SERÁ QUE O
MINISTRO DA DEFESA ESTÁ DE POSSE DAS SUAS FACULDADES?
13/3/20
“Diz o cego para o coxo:
- Então como vais andando?
Responde o coxo:
-Olha é como estás vendo
“Chiste popular”.
“Chiste popular”.
Vem
isto a propósito de declarações do Ministro Cravinho sobre o aumento de
mulheres nas Forças Armadas.
Olhem
que isto é fixação! Como se tal representasse algum problema! Neste âmbito faz
coro com a antiga Secretária de Estado (ou ela com ele) – uma “feminista” pouco
encapotada: querem, vejam só, igualdade de género, neste caso aumentar as moças
e as balzaquianas para metade dos efectivos! E se forem mais, já poderá ser?
Vão
arranjar quotas também para ciganos, pretos, mestiços, amarelos, acastanhados,
judeus, muçulmanos, ortodoxos, homossexuais, etc.? Isto é só estupidez natural
ou apenas um desvario momentâneo de quem não tem nada para dizer sobre a
resolução dos reais problemas (e são a perder de vista) da Instituição Militar?
Que vai a caminho do que se passava no fim do reinado de D. João V, em que as
sentinelas pediam esmola à porta dos quartéis?
E
querem saber mais, quer sejam fêmeas quer sejam machos ou outra qualquer
espécie hermafrodita, ninguém quer hoje, vir para as actuais Forças Armadas,
devido ao estado em que as puseram e ao País!
Como
prova o recente concurso para o recrutamento de 70 oficiais em regime de
contrato, para o Exército, que ficou às moscas. Pudera!
Será
que já não basta a completa inépcia, ignorância e maus instintos que têm
povoado as sucessivas gerações de ministros da Defesa – o último dos quais nos
brindou com esta pérola em pleno tribunal a propósito do caso de Tancos e cito:
“É bom ter presente e digo sem ironia: eu não fazia a mínima ideia do que era
um paiol” – para agora termos de aturar um governante que vive a 30 centímetros
do solo e quer que os restantes também vivam?
Como
é que se pode ter um mínimo de respeito por gente desta, que nem sequer tem
coragem para assumir o que pensam e estão a fazer?
Porque
são tão miseráveis que nem sequer são capazes de assumir (onde está a
Democracia, onde está a transparência?) que não gostam (o termo é outro) da
Instituição Militar e dos militares? Que têm outras prioridades? Que acham que
a tropa não serve para nada? Que não perdoam as intervenções políticas dos
últimos 200 anos? Que são pacifistas disfarçados? Que não querem nenhuma espada
de Dâmocles sobre a sua cabeça para poderem usufruir de toda a negociata e
corrupção existente? Que pensam que o modo de ser e estar das Forças Armadas é
um anacronismo? Que julgam não haver ameaças sobre o país? Que o país é
dispensável?
Porquê?
Tenham coragem e assumam-se para que a Nação e até os próprios militares os
confrontem!
Os
senhores não merecem a menor consideração!
Cito
George Bernarmos “Um intelectual é tão frequentemente um imbecil que devíamos
sempre à partida considerá-lo como tal, até que tenha dado provas em
contrário”. [1]
Ora
senhor ministro, entre vós existem certamente vários imbecis (esses são facilmente
removidos) mas a marca dominante é o maquiavelismo subversivo.
Não
vão poder, porém, enganar toda a gente durante todo o tempo!
As
Forças Armadas estão num estádio de decrepitude e desmoralização (ao contrário
do que se ouve dizer por gente sem vergonha na cara) galopante e esse sim
anacrónico.
É
a instituição nacional que mais tem sofrido nos últimos 30 anos, reduzida,
desconsiderada e desmontada em toda a sua plenitude!
Existe
uma “estranha” auto censura da generalidade dos meios de comunicação social
sobre todo este assunto o que contrasta com a inacreditável “atenção” que
revelam perante eventos que não valem um caracol furado, ou insistem em
denunciar, como o facto gravíssimo de haver uma lâmpada fundida num hospital do
Serviço Nacional de Saúde…
A
inacreditável “mansidão” com que toda a hierarquia militar tem aceite e fica
conformada com este estado de coisas, é abismal (de ficarmos abismados), o que
me causa uma incomodidade (e vergonha) crescente, por ser oficial do quadro
permanente.
Ainda
no Natal ocorreu um evento que ilustra o que estou a tentar transmitir: o Chefe
de Estado-Maior do Exército (CEME) ficou apeado na placa do aeroporto por, à
última da hora, ter surgido um elemento civil (nem vou referir quem), que se
posicionou para se deslocar ao Iraque, onde a comitiva ia visitar as tropas
portuguesas lá estacionadas. Pois o senhor PM mandou subir o dito civil e apear
o CEME.
Isto
incomoda-me, envergonha-me e revolta-me!
Mas,
pelos vistos, eu é que estou seguramente errado. E a mais.
Mas
o senhor ministro está é preocupado porque não há fêmeas suficientes na tropa e
quer aumentá-las “para desconstruir a imagem tradicionalmente masculina da
Defesa”. Sim, Sua Excelência disse isto. Ele quer é gajas e creches (bom, outro
dia vi – ninguém me contou – numa portaria, pois já nem era uma porta d’Armas,
onde estava uma militar de serviço e ao lado tinha um bebé, que tratava e
presumo fosse sua filha…). Vá lá, sempre é melhor do que querer transformar a
parada de um quartel num acampamento do Bloco Canhoto!...
Será
que o dito cujo ministro tem alguma ideia do que é um Exército e para que
serve?
Os
Ramos das Forças Armadas não estão capazes de cumprir minimamente as suas
missões (e são muitas), não tem praticamente qualquer capacidade de
sustentação, nem reservas, nem planos de contingência seja para o que for; não
têm efectivos, sobretudo praças, para além de qualquer ficção; já quase não há
qualquer hipótese de dar treino e instrução seja a quem for; dentro de poucos
meses não haverá nenhuma unidade capaz de manobrar tacticamente ou dar um tiro;
ou manter qualificações ou seja o que for e todo o mundo finge que não se passa
nada?!
Duvidam
do que digo? Tenham coragem e entrevistem-me na televisão. Aceito (e desafio)
qualquer arguente!
Mas
o senhor Ministro (que topete!) está com a fixação paranoica do aumento do mulherio
(mas entretanto não autoriza nenhuma contratação de mulheres, nem homens, para
funções civis nas FA…)!
O
Exército o que faz? Muda os uniformes! Como se isso resolvesse alguma coisa ou
fosse urgente. O Exército está à beira de não conseguir alimentar (sim, dar de
comer) os escassos meios humanos que tem ao seu serviço e a sua preocupação é
gastar dinheiro em mudar o uniforme e arranjar mais uma série de polémicas
internas com isso?
Voltámos
ao granel do Século XIX: como não havia dinheiro para nada, nem ninguém
mandava, as numerosas reformas militares havidas, resumiam a sua substância a
mudar os números aos regimentos; alterar as Regiões Militares e … mudar os
uniformes!
A
Reforma de 1884, chamada Reforma do Fontes (e este foi um bom militar e um razoável
político) conseguiu comprar algum material moderno, mas à custa das “remissões”
(dinheiro sacado aos contribuintes para se livrarem da tropa, o que fez com que
o Exército fosse invadido por uma quantidade enorme de indigentes), o que
causou grande mal-estar nas fileiras e foi uma das causas (pouco estudadas)
pela qual o Exército deixou cair a Monarquia… Não se aprende nada!
A
Força Aérea já nem consegue formar os pilotos de helicóptero e convencionou com
os espanhóis fazerem isso. Os F-16 estão todos a encostar (devido a não serem
consignadas verbas para a sua regeneração) e por esta via vai deixar de haver
parelha de alerta de defesa aérea. Ou seja, vai deixar de haver soberania no
ar, a principal missão do Ramo. Voa-se tão pouco, que os controladores (já não
falo dos pilotos), nem sequer vão conseguir manter as suas qualificações…
A
Armada vai abater o navio Bérrio e deixar de ter capacidade de abastecimento
oceânico [2]; o
substituto vem sendo protelado há anos na Lei de Programação Militar – que
nunca passou de uma ficção de engenharia financeira – e passou agora para 2025…
Os
navios vão parar um a um e já nem têm guarnição que chegue.
Mas
o Senhor Ministro está preocupado com a igualdade de género.
Pois
senhor ministro meta a igualdade de género num sítio que toda a gente sabe qual
é. E trate-se se é que tem cura.
O
senhor e o PM são os cegos da citação. Os seus interlocutores directos são os
coxos.
O
que inclui o “Comandante Supremo”, que não é supremo nem comanda nada.
É
uma figura de estilo.
Condiz.
João
José Brandão Ferreira
Oficial Piloto Aviador (Ref.)
[1] Escritor francês, 1888 - 1948.
[2] Para quem está esquecido
era o nome do navio da Armada de Vasco da Gama que transportava os víveres e
outra logística.
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