prestada por Bona ao regime de Salazar, na sua luta contra o movimento de libertação nacional em Angola, na Guiné, e em Moçambique, são bem demonstrativos dessa política demagógica.
A aliança Bona-Lisboa não tem nada de imprevisto nem de artificial. Os velhos dirigentes da República Federal Alemã, entre os quais se encontram vários nazis activos, têm manifesta simpatia pelo regime terrorista e fascista de Salazar. O governo oeste alemão realiza uma estreita aliança militar com o governo português. Em Beja, em todo o Portugal, existem bases militares com grandes efectivos da Força Aérea e do Exército da República Federal Alemã.
Os meios governantes e monopolistas da Alemanha de Oeste consideram as colónias portuguesas como pontos de apoio da sua influência em África. A "Krupp" e outros grandes monopólios investem grandes capitais na economia de Angola e de Moçambique, explorando as suas riquezas nacionais. No ano passado, Bona fez um empréstimo ao governo salazarista, no valor de 400 milhões de marcos, que foi utilizado, em grande parte, para lutar contra os patriotas das colónias.
Van Hassan, ministro da guerra, acaba de visitar Portugal, onde se encontrou com o Ministro da Defesa Fascista, Gomes de Araújo, com Salazar e com o Presidente Tomaz.
Nesses encontros, foi estudado o problema do prosseguimento da cooperação militar entre os dois países, e da política estrangeira da Alemanha e de Portugal, em relação a África.
Quando a notícia da ajuda da RFA ao governo fascista e colonialista de Portugal se propagou, …. (falha de recepção) …. dos povos das colónias portuguesas. Mas o representante do ministro da defesa do governo de Lisboa desmentiu essa posição. Como, para os colonialistas portugueses, Angola, a Guiné e Moçambique são províncias ultramarinas, a ajuda militar estende-se também a esses territórios. E, com efeito, a RFA vai fornecer a Salazar 60 aviões para reforçar a Aviação Portuguesa, que extermina a população de Moçambique, de Angola e da Guiné.
Os monopolistas da "Krupp" intensificam a penetração nestes países. Aumenta a cooperação militar e económica entre Bona e Lisboa. Perante estes factos, qualquer argumento demagógico do governo Oeste Alemão desfaz-se em pó. Bona ajuda o governo fascista e colonialista de Salazar.”
Palavras para que? Eram artistas portugueses!
Alguns ainda andam por aí.


[1] Recorda-se que a Argélia tinha ascendido à independência, em 1962, depois de uma longa e cruenta guerra com a França. A Argélia tinha um regime político de partido único de inspiração marxista, cujo 1º Presidente foi Ben Bella. Assumia-se como um país do “Terceiro Mundo” vindo, mais tarde, a situar-se na órbitra da extinta URSS. A FPLN tinha lá o seu “quartel- general”, desde 1962 e o principal apoio. Na FPLN pontuavam Piteira Santos, Tito de Morais e Manuel Alegre. A “Rádio Voz da Liberdade” era um dos seus principais instrumentos e os dois principais (únicos?) locutores eram Manuel Alegre e Estela Piteira Santos.
[2] Fundo 5/23/79/12, do Arquivo do MDN.
[3] Arquivo do MDN, Fundo 5/23/79/11.
[4] Arquivo do MDN, Fundo 5/23/79/11.

JULGAMENTO

Para quem possa estar interessado, informo que a sessão destinada às alegações finais, no julgamento que me opõe a Manuel Alegre, se realiza no dia 10 de Julho, pelas 10.00h.
Brandão Ferreira

terça-feira, 24 de junho de 2014

Retratos de uma época que já foi...

O PR, O 10 DE JUNHO E O DIREITO À MANIFESTAÇÃO

“De Formião, filósofo elegante,
vereis como Aníbal escarnecia,
quando das artes bélicas, diante dele,
com larga voz tratava e lia.
A disciplina militar prestante
não se aprende, Senhor, na fantasia,
sonhando, imaginando ou estudando,
senão vendo, tratando e pelejando.”

Lusíadas, Canto X, 153
Numa semana em que se comemorou o 886º aniversário do nascimento de Portugal – consideramos a data de 1128, 4/6 (Batalha de S. Mamede), por ser a independência “de facto”, a que realmente interessa, pois só se reconhece o que já existe – é natural que escreva sobre o mesmo. [1]
Por enquanto a falta de tino político que se tem evidenciado em ritmo alucinante, ainda mantém o dia 10 de Junho como feriado nacional. Mas se as coisas continuarem por este caminho talvez não falte muito que o mesmo feriado seja passado para o dia primeiro de janeiro…[2]
Infelizmente a mola que me impulsionou a escrever não foram as boas razões, mas razões que não seria suposto existirem.

Poderia discorrer sobre a secundarização que os próprios órgãos de soberania, as autarquias e, sobretudo, os órgãos de comunicação social (OCS) praticam quanto à data relativamente, por exemplo, ao “pontapé na bola”, que impera em todo o lado.
Dá ideia que a República vive no reino do futebol e que, só gostamos de ser portugueses e de nos sentirmos patriotas quando a selecção joga – mesmo quando o futebol em vez de ser um desporto de eleição, virou um negócio monumental (com muitos casos de polícia pelo meio) e tudo se faz para forjar naturalizações…
Poderia ainda referir que a maior manifestação de iniciativa da sociedade civil existente no país, independente de qualquer apoio do Estado ou de entidade política, não merece a atenção nem é considerada notícia, ou objecto de reportagem, pela esmagadora maioria dos nossos libérrimos e democratíssimos OCS.
Refiro-me à homenagem nacional aos combatentes portugueses, que se realiza todos os anos, nos Jerónimos e junto ao monumento aos mortos do Ultramar, em Pedrouços.
O facto de cerca de meia dezena de milhar de pessoas de todo o país, se juntarem ordeiramente, sem reivindicarem nada, sem ofenderem ninguém, sem ódios de espécie alguma, apenas para prestarem, respeitosa e sentidamente, as suas homenagens a quem se sacrificou combatendo debaixo da Bandeira das Quinas, não deixa de ser uma afirmação política e patriótica de Portugalidade.
Não é pois, inocentemente, que se faz silêncio sobre a mesma, mas uma demonstração inequívoca de sentimentos e ideologias que atravessam a sociedade, o que deveria ser objecto da mais profunda reflexão.
Mas o ponto que gostaríamos de salientar ocorreu durante as cerimónias oficiais do Dia de Portugal – dia que, é bom recordar, chegou a ser proibido nos tempos do “PREC”, sendo durante anos uma cerimónia soporífera e das quais as FA estiveram arredadas (escovadas?) durante mais de três décadas, sendo recuperadas para as mesmas no 1º ano do consulado do actual PR.
Ora quando o Professor Cavaco Silva, na sua qualidade de PR – frisa-se – iniciava o seu discurso frente a formatura de tropas, uma parte da assistência começou a manifestar-se ruidosamente contra ele e contra o Governo. Protestos que continuaram durante o incidente de saúde que acometeu o Presidente.
Não está em causa o grau de simpatia política que cada um de nós possa ter relativamente a qualquer órgão de soberania mas, que diabo há ocasiões, formas e lugares, para tudo. E temos que nos saber comportar em cada uma delas, sob pena de regredirmos à selva e às suas leis.
Estamos perante a cerimónia que é a mais importante do calendário nacional – e, por definição, não pode haver outra; diante dos exércitos de terra, mar e ar, que servem e defendem a Nação sendo, em simultâneo, o mais poderoso instrumento do Estado; cerimónia que é presidida pelo mais alto magistrado, o qual apesar de ser eleito por uma parte da população é suposto todos representar.[3]
Cerimónia que é pública, à qual assiste a população que assim o entende e que também tem o direito de não ser incomodada.
Ora o que aconteceu é que existem grupos de cidadãos que nada respeitam e para os quais, pelos vistos, os fins justificam os meios.
Grupos de cidadãos, alguns dos quais identificados como simpatizantes de organizações políticas, ou outras – que, no fundo, não passam de correias de transmissão das primeiras – com responsáveis conhecidos, que depois não se podem vir a desculpar ou a chorar lágrimas de crocodilo por eventos que, entretanto, se deram.
Tais atitudes não configuram apenas hipocrisia política, entram no campo da subversão.
Esteve bem o General CEMGFA na intervenção que fez. Mostrou coragem, senso e presença de espírito.

Uma última reflexão.
Não chegámos a uma situação destas, que leva já muitos anos, por uma espécie de osmose cósmica, tipo “chuva de radiações ultravioleta”.
Tudo tem causas terrenas e comezinhas, de cuja responsabilidade atribuo à generalidade da classe política – sem embargo das responsabilidades dos militares consubstanciado no MFA/CR - [4], que, ao contrário de conseguirem serenar os ânimos e disciplinar as hostes e organizar a sociedade, têm pejado o éter de maus exemplos.
Em primeiro lugar pelo desrespeito e ataques aos órgãos de soberania; às instituições nacionais – das quais a família é a primeira entre todas – e á constante e acintosa prática, de falta de elevação no debate político.
Quase toda a prática política (desde 1975) – o exemplo vem de cima – tem sido no sentido de “nivelar” por baixo, quebrando o sentido da hierarquia, sem o que não há autoridade que resista; deformando-se conceitos fundamentais, como foi, por ex., o de confundir “Democracia” com cada um fazer o que quer; liberdade, com libertinagem; liberdade de expressão com irresponsabilidade, e muitas mais, que tiveram efeitos devastadores no comportamento das gentes.
Com especial relevo no seio da família, na escola, nas relações laborais e na Justiça.[5]
Tudo isto passou para os OCS, enformados por um libérrimo enquadramento jurídico, talvez ainda pior daquele que vigorou no fim da Monarquia Constitucional e na 1ª República, e que tanto contribuiu para a sua queda, como para a justificação da “censura e exame prévio” que se lhes seguiu!
Inevitavelmente, tudo o atrás exposto teria, um dia, de se voltar contra os seus fautores e, por isso, é que hoje em dia, ninguém tem respeito por ninguém, nem por nada, e os governantes evitam sair à rua e andam guardados por “pelotões” de seguranças.[6]
É preciso pôr ordem no beco.
E não se vislumbra horizonte para tal.


[1] Aliás, a independência não é um direito, mas antes uma evidência, que tem que ser conquistada e mantida!…
[2] De 1986. Data da adesão de Portugal à CEE…
[3] Problema que não se coloca nas Monarquias
[4] Movimento das Forças Armadas/ Conselho da Revolução
[5] Lembram-se, por ex., dos Presidentes Mário Soares e Sampaio a apelarem à indignação e a maltratarem agentes da autoridade?
[6] O “perigosíssimo” Almirante Tomás tinha um agente da PSP à sua porta…

sábado, 7 de junho de 2014

AS ELEIÇÕES, MARINHO PINTO E A REUNIÃO DA PENHA LONGA

O resultado das últimas eleições para o Parlamento Europeu, estiveram dentro dos resultados previsíveis face à conjuntura actual e ao lastro de 40 anos que as precedem.

A única relevância passa por ser apenas esta: a demonstração de um grau de maturidade mais elevado por parte da generalidade do eleitorado, apesar do desconhecimento aprofundado das matérias em causa, e da demagogia e desinformação infrene, que nos submerge.

É pena esta maturidade e tomada de consciência da realidade política e social, demorasse tanto tempo a tomar forma e pelos piores motivos.

Por um lado, tal deveu-se a que a grande maioria das pessoas não se preocupa, por razões diversas, com o “governo da cidade” e, também, por gostar que lhes mintam, ao contrário de serem confrontados com a verdade nua e crua – uma espécie de “mente-me, mas faz-me feliz”…

Pelos piores motivos, pela complacência generalizada com os motivos que levaram à actual crise – que é mais moral do que outra coisa qualquer – e só terem começado a despertar quando lhe foram ao bolso. Enfim, faz parte da natureza humana.

Deste modo as conclusões das eleições são fáceis de resumir: castigo dos partidos no governo, não tanto pela austeridade, mas mais pela ausência de uma estratégia integrada, erros e mentiras na comunicação, desentendimentos, falhas na execução e, sobretudo, pela tremenda falta de exemplo, que em boa verdade é extensiva a todos os órgãos de soberania e a toda a classe política.[1]

 Assim não levam ninguém atrás!

O principal partido da oposição, o PS, teve uma vitória de Pirro, ficando derrotado pela cisão que de imediato, ocorreu. O eleitorado castigava o governo, ao mesmo tempo que dava um cartão amarelo à oposição dizendo-lhe que a sua prestação como alternativa ficou abaixo dos mínimos. Para já não falar nas responsabilidades imensas que têm no passado recente.

O PS continua, sem embargo, a ser perspectivado como alternativa, dado o sistema político partidário estar bloqueado e … senil.

O PC aguenta-se pois o seu eleitorado é fiel e disciplinado. O PC é o único que sabe o que faz – não é por acaso que é um misto de organização militar e ordem religiosa – só que o que defendem provou ser um desastre em todos os campos mas, enfim, parece que continua a haver muitos discípulos de “S. Tomé”, que só acreditam quando virem…

É claro que quanto menos gente votar, maior percentagem têm.

O BE está em dissolução acelerada, não só por desorganização interna (isto de ter uma direcção bicéfala, por ex., é não perceber nada de chefia e liderança) como, principalmente, por representarem um equívoco. Em termos de doutrinação política são um desastre e socialmente comportam-se como … anti - sociais.

O aumento da abstenção acompanhou o aumento da votação nos pequenos partidos e nos votos brancos e nulos, e também representa uma atitude de protesto, sobretudo contra os partidos do “Sistema” e contra as falácias do actual “Regime”, que de democrático tem cada vez menos.

E um grande desprezo pela União Europeia.

Aproveitou-se ainda o facto, das eleições serem para o Parlamento Europeu, o que ninguém discutiu, dando uma maior liberdade aos eleitores para votarem de uma forma diferente do que possivelmente fariam nas autárquicas ou nas legislativas.

A razão é simples: 95% dos eleitores não sabe onde fica Estrasburgo, muito menos o que lá se passa. E ainda nem sequer intuíram no seu íntimo, que o Parlamento e o governo português, não manda já nada do que possa ser importante.

Quando perceberem já se pode ter atingido o ponto de não retorno…

Resta o fenómeno Marinho Pinto (MP), que não tem nada a ver com o Partido MPT, que todos desconhecem.

As pessoas não votaram no partido, mas sim em MP, que se habituaram a ver na televisão há mais de 10 anos.

MP tem a seu favor falar claro, grosso e de dizer o que lhe vai na alma e não tem, aparentemente, medo de afrontar poderes instituídos. Ou seja é um homem corajoso e politicamente incorrecto q.b..

Sai fora do desvio padrão, por isso foi premiado.

O facto de ir para longe também ajuda, pois não incomodará por cá muito (embora a ideia deva ser regressar logo que possível).

Já se calculava que iria ter uma boa votação, só não se sabia que seria tanto.

A questão que o futuro próximo resolverá, é o de saber se a sua posição se consolidará, ou será apenas um epifenómeno passageiro, como aconteceu com o PRD e o Dr. Fernando Nobre.

Todavia, houve duas frases que pretendo realçar: a primeira foi uma declaração do MPT – não pela boca de MP – na sua propaganda eleitoral, que considero a coisa mais importante que foi dita em toda a campanha (e nunca ouvida) e que reza algo como isto, “não apoiamos que se continue a produzir dinheiro a partir do nada”.

Ora esta frase é fundamental para percebermos a actual crise e outras do passado e o comportamento da Finança e dos governos (sobretudo) ocidentais. Este é um dos temas que seria primordial discutir e dilucidar. E de que ninguém fala…

Devia ser-lhe atribuído o prémio para a melhor frase das “Europeias 2014 e arredores”![2]

Do que já temos sérias dúvidas, diz respeito a uma declaração de MP, já no rescaldo das eleições, ao afirmar que “não há Democracia sem Partidos Políticos” verberando, não obstante, a actuação dos mesmos e apelando à sua mudança.

Infelizmente – e seria bom que estivesse enganado – MP está a apelar a um símbolo de impossibilidade.

Alguma vez, desde 1820 (que foi quando esta tragédia começou, por cá), houve algum Partido que jeito tivesse? Ou que fosse capaz de se regenerar? Ou sequer, que conseguisse emendar algumas práticas? Nem um e, MP, tem obrigação de saber isto.

Algum Partido alguma vez foi capaz de colocar o interesse do País acima dos seus interesses de campanário? Algum que conseguisse ultrapassar, ou limitar, o uso da baixa política, a intriga, a luta intestina, os ataques pessoais, o nepotismo, a corte de sicários, os sátrapas provinciais, a tentação pela “chapelada”, os sacos azuis e os negócios de influência?

Nem um Dr. MP e já lá vão 200 anos, e várias tentativas frustradas!

Diga-me, o País não se conseguiu governar sem Partidos Políticos durante 700 anos? Precisámos deles para alguma coisa?

Não tem a noção de que os Partidos Políticos representam a guerra civil permanente (nem sempre sem armas); que a campanha eleitoral sem fim, não permite que se governe; que o seu próprio nome (partido) não deixa nada “inteiro”?

Que não há coesão nacional e social que aguente? Que a lógica partidária, incontornável, permanente e imutável, é o de deitar abaixo?

Dir-me-á que não há alternativas, responderei que há, tem de haver e, ou, tem de se inventar. A Ciência Política não pode parar no tempo.

Direi mais: o único partido que pode e deve existir, é o Partido Português e esse já tem um nome, chama-se Portugal!

Os Partidos não são, como defende, essenciais à Democracia, eles têm sido, isso sim, os seus coveiros!

O essencial da Democracia é a representatividade, mas haverá alguém no País – tirando as cliques serventuárias – que se possa sentir representado por este leque partidário e esta lei eleitoral?

Creio, Dr. MP, que concordará comigo, se disser que um dos principais problemas do País – senão o principal - é a corrupção (em sentido alargado), até porque a tem denunciado.

 Ora sendo público e notório que a origem principal deste verdadeiro cancro moral, social e político, reside, aparentemente, nos Partidos Políticos – pela organização e prática seguida – e sabendo-se que a esmagadora maioria dos órgãos de soberania, empresas públicas, etc. (o sistema foi “blindado” nesse sentido), é ocupado pelos militantes desses mesmos Partidos, como imagina o Dr. MP que se possa resolver a situação?

Dito de outro modo, como será possível que eventuais corruptos e corruptores possam, eles mesmos, querer acabar com a corrupção?

A que se deve acrescentar serem possuidores de “legitimidade democrática”!

Não me faça sorrir.

*****

Sem embargo, a reunião marcada com antecedência, e que se realizou prestes, no dia seguinte aos resultados eleitorais europeus, na Penha Longa, deixa-me “tranquilo”.

Nesta reunião estiveram presentes a fina flor dos financeiros europeus, mais BCE e americanos (FMI), ou seja aqueles que tentam gerir o tal dinheiro que é produzido “a partir do nada”, significando aquele que não está sustentado em nenhuma riqueza existente; não é fruto do trabalho gerado pela Economia e não está regulado ou apoiado em nenhuma medida padrão, como era, por ex., o ouro.

Dinheiro, em que parte dele já nem sequer é consubstanciado em moeda, mas é apenas “digital”, fruto de transações fantasmas, apelidadas de “tóxicas”, que fazem parecer o Al Capone uma quarta figura de um grupo coral evangélico de uma zona bem habitada do Harlem!

Vão ver como vão ser tomadas medidas para acalmar as gentes, isto é, o bolso das gentes.

Sim, porque isto de ter subidas nos extremos do espectro político é mais difícil de controlar e pode trazer dissabores.

A coisa até é simples de fazer: agora que já passou o ponto mais baixo da crise e já se sugou a riqueza suficiente (nesta fase) aos países e às pessoas, já se pode abrir os cordões à bolsa, ou seja, facilitar o crédito e fazer alguns investimentos para poder haver maior circulação fiduciária e com isso melhorar a economia e o emprego acalmando, assim, um pouco as pessoas que começaram a sentir o logro em que têm caído e que o projecto federalista (e anti democrático) europeu favoreceu.

Em complemento vão ainda arranjar maneira de expulsar uma quantidade significativa de emigrantes e limitar a vinda descontrolada de mais, sob pena de passarmos a ter implosões e explosões de violência um pouco por todo o lado, no interior da maioria dos países europeus (Espanha, aqui ao lado, incluída), o que é uma realidade que, em Portugal, ainda não se tem, nem se faz por ter, uma pálida ideia.[3]

Inverte-se assim o ciclo da “expansão x recessão x expansão”, posto em marcha desde os alvores do século XIX, mas agravado desde que se desregulou o sistema financeiro nos EUA.

E põe-se um travão – até ver – ao aparente “plano” de acabar com as nações europeias e que passa pelo amalgamento entre os povos de todas elas e o seu cruzamento com grupos étnicos exteriores ao continente.

É capaz de valer a pena pensar um pouco nisto tudo, quanto mais não seja, nos intervalos do Mundial que se aproxima e do “massacre” mediático que originou.



[1] Aquilo do PM passar a viajar em classe económica nem chegou a fogo-fátuo…
[2] Não falaremos hoje dos resultados das eleições por essa Europa fora - esses sim, muito mais relevantes – por economia de espaço.
[3] A situação é insustentável, mas raros são ainda os políticos e os órgãos de comunicação social que dela falam. Na Alemanha e na Suíça, já se começaram a dar os primeiros passos. Em França ainda estão a mandar o barro á parede.

sexta-feira, 6 de junho de 2014

XXI Encontro Nacional de Homenagem aos Combatentes

 
Os Portugueses vão honrar os que serviram Portugal

A Sociedade Civil vai prestar uma justa homenagem a todos os que serviram Portugal em tempos de combate. Será, como sempre, junto ao Monumento aos Combatentes do Ultramar, ao lado da Torre de Belém no dia 10 de Junho.

Comemorar o Dia de Portugal relembrando os que defenderam os valores nacionais e a perenidade da Nação Portuguesa é um dever cívico actual que as gerações vindouras devem continuar.

A Comissão Executiva das Comemorações convida os Portugueses a acorrerem a Belém para prestarem a devida homenagem aos que serviram Portugal, fortalecendo dessa forma os traços de identidade nacional através do respeito aos seus "filhos" que deram a vida por Portugal.

São convidados de honra desta Homenagem aos Combatentes, a Presidência da República, a Câmara Municipal de Lisboa, enquanto anfitriã, todos os Municípios portugueses, as Chefias Militares, os Adidos Culturais e Militares dos Países da CPLP, os Combatentes agraciados com a Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito e as Associações de Combatentes.



Programa
10h30 – Missa no Mosteiro dos Jerónimos;
11h30 – Deslocação para junto do Monumento aos Combatentes. Concentração para a cerimónia;
12h15 – Abertura pelo Presidente da Comissão Tenente General Sousa Rodrigues;
12h20 – Cerimónia inter-religiosa (Católica e Muçulmana);
12h25 – Homenagem a todos os Combatentes pelo Prof. Doutor Henrique Leitão;
12h35 – Homenagem aos mortos e deposição de flores;
12h55 – Hino Nacional. Salva protocolar por navio da Armada;
13h00 – Passagem de aeronaves da Força Aérea;
13h05 – Passagem final pelas lápides;
13h25 – Saltos de pára-quedistas do Exército;
13h35 – Almoço-convívio.

Para mais informações contactar:
Secretário da Comissão Executiva para a Homenagem Nacional aos Combatentes 2014
Tenente Coronel Morais Pequeno | Tlm. 937 026 693 | E-mail: lmorpeq@netcabo.pt

segunda-feira, 2 de junho de 2014

PALAVRAS EM JEITO DE SENTIDA DESPEDIDA

O TCOR Machado meu camarada de armas há muito tempo escreveu um muito exaustivo e justo texto, sobre o Inspector-Chefe João Pedro Figueira, da Polícia Judiciária, que transcrevo com a devida vénia.
 
Dada a relação de muita consideração e amizade que me ligava ao Inspector Figueira, atrevo-me a juntar umas sentidas linhas, apenas em complemento do que, com tanta propriedade, foi expresso.
 
Conheci o João Pedro Figueira, já a minha vida ia avançada. Já não sei exactamente quando nem onde. Talvez há uns 15 anos.
Foi fácil estabelecermos empatia: tínhamos alguns interesses comuns, entendíamo-nos sobre a generalidade dos aspectos políticos, históricos, sociais e morais da nossa terra e do mundo; ele tinha especial apreço pela Instituição Militar e tinha como principal tarefa profissional, perseguir e prender os cavilosos que incorriam em crimes, actividade que sempre contou com o meu jubiloso acordo. Ser filho de um oficial da Força Aérea, meu antigo professor na Academia Militar, também ajudou a estabelecer as pontes iniciais.
Mais tarde veio a colaborar no Movimento 10 de Junho, Associação Patriótica de Intervenção Cívica, da qual fui Presidente, durante três anos.
Guardo dele a melhor lembrança.
O Figueira era uma pessoa discreta que se movimentava sem alardes. Pensava bem, não abordava os assuntos pela rama, não era leviano, nem fútil.
Não conheço o suficiente da sua vida, mas creio que a viveu bem.
Era de pequena estatura, sim, mas não era malandro nem dançarino… Era, por sinal, uma boa alma.
Foi um bom português e um grande patriota, virtudes pouco em voga nas últimas décadas.
Doença insidiosa – verdadeira praga dos nossos tempos – roubou-nos ao nosso convívio, mas ficará para sempre uma doce lembrança da sua memória.
No seu percurso pela Terra, o J.P. Figueira esteve sempre – tanto quanto conseguimos descortinar – do lado do Bem.
Que o Pai do Céu – a quem poucas semanas antes de falecer, o meu amigo me pediu que por ele intercedesse em oração – o receba em Sua eterna Glória.
Brandão Ferreira

Assim actuavam antigamente os ESTADISTAS

Pode ser muito aborrecido ter que aceitar ... mas a História escreve-se com F A C T O S (!) :

Dos estados inteiramente livres



« Uma fotografia que fez escândalo em 1930: um camião carregado de ouro estacionava à porta do Banco de Portugal. O Mundo tinha saído há [i.é havia] pouco do craque da Bolsa de Nova Iorque, a inflacção (sic) na Alemanha alcançava índices de 300%. A fome rondava o Mundo inteiro. Em menos de um ano, porém, Salazar tinha conseguido libertar Portugal da maior parte da sua dívida externa -- e entesourava. O ouro foi, então, a única reserva digna de confiança. Rapidamente Portugal ía-se (sic) libertando de todas as dependências financeiras. O Ministro das Finanças considerava que um Estado só se pode considerar inteiramente livre se não tiver de recorrer ao auxílio externo [...]»
Manuel Maria Múrias (intr. e coord.), Salazar; Edição do Centenário, Referendo, Lisboa, 1989, p. 26.