quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

AG da SHIP em DEFESA do 1.º DE DEZEMBRO

Caros consócios
Venho chamar-lhes a atenção para esta Assembleia Geral, solicitada por meia centena de sócios (2/3 tem que estar presentes para ser validada!), a fim de se discutir a proposta, lamentável, de se acabar com o 1º de Dezembro, que representa a razão de ser da SHIP. E deliberar sobre o que fazer.


Agradeço que não falhem com a vossa presença e passem palavra.
Saudações patrióticas

PS. Quem ler esta missiva e não for sócio, fica com a informação e com o convite para se juntar a nós no repúdio por este vil atentado contra a identidade e individualidade portuguesas

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

OS ACTUAIS CHOQUES ENTRE MINISTROS DA DEFESA E ASSOCIAÇÕES MILITARES

A turbulência que por aí tem ido no relacionamento político-militar – e não vale a pena escamotear a questão porque ela existe e vai agravar-se – cujo espoletar último se encontra no muito badalado discurso do Sr. Ministro da Defesa e nas reacções que provocou, sobretudo por parte da Associação dos Oficiais (AOFA). Esta “turbulência” não teria, aparentemente, razão de existir. Mas apenas aparentemente.

De facto o MDN escusava de ter feito as declarações infelizes, pouco sustentadas, misturando coisas e generalizando, no encontro promovido pela revista de “Segurança e Defesa”. É preferível estar calado e actuar.

Por ex. se entendeu que determinadas declarações de membros representativos das Associações violam a lei, bastaria que fizesse queixa na PGR, dos autores (já que não tem competência disciplinar sobre eles), e logo se via; se, por acaso, não gosta da lei – que foi feita à revelia do conselho da hierarquia militar – então só tem que levar tal lei de volta a São Bento a fim de ser modificada, quiçá anulada!

Ora não quis fazer nem uma coisa nem outra.

Mais ainda: quando acusou determinados membros associativos de andarem a envolver-se na política (presume-se que partidária), ele, ministro, deveria identificar os eventuais partidos que se estão a servir das Associações para essa actuação e fazer a crítica e o combate a esse nível, sob pena de tudo isto passar a ser uma confusão ainda maior do que já está.

Mas enfim, se algum mérito houve em todo este desaguisado, foi o de se ter provocado uma série de artigos, entrevistas e debates, cuja valia média foi muito positiva o que, apesar de não ter trazido nada de novo, pode ter impressionado a retina de alguma opinião pública sempre distraída do que é importante.

Vamos recuar no tempo para ver se entendemos o porquê das coisas.

Esta questão dos sindicatos/associações, tanto nas FAs como nas Forças de Segurança (isto andou tudo ligado), começou nos já longínquos anos 80, com a tentativa de se criar um sindicato na PSP – que era o “ventre mais mole” de todas as forças. Lembram-se do agente Carreira? Foi ele a “estrela” da companhia.

Ora quando esta ideia surgiu (e toda a gente sabe onde ela nasceu e porquê), os políticos então no Poder, rejeitaram-na usando do argumento falso e errado, de que não poderia haver sindicato porque prestavam serviço na PSP vários oficiais das FAs.

A hierarquia corroborou esta mistificação.

Esta argumentação tem origem na ignorância, falta de coragem, ardis partidários e no maldito do politicamente correcto.

Nunca, até hoje, se quis assumir as verdadeiras razões porque não devem existir sindicatos nas Forças de Segurança, nas FAs ou, até, no Regimento de Sapadores Bombeiros, e que é simples de explicar: a natureza das suas missões e fins últimos, que são a salvaguarda da vidas e dos bens públicos ou privados, não ser compatível com actuações que possam limitar ou pôr em causa o correcto cumprimento dessas missões, e muito menos dar-se azo à existência de hierarquias paralelas.

Por último a tipologia das missões exige um completo e exigente apartidarismo, e sabe-se como não só a tradição, como as leis em Portugal permitem uma promiscuidade inadmissível entre sindicatos e partidos políticos (basta ver o que se passa com a UGT e a CGTP).

Ora como não se quer admitir e assumir tudo isto que acabei de dizer e que qualquer QI médio entende sem dificuldade, deitou-se mão daquele argumento peco, que foi desmontado na hora.

Para tal bastou usar-se um silogismo simples, que os alunos do antigo 6º ano dos liceus aprendiam: “não pode haver sindicatos por haver oficiais das FAs na PSP; logo, se deixar de haver oficiais das FAs na PSP, já pode haver sindicatos”.

De imediato estabeleceu-se uma data limite, na qual todos os militares em serviço na PSP tinham que escolher: ou regressar aos Ramos, ou optar pelos quadros da Polícia. Assim aconteceu (Maio de 1995).

Com alguma lentidão foi promulgada a lei 14/2002, de 19 de Fevereiro, que permitia a criação de sindicatos na PSP, com algumas limitações.

A partir daí constituiu-se a Associação Sindical dos Profissionais da PSP, herdeira da Associação Pró- Sindical da Polícia fundada, em 1982, e cuja coloração política não vou dizer por desnecessário. Seguiram-se outros representando os diferentes postos, alguns “organizados” por outras cores partidárias.

A coisa foi um sucesso: hoje já há nove, sendo um de civis. Os governos é que já não sabem o que é que hão-de fazer com todos eles…

Após a história, mal contada, da substituição do último Director Nacional da PSP, aproveitou-se, também, para correr (é o termo), com o último Superintendente-Chefe oriundo do Exército. Ouviram-se e leram-se algumas vozes de contentamento, quase como um “agora é que vai ser”!

Pobres almas, espero estar enganado, mas ainda os hei-de ver arrependidos, depois dos “jovens turcos” se começarem a digladiar; a corporação ficar ingovernável, com a manta de retalhos que criaram e as fracturas que a previsível futura agitação social e aumento de criminalidade, fatalmente trará.

Quando tudo estiver em cacos, lá teremos que chamar o Exército para colar os ditos, o que vem sendo recorrente desde 1801. Se ainda houver Exército, bem entendido.

Com os sindicatos firmes na PSP, passou-se para a GNR. Aqui o estatuto de “força militar” obstou a que se criassem sindicatos e optou-se por uma Associação (da mesma cor da inicial da PSP), a APG, fundada em 1991. Agora já há cinco (embora uma esteja em dormência).

Sem embargo, a luta para transformar as associações em sindicatos continua activa e, claro, o principal argumento é que a GNR deve perder a sua condição militar…

E chegamos às associações de militares.

Há aqui que fazer uma chamada de atenção breve, no sentido de diferenciar as associações de militares, já que não são todas iguais e não perseguem os mesmos objectivos. A Associação da Força Aérea, a Associação de Especialistas da FA, a Liga dos Combatentes e outras Associações de Combatentes, por ex. são tudo associações de militares. Até a Revista Militar e o Clube Militar Naval (ambos fundados no século XIX), podem ser considerados associações de militares.

Não é de nenhumas destas, porém, a que nos vamos referir no âmbito tratado; as que estão em causa são as chamadas “Associações Sócio-Profissionais” (ASP), que consubstanciam o “associativismo militar”, que é regulado pelas leis orgânicas n.º 3 e 4/2001, de 29 e 30 de Agosto. Esta diferenciação é importante até para não confundir a opinião pública, e alguém devia ter chamado a atenção do Sr. Ministro da Defesa para isso.

A primeira associação a aparecer foi a dos sargentos, em 10 de Junho de 1989, seguida da de oficiais, em 12 de Outubro de 1992 e, finalmente a de Praças, em 24 de Fevereiro de 2000; menos conhecida, existe ainda, a Associação Sócio-Profissional da Polícia Marítima fundada, em 18 de Maio de 1991.

A origem do associativismo militar teve, inicialmente, as mesmas motivações existentes nas forças de segurança e foi muito favorecido pelo desleixo, incompetência e nenhuma prioridade, com que os sucessivos governos trataram a Instituição Militar. Outrossim por terem enredado continuadamente, as chefias militares em constrangimentos tais que, na prática, as impedem de defender as FAs e os seus servidores.

Neste âmbito podemos estabelecer uma fronteira quando o General Soares Carneiro – oficial, aliás, de grande gabarito – proferiu uma frase infeliz, enquanto CEMGFA, em que afirmou “que não era chefe de nenhum sindicato”. Tal frase caiu muito mal nas fileiras.

A segunda fronteira pode-se estabelecer aquando da lei 15/92 de 5 de Agosto, conhecida pela “lei dos coronéis” (que enviou para casa cerca de 2500 oficiais e sargentos do Q.P., com uma média de indemnizações quatro vezes inferior à dos estivadores dos portos), e dos deploráveis incidentes de então.

O General Loureiro dos Santos, que era o Chefe de Estado-Maior do Exército, tomou determinadas posições corajosas, agregou a si o Conselho Superior do Ramo o que, junto com outros factores, criou uma dinâmica que ia ao encontro da defesa da IM e dos militares. Todavia, regressado de uma viagem oficial ao Brasil, aquele chefe militar pediu a passagem à situação de reserva, sem que, até hoje se tenha percebido porquê.

O Vice-Chefe do Exército, General Cerqueira Rocha, logo nomeado para o seu lugar, inverteu o que estava a ser feito, deitando por terra a dinâmica criada.

Tal atitude provocou grande indignação nas tropas e deu origem à formalização da AOFA, que já estava na forja.

A luta das ASP para conseguirem o seu reconhecimento jurídico foi dura e longa.

O Poder Político tergiversou, como sempre faz: por um lado pretendia ceder ao politicamente correcto (essa maldição que nos persegue!), e queria “dar-lhes gaz”, com o que contava diminuir ainda mais a capacidade de manobra da hierarquia militar; por outro lado tinha que fazer frente à generalidade dos sucessivos Conselhos de Chefes Militares que se opunham às ASP. Porém, esta oposição fazia-se, por norma, no recato dos gabinetes e nunca foram assumidas ou explicadas para a opinião pública, ou mesmo para o interior dos quartéis, as suas posições com a clareza que deviam ter.

As diferentes formações políticas iam recebendo e dialogando com as ASP, meio às escondidas meio às claras, enquanto nos “média” se debatia o assunto, com um crescendo de opiniões favoráveis à actividade destas últimas. Aliás, passou a ser hábito, quando há um problema, ninguém querer saber a posição da hierarquia, voltando-se os microfones e as camaras para os dirigentes associativos…

Até que se publicou as referidas leis.

Estas foram cumpridas, com relutância, pelas chefias militares enquanto, o Poder Político as ia recebendo, nem sempre cumprindo o estipulado, sendo os resultados práticos pobrezinhos.

Entretanto as coisas na PSP começaram a correr mal, com sucessivas querelas e manifestações, entregas de armas, etc. Da PSP começou a alastrar para a GNR e para os militares.

Quando os políticos do “arco do poder” se aperceberam que o “fogo” que todos tinham ateado, estava a sair fora de controlo, começaram a colocar entraves às quatro rodas relativamente às ASP (publicando, por ex., o Dec. Lei 295/2007, de 22 de Agosto, que restringe as leis anteriores). E, aqui, pode estabelecer-se outra fronteira: a primeira manifestação pública dos militares, o chamado “passeio no Rossio”.

Curiosamente, quando se começa a dar o distanciamento dos governantes relativamente às ASP, dá-se uma aproximação por parte das chefias militares, que se viram na contingência de fazer limitações de danos, ao mesmo tempo que tentavam utilizar as associações como ajuda a contrariar o cada vez maior asfixiamento das FAs e dos militares.

A situação já é insustentável há muito mas, agora, exorbitou publicamente.

Tudo isto tem sido mal conduzido desde o princípio, continua mal e só espero que não acabe como começou, ou seja, mal…

Estimo que continuem optimistas e contentes e considerem este escrito apenas como mais uma manifestação do meu mau feitio.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

PORQUE É QUE OS POLÍTICOS NÃO SE CALAM?

“Por qué no te callas?”
Rei Juan Carlos para Hugo Chávez

Sim, porque não se calam?

Só haveria vantagens nisso e o facto de o não fazerem só demonstra uma falta de inteligência e lucidez a toda a prova.

Expliquemo-nos:

Os políticos deviam falar pouco porque isso seria uma demonstração do mais elementar bom senso. Basta, aliás, ter em conta o ditado popular que reza “quanto mais se fala menos se acerta”.

Os políticos se fossem sérios, parcimoniosos e de bom gosto, falavam pouco. É certo que o sistema político vigente incentiva o “faladrar”. Porém, são os políticos que mantêm e usufruem do “sistema”.

Não querendo imitar o Eça que comparava os políticos, da altura, às fraldas, no sentido em que deviam ser substituídos pela mesma razão, a higiene – de que serve mudar um político, se vem outro idêntico? – direi que os políticos não fazem nada para que os votantes não os queiram mudar. Por isso a abstenção já passa os 50%...

E a primeira coisa que deviam fazer era estarem calados!

Não quero dizer que estivessem calados para todo o sempre – isso seria, eventualmente, o “Nirvana” – apesar de as suas obras falarem mais do que tudo o resto, mas devem falar apenas para explicar as ideias que lhes habitam o bestunto e as orientações que querem dar à coisa pública.

No mais o que as pessoas querem é que trabalhem (que diabo é para isso que são eleitos e se lhes paga), e produzam algo que se veja, isto é algo que seja patriótico e seja competente em termos de nos garantir a Segurança, promova a Justiça e providencie algum desenvolvimento; que sejam sãos – e obrem para que os outros sejam – e dêem e exemplo, sem o que ninguém os segue ou respeita.

Falar pouco, com propriedade e no tempo certo, eis pois o desafio que devia estar nas prioridades dos ditos cujos.

Falando pouco erra-se menos; tira-se o comburente às oposições; refreia-se a comunicação social, ao mesmo tempo que se envia metade dos comentadores para o desemprego.

Evitam-se, ainda, novelas mediáticas à volta de frases infelizes e centra-se as pessoas no que é fundamental. Por isso, ó políticos, lembrem-se que têm dois ouvidos e apenas uma boca, o que, à partida, vos devia precaver para escutarem o dobro do que falam. E mesmo na cacofonia parlamentar, refreiem-se. E nunca se esqueçam, ao menos, de “engatar” o cérebro antes de darem uso vocal, à cavidade por onde também ingerem as calorias que lhes mantêm os sinais vitais!

Percebam que cada vez há menos cidadãos que suportam ver e ouvir os noticiários, por já não aguentarem o circo mediático, as “cassetes”, o bota abaixo, tudo misturado com promessas que nunca são cumpridas.

A Política tem que ser séria e prosseguir objectivos sérios e não se transformar em política espectáculo ou, pior ainda, em teatro de sombras.

Depois deste arrazoado, caso não vos tenha ainda convencido da bondade da minha proposta, acrescento mais alguns argumentos com os quais espero, fiquem agradecidos com a paciência e cristandade com que vos trato:

 -- Baixa-se o nível do ruído, é ecológico;

 -- Obrigam-se as oposições a pensarem algo de positivo em vez de se gastarem em mexericos e muitos “V.Exª é uma besta”;

 -- Acaba-se com uma quantidade de apêndices mediáticos que vivem disto;

 -- Diminui-se os gastos com a saúde, pela redução das doenças provocadas nos cidadãos derivadas da angústia, revolta, frustração, ataques de bílis e manifestações do foro dermatológico, induzidas por tanta verborreia;

 -- Aumentar-se-ia a produção nacional, por se estimar que a alegria no trabalho aumentaria na proporção inversa do grasnar político;

 -- O jardim Zoológico veria aumentada a sua receita já que deixaria de ter a concorrência de tantos “papagaios, pavões, araras, gralhas, abelharucos, catatuas e cucos alpinistas”, etc. e, até, de alguns “ursos”;

 -- Enfim, depois de Portugal ter dado novos mundos ao mundo, seria a vez dos políticos portugueses darem um exemplo de inteligência e senso, ao Universo!

Por tudo isto, senhores e senhoras, contenção. Eu calculo, sobretudo se tivermos em conta que V.Exªs há tanto tempo que andam a liberalizar e a legislar no sentido de tornar respeitáveis – quiçá exemplos a seguir – toda a sorte de vícios, taras, imoralidades, crimes e situações antinaturais e contra – natura, que seja difícil e penoso ser casto nas palavras.

Mas tentem, é uma medida profilática de saúde pública! Falem pouco, pensem o que dizem, expliquem-se em termos claros, precisos e concisos (senão nem os militares vos compreendem!) e, depois, executem o que disseram que iam fazer. A partir daí tornem a falar apenas quando a tarefa houver sido realizada, tenha de ser corrigida e, ou, haja algo mais para fazer. Que sossego…

Evitariam, outrossim, que a “Democracia” passe a ser considerada como um sistema político menor, baseado numa algazarra estéril, indisciplinada e sem substância (em que, pelo meio, se fazem uns negócios). Se conseguirem, verão como é melhor para todos.

Se assim fizerem talvez, um dia, volte a votar num de vós. Até lá, convidem o Rei de Espanha a vir cá assistir a uns debates.

Talvez resulte.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

“O ALGARVE E O ESTADO NOVO” - IV Ciclo de Conferências do RI1

Regimento de Infantaria N.º1
363 ANOS DE FORÇA, DETERMINAÇÃO E EXCELÊNCIA.

Ubi Gloria Omne Periculum Dulce

IV Ciclo de Conferências do RI1 – “O Algarve e o Estado Novo”
2ª Conferência 

O Regimento de Infantaria N.º 1 no âmbito das comemorações dos 216 anos do Quartel Atalaia, vem por este meio convidar, todos os interessados a estar presentes na 2ª conferência de um ciclo de três conferências subordinadas ao tema “O Algarve e o Estado Novo”.

Esta 2ª Conferência irá realizar-se no dia 16 de Fevereiro de 2012 na Biblioteca Álvaro de Campos, em Tavira, das 09:30 as 13:00h.

Prelectores

Padre Joaquim Nunes – “Cardeal Cerejeira e a Igreja

Dr. Jorge Correia – “O Algarve e o Estado Novo

Tenente-Coronel Brandão Ferreira – “O Enquadramento Geopolítico e Geoestratégico das Campanhas Ultramarinas 1954-1974

Esta Conferência irá ser presidida pelo Exmo. Cor Inf Nuno Pereira da Silva, Comandante do Regimento de Infantaria N.º 1

Contactos:
Regimento de Infantaria 1
Telefone: 281 380 094 Fax: 281 380 097
Rua Poeta Isidoro Pires, 8800-422 Tavira

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

O ÚLTIMO DISCURSO DO MINISTRO TIDO COMO SENDO DA DEFESA NACIONAL

MDN Aguiar Branco
“A falta de personalidade das elites portuguesas constitui um perigo nacional permanente”
Artur Ribeiro Lopes

O texto do último discurso do Sr. Ministro da Defesa, efectuado num almoço - debate promovido pela Revista Segurança e Defesa, em 1/2/2012, tinha a seguinte advertência “só serão válidas as palavras proferidas pelo orador”. Vamos pois, ater-nos a isso.

Sr. Ministro, devemos começar por convir que este seu texto não lhe saiu bem. É pobrezinho, não deve muito à escrita (benza-o Deus) e está cheio de vacuidades e incongruências. Presumo que, mesmo assim, lhe tenham batido algumas palmas.

Vou tentar chamar a atenção para alguns pontos que, eventualmente, possam ser tidos por importantes com a humildade de quem reflecte sobre estas coisas vai para 40 anos, ao contrário de V. Exª que, sobre este assunto (sabendo pouco), tem a pesporrência da ignorância atrevida.

Em primeiro lugar quero lembrar-lhe que o senhor não exerce a função e o título que ostenta. O Senhor não é Ministro da Defesa Nacional pelo simples facto de não haver Defesa Nacional em Portugal desde que esta 3ª República entrou em exercício, pela razão simples de nenhum governo, até hoje, ter ligado a mínima a semelhante âmbito, da vida política e social do País. O senhor é, tão só e apenas, o Ministro para as FAs - note-se que nem sequer é o ministro das FAs, para o caso de entender a diferença. É isso que o senhor é, e todos os seus antecessores foram-no, eufemísticamente, para meter os “militares na ordem”. Entendo que tal, para si, possa ser uma maçada. Juro, porém, que não tenho culpa alguma.

Dou-lhe duas provas do que afirmo: a primeira é a de que, até hoje, o único conceito estratégico existente é o militar, não existe mais nenhum e nunca vi nenhum MDN preocupado com isso; a segunda é a de que os MDN até ao Dr. António Vitorino, eram a segunda figura da hierarquia e às vezes acumulavam com o cargo de Ministro de Estado, justamente para poderem actuar junto dos outros ministérios, dado o carácter transversal da Política de Defesa Nacional. É claro que tal nunca serviu para nada, e quando o Dr. Vitorino se foi por causa de um caso mal contado de um monte alentejano, deixou-se cair a máscara, voltando tudo à célebre frase de Salazar: “Defesa Nacional? Em Portugal não existe, é um milagre permanente!”. Mas, ao menos, Salazar era tido como um crente…

Com o Sr. Ministro reposto no seu devido lugar – que deve estar para ser despromovido a Secretário de Estado, o que para a importância que dão à coisa até é muito - analisemos a primeira frase digna de nota: o ter-se referido à revista “Segurança e Defesa”, como “uma casa de pensamento, como poucas no nosso país, infelizmente”. Poucas, Sr. Ministro? Então e a Revista Militar, os Anais do Clube Militar Naval, todas as Revistas Militares, as Secções da Sociedade de Geografia, as diferentes Academias de Saber; o IDN, o IESM, os Estados-Maiores dos Ramos, etc., tudo isto é pouco? Não lhe chega? Que a Universidade portuguesa (à excepção das Escolas Superiores Militares) se tenha dissociado da temática da Defesa Nacional isso seria um assunto que o devia preocupar se acaso exercesse o tal cargo de MDN; mas o que resta não é suficientemente rico? A Revista Segurança e Defesa foi, até, a última a chegar… E, Sr. Ministro, para que serve estudar assuntos e propor coisas se quem tem o poder executivo ou legislativo não quer saber disso, em rigor, para nada?

E vem o senhor falar outra vez em reformas? Mas está a brincar connosco ou a querer acusar todos os seus antecessores que não fizeram nada que jeito tivesse?

E vem mais à frente dizer, que esta “reforma… faz-se com os militares, faz-se com os chefes ou não se faz de todo?” Mas alguma vez fizeram alguma reforma, para o bem ou para o mal, com os chefes ou os militares? Será por isso que constituiu um grupo de trabalho só com civis para reestruturar o Ministério? Ou terá contratado uma menina para o seu gabinete que, na prática, curto - circuita o chefe do dito, na esperança que o seu sorriso cative as tropas?

O Sr. Ministro ainda não reparou que aquilo que está agora a aprender já a nós há muito esqueceu?

E, já agora, ainda não reparou que depois de ter dito, em Mafra, a 14 de Agosto, que o governo do PS devia “pedir desculpa às FAs” e a seguir ter mantido tudo igual, o desqualificou? Quem é que quis enganar?

E vem afirmar que “à semelhança do que está a acontecer noutros sectores, tudo está, entre nós, a ser repensado”, mas então se a IM está sempre a ser repensada, vive de quê e como? E que as reformas se fazem por “necessidade” e por “oportunidade”? Necessidade porquê? Funcionam mal? Não cumprem as missões? São corruptas? Fazem greves? São um desperdício?

Desde que a Lei 29/82 entrou em vigor, acaso as FAs contribuíram em alguma coisa, ou têm sequer a mínima responsabilidade no estado caótico económico/financeiro/social/etc., a que a sociedade portuguesa chegou? Conhece algum sector do Estado que possa servir de exemplo reformador, às FAs? Desafio-o a responder!

E diz de “oportunidade” porquê? Para se aproveitar e desculpar com o acordo da “Troika” que nunca devia ter sido chamada? O senhor devia envergonhar-se e estar coberto de vergonha por causa de pertencer a uma classe política que colocou o país debaixo da canga de tal tripeça! Como é que, em termos de Defesa Nacional, qualifica o acordo da Troika, é capaz de dizer? S. Exªs chegaram cá e mandaram cortar 3000 homens nos efectivos e os senhores cortaram e agora diz que as FAs, como estão, são insustentáveis? Mas insustentáveis em relação a quê? Qual é a referência? O senhor não me tire do sério!

Será que é por isso que fala em ser necessário repensar o Conceito Estratégico de Defesa Nacional, que tem sido um conjunto de frases feitas cujo português tem sido melhorado com o tempo? E do que lá está escrito, é capaz de dar um exemplo - só para descansar os leitores – de algo que algum governo tenha consubstanciado a sério?

Quer repensar a Lei da Programação Militar? Mas para quê se não têm a menor intenção de cumprir seja com o que for que lá esteja especificado?

E o que quer dizer com “mas podemos e devemos ir mais além questionando, mesmo, se o papel das FAs é apenas o da Defesa”. Então há-de ser o quê? Quererá pôr o que resta do Regimento de Engenharia de Espinho, por ex., às ordens de um presidente de câmara qualquer? Quer pôr o pessoal do Regimento de Infantaria de Beja (hoje com 36 homens) a plantar batatas para ajudar a Misericórdia local? Ou quer transformar as poucas centenas de tropas especiais (a desaparecerem) como reforço da GNR, quando esta já não conseguir colmatar a PSP que está a caminho da dissolução?

E quer fazer o quê, com a tropa, se já só quase existem quadros?

E como tem o topete de vir falar em “condição militar”, quando clamou: “um militar não é um funcionário público”, quando é precisamente esse estatuto que o seu partido e os restantes do “centrão” têm, porfiadamente, tentado reduzir os militares desde que o seu antecessor Nogueira aprendeu a distinguir um helicóptero de uma lancha de desembarque?

Não tenho, por outro lado, qualquer papel de advogado de defesa relativamente às Associações Militares. Há muitas e variadas e foram os senhores da política que as autorizaram, mas ainda não vi nenhuma delas andar a “cavar fora da sua horta”. Confesso que não sei em que âmbito se fez referência à extinção de um feriado. Mas quero dizer-lhe que eu, que apenas falo como cidadão, vejo muito mal que se acabe com o 1º de Dezembro. E isto já diz respeito a todos os militares porque tem a ver com a tal Defesa Nacional. O 1º de Dezembro é um símbolo identitário do país e da Independência de Portugal. E o ministro se de facto fosse da Defesa, ter-se-ia oposto a mais este disparate.

A resposta já vai longa apesar de ainda não o ter zurzido com um décimo daquilo que o seu discurso merecia. E não pense que “há algum descontentamento”, tenha antes a certeza que já ninguém o(s) quer ver ou ouvir.

Fará o favor, ainda, de não tornar a convidar nenhum dos meus camaradas no activo para se retirarem ou, já agora, emigrarem. Eles estão lá a servir o País de muitas maneiras, que o senhor não era capaz de fazer.

O que o senhor tem dito e feito é que configura já uma situação em que ninguém tem dúvidas de quem é que está a mais.

sábado, 4 de fevereiro de 2012

DEFENDER O 1.º DE DEZEMBRO

Apelo a todos os sócios da SHIP - Sociedade Histórica da Independência de Portugal, que descarreguem a folha no link abaixo e a assinem, entregando-a na secretaria da sede da SHIP no Palácio da Independência em Lisboa, ou me a remetam digitalizada para o email brandaof@sapo.pt .

FOLHA DE ASSINATURA

Podem também enviar directamente para o email da SHIP ship.geral@ship.pt

ou enviar pelo correio para:
Sociedade Histórica da Independência de Portugal
Palácio da Independência
Largo de São Domingos, 11
1150-320 Lisboa

ou ainda através do Fax: 21 342 04 11

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

PEQUENOS COMENTÁRIOS AO NOVO GOVERNO

Novo Governo: “novo ciclo”, esperanças fundadas ou infundadas; novos reordenamentos políticos e sociais; dança de cadeiras; “estado de graça”, etc.

Mais do mesmo? Tememos que sim.

A esperança é pouca, o entusiasmo nulo.

As razões são fundadas: muitas promessas furadas; muita incompetência e malandrice acumuladas; fartura de mentiras incomensurável; cansaço da retórica partidária e do folclore eleitoral; injustiça relativa a rodos!

Apenas uns poucos comentários sobre o momento actual.

Apesar da conjuntura parecer favorável (maioria parlamentar com possibilidade de ser estável, apoio do PR e emergência financeira, social e económica já perceptível  e incontornável), a situação do governo vai ser crítica.

A premência das medidas impostas de fora – e de que só temos de nos culpar a nós próprios – não vai dar azo a “estado de graça”, e a urgência é para “ontem”… A oposição apesar de algo esfrangalhada – o BE está em coma, o PS baralhado e ferido, mas o PC está igual a ele próprio – vai rapidamente começar a afazer oposição na rua, no Parlamento e nos “media”. E é possível que o aperto das mediadas vá espoletar violência, pois isto “de manifs pacificas não leva a nada….” Além disto os juros não baixam.

O PR vítima de um sistema político que não é carne nem peixe, isto é, não é presidencialista nem parlamentarista, pouco pode fazer; e o que pode fazer é-lhe retirado pela sua personalidade de estar sempre “firme e hirto, e voltado para a frente” – agora também sorridente – que o leva a dar um murro verbal em discursos escolhidos a dedo e cujos intervalos são preenchidos por frases do tipo “a situação é muito difícil”; “os portugueses têm que se entender”ou “ agora não é apropriado”.

Para além disto o PR passou a falar como se não tivesse passado, como no encorajamento a Portugal ter que se voltar para o mar e para a agricultura, como se ele não tivesse responsabilidade alguma no descalabro a que chegámos. É claro que vale mais tarde do que nunca, mas não ficava nada mal, ao menos, um “desculpem lá que me enganei”. Para quem não tinha dúvidas e não se enganava…

Temos, pois, as mais sérias dúvidas que o executivo não entre a ter comportamentos que o possam liquidar em pouco tempo.

A primeira questão é, obviamente, a de conseguir manter a coesão. Não há memória de coligações que batam certo. É da natureza das coisas e dos homens, e vai haver muitos factores endógenos e exógenos que vão potenciar a “zanga”.

A seguir poderão ter a tentação de, em vez de conseguirem governar com uma agenda política própria, se deixarem cair para uma agenda mediática. É fatal como o destino. E, com esta, vem a tentação de falarem pelos cotovelos, justamente o contrário do que devem fazer. Quanto menos falarem menos disparates dizem. E quanto aos jornalistas as notícias devem surgir quando as houver, não quando eles querem.

Depois, em vez de se concentrarem no essencial e escalonarem as acções no tempo, vão querer atacar muitos problemas ao mesmo tempo. Outro erro que é potenciado pelo calendário apertado da troika, o qual muito dificilmente cumprirão: não há saber, autoridade nem espaço temporal!

Esperamos enganar-nos, mas vai ser muito difícil não ceder ao impulso de arranjar problemas onde não é necessário, como sejam as Forças de Segurança e as FAs. Estas últimas vão ser mais uma vez espremidas e sacrificadas sem dó nem piedade. E há-de haver também, muita tentação para “ajustar contas” nos mais variados campos da sociedade. A "vingança" é má conselheira.

Como a classe política se entretém, há mais de 30 anos, a destruir toda e qualquer forma de autoridade, agora quando surge um problema, a primeira reacção é a de ceder e entregar os pontos. Ora este governo se não conseguir ultrapassar exemplar e rapidamente, os primeiros obstáculos com que for confrontado, está arrumado.

O chumbo na eleição de Nobre para a segunda figura do Estado – uma péssima aposta desde o princípio – foi uma entrada com o pé esquerdo. Viajar em económica um bom sintoma. Muitos mais têm que se seguir.

Por tudo isto não é sensato estar optimista, sendo preferível o recato da realidade.

É preciso muita persistência, saber, humildade e tempo, que é uma coisa que os ciclos eleitorais e a lógica partidária não permitem.

A adequação do sistema político e a qualidade dos homens continuam a ser o fulcro da questão.

É preciso dar o exemplo, coisa de que estamos muito arredados. Sem exemplo ninguém colabora.