AS CAUSAS DO FILME
DE TERROR
05/10/2018
“Verba vólant scripta mánent
exempla traúnt”
Aforismo latino.
(“As palavras voam, os escritos
permanecem, o exemplo arrasta”).
Escrevemos
há uns dias um pedaço de prosa em que comparámos a sucessão sucessiva de
sucessos que se sucedem sem cessar, no nosso burgo, a um filme de terror.
Melhor dizendo, a um festival de filmes de terror.
Vamos
tentar hoje, apontar as razões (causas) por que tal acontece.
Este
desacerto em que vivemos tem a sua razão próxima na estabilização assíncrona e
mal mastigada, e até criminosa, das consequências dos eventos ocorridos após a
data de 25 de Abril de 1974 e da réplica ocorrida a 25 de Novembro do ano
seguinte.
Como
convém os considerandos têm de ser simplificados, sem embargo de se começar por
dizer que a “verdade” política e social, oficial, que daí resultou, estar
ferida de numerosas mentiras.
O
que já de si representa um símbolo de impossibilidade para que o edifício
entretanto construído pudesse assentar em alicerces bem escorados, com tudo o
que isso implica.
Na
prática e sem entrar em estudos sociológicos que deixamos para os serventuários
dessa área algo esotérica que toma o nome de “Sociologia”, as principais causas
do “status quo” existente – e que volto a adjectivar de filme de terror,
a que devo acrescentar o termo “democrático” – são por ordem decrescente
de importância, o Sistema Político; o Sistema de Ensino e o Relativismo Moral.
Vamos
ser sucintos.
O
sistema político é uma manta de retalhos mal equilibrado, baseado numa
Constituição palavrosa, mal engendrada, escrita quase sob sequestro, meio
utópica e claramente antidemocrática e até, anti nacional.
Para
já o sistema existe sob a forma republicana, o que representa uma realidade
política e social menor, relativamente à Monarquia; é o “reino” da estúrdia.
Depois
não é carne nem é peixe, ou seja é “semi-presidencialista” e, neste caso, não é
no meio que está a virtude, muito menos devido ao ADN do português.
Por
outro lado é jacobino serôdio, inspirado nos ideais terroristas da Revolução
Francesa e na tão gabada teoria do Montesquieu da divisão de poderes
(executivo, judicial e legislativo). Ora isto nunca funcionou bem e está
ultrapassado (bem como a divisão idiota entre “esquerda” e “direita”), em
primeiro lugar porque não há independência alguma, pois todos influenciam
todos, depois porque há outros poderes, até mais reais que estes, que os
subvertem.
Depois
porque está baseado, quase exclusivamente nos Partidos Políticos que são péssimos
(sempre foram), pois são organizações medíocres e funestas, onde não há
escrutínio, nem formação, nem prestação de provas entre os seus membros,
eivados de doutrinas e ideologias erradas (algumas criminosas) que nunca
resolveram nenhum problema e agravaram todos.
São
estruturas viciadas e viciosas cujo futuro é a degradação e “partirem-se”, como
deriva do seu próprio e infeliz nome.
Tudo
se fazendo em completo desrespeito e menorização das instituições nacionais
(Magistratura, Diplomacia, Forças Armadas, Universidade, Academias, Igreja,
organizações de carácter cultural, desportivo, apoio social e recreativo, etc.)
e de toda a população onde se tenta explorar os baixos instintos das pessoas.
Apelidam,
com desfaçatez e ar sério, tudo isto de “democracia” e alcandoraram a coisa aos
píncaros da boa aventurança, ao ponto de ninguém poder criticar ou pôr em causa
o “sistema”.
“Máxime”
é perigoso pois a ideia é veiculada de modo a convencer psicologicamente os
votantes (tudo está baseado no voto) a pensarem que influenciam ou mandam em alguma
coisa…
O
“sistema” não se regenera e só tende a piorar.
Em
súmula, enquanto tivermos “partidos” jamais teremos país…
O
Ensino, vítima disto e da subversão neomarxista e neocapitalista, emanadas por
órgãos e estruturas difusas e mal identificadas (mas muito reais), vem a seguir
e é um desastre.
E
em Portugal atinge paroxismos de estupidez e do politicamente correcto no que
toca à dimensão mastodôntica do Ministério da (des) Educação (que se dá em casa
e não na escola); autoridade e hierarquia (inexistente); indisciplina
(consequência da falta daquelas); experiências pedagógicas (delirantes);
avaliação (inexistente na prática), desorganização de carreiras e influência
dos sindicatos; o vácuo do desporto escolar, inadequação ao mercado de
trabalho, etc.. (A que se tem que acrescentar os negócios com obras e livros
escolares).
A coisa só aparentemente não é caótica e dura
há 44 anos…
Sem
embargo nela se despeja (é o termo) em cada orçamento do Estado mais de um
bilião de euros (há largos anos)!
Resultado:
milhares e milhares de jovens atirados para a vida profissional e social, muito
deficientemente preparados em termos culturais, éticos, físicos, cívicos,
morais e intelectuais, embora altamente proficientes em ouvir o MP3, enviar
SMS, entrar no “Google” e fazer “downloads” da internet e anormalmente espertos
na identificação de géneros, orientações e práticas sexuais.
Depois
aparecem uns “castiços” nas pantalhas da TV que, com ar ufano como se
estivessem a acreditar naquilo que dizem, afirmam estarmos perante a geração
mais bem preparada de sempre!
Só
com um pano encharcado na cara.
Finalmente
o “relativismo moral”, posto em prática pelas tais “agências” acima referidas,
cuja mais conhecia, dá pelo nome de “Escola de Frankfurt” e suas derivadas
(como o “Fórum de S. Paulo”, por exemplo).
O
Relativismo Moral tem sido a maior ferramenta que tem solapado a civilização
dita ocidental e o maior aríete contra a Igreja que tem sede em Roma e que
esta, em vez de combater com todas as suas forças, resolveu tentar “adaptar-se”
e contemporizar, após o Concílio Vaticano II!
Tudo
tem sido posto em causa: os fundamentos da família tradicional; a religião (com
predomínio para a cristã e nesta, a católica); o valor da Nação como a melhor
expressão de agregação dos povos; as virtudes; as tradições: a preservação da
cultura dos povos (pelo multiculturalismo); pela exaltação dos vícios; a
subversão da própria natureza humana, através do aborto, da eutanásia, da
teoria do género, pelo homossexualismo, etc.; a subversão da arte, pela cultua
do feio; da grosseria; do ruído; do deboche, etc.; da sociedade, pelo
individualismo, sincretismo religioso; hedonismo, materialismo, feminismo e
outros ismos.
Enfim,
uma soma astronómica de utopias balofas, antinaturais, anticientíficas,
antiéticas, antimorais, anti - religiosas.
Em
síntese, a verdadeira encarnação do Mal. Do Mal Absoluto!
Em
tudo e acima de tudo e transversal a tudo, os mentores da sociedade actual
fizeram colapsar a Autoridade. Ora só a autoridade permite executar decisões,
estabelecer rumos e realizar coisas.
Ela
caiu, entre nós, no PREC e não foi reposta.
De
seguida – e como a sociedade se rege por leis – desataram a fazer leis em
catadupa, uma autêntica diarreia legislativa que podem ser muito boas para dar
emprego e fazer ganhar dinheiro aos diferentes ramos dos licenciados em Direito
(que são quem as elabora), mas que é péssimo para o funcionamento seja do que
for.
E
como se deixou de ensinar português (lá está o ensino…), deixam muito a desejar
na forma e na substância.
Eis
as três principais causas do filme de terror em que se transformou a nossa
existência.
Muitos
poderão pensar que o Sistema de Justiça - porventura outras coisas) - se
deveria juntar às causas.
Sem dúvida que sim, mas tornaria o escrito
demasiado extenso, sendo que o estado da justiça depende e deriva directamente
das três apontadas.
Passamos
a viver noutro tipo de filme, eis o desafio que temos.
Parece-me
relevante que esse desafio seja aceite e saia vencedor.
Embora
não vá desistir, não estou nada seguro disso.
João
José Brandão Ferreira
Oficial Piloto Aviador
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