A “CIVILIZAÇÃO” DA
MINISTRA DA CULTURA
23 NOV18
“Perdida a tradição e passada a snobeira, apenas
fica o nada! É isso que desejam os nossos ini-
migos políticos e raciais. Ajudando a destruir a
Tradição está-se a cavar a própria nacionalidade
e,
a tais obreiros só cabe o epíteto de traidores.”
Engenheiro Sommer d’ Andrade,
In “Os Migueis de Vasconcelos”.
A
Dona Graça Fonseca fez mais uma das suas. Admitiu (defendeu) que em sede de
especialidade para a discussão do orçamento (para 2019), o eventual alargamento
da redução do IVA nos espectáculos, de 13 para 6% não abrangesse a Tauromaquia.
E
de seguida tentou pregar “um ferro” definitivo e inexorável, assegurando
ex-cátedra que “era uma questão de civilização”.
Devemos
começar por dizer que o “espectáculo” proporcionado pelos nossos queridos
políticos, devia ser taxado, não em 13%, mas sim em 100%! Talvez assim nos
deixassem de agredir diariamente com barbaridades…
A razão pela qual os Partidos
Políticos, que devem ser a pior invenção da Ciência Política, estão isentos de
pagar tantas coisas, que depois os seus membros eleitos obrigam os outros a
pagar, é que também está envolta no nevoeiro dos mistérios insondáveis…
No âmbito que tratamos, tem-se
distinguido o minúsculo partido PAN, que caíu no goto de parte da Comunicação
Social – a tal que quer ser “poder” sem estar mandatada para isso – ou de quem
nela mexe os cordelinhos, e que se quer avantajar (o tal PAN) a uma expressão
que não tem.
Mas
a jovem, apesar de já grisalha, membro (e não “membra”) do governo, veio falar
em civilização; isto é, pelo que se deduz as touradas são anti-civilizacionais
ou contra a civilização ou a sua evolução. É “certo, óh Graça, que ela
(civilização) evolui, mas olhe que também involui!”
No
momento, o Dr. A. Costa veio dar uma preciosa ajuda à sua pupila, espicaçado
que foi, publicamente, por um socialista da pesada e poeta nas horas vagas.
Meteu
um bocado os pés pelas mãos, além de ter tentado fazer uma “chicuelina” ao
simpático ouvinte, dando o feito pelo dito, relativamente a uma célebre
actuação no Campo Pequeno, em 8 de Abril de 2010, quando era presidente da
edilidade. Agora “choca-o” a transmissão de touradas na televisão, mas como é
um “ganda democrata” e crente da liberdade (que tem as costas largas) não lhe
passa pelo bestunto proibi-las.
Eu
no meu pensamento duro como cornos, entendo, porém, que devia era ficar chocado
por políticos como o senhor, andarem a dizer uma coisa um dia e o seu oposto,
uns dias depois…
E
que se saiba as leis da República dão liberdade às televisões de fazerem ou
não, reportagens sobre tauromaquia, ao contrário dos municípios, onde se aplica
a lei geral e não se poder discriminar espectáculos.
Ou
será que um município pode proibir teatros, quartéis da GNR ou venda de selos?
O
PM confundiu ainda na sua prédica, o taxar o açúcar e o sal com a tauromaquia
ou seja confundiu dois produtos químicos orgânicos com espectáculo e cultura,
como se fossem coisas idênticas.
E
vai mais longe ao estender a comparação ao tabaco e ao álcool; só é pena é que
o Governo não trate da mesma forma viciados em tabaco e álcool e os drogados.
Aos primeiros penaliza-os e caustica-os, chama-lhes nomes, isola-os, etc.; aos
últimos, despenaliza, desculpa e até lhes fornece droga e parafernália higienizada
a fim de os deleitar!
Já
agora não vejo como não coletar os hinduístas por discriminarem as vacas
relativamente aos restantes animais. E não poderão os mesmos serem considerados
racistas, exclusivos e xenófobos?
Que
ordem vai dar à senhora, sua ministra da “coltura”?
E
que vai fazer com os muçulmanos que embirram com os cães ou com os judeus, que
olham estranhamente para os ungulados?
Não
me desiluda, senhor PM!
Estará,
porventura, a pensar proibir-me de comer carne de reco? Já viu a quantidade de
gente para quem tal é anti-civilização?
E
já perguntou à senhora D. Graça se ela já provou carne de touro bravo, ou será
que ela só deglute frutos secos?
Olhe
o que me parece que vai ter de fazer é coordenar melhor o seu governo com o
grupo parlamentar principal, que o apoia para não dar ideia de que andam a
tourear-se uns aos outros, ah, ah, ah…
Mas
voltemos à questão civilizacional.
O
que é que se pode entender por civilização?
Esta
pode ser entendida pelo conjunto de características próprias da vida social,
política, económica e cultural de um país, povo ou região. É fruto de um
cadinho complexo e multidisciplinar de um conjunto de seres humanos moldados,
pela genética, pela geografia, pelo clima, pela língua e por uma história
comum, onde se desenvolveram hábitos culturais e sociais específicos.
Por
isso nós conseguimos distinguir perfeitamente um português, de um índio, de um
sueco, de um chinês, etc. E isso não tem nada de mal, ao contrário de uns
adiantados mentais da engenharia social que querem amalgamar tudo num “melting
pot” universal…
Por
isso a tauromaquia insere-se perfeitamente na matriz cultural portuguesa, na
nossa maneira de ser e de estar, apesar de nem sequer ter o mesmo
desenvolvimento e aceitação nos diferentes distritos do país, o que também se
explica.
Atentado
á civilização e agressão á cultura de um povo, é pois, vilipendiar tal prática,
como se quiséssemos estar a compará-la a algo negregado.
E
só defendendo a nossa civilização, podemos resistir a que ela soçobre
perante outras que nos sejam estranhas e agressivas.
Quererá
a dileta apreciadora da Vénus de Milo explicar-nos porque é que as touradas são
uma questão civilizacional, melhor dizendo contra o actual “statuos quo”
civilizacional?
Uma
actividade que se perde nas brumas dos tempos com raízes medievais, que está
ligada seguramente à caça (que também, pelos vistos, querem proibir), às Justas
e Torneios, tendo tomado e estabilizado na actual forma, por todo o século
XVIII (ganhando esplendor no reinado de D. João V); que era praticada por toda
a nobreza portuguesa, incluindo a realeza e que, por tal facto, se diz que a
Cavalaria Portuguesa se distinguiu, apesar do seu número sempre reduzido?
Não
sabe que a tauromaquia está ligada à arte equestre (apesar de provocar natural
“stress” nos cavalos), ao rendilhado do toureio a pé, ao apuramento da raça
taurina?
Que
é uma actividade que envolve um cerimonial típico e castiço; uma mística
marialva, regras e procedimentos difíceis de cumprir, mas que permitem a
criatividade e desenvolvem uma estética?
Que
na corrida as oportunidades de vitória e derrota se distribuem entre os
participantes? Que o touro é respeitado na sua bravura e que existe sempre
risco envolvido? (Convindo salvaguardar que o corte das hastes não envolva o nervo,
o que debilita o touro).
Esta
é uma actividade para gente corajosa, determinada, esforçada, lutadora e
empreendedora. A afirmação viril de um povo.
Não
é para gente de córtex engordurado e habituados a camas fofas e banhos quentes.
Não há nada a melhorar nas
touradas? Há, mas o que há passa-se sobretudo nos bastidores das mesmas. É
outra discussão.
Acusa,
como quem a convidou (devia estar mesmo desesperado!) para o lugar de ministra,
que a tourada é um espectáculo violento (como se a violência fosse estranha à
natureza humana)? E no que concerne às “Corridas”, a violência parece estar a
ser criada pelos abolicionistas das mesmas…
Violento
é, por ex., o que se passa à volta do futebol e às vezes dentro do campo. Vai
propor o fim da modalidade? Que os jogos deixem de ser transmitidos pelas
televisões? Vai taxá-los forte e feio?
E
a seguir vai proibir a caça submarina? Não acha uma violência que o mergulhador
ferre os peixes com um pequeno arpão?
Por
falar em arpão, porque não vai chatear o seu colega que tutela a Pesca para
votar na UE o fim da caça á baleia a tiro de canhão?
Então
e essa do “divertimento” com o sofrimento dos animais? Segue-se o fim da
Falcoaria? Das lutas entre os bois em Trás-os-Montes? Das corridas de Galgos?
Vai recomendar à CPLP que os timorenses
(por onde estivemos 450 anos) acabem com a luta de galos?
Olhe,
por acaso tem um cão? Também atira um pau para longe, para o pobre animal o ir
buscar a correr? Acha que ele também se diverte? Já lhe perguntou?
Por acaso está preocupada com o mar
de dejectos dos canídeos cujos donos os passeiam pelas vias e parques das
nossas vilas e cidades, que ficam abandonados na via pública (e mesmo os que se
dão ao dever de apanhar os sólidos, estão impossibilitados de eliminar os
líquidos)?
Já
agora porque não tenta proibir a domesticação dos animais (até já proibiram a
exibição de animais no circo) e não manda fechar os Zoo? A privação da
liberdade não será uma violência para os pobres bichos – que deixaram, e bem,
de ser coisas, mas não deixam de ser bichos?
As polícias vão poder continuar a
ter cães polícias? …
Sabe
verdadeiramente o que não é civilização, nem ser civilizado?
Não
creio que saiba.
Não
ser civilizado é ter uma quantidade de políticos a bacorar, a mentir, a virar a
casaca, a prometer coisas que nunca cumprem, a fomentar (pelo exemplo), ou nada
fazer, para acabar com a corrupção.
É não combater o “Relativismo Moral”,
confundindo o Mal com o Bem; santificar os vícios e ridicularizar as virtudes;
é tentar mudar e torcer a História dos antepassados, é defender a estúpida,
anti-natural e escabrosa “Teoria do Género”, é querer matar os velhos e os
doentes com as ideias da eutanásia; a liberdade para o infanticídio dos seres
no útero materno; defender a desresponsabilização dos actos humanos e uma
sociedade apenas baseada em Direitos e nenhuns Deveres; tentar igualar o
indivíduo a Deus de si mesmo e mais uma quantidade de fantasias (subversivas)
idiotas e perigosas.
É
a (anti) civilização do ridículo, onde impera um sistema educacional, onde se
despeja biliões de euros, para formar analfabetos encartados, que depois se
apelida de “geração mais bem preparada de sempre”!
Como
passar reportagens, recorrentemente, nas televisões a perguntar ao pobre do
cidadão o que é que ele vai fazer para se proteger do frio, da chuva, do calor
ou qualquer outro fenómeno meteorológico mais agreste!
E
tantas, tantas outras coisas.
Mesmo
no âmbito do seu ministério não lhe faltam cuidados civilizacionais que a
deviam preocupar, como são exposições fotográficas em Serralves como a das “águas
do Tamisa” ou sobre o “Olho do Cú” (era assim que se chamava); espectáculos
teatrais onde os supostos artistas urinam e defecam no palco (vá lá, ainda
punham jornais por baixo), possivelmente com subsídios dos nossos impostos,
como foi o caso daquele filme de um realizador (que “educadamente”, mandou o
público “à m….”- foi assim que ele disse), onde havia uma única imagem, que era
escura como breu!
E não se deviam ter lembrado que
não era apropriado fazer jantares no Panteão Nacional?
Isto
para já não falar na quantidade insuportável de concertos de rock da pesada,
dos metais e demais parafernália de nomes inventadas, onde impera no ar o
cheiro a “erva” e alienação…
E
que dizer da ordinarice de algumas telenovelas e “talkshows” que nos entram
pela pantalha adentro e a horas impróprias?
Claro
que isso não lhe passa pela cabecinha, pois não? Seria censura, cruz credo! E
querer acabar com as touradas é o quê?
Mas
a senhora ministra, muito cheia de si (de ar), está é preocupada com as
touradas, mesmo tendo em conta, que as mesmas representam uma actividade
económica relevante, promoção turística, milhares de empregos (directos e
indirectos) e uma mais -valia artística e cultural, fazendo parte, há séculos,
de tradição e costumes nacionais.
Devia até ser proposta para
Património Imaterial da Humanidade, como o é já, em França, cujas tradições
tauromáquicas, comparadas com as nossas, são risíveis.
E,
para o caso de andar distraída, representam (as touradas) também a garantia da
sobrevivência do touro no seu estado natural selvagem, o qual não é
“incomodado” até aos cinco anos de idade…[1]
Um
dia quiseram discutir a Pátria e ela quase se foi. Resta poucochinho…
Por
isso D. Graça, não “chateia branco”, vá-se coçar, instrua-se, leia qualquer
coisa de útil, não confunda gostos e opiniões com cultura e civilização e,
quando quiser taxar, pense em algo que mereça tal distinção. Sei lá, talvez as
casas de alterne para invertidos?
João
José Brandão Ferreira
Oficial Piloto Aviador
[1] O nosso touro bravo,
segundo o que está convencionado, é descendente de uma raça pré - histórica
denominada “Auroque”, cuja representação mais antiga se pode apreciar no
palácio real de Knossos, Creta.
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