“Os governos têm sido tão incompetentes (relativamente aos
incêndios) que até o dinheiro os estorva…”
(Cidadão português em
entrevista na, RTP 2, Jornal das 21:30, no dia 17/8/17)
Sobre toda
esta catástrofe nacional os incêndios florestais representam, já se verteram
resmas e resmas de artigos, opiniões, entrevistas, reportagens, estudos,
análises e o mais que a mente humana pode lucubrar.
Embora,
convenhamos, sem qualquer resultado prático.
Sobre um
aspecto, porém, tem recaído o mais sonoro silêncio, uma reserva púdica
inexplicável e um estado de negação militante, que tem impedido qualquer acção
minimamente eficaz sobre o mesmo.
Quero
referir-me à questão do fogo posto e da mão que está por detrás, sem dúvida
alguma a causa de 99% dos fogos, quer seja por negligência, quer por
premeditação criminosa.
Ora este é o
único âmbito em que praticamente não se fala – ou por outra fala-se mas
chuta-se para canto como fez o nosso primeiro, no passado Dia da Infantaria
(que por sinal, não se comemorou) - não existem estudos, nem relatórios
policiais, tão pouco alguma vez se pensou em estabelecer qualquer plano de
prevenção ou combate!
E, sem
embargo, nele reside a principal causa dos incêndios e a dificuldade em os
combater.
Porque é que
as coisas se passam assim?
É o que vamos
tentar dilucidar, mesmo correndo o risco que a censura existente – muito maior,
mais insidiosa, limitativa e perigosa (e nunca assumida) do que aquela
existente durante o Estado Novo - vá tentar por todos os meios silenciar.
A questão
explica-se fundamentalmente pelo mesmo fenómeno ocorrido na antiga URSS, em que
se levou muito tempo a que fosse criada uma polícia de investigação criminal (só
havia a KGB), já que era assumido que a bondade da ideologia comunista reinante
excluiria, à partida, que tais manifestações (criminosas) próprias de uma
sociedade burguesa e das contradições e exploração funestas do capitalismo, não
teriam lugar na nova sociedade socialista. A luz e o elixir do mundo!
Penso que o
raciocínio contemporâneo é semelhante. Pois não é suposto que estas coisas não
têm razão de ser numa sociedade dita democrática?
Além disso as
ideias racionalistas, jacobinas e positivistas, oriundas da Revolução Francesa
que tentaram (e têm conseguido) esmagar o Trono e o Altar, não colocaram o
homem no centro de tudo – apeando Deus de tal pedestal - e o individuo como
“Rei” e “Senhor” de si mesmo?
Como é que um
qualquer se pode comportar desta maneira ateando fogos, pelo prazer mórbido da
destruição, do espectáculo, de um qualquer apetite vicioso ou mais
pragmaticamente, pela ideia avara da ganância e da vingança?
E os
discípulos de Rousseau e outros de semelhante jaez, não andaram e andam, a
pregar a bondade dos seres que nascem, a igualdade que lhes assiste e o facto da
sociedade é que os transforma para o pior, no maior exercício de desresponsabilização
individual e colectiva, que jamais foi posto em marcha?
Ou seja
ninguém pode ser responsabilizado ou castigado (além de ser proibido proibir)!...
A única coisa
que se pode fazer é explicar, desculpar, integrar, facultar as oportunidades
todas e mais algumas, reeducar e mais uma quantidade de chavões que estão a
sepultar a sociedade num cemitério de coitadinhos desvalidos?!
E ainda virá o
dia em que se defenderá, num espectro cada vez maior de imbecilidade colectiva
onde só existem direitos e nenhuns deveres (a não ser o sacrossanto dever de
pagar impostos, pudera!), que o cidadão também tem o direito quando lhe der na
realíssima telha, de pegar fogo ao seu hectare anual, como se tal fosse uma
espécie de tiro ao pato numa feira minhota, onde antigamente o varapau era rei!
Será que
ninguém (com responsabilidade) quer perceber e assumir que em cada pessoa e na
natureza humana, coexiste o Bem e o Mal e que temos que organizar a sociedade,
pelo tempo em que por cá andamos, de modo a que as acções do lado do Bem vençam
as do lado do Mal? E que não só as vençam, como as enterrem, sempre que
possível?
As coisas são
o que são e não as que gostaríamos que fossem…
No Portugal
florido a cravos e agora regado a afectos, também não passa pela cabeça de
ninguém que possa haver acções subversivas do Estado e da Nação.
Pois bem a mim
parece-me que esta acção demoníaca e demolidora, dos incêndios florestais pelas
implicações e estragos que provoca, bem se pode classificar como subversiva e
terrorista!
Por tudo isto
espanta que o edifício legal não seja adequado para fazer face a esta onda de
criminalidade e taradice; não se desenvolva um tipo de prisões (diria uma
espécie de campo de concentração) para arrecadar pirómanos; não haja
investigação criminal a sério que permita descobrir as origens de toda esta
débacle e descortinar acções de causa/efeito; os juízes soltam sistematicamente
aqueles que as Forças de Segurança vão capturando; não haja escrutínio para uma
série de funções ligadas a toda esta temática (incluindo bombeiros) e informações
sobre cidadãos em “desequilíbrio mental” e sobre eles se tomem acções
preventivas.
A vigilância
tem que aumentar muitíssimo, os castigos devem ser duríssimos e a indústria
nacional (diria a Força Aérea) deve desenvolver rapidamente um “drone” especialmente
dedicado àquele efeito.[1]
Cumulativamente
com tudo isto parece existir medo nas entidades governativas em se falar neste
assunto, por receio que a fúria popular possa fazer justiça pelas próprias
mãos.
É isto que
explica, certamente, o dito a despropósito do Director da Polícia Judiciária,
sobre a trovoada seca que teria provocado o incêndio de Pedrógão Grande, ao
lançar um raio sobre a infeliz árvore cuja identificação certeira no meio de
milhares, tinha sido localizada sem sombra de qualquer dúvida!
Mal comparado
é assim como antigamente os jornais não darem notícias (e bem) sobre suicídios,
ou os de hoje (mal) deixarem de noticiar as prisões dos pedófilos (mais uns
anos de Bloco de Esquerda e lá os teremos legalizados, quiçá, incentivados…).
Só que as
coisas não são comparáveis e a actual política de esconder o sol com a peneira,
só irá exacerbar o sentimento de revolta já latente, não havendo futebol,
novelas ou concertos, que o trave – talvez só mesmo a praia, quando toda a
população portuguesa estiver acotovelada a viver junto à linha de costa….
Enfim, criámos
uma sociedade amoral, paralisada politicamente pela demagogia e pela mentira e
onde apenas o negócio transformado no (quase) vale tudo faz sair o cidadão da
atonia.
O meu prezado
concidadão da citação acima, tem carradas de razão.
O País, esse,
vai continuar a arder.
[1]
Drone – veículo aéreo não tripulado.
2 comentários:
Sr. Tenente Coronel Brandão Ferreira
Tendo em consideração este seu excelente texto, limito-me a dizer:
Nesta nossa "democracia" tudo tem falhado porque tudo tem sido feito para:
Abolir Deus: a Igreja Cristã falhou e dá cada vez mais maus exemplos. Os conceitos de Moral e respeito por tudo o que nos rodeia não se cultivam, combatem-se ou ignoram-se.
Abolir a Pátria: A Escola falhou por não acarinhar esta noção, não a estuda nem a explica; mente e omite a verdade histórica.
Falhou a Instituição Militar por aceitar o fim do Serviço militar obrigatório; consequentemente passou a faltar a escola de Homens onde se incutiam valores essenciais para a Vida e a plena consciência da Nação, do Eu e do meu Semelhante.
Abolir a Família: A sociedade civil coagida pelos baixíssimos salários vê-se na contingência de criar os poucos filhos que ainda pode ter em creches, longe das mães (suas primeiras e naturais educadoras e mestras).
Estas crianças perdem, assim, naturalmente, os fortes laços que unem e dão coesão às Famílias (não só àquelas a que pertencem como às que irão formar).
Tudo se esboroa nesta nossa época de ambição desmedida, despudor e desrespeito pela Vida e pelo Ser Humano.
Meus cumprimentos
Manuel A.
A presença do Adamastor está a tardar no Facebook. A rede social permite a partilha de informação à velocidade da luz tornando a difusão das ideias bastante eficaz. Refiro o filósofo conservador prof. Olavo de Carvalho com um exemplo a seguir, esse homem já tem milhares de amigos e seguidores sendo a sua obra e o seu pensamento amplamente conhecido.
Cumprimentos,
António Silva
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