quarta-feira, 18 de março de 2020


ACHEGAS PARA A “FOGUEIRA” DO COVI19. Á VOL D’OISEAUX
18/03/20
                                                          “A Natureza para ser comandada,
                                                           Precisa ser obedecida”.
                                                           Francis Bacon
                                                          (Strand, 22/1/1561 – Londres, 9/4/1626)
                                                          (Considerado o pai da Ciência moderna)



    Esta frase de Bacon bem podia constituir o princípio fundamental dos (verdadeiros) ecologistas…
    De facto nós para vivermos, melhor dizendo, sobrevivermos precisamos basicamente de quatro coisas (a ordem dos termos não é arbitrária):
  • Ar (não poluído) para respirar – sem isso não há caixa torácica que aguente mais de 3’;
  • Água para beber – sem água potável morremos em dois/três dias, é uma limpeza;
  • Alimentos para comer – sem comida mesmo os mais nutridos dizem adeus à existência em duas/três semanas;
  • Energia – para a espécie humana viver necessita de uma fonte/forma, de energia exterior ao corpo (os alimentos e líquidos que ingerimos são eles próprios a fonte de energia que mantém o nosso corpo a funcionar); começou com a invenção do fogo, dos moinhos de água e de vento, etc., e acabou na energia nuclear, laser, etc., e no mais que se descubra e invente.
    Tudo isto gera equilíbrios e obriga a equilíbrios.
    A necessidade de possuir e garantir estes quatro tipos de elementos obrigou os homens a ter de trabalhar para os descobrir, obter, modificar e guardar, para finalmente os usufruir e, deste modo, conseguir manter-se mais um dia a viver sobre a terra.
    Seja qual tenha sido o Poder Criador que fez a vida e deu vida à vida, pôs cá tudo o que é necessário, mas não sob a forma de “maná em regime de self- service”!
    As razões para tal ser assim, ninguém as sabe e, estou em crer, ninguém as virá a saber.
    Serve isto para alertar que na fase em que vivemos do surto deste “Corona vírus”, ou “Covid 19”, que devemos ter cuidado para em vez de morrermos da doença, não morrermos da cura…
    E para conseguirmos manter os tais ar, água, alimentos e uma qualquer forma de energia, vai obrigar muita gente a ter que continuar a trabalhar, numa situação que parece a mais avisada que é a de colocar o maior número possível de pessoas em casa, mesmo com as consequências gravíssimas que tal vai acarretar.
    Ou seja fazer regressar todos ao seio da sua família e do seu País. Esta deve representar uma das primeiras reflexões das muitas que convém fazer: o valor da família e do seu país (Pátria, para quem a tem) …
    A União Europeia, neste âmbito, tem dado mais uma prova – e ainda bem – da sua virtualidade…
    Em síntese, há serviços mínimos que é preciso manter, mesmo correndo riscos – tirando os serviços de saúde e de segurança que vão ficar em “serviços máximos”!
    Pois é preciso manter o Ar respirável; haja água potável (de preferência nas torneiras); é preciso que os campos produzam; se faça a safra no mar e “alguém” coloque os produtos nos locais de venda (que também têm que estar abertos). Imaginem se as padarias fecham (é que o Exército também já perdeu a capacidade de produzir esse alimento base…)!
    Depois temos a energia; neste âmbito as coisas ainda vão ser mais complicadas: é preciso que a eletricidade não falte (já pensaram se houver um “apagão” de duas semanas, o que acontece? Diria que convinha pensar no cenário…); idem para o gás, os combustíveis, etc., sob pena de voltarmos às lareiras dos séculos XVIII e XIX…
     Também é fundamental que os “Almeidas” não entrem de quarentena: lixo na rua cria outros vírus…
    Creio que já ilustrei o ponto.
    E se não acautelarmos a liquidez das empresas e dos particulares, o sistema bancário entra em colapso e ninguém vai poder levantar dinheiro…
    Enfim, esta “crise” a que já chamam “guerra” além de ir causar uma debacle económica terrível vai condicionar toda a vida social; alterar as próprias relações na família; reinvenção de hábitos, etc.. Vai acarretar consequências, das quais algumas ainda não suspeitamos.
    Aqueles que passarem por esta “experiência” e sobreviverem vão, seguramente, encarar a vida de modo diferente quando ela acabar. Espero – a Esperança ao contrário do cabelo, nunca morre – que aprendamos a ser melhores.
                                                                     *****
    Bom, mas para já há que tratar da saúde às pessoas e liquidar a saúde ao tal do covid 19.
    O Estado Português e os políticos (e não só) que o enformam não estão preparados para uma crise destas. Vão ter de se desenrascar – uma habilidade que até as novas gerações estão também a perder apesar de estar no ADN…
    Nem prepararam o País para tal. Porventura nenhum país está preparado, mas a nossa realidade demostra que nós não estamos. As razões para tal, não as vou enunciar aqui e agora, mas são bastas, variadas e peculiares. É outra discussão.
    Agora é preciso prudência e simultaneamente audácia, para lidar com o actual cenário.
    Na hora que escrevo pondera-se a eventual declaração do Estado de Emergência. Não sei qual vai ser a decisão final, pois já me apercebi que o PR (entretanto desaparecido em combate) não está em sintonia com o Governo e no Parlamento a coisa como sempre não vai ser liquida.[1]
    Elaboremos um pouco sobre esta matéria.
    A declaração do Estado de Sítio/Emergência – não é a mesma coisa – está prevista no Artº 138 da Constituição da República (CR) e contempla a restrição de numerosos direitos, liberdades e garantias – em extremo permitem que o Governo governe em ditadura – implicando, no Estado de Sítio, que a autoridade sobre a situação passe das entidades civis para as militares.
    Ou seja, a CR que basicamente só prevê direitos e quase nenhuns deveres (excepção feita para o pagamento de impostos), ao aplicar o artigo 138 vira a situação do avesso…
    Imagine-se as possíveis consequências na sociedade que criámos…
    A última vez que tal foi decretado foi durante os eventos desencadeados a 25 de Novembro de 1975 – e vá-se lá saber porque não foi decretado a mesma situação, em 25 de Abril de 1974, nem pelo Governo de então, nem por quem o deitou abaixo…
    Ora por razões que também não vou aduzir, para a classe política que tem estruturado esta III República a declaração do Estado de Sítio/Emergência está prevista na CR por uma questão de “Princípio”, direi até, académica, mas nunca lhes deve ter passado pela cabeça que alguma vez fosse para aplicar.
     Ainda publicaram a Lei nº 44/86, de 30 de Setembro, que deu alguma substância ao tal artigo 138 da CR, mas até hoje “esqueceram-se”, muito convenientemente, de a regulamentar (e não vamos falar das contradições que encerra). Ou seja, na prática ninguém sabe como e quem vai implementar as medidas a decretar, nomeadamente a estrutura de comando e controle, o mais importante de tudo. E já começou a haver grande descoordenação nas medidas decretadas pelos governos das Regiões Autónomas e sobre a declaração de calamidade pública em Ovar.
    Muito mais haveria a dizer, mas estas situações de crise tem a vantagem (e a desgraça) de trazer à luz do dia os erros, omissões e insuficiências existentes. O que tem vindo num crescendo, incêndios, vendavais, Tancos…
    Ocorre-me dizer, outrossim, que o Exército cancelou as recrutas previstas para os tempos mais próximos. Esta decisão parece-me um erro e muito pouco ponderada. E inscreve-se também na rúbrica em que o país não pode entrar todo de quarentena.
    Então o Exército (A Força Aérea e a Armada, idem) têm uma falta de efectivos terrível (sobretudo em praças) e vão cancelar as recrutas? Irão fechar os quartéis, também? A que propósito?
    A Defesa (Segurança) Nacional não pode ter soluções de continuidade. Ou pode?
    Então numa altura em que os militares vão ser chamados a colaborar activamente no esforço geral, é o próprio Exército que fecha as suas portas?
     Acaso a NATO vai cancelar o maior exercício (“Defender 2020”) que já começou nos seus preliminares, e que implica, por exemplo, a vinda de 20.000 militares americanos e imenso material, para a Europa (num total de 37.000 participantes de 17 países, onde Portugal já nem consegue participar nem com um pelotão!)? Veremos.
    Qual será o problema do Exército? Cortaram-lhe novamente as verbas? Corre riscos? Mas os militares não existem para correr riscos? E numa recruta o/as militares não foram escrutinadas em termos de saúde e compleição física? Os quarteis não representam em si mesmo, um local de quarentena? Não dispõem de serviço de saúde privativo?
     Se não podem dar recrutas como vão conseguir suportar as exigências de uma declaração de estado de emergência? Sim porque uma unidade militar tem que ser autossuficiente e as nossas há muito que o deixaram de ser…
    Para compensar aqueles que não entram vão pedir aos que acabam o contrato para ficarem mais tempo? Vão pôr os oficiais e sargentos a fazer o serviço das praças? A PSP e a GNR vão seguir o exemplo?
    Não deviam era pensar em mandar apresentar todo o pessoal na reserva (como já fez o Director da PSP)? Não é para isso que serve o estatuto, ou também já o mudaram? E que tal pensar-se em poder fazer-se recrutamento compulsivo? Estrutura que havia e foi “demolida”!
    Por último e para já, uma palavra para a Igreja Católica.
     Então numa altura em que os fieis (Portugal ainda é uma Nação de maioria católica) – e também os outros – mais precisam de uma palavra de conforto, de amor, compaixão e de Misericórdia, a Igreja fecha-se (e ainda nenhuma autoridade civil deu ordem alguma) sobre si mesma? Quase suspende os Sacramentos? Deixa de invocar e de se entregar ao Transcendente, para se confinar à ciência e à laicidade? Não lhes bastava cumprir as regras de segurança idênticas a quem lida com o público? Perderam a Fé?
    Agora que o Papa Francisco, num gesto inaudito (e infeliz), proibiu as Ordens e os Mosteiros de contemplação vão ficar a olhar uns para os outros à espera que o tempo passe? Era assim que procediam quando havia peste na Idade Média? Foi assim que fizeram aquando da gripe espanhola, que vitimou cerca de 100.000 portugueses incluindo dois dos pastorinhos de Fátima?
    Façam o favor de se pôr em campo, sob pena de serem considerados “dispensáveis”!
                                                                           *****
    Com tudo isto dito, não parece haver ninguém preocupado com a origem exacta da pandemia, nem se o vírus é de uma estirpe natural ou artificial.
    Ora isto parece-me da maior importância para o tratamento e medidas a serem tomadas, bem como se estamos apenas perante um problema de saúde pública, ou se há outras considerações a ter em conta.
    Vamos deixar esse âmbito para o próximo escrito, esperando que as autoridades deixem de andar atrás dos acontecimentos.
    Até lá façam o favor de se cuidarem e de pensarem na vida.
    É uma excelente oportunidade.


                                                João José Brandão Ferreira
                                                    Oficial Piloto Aviador


[1] Entretanto já sei que o Estado de Emergência foi declarado, mas tal não me sugere a mudar nada do que escrevi.

1 comentário:

Anónimo disse...

Todos os que têm um trabalho INÚTIL & DISPENSÁVEL devem ficar em casa.
Os outros devem trabalhar de Máscaras & Luvas , para salvar Portugal.
MFA - Manuel Ferreira dos Anjos .