Barão Manfred Von Richthofen
O meu escrito “O Juramento do Falcão”, sobre os pilotos de caça portugueses, não colheu a totalidade da boa disposição dos leitores que, entre outras coisas, pretendia atingir.
Isto porque alguns pilotaços da nossa praça não têm o sentido de humor bem apurado, sofrem de alguma “partidarite aeronáutica” aguda e – “quousque tandem abutere, Catilina, patientia nostra? - se recusam a aceitar a evidência da superioridade inquestionável, daqueles conhecidos pelo “suprassumo da essência do sublime”!
Antes de entrarmos no “briefing” do voo – isto é falar longamente sem dizer nada – a que se seguirá, inevitavelmente, o “debriefing” – ou seja continuar a falar longamente sem dizer nada, depois de se ter realizado o mesmo – vamos tentar provar, inequivocamente, aos coitados que vão desafiar as leis da gravidade em aeronaves demasiado disformes aerodinamicamente, para poderem executar o pleno, nos três eixos da máquina e nas três dimensões do éter, quão longe estão de poder igualar aqueles que, bafejados por invulgares dons da natureza, mais perto estão de igualar as mais nobres aves rapaces.
E é bom que o façamos depressa, antes que a mui nobre arte de Altanaria seja extinta pelos “pilotos” que, fardados de fato de voo e tudo, controlam “UAVs” em salas com ar condicionado, a milhares de Km do teatro de operações.
Uma situação muito perturbadora…
Enfim, nem sequer precisamos de procurar argumentação nova, basta adaptar a já existente, há décadas, aproveitando frases comuns de origem anglo-saxónica.
Fá-lo-emos partindo do princípio de que todos os profissionais do Ar estão conscientes daquilo que não lhes serve de nada, de um ponto de vista aeronáutico, ou seja:
• A altitude acima deles;
• A pista atrás de si;
• O combustível no camião;
• Meio segundo na História;
• Cartas de aproximação no carro;
• A velocidade que não se tem.
No que abaixo se diz, “fazem-no” quer dizer “voam”. Nada de confusões…
Todos o sabem, mas não fica mal recordar, sobretudo aos que não são da Caça; então aqui vai:
• Os pilotos de linha aérea fazem-no direitos e nivelados;
• As hospedeiras fazem-no pelo mundo inteiro;
• Os pilotos instrutores sabem-no melhor;
• Os pilotos de bombardeiros fazem-no com um enorme ruído;
• Os pilotos de reconhecimento apenas ficam a ver;
• Os pilotos de planadores fazem-no silenciosamente;
• Os pilotos de helicóptero fazem-no para cima e para baixo;
• Os pilotos de transporte fazem-no durante horas;
• Os pilotos de modelos fazem-no no chão;
• Os alunos pilotos fazem-no com entusiasmo (mas debaixo de controlo);
• Os pilotos reabastecedores fazem-no tentando acertar com a mangueira;
• Os engenheiros aeronáuticos não o fazem.
Mas, e aqui é que está a grande diferença, os pilotos de CAÇA fazem-no MELHOR! Yes!
“Vermelho um, dentro”!
“Vermelho um, fora”!
“Vermelho dois, dentro”!...
João J. Brandão Ferreira
(caçador reformado, mas sempre pronto para uma perninha)
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1 - O mais célebre às alemão da I Guerra Mundial, que acabou abatido, depois de ter averbado 80 vitórias.
2 - “Até quando, Catilina, abusarás da nossa paciência?” Apóstrofe de Cícero contra Catilina…
3 - Nota: este parágrafo deve ser lido de um só folego e debaixo da pressão de pelo menos quatro “Gs”…
4 - UAV – aeronave não tripulada.
1 comentário:
Exmo Adamastor: estou a escrever um artigo sobre a problemática dos incêndios em Portugal, que perspectivo compilar entre outros, em livro com edição de autor.Na qualidade de geógrafo pretendo fazer uma abordagem multifacetada, onde procuro espelhar a realidade que conheço, ouço, vejo e leio. Gostaria por isso de obter autorização de V. Exªa para utilizar seus artigos publicados relativos ao assunto, assim como algumas fotografias, nunca omitindo sua autoria. Sabendo-o conhecedor profundo desta engrenagem procurarei enriquecer meus escritos com seu testemunho, objectivando mais este estado de guerra com que o país se debate e agoniza.
Me despeço cordialmente muito agradecido.
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