segunda-feira, 5 de agosto de 2013

REFLEXÕES A PROPÓSITO DE UMA CERIMÓNIA MILITAR VOLTADA PARA A SEGURANÇA

O Centro de Formação de Guardas da GNR, em Portalegre, acabou de formar 276 novos guardas. Estes fizeram o seu Compromisso de Honra no passado dia 28 de Junho.
 
    Não consta que nenhuma imagem deste evento, muitas vezes mais relevante, por ex., do que a chegada de um novo craque a uma equipa de futebol, tenha chegado a qualquer lar português.
     Possivelmente apenas um apontamento do MAI a responder a uma pergunta de um jornalista, sem relação alguma com a cerimónia a que presidiu…
    Enfim, é o que temos.
    Temos, também, que o Comandante do Centro, Cor. Edgar Lourenço se despediu do serviço activo. Serviu bem o seu País, na Guarda, e o seu contributo cívico futuro, continuará a ser importante. Não é todos os dias que podemos vislumbrar um oficial com tão sólida formação militar e patriótica.
    Aqui fica o reconhecimento.
    A elaborada cerimónia militar a que nos foi dado assistir, em que a atenção ao rigor dos pormenores era um facto a que já nos tínhamos desabituado, fez-nos decidir a partilhar com os leitores dois aspectos que cada vez se tornam mais pertinentes.
    São eles, o princípio da hierarquia e a fórmula do Compromisso de Honra (e, sobretudo, o Juramento de Bandeira), versus o caminhar político pela agora, União Europeia. Comecemos pelo primeiro.
    No decorrer da cerimónia militar – faceta que ilustra a completa diferenciação da GNR, com a “civilizadíssima” PSP – alguns militares integrados na formatura foram chamados para serem premiados ou condecorados. Cada um deles abandonou, regulamentarmente a sua posição e posta-se frente ao Comandante da mesma, pedindo autorização para a abandonar, e após a obter dirige-se para a frente do militar mais antigo presente – no caso o Comandante – Geral da GNR (e “dono” da casa) – o qual, por sua vez, solicita autorização ao MAI, que presidia.
     De regresso à formatura o procedimento repetia-se de forma inversa.
     O “filme” repetiu-se de forma idêntica para todos os restantes, quer fossem dois ou 50. De forma exaustiva.
     Tal procedimento deve fazer uma confusão dos diabos (imagino) a grande parte dos presentes, autoridades políticas – arrisco-me a dizer – incluídas.
    Então não seria muito mais simples e não se poupava imenso tempo se o/a militar se dirigisse directamente ao Ministro? Não serão os militares mesmo quadrados e complicados da cabeça?
    Lá ser mais simples era, mas não seria correcto. E quanto aos militares não me parece que aquela figura geométrica seja a mais adequada para os definir…
     Lamentamos desagradar aos seguidores do célebre “iluminado” Rousseau (Jean Jacques para os amigos) mas ainda não chegámos à igualdade!
    O procedimento tem aqueles passos todos justamente para definir, marcar e salvaguardar o princípio da hierarquia – palavra maldita, quase proscrita nesta nossa “democracia”.
    O princípio da hierarquia define patamares de autoridade e respectiva responsabilidade, estabelece âmbitos de actuação, fronteiras de domínio. É reconhecido de baixo para cima e de cima para baixo, é biunívoco, evita o conflito e projecta uma “ordem” (outra palavra maldita).
    A organização – meta da hierarquia visa o estabelecimento de linhas claras de autoridade e níveis diferenciados de decisão.
    Se os órgãos de soberania e toda a sociedade daí para baixo seguissem estes princípios, tudo funcionaria melhor. Incomparavelmente melhor.
    As duas únicas instituições onde estes princípios (e outros) se mantêm, apesar de já muito “esfarelados” são a Igreja e as FA. Estranhamente, ou não, são aquelas que mais atacadas são, e onde tudo se faz para subverter todos os pilares que as mantêm de pé…
    Agora a UE.
    Apesar de antidemocraticamente – para só ficarmos por aqui – nunca se ter feito um referendo quanto à entrada de Portugal na CEE, CE e UE (são coisas diferentes…) e da irresponsabilidade política – também só para ficarmos por aí – com que, quase à socapa, se mudou a Constituição no sentido de dar prioridade a todas as leis vindas de Bruxelas, face ao edifício legal português, os militares ainda juram bandeira ao seu País, em que se comprometem a lutar pela defesa de soberania e integridade da sua terra e gentes, até ao sacrifício da vida.
    Também foi isso que ouvimos da boca dos 276 novos guardas.
    Ora a pergunta que faço é esta: como é que eles vão compatibilizar esse juramento com o facto do Estado Português se estar, paulatinamente, a auto destruir e a passar a soberania para entidades estranhas que não têm nada a ver connosco?
    Não percebo, ainda, como é que o Governo Português (sustentado pela AR) manda os mancebos jurarem estas coisas e depois deixa os tubarões da “Troika” à solta pelo Ministério das Finanças a imporem medidas que ultrapassam em muito as acordadas nas Cortes de Tomar de 1581, sem ao menos terem perguntado a todos os militares se eles compreendiam e aceitavam tal estado de coisas.
    E tirando a minha reformada pessoa e mais alguns por aí espalhados, que estão desertinhos de pegar em armas – se preciso fôr – para cumprir o tal juramento e vermo-nos livres destas indignidades, não se vislumbra sequer indignação nas hostes…
    Deve ser do Benfica ter perdido o campeonato e haver dúvidas que a selecção consegue ir à copa do Rio de Janeiro…
    Haja Deus.

2 comentários:

Anónimo disse...

Haja Deus e força nas nossas almas.

Anónimo disse...

Ó Senhor Coronel, tanto amor a Portugal e fala-me em Copa...Taça, meu caro amigo, Taça em Português, Copa é lá prás terras do samba!

Camilo M.