MAIS UM 10 DE JUNHO
1/06/21
“Estas figuras todas que aparecem,
Bravos em vista e feros nos aspeitos,
Mais bravos e mais feros se conhecem,
Pela fama, nas obras e nos feitos.
Antigos são, mas inda resplandecem
Co nome, entre os engenhos mais perfeitos.
Este que vês, é Luso, donde a Fama
O nosso Reino Lusitânia chama.”
Camões, “Lusíadas”, VIII, 2.
Tentando contrariar o esvaziamento das Comemorações do Dia de Portugal, que como se sabe (mas na prática se ignora porquê) se comemora a 10 de Junho – que a desculpa da “guerra biológica” desencadeada pelo aparecimento do COVID19 transformou nas mais pífias do país – um grupo de patriotas (termo ostracizado pelo desregramento político e social que vivemos), vai novamente organizar uma homenagem àqueles que combateram para que a nossa egrégia Nação, se mantivesse una e independente até aos dias de hoje. Sem embargo das vicissitudes históricas que sempre foram tentando tolher (e tolheram) esse desiderato.
Daí que o Exército Português tenha em boa hora, escolhido para seu patrono o combatente emérito que talhou à força de espada, as fronteiras e o desejo da liberdade de vivermos autonomamente.
Sem “combatentes” não haveria Portugal e só há uma data em que estes devem ser homenageados – porque não há outra maior e mais simbólica – do que o 10 de Junho, data da morte do maior poeta da gesta lusitana – ele próprio foi soldado - que “cantou” em versos imortais a história dessa saga única, da História Universal.
E que hoje, infelizmente, tão envergonhadamente, se comemora e com pouco entusiasmo se afirma.
Numa época em que a nação dos portugueses está a cumprir a célebre frase de Unamuno, “Portugal, povo de suicidas”, pois “de facto” e “de jure”, o país se está a suicidar, é mister exaltar os melhores de todos nós, que são e serão sempre os que, de armas na mão, mas também em todos os outros campos, defenderam a individualidade e a identidade de Portugal e dos portugueses. E uma e outra são indissociáveis.
No dia 10 de Junho comemora-se ainda, no calendário litúrgico, o dia de S. Miguel Arcanjo, “Anjo Custódio do Reino”, conforme instituído pelo Papa Júlio II, em 1504, a pedido de D. Manuel I, e mais tarde reiterado pelo Papa Pio XII. Tradição que remonta à célebre Batalha de Ourique, em 1139…
Comemorar a Nação Portuguesa e aqueles principais (principais porque arrostaram com o seu esforço máximo e, não raro, pagaram com a vida, ou com sofrimentos na carne e no espírito) não pode prescrever, ser posto em causa seja pelo que for, ou ser diminuído por qualquer outra comemoração menor, do foro ideológico, político ou social.
Para gente sã de espírito e escorreita de alma, o que se afirma deve ser de uma clareza apenas igualável ao mais puro cristal.
Mas assim não o é encarado, contemporaneamente, sobretudo por quem tem o dever de nos representar.
Aguarda-se que os verdadeiros patriotas, que só devem dar baixa para a cova (como os combatentes), ajudem a manter a chama viva.
Lá estaremos. Viva Portugal (sem corruptos, da matéria e do Espírito). 1
João José Brandão Ferreira
Oficial Piloto Aviador (Ref.)
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