Aqui apresento o texto por mim lido aquando da apresentação deste livro de que fui co-autor.
No final do post está a contra-capa e as badanas com a biografia resumida dos autores.
O livro pode ser adquirido nas livrarias ou encomendado à editora Fronteira do
Caos.
Tolstoi
Eu nasci noutro país.
Assentei praça noutras Forças
Armadas.
Hoje vivo num país diferente, que
ainda querem fazer mais diferente.
Nada disto teve a ver com a
evolução natural da sociedade, mas sim com a mudança brusca de paradigmas.
Das Forças Armadas, onde servi
durante 27 anos, quase só restam memórias. Estão quase em saldo, tendo-se
empurrado os chefes militares, para uma espécie de presidente da comissão
liquidatária…
Aliás, só se sabe que ainda
existem, quando morre alguém num qualquer acidente.
Sinto-me um cidadão despojado
(agora até de parte do salário), com laivos de pária.
O meu país foi-me roubado; as
“minhas” Forças Armadas, também.
Em vez deles instalaram uma
enorme mentira.
Sinto-me como Deus sabe.
Portugal foi atacado, em 1961,
como aconteceu muitas vezes desde 1128.
É o preço que tivemos e temos,
que pagar por existirmos.
Foi sempre assim e, estou em
crer, sempre assim será.
Porém, portugueses houve, que
fizeram coro com o inimigo; que desertaram do combate; que se transmutaram
ideologicamente em crenças alheias ou em doutrinas malsãs.
E traíram os seus e a terra que
lhes deu o berço.
Nada de novo, porém, Camões
também os imortalizou na sua estrofe “e também dos portugueses, alguns
traidores houve, algumas vezes”.
A cobardia, falta de carácter e a
ignorância de tantos, permitiram o resto.
É isto que doí mais.
Do dia para a noite a “verdade”
do inimigo passou a ser a verdade(!) e quem a passou a defender apareceu, por
artes mágicas, alcandorado a posições de relevo público e imortalizado em
estátuas e nomes de ruas, que são o calvário dos inocentes e dos honestos e a
vergonha das almas nobres.
Com o passar dos anos e a lenta
revelação e tomada de consciência de todos os crimes e barbaridades cometidos,
com as dramáticas consequências que os seus actos originaram, os seus autores e
apaniguados, muitos deles refastelados nas cadeiras do Poder, mentem, censuram,
efabulam, etc., tentando, sistematicamente, evitar que a verdade passeasse à luz
do dia, obrigando os jovens a ler, nos programas escolares, as asneiras
cometidas transformadas em risonhas e floridas primaveras, depois da maioria da
Comunicação Social e do discurso oficial, ter lavado o cérebro à população em
geral, num processo que em nada fica a dever a um qualquer totalitarismo.
E fizeram, e ainda fazem tudo
isto, descarada e acintosamente, sem pingo de contrição, sem remorso, sem
pudor, sem vergonha, sem nada!
Uma das teses básicas que foi
instituída como pilar de algumas atitudes assumidas, era a de que a guerra em
África, além de injusta, estava ou iria ser, perdida militarmente.
Mas mesmo que a guerra estivesse
militarmente perdida – o que este livro defende não corresponder à verdade dos
factos – tal em nada alteraria a primazia da razão, tão pouco justificava a
recusa em combater.
Nem sequer houve derrotas,
deserções, constrangimentos ou qualquer ordem de rendição, que o justificasse.
Os oficiais do quadro permanente
deviam saber isto e estar conscientes disto, antes de todos os outros.
Acabámos por abandonar o que era
nosso – numa debandada de pé descalço, como lhe chamou o insuspeito António
José Saraiva - sem que tenha havido uma única razão válida para que tal
acontecesse!
Este livro surge de uma polémica
instalada após um colóquio sobre as operações militares em questão, em que se
fez uma súmula provisoria, concluindo que a guerra estava dominada em Angola e
controlada em Moçambique e na Guiné.
Ora, alguns dos próceres da
derrota portuguesa e do masoquismo nacional, entenderam estas conclusões como
inaceitáveis à luz dos seus desideratos e passado, e contestaram-nas. O que
está no seu direito.
Mas, (mal) habituados a terem
para si o quase monopólio das páginas dos jornais, dos microfones e das
pantalhas, reagem sempre mal a qualquer contestação às suas teses, que
entretanto impuseram pelos métodos atrás apontados.
O objectivo principal deste livro
é, pois, o de defender o direito ao contraditório e de procurar devolver à
Nação Portuguesa o equilíbrio da Justiça que só a verdade dos factos e das
intenções, pode permitir.
Por isso tenho a agradecer a
todos aqueles que colaboraram na sua feitura, membros da editora, prefaciador,
apresentador e entrevistados, que tiveram a coragem de, sem quaisquer
constrangimentos, dizerem o que a sua consciência lhes ditava.
O meu muito obrigado a todos,
onde incluo também a Direcção da SHIP por acolher esta modesta cerimónia.
O passar do tempo tem evidenciado
com meridiana clareza, quão certas estavam as teses portuguesas e erradas as
teses internacionalistas e apóstatas.
Mas o combate não está ganho.
E, apesar de termos perdido, em
1975, cerca de 95% do nosso território e 60% da população, de ainda estarmos
desnorteados; cativos dos credores – que, pela primeira vez, não têm rosto – e
da ameaça permanente de bancarrota; com uma corrupção política e social vasta -
mas ainda não endémica – com uma situação demográfica suicidária e com o Poder
Nacional Português num dos pontos mais baixos da sua longa e vetusta História,
o Estado-Nação mais antigo do mundo, nascido em Ourique, Terra de Santa Maria,
que dá pelo extraordinário nome de PORTUGAL, ainda não desapareceu.
2 comentários:
Muitos parabéns pelo seu percurso. Estive e estarei sempre presente noutras "lutas".
Gonçalo Godinho.
Ex.mº Sr. Tenente-Coronel Brandão Ferreira:
Muitos parabéns por mais esta publicação.
Como poderei eu adquiri-la?
Muito obrigado.
PLopes
PORTO
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