sábado, 28 de março de 2015

COMPORTAMENTOS (MILITARES E CIVIS) INSÓLITOS, NUM PAÍS INSÓLITO

“O que não funciona vai dando para o que não existe.”
Autor desconhecido

 
A frase expressa na introdução do seu último livro, pelo Professor Cavaco Silva, defendendo que o seu substituto na Presidência da República tivesse experiência em política internacional, provocou uma pequena tempestade política num copo de água.
 
Não devem ter mesmo mais nada para fazer.
 
Vejamos, a afirmação em si, é de uma evidência cristalina e simultaneamente confrangedora, não representando qualquer ideia política original, pensamento profundo sobre qualquer assunto ou decisão que possa influir seja no que for.
 
É aquilo que em termos científicos se poderia designar por “vulgaris de Lineu” e na gíria castrense, de “generalidades e culatras”.
 
Mas logo vários pelotões de políticos e comentadores vislumbraram na oração presidencial, intenções capciosas sobre os putativos candidatos ao cargo e sei lá que mais maquiavélicos pensamentos. Não há pachorra.
 
Lembramos que a extraordinária lei eleitoral de que usufruímos, apenas impõe a um eventual candidato que seja português (até ver) e que tenha mais do que 35 anos. Não exige mais nada (nem sequer um registo criminal limpo), a não ser 7500 assinaturas de pessoas que devem estar assaz preocupadas se os candidatos que apoiam sabem alguma coisa de política externa….
 
Ofereço uma ideia: optem por ter um Rei, que além de ter de saber dessa matéria, tem o problema da sucessão resolvido!...
 
Um a zero na imbecilização do povo.
 
*****
O Ministro da Defesa fez um despacho em que delega cerca de 90% (ou será mais?) das suas funções ao alvedrio da sua Secretária de Estado.
 
Porque o fará?
 
Para que é preciso então, um ministro?
 
Já se sabia das preocupações que S. Exª tem com o governo da sua firma de advogados (e eu a julgar que uma coisa seria incompatível com a outra, até em termos de disponibilidade), mas que diabo alguma coisa há-de ter para fazer no edifício do Restelo. Será que necessita do seu precioso tempo para outras actividades, agora que se aproximam épocas eleitorais?
 
Ou trata-se apenas de passar a assumir publicamente a importância que dão à Defesa – que se resumiu sempre e apenas, às Forças Armadas – e que agora como estas estão a caminho da exaustão, atira-se-lhes com um “para quem é, bacalhau basta”?
 
Se assim for, porque poupa na austeridade e não desaparece de vez, leva a Dr.ª Berta consigo e designa um Director Geral com o título de “Presidente da Comissão Liquidatária”?
 
Não entenderá que é mais honesto e consentâneo?
 
Dois a zero, na tal imbecilização.
 
*****
Um Conselheiro de Estado perdeu (depois de ter recorrido para a Relação), um processo que intentou em tribunal contra um cidadão por se sentir difamado por ter intuído que lhe tinham chamado traidor á Pátria, por alguns factos ocorridos no seu passado já longínquo.
 
Continua, porém, Conselheiro de Estado, apesar do assunto ser pouco conhecido no país, já que a comunicação social praticamente não fez eco do que se passou.
 
Felizmente que o julgamento terminou desta forma, senão os cerca de um milhão de compatriotas, mobilizados nas últimas campanhas ultramarinas (o caso tem a ver com este conflito) ficava em maus lençóis por não terem seguido o exemplo em causa.
 
Podendo inferir-se até, que seriam eles os traidores…
 
Mas não se tendo, por douta sentença, seguido este caminho, ficam as perguntas seguintes: porque é que as autoridades do país, na altura (referimo-nos ao pós 25 de Abril de 1974) consubstanciados na Junta de Salvação Nacional e no Movimento das Forças Armadas, não “arrecadaram” os que se tinham portado como o queixoso para os julgarem sobre o que tinham feito, como se fez, por exemplo, com alguns daqueles que foram na Legião Portuguesa lutar nas hostes napoleónicas, em 1807?
 
E como se permitiu, depois deste “pecado original”, que a pessoa em causa e muitos outros, ocupassem altos cargos em órgãos de soberania?
 
E como é que se permite que um cidadão nestas condições (mesmo que eventuais crimes já tenham prescrito) se possa candidatar ao mais alto cargo da Nação?
 
Porque não existe qualquer censura social e quase toda a gente lhe aperta a mão?
 
Três a zero, a aumentar a imbecilização do povo.
 
*****
Quase clandestinamente o Parlamento votou a favor da ida de Eusébio da Silva Ferreira para o Panteão Nacional.
 
A coisa foi feita algo envergonhadamente e quando nada o faria supor.
 
Pudera, depois do “Pai da Democracia”, cheio de verdete por o “Pantera Negra” nunca ter dito mal do Professor Salazar, o mais apropriado que achou por bem dizer, após o passamento do ídolo do futebol, foi tentar achincalhá-lo com um “bebia whisky ao pequeno - almoço”, que se poderia esperar?
 
Lamentavelmente nada de institucional existe para definir quem tem direito a dormir o sono eterno no antigo templo de Santa Engrácia, ficando tudo à mercê das maiorias parlamentares do momento.
 
Será até curioso, um dia ver o que acontece quando se der um movimento para tirar de lá alguém…
 
Mas o que gostaríamos de focar nesta crónica é, tão só, uma notícia veiculada nos órgãos de comunicação social, e com origem, ao que se sabe, num deputado do PSD, que comentando a novidade – que alguns órgãos de comunicação social propalaram acriticamente - saiu-se com esta tirada digna de Horácio, Tucídides, quiçá, Virgílio: “Eusébio é o primeiro português que vai para o Panteão e que não nasceu em Portugal”!
 
Gostaram?
 
Então nasceu onde, pode-se saber?
 
Lourenço Marques, capital de Moçambique, onde chegámos em 1497, e que fez parte de todas as Constituições portuguesas desde 1822, era território pária? E ninguém esfrega um pano encharcado no “fácies” destes broncos?
 
Quatro a zero na imbecilização do povo!
 
******
 
A Escola Secundária “C+S de Cascalhais de Baixo” está com o ar condicionado avariado há um mês. Resultado, manifestação de professores e alunos à frente da escola sendo, amiúde, os portões da dita cuja fechados a corrente e cadeado; cinco minutos de imagens nas televisões (todas á excepção do 2º canal); os comentaristas espraiam-se em voluptuosa verve; clama-se para que o ministro da pasta respectiva se apresente no Parlamento, a fim de ser interpelado (às vezes ele vai) e, não raro, se pede a demissão do chefe do governo; chovem acusações de que o PR não tem opinião sobre coisa alguma, (aliás, quando ele fala, é o que se sabe…).
 
Os exemplos podiam multiplicar-se por “ene factorial” (N!).
 
Em contrapartida, a Força Aérea, a Marinha e o Exército – este último consegue bater os outros dois aos pontos – estão numa situação dramática, com falta de tudo, sem verba para se sustentarem, sem pessoal, com os equipamentos (que restam) quase todos parados e não há uma voz neste país (as das associações militares ouvem-se baixinho), que exale um “ai” de preocupação a começar pelas chefias militares que quando abrem a boca é para exprimirem um ar de “tranquilidade”.
 
Deve ser por ser segredo de Estado, não vá o inimigo dar-se conta!...
 
No fim do reinado do Rei, Senhor D. João V – e não se podia alegar então, haver falta de verba – os sentinelas chegavam a pedir esmola à porta dos quartéis.
 
Deve ser por isso, que agora, os estão a substituir por empresas de segurança…
 
N! a zero na imbecilização do povo!

sábado, 21 de março de 2015

A ESCOLHA DOS POLÍTICOS

“O que é medido aparece feito”
Aforismo popular

 
O “recrutamento” e escolha dos políticos que irão ocupar os lugares/funções, sobretudo os de maior responsabilidade, nunca mereceram, desde os alvores desta III República, a mais pequena consideração.
 
Tudo se baseia na sacrossanta teoria jacobina do voto, que é o alfa e o ómega do actual sistema.
 
E vota-se em quem? Pois vota-se naqueles cidadãos que se filiaram nos Partidos Políticos autorizados (e sobreviventes) e nalguns independentes (muito poucos) que furam a ditadura partidária e, ou, naqueles que as chefias dos partidos, por interesse seu, vão cooptar como “independentes”.
 
Melhor dizendo, o cidadão “ovelha” está limitado a votar nos atrás apontados, e apenas naqueles que, escolhidos pelas chefias partidárias, se apresentem a escrutínio.
 
É possível fugir a isto, sobretudo nas eleições autárquicas e presidenciais, mas a lei está feita de modo a beneficiar largamente os Partidos Políticos – uma das piores “invenções da Ciência Política – e a dificultar a vida a tudo o resto.
 
Ou seja, vivemos não numa Democracia, mas sim numa Partidocracia, onde a pedra de toque é o dinheiro, ou seja uma Plutocracia (o PC que não refile, pois aparenta ser o partido com maior soma de cabedais, de todos os existentes).
 
Bom, para já não falar na nula selecção existente, para que um qualquer cidadão possa ser admitido num Partido Político.
 
Ou seja, no limite, podemos até ter um Partido, apenas constituído por uma colecção de bandidos de várias estirpes…
 
É como se nos concursos para médicos, militares, diplomatas, etc., ninguém tivesse que prestar provas!
 
Ora, a política devia ser encarada como uma das actividades mais nobres da “Polis”, para a qual deveriam concorrer, ou ascender, os cidadãos mais bem preparados para o efeito, pois a sua acção vai afectar a vida de todos, ou de uma grande parte da comunidade e a do próprio país.
 
Mas todo o mundo tem encarado tudo isto de ânimo leve e agora diz-se que a Europa não tem líderes, muito menos estadistas…
 
A piorar as coisas, nenhum escrutínio, a não ser a demagogia das campanhas eleitorais – que, em boa verdade, só baralham as coisas e as pessoas – nada mais é exigido aos candidatos em função dos lugares a que concorrem.
 
Ser político é, pois, a única actividade que está para “além” de qualquer profissão, para a qual não é necessário apresentar currículo, habilitações profissionais, idoneidade, ou prestar qualquer tipo de provas, ou sujeitar-se a quaisquer regras.
 
O exemplo mais flagrante disto é a da candidatura a PR, para o que é necessário apenas ter mais de 35 anos e reunir 7.500 assinaturas!
 
Este estado de coisas representa e configura, uma situação irresponsável, confrangedora, que não serve a comunidade, mas apesar de entrar às escâncaras todos os dias em nossas casas, tem sido encarado como um assunto tabu.
 
Deve ser por isso que o treinador Jorge Jesus e outros colegas do mesmo ofício, têm mais tempo de antena, do que todos os políticos juntos.
 
Ao menos é suposto e intuído, que eles devem saber alguma coisa do que falam.
 
E falam.
 
E falam.

sexta-feira, 13 de março de 2015

O 212º ANIVERSÁRIO DO COLÉGIO MILITAR

“É assim que, por mais que espíritos desorientados tenham querido obliterar as tradições d’honra do Exército, a profissão entre todas, nobre, foi, é, há - de ser sempre, a militar…”
Mouzinho de Albuquerque
 
Caso não tivéssemos presenciado, teríamos percebido pelo silêncio da Comunicação Social, de que as cerimónias comemorativas do aniversário, em título, tinham corrido bem.
 
Mas fomos a algumas das muitas iniciativas levadas a cabo, com as quais a Direcção do Colégio e a Associação dos ex-alunos fazem gala em comemorar o evento.
 
De facto no passado dia 8 de Março (apesar do aniversário ser a 3) entendi ir vivificar o corpo e retemperar o espírito: fui visitar outro país que ainda existe dentro do meu país.
 
Um “país” que não passa a vida a fazer greves; que não exige direitos, sem os deveres correspondentes; que não se dilacera partidariamente numa “guerra civil” permanente; onde as recomendações da Comissão Nacional da Educação ainda não se aplicam; onde não existem “direitas” nem “esquerdas”, onde a corrupção não impera, etc., e onde se trabalha naturalmente, tentando fazer melhor amanhã do que hoje.
 
Apesar - é de realçar - dos disparates ministeriais avulsos, acompanhados da aparente demissão de algumas chefias militares, relativamente à defesa institucional dos Colégios Militares, cujo exemplo mais grave tem a ver com o criminoso encerramento do centenário Instituto de Odivelas.
 
Chefias militares que se olvidaram de que são os descendentes e herdeiros dos antigos Condestáveis da Nação.
 
A estas cerimónias, sobretudo ao desfile do Batalhão Colegial, na Avenida da Liberdade e à Missa, em S. Domingos, deveria assistir todo o Parlamento.
 
Só lhes fazia bem lobrigarem o garbo imperturbável daquele “Corpo de Alunos”, desfilando avenida da Liberdade abaixo – eles que são um garante da nossa liberdade, presente e futura; a camaradagem esfuziante dos ex-alunos, saudosos dos tempos passados; o entusiasmo das famílias e amigos e à alegria de todos - até os turistas que passam ganham um bónus extra, ficando de olhos esbugalhados a olharem para o que se passa!
 
Seguramente que a maioria dos nossos deputados não entenderia muito do que, por graça de Deus, lhes seria dado ver, mas estou certo que não se lhes negaria a caridade das explicações necessárias.
 
Talvez ganhassem uma nova postura quando regressassem ao Parlamento…
 
Verificariam que a cerimónia começou a horas, que o cerimonial é tradicionalmente mantido segundo das regras da ordenança, e também vislumbrariam aqui e ali, cidadãos que apanhados no meio dos eventos, não se sabem comportar perante uma formatura militar nem respeitam os símbolos nacionais, neste caso a bandeira e o hino, não mantendo uma atitude respeitosa em face deles.
 
Ora respeitar os símbolos nacionais é dever de todos, onde não se aplica o livre alvedrio e que deve estar sujeito a sanções adequadas. Um âmbito que devia constituir especial interesse para a agora chamada “Casa da Democracia”.
 
E é o Estandarte Nacional com a divisa camoniana “Esta é a ditosa Pátria minha amada”, à guarda do Colégio Militar – por sinal um dos mais condecorados do país – que rompe a marcha aos ombros do aluno nº198/2007, José Pedro Ribeiro Gomes, a quem foi confiada essa Honra.
 
Honra extensiva a todos os Alferes Porta-Estandarte, das Forças Armadas Portuguesas e que representam a “reencarnação” actual de Duarte de Almeida, “o decepado”, porta - bandeira na Batalha de Toro, em 1 de Março de 1476, que golpeado sucessivamente, lutou heroicamente, para evitar que o sagrado símbolo lhe fosse sacado ou derrubado.
 
Desde então que, aos sucessores na função, lhes é relembrado este exemplo. Assim deve continuar a suceder.
 
Exemplo que, aos deputados da Nação, que supostamente representam o povo português, deve merecer, também, ponderada meditação.
 
É certo que o alinhamento das diferentes companhias de alunos não foi perfeito, quiçá milimétrico, como nas paradas orientais. Mas tem que se ter em conta que não estamos a falar de profissionais, nem tão pouco aqueles marcham em fileiras abertas com frente de seis…
 
Concedo que não conseguia ver refletida a minha cara no lustro de todos os sapatos dos uniformes, mas levo isso à conta da cada vez mais diminuta verba distribuída às FA, o que já se deve refletir na falta de escovas e na graxa; mas já me preocupa o ter vislumbrado alguma ferrugem em muitas baionetas. Afinal nós nunca sabemos quando vamos precisar delas!
 
Enfim, e numa palavra, continua a ser a unidade militar que melhor desfila em Portugal (bom, a Academia Militar, no meu tempo, fazia-lhes concorrência…)!
 
Encerra a formatura a “Escolta” a cavalo, em galope curto – o clímax do evento.
 
Salienta-se que esta “Escolta”, juntamente com a “Reprise” de Mafra, o ensino de equitação na Academia Militar e o Ex - Regimento de Cavalaria (recuso-me a soletrar o novo nome que lhe deram), da GNR, são o que resta de todas as tradições equestres do Exército Português…
 
Muitas mentes questionam-se se lidar com armas é próprio para menores.
 
Poderia responder simplesmente que, sendo o Colégio Militar, uma unidade militar, não faria sentido algum que o uso de armamento estivesse afastado do seu quotidiano; mas não quero deixar de defender que tal “convívio” só lhes faz bem, pois desde novos aprendem a usar e a respeitar uma arma, tendo o enquadramento, a disciplina e a instrução adequada para tal.
 
Por último, aprendem a utilizar as armas no sentido do Bem, pois as armas não são em si, boas ou más: a mão que as manuseia é que o pode ser!
 
O batalhão destroça no Largo de São Domingos e, enquanto os acompanhantes se quedam em algazarra, confraternização, gritos de “zacatrás” e alguma ginjinha, as cerimónias prosseguem na nunca reconstruída, mas lotada, Igreja de S. Domingos, onde casaram reis e de onde se contempla Lisboa desde há sete séculos.
 
 
Presidiu o novo Bispo das Forças Armadas e de Segurança, D. Manuel Linda, a quem saúdo, nesta primeira aparição pública que presenciei e em que esteve feliz, por abordar na sua homilia temas importantes de forma equilibrada. Também, por seguramente ter tido uma agradável surpresa com o que, por mercê do Senhor, lhe foi dado presenciar.
 
A missa acaba por ser uma mistura de cerimónia religiosa, de acção de graças, adornada de todo o cerimonial militar correspondente, à mistura com um toque distintivo da matriz cultural da grande família colegial.
 
De tudo resultando o encontro de gerações, a renovação com a perenidade; a plenitude da alma, a unidade telúrica de um todo.
 
O Colégio Militar – os colégios militares – são pois Instituições verdadeiramente nacionais, que formam portugueses, nos diferentes níveis do seu ser.
 
São seiva da Nação e, se não estiver enganado, poderemos vê-los sempre na linha da frente, ou na derradeira linha da Defesa e desenvolvimento do País.
 
Não é pois de estranhar, que os queiram deitar abaixo…
 
Parabéns por mais um aniversário. E contem muitos, pois enquanto existirem Portugal vai ter alguma dificuldade em desaparecer.

segunda-feira, 9 de março de 2015

A “DEMÊNCIA” DO CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO

“De pequenino é que se torce o pepino”
Aforismo popular
 
Na terceira semana de Fevereiro de 2015 veio, á luz do dia, um relatório emanado pelo Conselho Nacional de Educação (CNE) – órgão consultivo do Ministério da Educação (ME), criado pelo Decreto – Lei 125/82, de 22/4, que pagamos com os nossos impostos – o qual argumenta recomendações sobre “chumbos” no ensino básico e secundário.
 
Não temos em carteira um conjunto de adjectivos suficientemente forte para execrar como deve, semelhante papiro.
 
É certo que a asneira é livre, mas tem de haver limites para tudo.
 
Por isso mesmo, sem qualquer espírito democrático, caridade cristã, tolerância ideológica ou outra – assumo – não vou ficar pela crítica ao documento, vou desancá-lo.
 
A barbaridade dos seus termos não me deixa alternativa: é isso, ou o meu equilíbrio psicossomático!
 
Assim percebem melhor porque escolhi o primeiro.
 
O documento, a fazer fé no que saiu nos OCS, defende que os chumbos, a que eufemisticamente apelidam de “retenção”, sai “demasiado caro ao Estado” (?!), pode provocar “problemas emocionais” e “não é eficaz”. Considera ainda ser uma “má solução”, que “não resolve as dificuldades dos alunos, baixa a auto - estima e aumenta a probabilidade de insucesso futuro”; que a “retenção sanciona, penaliza, não se reconhecendo o seu carácter pedagógico”.
 
E chega a afirmar que “potencia comportamentos indisciplinados, fruto de uma baixa auto - estima e desenquadramento em relação à turma de acolhimento, o que dificulta mais a aprendizagem”.
 
E estendem-se: “as taxas de retenção e desistência para cada ciclo são, não só elevadas, como denotam que os percursos escolares marcados pelas retenções iniciem em níveis educativos muito precoces e se vão acentuando à medida que avança a escolaridade” (o La Palisse não diria melhor…).
 
E termina recomendando a reavaliação da existência dos exames nacionais do 4º e 6º anos e repensadas as “implicações dos resultados finais no prosseguimento dos estudos”.
 
Há mais, mas o exposto já chega para ilustrar o despautério e a irresponsabilidade.
 
Existe, à cabeça, uma questão que estas luminárias não tocam: quando é que entendem que se deve começar a instruir os jovens (já que a educação se devia começar a dar em casa), isto é, a obrigá-los a aprender coisas versando a mudança de comportamentos e a seleccioná-los segundo as suas capacidades?
 
Ou será que defendem, que os conhecimentos, as técnicas e a adaptação ao meio, entram por osmose ou ficam ao critério da obra e graça do Espírito Santo?
 
Ou que devem passar todos independentemente do que aprenderem e demonstrem saber fazer?
 
Mas afinal para que é que há aulas?
 
Aquilo que os autores do documento defendem – incluindo o próprio Presidente do CNE que, creio, ter sido meu colega no Liceu (até este nome bonito, substituíram pelo horrível “escola secundária”) mas que não deve ter estudado pelos mesmos livros que eu – é, tão simplesmente, a promoção da irresponsabilidade, da mandriice, do “chico espertismo” e da mediocridade.
 
Despromove o mérito (como se já não bastasse a “cunha”) e troça de quem se aplica, ignorando a injustiça subjacente.
 
É o nivelar por baixo no seu esplendor e a perpetuação da mentira jacobina de que somos todos iguais, quando a natureza nos fez todos diferentes!
 
Não cabe aqui, revoltar-nos contra eventuais injustiças que de tal derivam, nem questionarmos o porquê de ser assim, pois até hoje ninguém, nenhuma religião ou escola filosófica, descobriu ou explicou porque os diferentes humanos nascem e existem nestas condições.
 
Temos apenas que encarar a realidade e conviver o melhor possível com ela.
 
Ora este “parecer” vai justamente em sentido contrário, quer torcer a natureza, justamente à custa daqueles ou da organização da sociedade, que poderiam atenuar os problemas existentes.
 
 
O relatório visando nos seus preparos, penso, uma reforma pedagógica positiva, apenas representa o opróbrio do mérito e um retrocesso civilizacional.
 
E o mais grave de tudo é que há pessoas que até acreditam naquilo que escrevem…
 
Fazer crer que o ensino tem que ser lúdico, que se pode ultrapassar obstáculos sem esforço e que toda a gente tem direito a tudo, independentemente das suas capacidades, ou do seu querer, é próprio de “adiantados mentais” que levitam a 30 cm do solo!
 
Estão a criar, isso sim, bandos de desenraizados em série e um peso morto para as famílias e a sociedade.
 
A realidade que entra pelos olhos dentro é a de que há, houve e haverá, um número considerável de seres humanos que devem muito à inteligência (até há escalas para a medir); que são afectados diferentemente por doenças, mal formações, etc., de que ninguém tem culpa, mas que vão afectar e condicionar toda a sua vida e a daqueles que existem à sua volta.
 
Para já não falar naquelas que por deformação de Carácter ou Personalidade, estão predispostas para a prática do mal.
 
Estas pessoas não devem ser discriminadas, devem ser ajudadas na medida em que a iniciativa privada ou estadual, gera os meios para melhorar o seu enquadramento na Sociedade.
 
Castigando-se, por evidente necessidade, quem incorre na lei ou ofende a Moral pública – que parece já não existir.
 
Mas isso não tem nada a ver com o que está subjacente à tal lucubração que aparenta, mais, enquadrar-se numa estratégia de subversão da comunidade.
 
Eu também fiquei “retido” um ano, e não foi por isso que fiquei com “problemas emocionais”, serviu-me de exemplo.
 
Quando, por ex., se escolhe a equipa de futebol que representa a escola, deixam-se ir todos os alunos que queiram, ou faz-se uma selecção? É que os excluídos podem ficar com baixa estima…
 
Diz o folheto que “chumbar”, não é “eficaz”. Mas não é eficaz para quem, ou o quê? E como se consegue essa tal eficácia? Passar toda a gente independentemente do que se aprende, é mais eficaz?
 
Será que um dia destes também vão propor que ninguém chumbe no exame de condução?
 
Para os incontáveis disparates que foram feitos desde a época de 1974/75, que começaram por uma ocupação selvagem de todas as estruturas do ME - e cujo saneamento está ainda longe de ter sido feito –; a indisciplina e falta de organização reinante (onde ressalta a tábua – rasa da hierarquia); a medíocre formação e selecção dos professores; a actividade mais do que duvidosa de sindicatos e associações de pais e de quem mexe os cordelinhos, na sombra; as constantes mudanças de “rumo”, em termos de matérias e de pedagogia e acabando na governação para a estatística (da UE e da demagogia eleitoral) e na transformação do ensino em negócio sem regras estritas, por tudo isto, dizia, penso até que o número de chumbos é extremamente baixo.
 
Mas sobre todo este conjunto de calamidades que já levam quatro décadas, os autores daquelas mal enxabidas linhas, aos costumes dizem nada!
 
Um ensino bom é um ensino exigente, em escolas bem construídas e funcionais, mas não luxuosas, em que o pessoal docente e discente aprende a usar e a gostar e se é responsabilizado pelo que de bem ou mal se passa.
 
É uma “Escola” em que há ordem (a ordem liberta mais do que oprime) onde os professores ensinam (e dão o exemplo!), os alunos estudam e os funcionários trabalham. E onde todos são avaliados.
 
E isto só se consegue com hierarquia, liderança e obediência, sem embargo de toda a gente poder (e dever) pensar e exprimir-se no âmbito adequado e com a civilidade inerente a pessoas bem - educadas.
 
Ninguém consegue estudar ou trabalhar no meio da desordem, da falta de regras, na falta de ética, que tem levado recorrentemente e numa extensão nunca aferida, a casos incríveis de violência, roubo, droga, abusos sexuais, taras diversas, desregramento de costumes, destruição de bens e todo um rol de malfeitores que devia encher de vergonha qualquer pessoa civilizada. Mas nada disto, pelos vistos, preocupa o CNE.
 
Eles estão é preocupados com os chumbos – que defendem serem caros (como se aferirá um “custo” destes?). A ignorância e a incompetência devem ser baratas…
 
Nós não precisamos de muitos licenciados; nós precisamos é de bons profissionais. Os maus são apenas areia na engrenagem, há que os encaminhar para onde possam ser úteis.
 
Alfabetizar significa conseguir que todos os jovens desde pequenos, aprendam a ler, a escrever e a contar. E isto já nem está ao alcance de todos.
 
Convinha em cima disto dar-lhes algumas noções de história, geografia, português, regras morais e cívicas. Era isto que a antiga 4ª classe garantia, e com grande qualidade, aos jovens portugueses.
 
Agora querem garantir o 12º ano a todos, mas a maioria deles (tirando mexer em maquinetas de vídeo games, “downloads da net”, enviar “SMS” e ouvir MP3), não está apta a passar um exame daquela época.
 
Espero, para terminar, que o Senhor Ministro dê ao documento uma função útil e terminal: a de servir de papel higiénico.

terça-feira, 3 de março de 2015

RELAÇÃO ABSOLVE BRANDÃO FERREIRA VS MANUEL ALEGRE

No passado dia 26 de Fevereiro de 2015, o Tribunal da Relação de Lisboa, exarou o acórdão relativo aos recursos interpostos pelo cidadão Manuel Alegre - que exerce actualmente as funções de Conselheiro de Estado -  e o M.P., relativamente à decisão do Tribunal de 1ª Instância, que absolvia o arguido João J. Brandão Ferreira do imputado crime de difamação.
 
O Douto Tribunal, no seu acórdão, decidiu não dar provimento aos referidos recursos e confirmar a sentença anterior.

Deste acórdão não existe possibilidade de recurso, em termos nacionais.

Pretendo agradecer ao meu advogado Dr. Alexandre Lafayette, pelo seu brilhante profissionalismo; às testemunhas, do fundo do coração, e a todos os familiares, amigos, camaradas de armas, conhecidos, ou simples compatriotas - bons portugueses - que, de diferentes maneiras, manifestaram o seu apoio.

A todos o meu BEM HAJAM!
 

domingo, 1 de março de 2015

PROSPECTIVA POLÍTICA TELEOLÓGICA E AS SOLUÇÕES PARA O PAÍS

A Teleologia é a ciência dos fins; isto é, o estudo filosófico do propósito, do objectivo ou finalidade.

Nos tempos que correm a maioria das pessoas começa a acordar (finalmente) para a crise económica e financeira, mas sobretudo Moral e Política em que mergulhámos – o que levará, por exemplo, a Câmara de Carrazeda de Anciães [1] a sentir a necessidade de oferecer gratuitamente à população, uma sessão do último filme “As 50 Sombras de Grey”? - crise que começou para Portugal faz décadas, mas que foi sempre iludida pela mirífica promessa de prosperidade eterna que a entrada na CEE nos garantiria; pela irresponsável distribuição de subsídios a esmo e, sobretudo, pela “doença infantil” da “Democracia” que toma o nome de Demagogia.
 
Tudo devidamente plasmado na Comunicação Social que temos.
 
Por outro lado, a classe política, que se foi, maioritariamente, desnacionalizando quase até ao tutano, vê-se na contingência de ter de mudar alguma coisa, já que a situação assim o obriga, quanto mais não seja porque o crédito fácil apesar de não ter secado, necessita ser negociado com prudência para impedir que a dívida – que nas circunstâncias actuais é impagável e não cessa de aumentar – faça implodir todo o sistema.
 
Finalmente o desenvolvimento dos conflitos a nível mundial e sobretudo aqueles que podem afectar directamente a Europa – como são a imigração descontrolada; o extremismo islâmico; o abastecimento de energia; a instabilidade dos Balcãs e do Norte de África, a “invasão” chinesa e a reemergência da Guerra Fria (ou quente) com a Rússia, que a guerra na Ucrânia é apenas o último episódio – fizeram os europeus, onde se incluem os portugueses, entender que a violência destruidora se pode abater sobre eles, novamente.
 
Tudo isto vai obrigar a mudar o “status quo”, o que é cíclico.
 
Nada, aliás, que seja novo debaixo do Sol!
 
Sem embargo, está tudo baralhado e confuso em Portugal – nos outros países europeus também, mas cada realidade é diferente – e ninguém (salvo os “iniciados”) sabe o que se há - de fazer.
 
Independentemente de seja o que for que venha a acontecer, é mister colocar-se e responder-se, em Portugal, a uma pergunta assaz pertinente e que é esta: pretendem, ou não, os portugueses manter-se como povo diferenciado, independente e soberano no concerto das Nações, Etnias, Estados e “agrupamentos” regionais, que existem no Mundo?
 
Ou se não se importam, ou até preferem, diluir-se paulatinamente, numa outra entidade política qualquer (a mais próxima chama-se UE), ou deixar-se amalgamar numa mole humanitária indiferenciada?

 
A esta questão, a classe política dirá, candidamente, que a sua necessidade não se coloca (eles adoram iludir a realidade!), por não haver nada que a justifique…
 
Ao mesmo tempo que afivelarão um ar de virgens ofendidas.
 
Ora responder a esta pergunta é fundamental – e a sua resposta tem que ser clara e inequívoca - não só porque ela representa o objectivo nacional permanente histórico mais importante desde Afonso Henriques, como a sua resposta condiciona totalmente a Política e a Estratégia que os nossos políticos deviam ser mandatados a fazer pelo Povo Português.
 
Ou seja, é uma questão teleológica…
 
E aqui começa o verdadeiro busílis de tudo isto: nós temos que conseguir colocar nos órgãos de soberania pessoas que, sendo portuguesas, pensem e ajam, como tal.
 
E, naturalmente, defendam os interesses da sua terra e das suas gentes.
 
Ora não tem sido isto que se tem passado.
 
Tal deriva de variadas razões: pela desnacionalização (e abandalhamento) do ensino e dos órgãos de comunicação social; pela corrupção materialista; pela agregação a ideologias políticas erradas e ou, criminosas; pelo relativismo moral, pela transformação da vida teocêntrica (centrada em Deus) pela androcêntrica (centrada no homem), até o reduzir a um simples indivíduo que supostamente pode ser Deus de si mesmo e criar a sua própria Moral.
 
Por último e cada vez mais acentuadamente, pela cooptação de indivíduos para organizações de Poder internacionalista, posteriormente inoculados nos órgãos de soberania nacionais.
 
Tudo acompanhado pela eliminação do Direito Natural nos últimos 200 anos, a favor do Racionalismo e Positivismo e acabando na eleição de “Mamon” como Deus de todos os homens.
 
Nós estamos a desaparecer aos poucos, como comunidade autónoma e individualizada, no concerto das Nações e dos Estados: não nascem crianças, e grande parte das que nascem portuguesas tem a ver com o “Jus Solis” e não com o “Jus sanguini”; emigramos e recebemos imigrantes em quantidades que passaram a afectar a nossa matriz idiossincrática; alienamos soberania insensatamente, sem pesar as consequências; destruímos as instituições nacionais, que são pilares da nossa existência, com a imprudência e contentamento, que só a ignorância atrevida explica, ou a ganância do dinheiro ou a traição ideológica, escoram; vendemos empresas, terrenos e património vário, pelas mesmas razões; deixámos de cunhar moeda; privatizámos bens essenciais, etc..
 
Prostituímo-nos, enfim, com a quimera dos vistos “Gold” e a oferta da nacionalidade a quem pague o óbolo…
 
Fora o que aí vem mais, que é muito e que é mau. Direi até, assustador.
 
Deixamos que nos façam tudo isto, comportando-nos como um rebanho manso e acéfalo de ovelhas tosquiadas.
 
De pés e mãos atadas pela dívida escravizante e leis alheias, em que governantes mal avisados nos enredaram e em que nos deixámos enredar, por via da falta de informação e das fraquezas da natureza humana.
 
Estamos como Nação (a mais antiga da Europa e direi que do mundo) – palavra que não aparece uma única vez no texto da Constituição da República – à beira do suicídio colectivo.
 
Uma opção, ela própria, não só teleológica mas quase escatológica.[2]
 


[1] Pequena povoação perdida nos confins de Trás-os-Montes, constituída maioritariamente por uma população envelhecida, de baixo nível cultural, subsídio e social dependente, usufruindo de uma economia de subsistência…
[2] Escatológica no sentido filosófico e religioso do termo, não no sentido de “Coprologia”.