UM EQUIVOCO CHAMADO MARCELO R.S.
5/7/18
“O Povo gosta, o povo quer, o povo tem!”
Carlos
Félix
Nas últimas
eleições presidenciais ocorreu um fenómeno nunca visto: a população portuguesa
foi votar para escolher entre os 10 candidatos que se apresentaram a sufrágio,
aquele que seria, nos prazos constitucionais, o próximo Presidente da
República, função também ela definida constitucionalmente.
Deste modo os
eleitores elegeram um doutorado em Direito, que passeou pelo jornalismo e pela
política partidária, tendo assentado arraiais como comentador, onde preparou –
nas barbas de toda a gente – a própria candidatura ao cargo de mais alto
magistrado da Nação (pelo menos antigamente era assim que se dizia), para
quando a oportunidade surgisse. E surgiu.[1]
E a maioria dos
eleitores (52%) que se dignaram ir votar, lá depositaram a sua cruzinha no
actual inquilino do Palácio de Belém.
Esqueceram-se que
o homem é um hiperactivo, ligado à corrente em permanência e que quer ir a tudo
e a todos, numa paráfrase mal engendrada da célebre frase dos Lusíadas “ e se
mais mundo houvera, lá chegara”…
Como se isto já
não fosse problema suficiente, o senhor também quer comentar tudo e todos!
Daqui resulta o
equívoco de que, afinal, a população portuguesa julgando que tem um ser de
carne e osso a exercer as “altas” funções de Chefe do Estado, na sua forma
republicana – o que já de si não é grande coisa – passou a ter um comentador
(se é que tal pode ser considerado uma profissão), em vez de.
A questão que fica
é esta: será que para as próximas eleições se irá mudar a Constituição, para
que se deixe de eleger um Chefe de Estado e se eleja um “Comentador-Mor”?
Cruel dilema.
O que se passa
assemelha-se a termos, por ex., eleito um carpinteiro para PR, que em vez de
exercer a função (a tal que é “alta”), continuasse a fazer prateleiras,
cadeiras e outro mobiliário e assentasse, quiçá, uma marcenaria em Belém…
O senhor
Presidente comenta tudo, o que se passa ou deixa de passar, inclusive os jogos
da bola – esse mundo absolutamente desqualificado e pouco recomendável – e pelo
meio viaja sofregamente (aproveitando para ler livros e tudo), como se não
houvesse amanhã.
Também para ir
assistir a jogos da selecção (uma selecção que perdeu sobretudo por falta de
atitude), aproveitando pelo meio, para dizer olá ao Presidente Putin – que deve
ter ficado impressionado com esta nova maneira de fazer diplomacia – numa
espiral de gastos e desconcertos em que nunca mais houve tino desde que o
General Eanes abandonou o cargo.
Desatinos que
ninguém escrutina, nem estão interessados em escrutinar – deste modo o PR
também não levanta objecções aos gastos perdulários dos deputados, dos membros
do Governo e dos gabinetes dos senhores ministros, etc..
É um fartote!
Foi ainda tirar
uma foto com o Trump, apesar do Yankee gostar mais do “Twiter” do que de
“selfies” e a melhor coisa que conseguimos saber (além da propaganda ao vinho
da Madeira) foi que “fez criticas gestuais” quando o anfitrião da casa pintada
de branco falava!
O nosso comentador,
perdão, Presidente, numa ânsia de consolar tudo e todos; “integrar”; aumentar a
coesão (vá-se lá saber de quê); ser inclusivo, etc., anda numa fona
participando em todas as manifestações religiosas (porque não as “seitas”?) –
mesmo as que são insignificantes, não têm nada a ver com a nossa matriz
cultural, ou até são suas inimigas; pendura roupa no Casal Ventoso (se quiser
um dia passar lá por casa, não se acanhe, ok?); embarca numa cruzada estúpida,
demagógica e perigosa, em querer trazer toda a casta de “migrantes” para dentro
do país (não se esqueça de arranjar umas tendas para montar nos jardins do
Palácio de Belém); condecora todo o bicho careta que lhe aparece pela frente,
incluindo gente de mau porte que conspirou contra o país e permite-se participar
numa “homenagem” a um cantor rock, cujo único mérito pessoal conhecido, foi ter
conseguido recuperar-se do vício da droga, num espectáculo circense pimba,
pífio e de muito mau gosto, para onde conseguiu arrastar (ou foram eles que se
juntaram?) o Presidente da AR e o Chefe do Governo.
Só faltou o
Presidente do Supremo Tribunal de Justiça…
Será que o ilustre
varão não se enxerga correndo o risco de, qualquer dia, ninguém o suportar e
querer ouvir ou ver?
Será que toda esta
gente não tem a menor noção que a Dignidade dos cargos (permanentes) que ocupam
(transitoriamente), necessita ser preservada e que eles não têm o direito, pela
sua má conduta, de a pôr em causa?
Será que não têm o
menor escrúpulo sobre a “Gravitas” da antiga sociedade romana?
Não há,
entretanto, um único problema importante (um único) do País que seja
devidamente equacionado, decidido e tratado.
Tudo é desatino,
desarticulação, corrupção, relativismo moral, negociatas.
O resto é circo
para empatar e entreter tolos, que é aquilo por que nos querem fazer passar.
O pão, esse,
continua a ser pago com o aumento da dívida (que é impagável…).
Mas como o povo
gosta, o povo quer, o povo tem…
Que bela
Democracia que temos.
Para imbecis.
João
José Brandão Ferreira
Oficial Piloto Aviador
[1]
Sem embargo nesta “democratíssima” sociedade em que vivemos deve referir-se que
na contagem dos votos apuraram-se 51,17% de abstenções; 1,24% de votos nulos e
0,92% de votos brancos. Ora manda o mais elementar bom senso que qualquer
eleição para valer, deveria contar com pelo menos 51% de votantes, entre a
massa dos eleitores recenseados.
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Com os meus cumprimentos:
Manuel A.
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