“Morta por dentro, mas de pé, de
pé, como as árvores”.
Palmira Bastos
(Peça teatral “As árvores morrem
de pé”)
O Governo em funções, através do
seu Ministro da Defesa – seguramente um dos piores ministros desde que o cargo
foi criado, em 1950 – decidiu encerrar o Instituto de Odivelas (IO), escola
notável, centenária e de excelência.
A admissão de novas alunas foi
interrompida este ano lectivo e as alunas existentes, que assim o entendam,
irão ser transferidas para o Colégio Militar, onde está a ser ultimada uma
camarata, para estabelecer a aberração da existência de um internato feminino e
masculino de menores, no mesmo espaço colegial.
Edifício já cognominado pelos
actuais alunos com o significativo nome de “maternidade”…
Este encerramento configura um
crime cultural, educativo e patrimonial; antipatriótico e de vistas curtas.
“Estúpido” será uma maneira pouco loquaz, mas assertiva de classificar o gesto![1]
Nele serão implicados, no
julgamento da História e do Bom – Senso, os sucessivos políticos – quais
bárbaros do “Estado Islâmico” - que provocaram o acto; as chefias militares que
tremeram de coragem, na defesa pífia que fizeram das Instituições que tutelavam
(o que se passa no IO está intimamente ligado com as duas outras escolas
militares de ensino secundário, que estão a ficar completamente
descaracterizadas); as diferentes associações de pais e de antigos alunos, por
causa da falta de entendimento que revelaram, ao não terem estabelecido uma
acção comum e concertada, para fazer frente a esta verdadeira “invasão de
Vândalos”.
Complexos de quinta e egoísmos de capela, não
são bons conselheiros quando causas mais altas se levantam!
A Comunicação Social eivada de
“ismos”, nunca transmitiu uma ideia equilibrada do que se estava a passar, ao
passo que a o comum dos cidadãos vive uma ignorância esfarrapada, relativamente
a tudo que é importante e se passa à sua volta, aos costumes disse nada.
Quanto ao inquilino de Belém, lá
esteve no seu comportamento habitual de “falta de comparência a jogo”.
Uma tristeza.
Apetece também perguntar para que
serve a “liberdade de expressão” e de “opinião”. Pois, aparentemente, serve
apenas a quem é dono, ou controla os Órgãos de Comunicação Social.
Lamentavelmente também, não se
pode ter qualquer tipo de esperança na retroversão da situação por rebate de
consciência, tão pouco numa eventual mudança do quadro parlamentar e
governamental por via de eleições que se desenhem no horizonte.
Por um lado o senso comum é
siderado e obliterado, pela tecnocracia cega, vesga e bruta e, sobretudo, pelo
“cheiro a negócio” – resta, aliás, saber o destino das instalações do IO;
depois porque quando se trata de resolver algo que tenha a ver com o termo
“militar”, todas as forças políticas representadas no hemiciclo dos antigos
frades de S. bento – e que pouco mais se representam do que a elas próprias –
fazem concorrência para ver quem consegue fazer mais asneiras, mais depressa.
Não se pode confiar neles nem uma
migalha.
Lembramos até, o caso de Paulo
Portas, quando era ministro da defesa e botou fala na cerimónia comemorativa
dos 100 anos do Instituto Militar dos Pupilos do Exército, em 2011.
Disse então S. Excelência e
mestre em demagogia: “Eu não me arrependo de, porventura contra ventos e marés,
ter tomado a decisão de não deixar encerrar os Pupilos do Exército. O custo de
uma decisão tecnocrática e simplista como essa significaria o desaparecimento
de uma instituição secular que tem um lugar próprio no ensino das Forças
Armadas, e que tem méritos destacados na história do ensino militar em
Portugal” e continuava sempre no mesmo estilo: “A nota institucional que eu
queria deixar tem a ver com a importância do ensino na Instituição Militar. Eu
faço parte daqueles que acreditam que Portugal é um país forjado por soldados e
que não teria a sua independência garantida sem as Forças Armadas”;
“…dir-vos-ia, por isso, que os Pupilos do Exército… fazem todo o sentido neste
século XXI…”
Mas, saído do pelouro, que para
mal dos nossos pecados nunca deveria ter ocupado, esqueceu-se rapidamente dos
méritos dos estabelecimentos militares de ensino, que tanto elogiou, e sendo
vice primeiro - ministro de um governo, que relativamente a fardas só faz
disparates, deixou cair o IO como se de um trapo velho se tratasse!
Resta pois recorrermos a Fátima
ou esperar pelo D. Sebastião o que convenhamos não nos pode deixar tranquilos,
quando o nosso proverbial desleixo e indiferença, não abona a que tais
entidades se prestem a compadecer de nós.
Em alternativa e por exclusão de
partes, resta preparar um encerramento digno para o IO, que não pareça um
funeral rápido e esquivo, e lhe preserve a memória.
Uma memória que não envergonha os
futuros portugueses e em que estes se podem rever sem lhes corar a face de
vergonha, antes lhe arrima os ânimos e o orgulho pela terra que lhes deu o
berço.
O Instituto de Odivelas vai
morrer. Pois que morra de pé. Como as árvores.
[1]
Deviam até, candidatar-se, na “UNESCO” ao prémio da “Estupidez Imaterial da
Humanidade”…
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