segunda-feira, 20 de novembro de 2017

Avó muito sozinha


2 comentários:

Ricardo A disse...

Mais um efeito do chamado "progresso tecnológico"(para não falar agora de outras formas de "progressismo")no século XXI.

M. Álvares disse...

Vamos ver se a moda passa, ou qual vai ser a seguinte.
Acompanhei o desenvolvimento da informática desde criança, em 2000 terminei um curso profissional e trabalhei alguns anos como programador informático, embora tenha ido estudar outra coisa mais tarde... mas como não encontrei trabalho nessa outra coisa e não pretendo emigrar, nem sequer migrar dentro de Portugal acabei por trabalhar na hotelaria.

Até recentemente fazia noites num hotel, apenas repousava (mas desperto) 30 minutos por noite quando podia (os seguranças da ronda admiravam-se de ser quase o único recepcionista que viam). Há dois anos o director do hotel onde ainda tenho contrato até quase ao final do ano (contrato precário renovado todos os anos), pediu-me para verificar manualmente na internet os preços dos hotéis da concorrência (mais de 20) em datas diferentes (cerca de 16 datas diferentes) e por tipo de alojamento; trabalho para efectuar todas as semanas. Ou seja, eu não faria mais nada durante a noite... seria um autêntico castigo. Para não perder tantas horas e a sanidade mental, programei um analisador de websites (em duas semanas) que retirava a informação que eu queria dos websites, assim em 30 minutos por semana obtia as listas de preços da concorrência para o ano inteiro, com o mínimo de esforço. O prémio foi acharem que havia trafulha, mas bem podiam confirmar os preços pois batiam todos certo. Ainda me pediram para comparar os preços entre as semanas diferentes... para ver se subiam ou desciam... programei tudo até a alteração automática de ficheiros para impressão em excel. Não fui recompensado em nada... a recompensa foi a de ter fintado o castigo (tive sorte de estudar, mas tem servido para pouco; na tropa fiz uma base de dados de pessoal com programação para a Unidade (Centro de Instrução de Artilharia Anti-aérea de Cascais) ao mesmo tempo que varria o chão da caserna e lavava as latrinas; não a balde, mas com uma mangueira que comprei. Mas tenho orgulho disso, acho que todos deviam passar pelo mesmo: tive o melhor e o pior impedimento ao mesmo tempo).

Agora tenho um projecto pessoal na área do artesanato (físico e real com o auxílio de tecnologia) e se tudo correr minimamente bem nunca mais quero voltar a trabalhar em hotelaria nem jantares de Natal a pagar pelos empregados... e aumentos de ordenado basicamente zero desde 2003 (aliás até fui "desaumentado")... mesmo sendo esta cadeia de hotéis muito lucrativa, aumentando preços e taxas de ocupação todos os anos.

Isto é só um desabafo. Apesar da tecnologia poder poupar muito tempo, ela pode roubar muito mais.

Hoje em dia opto por andar com o telemóvel em modo voo (embora até mesmo desligado emita radiações) ou deixá-lo no carro. Procuro ter o telemóvel sempre longe de mim e usá-lo o menos possível.

A tecnologia pode tentar substituir a vida real ou até mesmo sobrepor-se a ela; mas a vida real é a vida real; não há simuladores por mais inteligentes que sejam ou venham a ser que substituam a verdade.

Abdicar da tecnologia totalmente pode ser um erro. Mas a tecnologia é para servir o homem, não o homem para servir a tecnologia. O tempo do ser humano é precioso e irrepetível... a luta é pela atenção e pelo tempo do homem. Mais uma vez tudo parece resumir-se a uma luta entre o bem e o mal.

Só mais uma coisa, estudos indicam que cancros no cérebro incidem do lado em que se coloca a orelha no telemóvel... e que quanto mais se falar ao telemóvel maior a taxa de incidência. Especialmente quando se efectua uma chamada nunca se deve encostar a orelha ao aparelho, ao comunicar inicialmente com a antena para efectuar uma chamada dão-se os maiores picos radioactivos.

As radiações acumulam-se no organismo e no ambiente (assim como no telemóvel), dizem-nos que as de um telemóvel ou de uma antena wi-fi são inovensivas... agora resta somar milhares de antenas e telemóveis... nunca ninguém estudou verdadeiramente os impactos que isso pode ter.

Alonguei-me e divaguei, mas isto toca-me e assim partilho a minha experiência e ponto de vista.