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domingo, 30 de setembro de 2018
sexta-feira, 21 de setembro de 2018
sábado, 15 de setembro de 2018
O SIGNIFICADO DO ALMOÇO AO CORONEL PIPA AMORIM
O SIGNIFICADO DO
ALMOÇO AO CORONEL PIPA AMORIM
13/09/18
“Quá, Senhor,
trazem me tam afagado e tam cerymoniado, e mostram me tantas dores suas, e que
maus sam já pera trabalhar; e depois de me terem bem manso, e bem seguro de nam
esprever eu a verdade a Vossa Alteza, entam Vos esprevem lá, senhor, essas
cartas!”
Afonso de
Albuquerque
Cartas I, p.
290, 20 de Outubro de 1514.
Como
foi amplamente noticiado um grupo de militares (sobretudo na reforma e na
reserva) e alguns civis, resolveram organizar e estar presentes num almoço de
homenagem ao último Comandante do “Regimento” de Comandos – Regimento que, por
junto, não arrebanha duas companhias (que é, aliás e infelizmente, o espelho de
todas as unidades das Forças Armadas e sobretudo do Exército) – Coronel Comando
Pipa de Amorim.
O
evento teve lugar no pretérito dia 8 de Setembro, num restaurante da capital e
congregou mais de 400 convivas.
É
normal aos comandantes das unidades que estão de partida dos seus comandos
(como a outros militares), serem homenageados num jantar de despedida que
ocorre, por norma, na própria unidade ou em restaurante perto da mesma.
Desses
almoços não consta notícia pública. São rotina. [1]
Porque
é que este almoço então, concentrou tanta polémica e reportagens em televisões
e jornais?
É
na resposta a esta questão que o significado do evento se amplia e deve ser
escrutinado.
É
certo que o fito do almoço era homenagear o Coronel Pipa Amorim – que passou
desgostoso e prematuramente, à reserva – mas seria esse o único fito ou, até para
alguns, o principal?
Não
parece nada que fosse.
Não
tenho dúvidas que o oficial em causa é merecedor desta homenagem castrense pela
sua folha de serviços, por ter subido a pulso, pelas suas qualidades pessoais e
competência técnica, por ter dado boa conta de si e da missão (incluindo em
situações de combate) e por, tendo já dado provas de coragem física e espírito
militar mostrou, como Comandante dos Comandos, não tergiversar na defesa dos
seus homens e da sua missão e ser possuidor de elevada coragem moral, a mais
difícil e elevada de todas.
Ora
foi contra este oficial – a que não há a apontar qualquer falta de lealdade –
que se virou a hierarquia do Exército, na pessoa do Chefe do Estado-Maior do
mesmo. Quero até crer que, exclusivamente, nesta figura.
As
razões são conhecidas, pelo que não me vou alongar nelas, mas deixando a pessoa
do CEME, como homem e como militar, assaz esborratada.
E,
lamentavelmente, nunca se assumindo claramente as decisões e motivações, ao
mesmo tempo que se exibia uma falta de “jeito” natural incrível, para
substituir o Coronel Pipa Amorim, sem se poder alegar qualquer “anormalidade”.
E não era difícil tê-lo feito.
A
ira, porém, não é boa conselheira…
Apenas
um comentário sobre a questão (uma das questões que terão enfurecido a chefia)
relativa ao patriota, combatente de primeira água e comandante de linha aérea,
Victor Ribeiro, que tive a honra de conhecer.
Este
homem foi condecorado à última hora – última hora pois foi condecorado já no
seu leito de morte a horas do seu passamento - por intervenção de amigo comum e
do PR (a proposta de condecoração corria os seus trâmites do anterior) e isso
explica porque só um grupo de amigos íntimos esteve presente e justifica a
ausência do CEME (que, presumo, nem soube do que se passou). [2]
Não
é aí, pois, que está o busílis – o busílis está em que a referência de
exaltação a Victor Ribeiro (mais do que apropriada) por parte de Pipa Amorim num
dos seus discursos públicos foi, aparentemente, objecto de censura por parte do
CEME.
Ora
corre no “Jornal da Caserna” que o CEME, coitado, não faz nada sem “ouvir” o
actual MDN (Dr. Azeredo Lopes), com o qual se encontra umbilicalmente
intrincado desde a sua nomeação na sequência da saída do General Jerónimo, do
cargo.
A
situação compreende-se (mas não se aceita): o PS, ou parte dele, que no 25 de
Novembro de 1975, esteve do lado dos vencedores – que por acaso era o lado
(mais) certo – está agora metido em conluio com as forças derrotadas nessa
época, numa coisa a que chamam geringonça.
Ora
Victor Ribeiro foi um interventor de monta na derrota desses desqualificados…
Portanto
é mais do que claro que este almoço de homenagem é também, ou sobretudo, uma
afirmação de desagravo e de protesto contra o estado a que isto chegou. E não
há que ter receio de o afirmar explicitamente.
O
caso Pipa Amorim foi apenas mais um episódio da saga deste CEME que se tem
revelado como totalmente incapaz para o cargo que ocupa; o que resulta do modo
como as chefias militares têm sido escolhidas desde que nos tempos do ministro
Fernando Nogueira, o Governo, a AR e o PR, mudaram a lei sobre a escolha das
mesmas (que depois se repercute por aí abaixo), o que tem resultados
desastrosos, nomeadamente na “partidarização” das Forças Armadas; na desgraça
em que todo o aparelho militar está submerso – o qual está a funcionar em “modo
de sobrevivência”; na desqualificação em que a Instituição Militar se encontra
perante o País, etc..
Tudo
obra de uma ditadura partidocrata fomentadora de corrupção e que tem destruído
e alienado o País.
É
dever de qualquer chefe militar (e político) antecipar problemas e resolve-los,
antes que se tornem problemas.
Por
haver falhas graves e contumazes neste âmbito, a coisa repete-se.
Andamos
nisto com fugazes intervalos, desde 1817.
O
sistema, esse, vai triturando os melhores.
Coube
agora a vez ao Coronel Pipa Amorim.
João
José Brandão Ferreira
Oficial Piloto Aviador
[1] Estamos lembrados de um
outro jantar de homenagem (esse só juntando oficiais generais da mais alta
patente) ao General Viegas quando este se demitiu de CEME alegando ter perdido
a confiança no Ministro da Defesa…
[2] Horas antes deste acto
(que pecou por tardio), Victor Ribeiro tinha recebido a maior condecoração de
todas as existentes à face da Terra: foi baptizado!
segunda-feira, 10 de setembro de 2018
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