“E ainda muitos dos meus naturais
que, por alguns negócios estão desterrados dos meus reinos, é melhor que
estejam aqui fazendo serviço a Deus e cumprindo sua justiça, do que irem-se para
terras estranhas e desnaturarem-se para sempre da sua terra”.
Fala de D. João I, in “Crónica da
Tomada de Ceuta”, de Zurara
Parece que passámos a ter uma nova classe de cidadãos no mundo: Os “migrantes”!
De um dia para o outro, deixou de
se falar em imigração/emigração; refugiados; fugitivos; párias; perseguidos
políticos, etc.; passámos a ter migrantes.
Fomos ao dicionário ver: vem do
latim e designa aquele que muda de país.
Ora quem muda de país tem que se
sujeitar às regras dos países objecto da mudança. Não parece ser nada disto que
se passa, por um lado porque de uma parte não há regras e do outro não se
aplicam…
O que se passa é que esta
designação passou a designar (vá-se lá saber porque bulas) as sucessivas vagas
de refugiados que vêm do Norte de África, tentarem acolher-se ao “velho
Continente”.
Porque o fazem?
Basicamente para fugir à guerra,
às injustiças, à pobreza, às purgas, ao genocídio, às perseguições e a todo um
restante rol de desgraças que assola o mundo desde o seu começo.
Sobretudo ao desespero e à falta
de esperança…
As “migrações” não são de agora,
sempre ocorreram desde a Antiguidade, acomodando-se à força.
Desde que começou a haver
fronteiras e o seu contínuo oscilar (Portugal é um felizardo neste âmbito pois
tem as suas – no Oeste da Europa, que é o que nos resta - mais antigas e
estabilizadas, desde 1297, havendo apenas o lamentável contencioso relativo a
Olivença e seu termo, pendente).
Bolsas de nacionalidades têm
ficado espalhadas por outros territórios que não são originalmente o seu, com
as graves implicações para o futuro que tal fenómeno sempre acarretou.
Ora a questão dos refugiados (não
migrantes) levanta sempre um problema ético grave, de muito difícil solução, já
que não é moralmente aceitável não prestar ajuda a quem está em risco de morrer
ou ficar desamparado.
A situação actual está, porém, na
fronteira de ficar fora de controlo, por insustentável e poder vir a criar
tensões sociais explosivas, originando mini guerras civis por toda a Europa.
Vejamos.
A partir, sobretudo, dos anos 50
e 60, do século XX, verdadeiras vagas de emigrantes vieram procurar trabalho
nos países europeus vindos, na sua maioria, de África e alguns da Ásia e do
Médio Oriente.
Por outro lado, também se
verificaram deslocações de milhões de pessoas dentro da própria Europa (já para
não falar dos deslocamentos directamente relacionados com o fim da II Guerra
Mundial), nomeadamente dos países mais pobres para os mais ricos.
Ficou imune ao fenómeno (salvo o
relacionado com a II GM) o bloco soviético, não só pela pobreza que por lá
existia, como pela odiosa ideologia com que escravizavam os seus povos e o
controlo paranoico exercido nas fronteiras.
Um lote alargado de razões
originou as vagas de emigração referidas, a saber: o “boom” económico no Ocidente,
após a guerra; o excesso de população e pobreza existente em vários países do
globo e a estreita relação de muitos países europeus com povos e territórios
que estavam ou tinham estado sob sua administração colonial.
Por outro lado, a partir dos anos
60, a facilidade do controlo artificial da fertilidade; o aumento do aborto
legal; a luta da “libertação da mulher”; o predomínio dos direitos face aos
deveres; o consumismo e o hedonismo, etc., complementadas com a melhoria da
segurança social e outros fenómenos sociais, levaram à quebra brutal da
natalidade, na Europa, com os consequentes problemas demográficos.
Tal originou a necessidade de
emigrantes, o que levou ao aparecimento de redes de tráfico e a modernas formas
de “escravatura” social.
A demagogia da caça ao voto – que
é a doença infantil da “Democracia” – fez o resto.
E já nem quero falar noutro
âmbito – que é um patamar diferente de discussão – que tem a ver com a mistura
“artificial” de populações, que visa objectivamente, o desaparecimento da raça
branca e, a prazo, o fim das nações (dada a misturada alargada e não só) e, em
sua substituição haver apenas uma cidadania universal com o respectivo governo
mundial…
Ideias que nasceram na Europa dos
anos 20 (interrompido pela IIGM), com origem num tal senhor Richard Kallergy e no
Movimento Pan - Europeu, e cujo nome deu origem a um prémio ainda hoje
entregue, em Viena de Áustria, no âmbito da UE.
Vamos, sem embargo, deixar esta
discussão para outras núpcias.
A questão da emigração envolve,
outrossim, um lado ideológico, politicamente correcto, que foi consubstanciado
na doutrina do “multicuralismo”, e que se transformou num desastre extenso,
pois representa um modelo que separa e não integra, dando origem a uma ilusão
de prosperidade e de respeito mútuo.
Para além do mais o sistema
estava condenado a falhar pela simples razão de que a grande maioria das
populações é racista e uma percentagem elevada de emigrantes também o é, e não
se quer ou consegue, integrar.
Entre estes últimos, tomam
especial relevância, aqueles imbuídos da religião muçulmana que, além de não
quererem integrar-se e serem uma espécie de “racistas religiosos” – como aliás
a maioria dos judeus sionistas, que tratam os não aderentes à Lei do Talmude,
com o termo depreciativo “goyin” – ainda querem impôr as suas regras e o seu
modo de vida, aos locais!
Ora tudo isto passou a tomar
proporções tais que está, aos poucos, a sair fora de controlo e a gerar tensões
que se não forem esvaziadas – e nada aponta para tal – irão pulverizar a Europa
em depredações violentas, cujo alcance, extensão e consequências ninguém pode
prever.
A reacção dos políticos tem sido
a de meter a cabeça na areia como a avestruz e assobiar para o lado – ou não
fosse a sua actuacção no passado a principal causa do imbróglio em que estamos
metidos.
A maioria da população
narcotizada pela imbecilidade e cultura do desfrute, reinante; inchada de
direitos e bajulada pelo sistema dito democrático, opulento; vivendo centrada
em si, num egoísmo e narcisismo que se suplanta a Deus, vive anestesiada,
baralhada e, até, acobardada na esperança (vã) de ir vivendo sem ser afectada.
Todos os ingredientes estão
reunidos para que as coisas acabem mal.
É neste quadro, assaz sucinto,
que as fronteiras Sul da Europa – depois da fuga em catadupa dos cidadãos dos
países de leste, após a queda do muro de Berlim – se vêm ameaçadas por dezenas
de milhares de refugiados (hão - de ser mais!) vítimas do descalabro
civilizacional que varre grande parte do globo.
Descalabro em muitos casos
causado pelas grandes potências do Ocidente, que abandonaram cobardemente a
África à sua sorte; não sabem lidar com os países muçulmanos (que têm uma
maneira de ser e estar em tudo distinta); que se afundam voluntariamente no
vício, na corrupção dos negócios e na rejeição da sua matriz cristã; na negação
da sua própria cultura e no assalto geopolítico às fontes de matérias - primas,
só para ficarmos por aqui.
Mas não podemos deixar de frisar
a sua completa sujeição às fontes de poder financeiro que se escondem constantemente
atrás de organizações difusas.
Tendo, ainda, há muito esquecido
um princípio de Jean Bodin: “Contudo, mesmo assim, a pior das tiranias não é
tão má como a anarquia, onde não há qualquer forma de República, nem ninguém
que comande, ou que obedeça” (livro VI, Cap. IV)[1].
O exemplo mais gritante foram as
recentes consequências da “Primavera árabe”…
É difícil – a não ser que seja
propositado – fazer tantas asneiras seguidas, em qualquer parte do mundo!
A União (!) Europeia, onde
aparenta confluir a mais incapaz classe política de todos os tempos, não lhe
ocorre mais nada do que querer distribuir, mais equitativamente, os refugiados
pela totalidade dos países membros, estabelecendo quotas.
Falta porém arranjar uma
definição de “equitativamente”, que satisfaça a miríade de interesses de cada
estado…
E, apesar da Comissão Europeia
oferecer dinheiro – que é a única coisa, insiste-se, que sabem fazer, estão a
arranjar mais um molho de brócolos que a todos dividirá.
Todos? Eu disse todos?
Perdão, em Lisboa grassa o
optimismo e a mania parola de querer ser sempre o melhor aluno e de aceitar
tudo o que vem de fora numa despersonalização acéfala que até doí.
E além de aceitarem – agora com
uma “nuance” de finta, lembrando o problema do desemprego – os 778 refugiados
propostos, que não irão parar de subir se o sistema for aprovado, pois há
milhões a fugir, ainda vem o Primeiro-Ministro defender que a política de
emigração deve ser liberalizada!
Há que o enviar já a uma junta de
médicos, que são três (ao contrário de uma junta de bois, que são dois), para
aferir do seu estado psicossomático…
O que há a fazer, infelizmente, -
o pragmatismo neste caso vai ter que ferir alguma justiça e preceitos éticos,
sob pena da situação se tornar ainda pior para todos – é justamente o de cerrar
mais as portas e exercer um controlo maior. O acordado em Schengen tem de ser
revisto de alto a baixo.
Como medida preventiva,
profilática e dissuasora!
Se assim não acontecer, além de
não se resolver nenhum problema, arriscamo-nos a um verdadeiro “tsunami”
político e social que a todos prejudicará.
Os problemas devem ser resolvidos
fora das nossas fronteiras (não os importando), evitando-se a guerra e as
injustiças sociais; obrigando a que cada país resolva os seus problemas; responsabilizando
quem mal procede (a eterna luta entre o Bem e o Mal…) e impondo sanções;
prendendo e, ou, eliminando os traficantes de humanos e devolvendo à
procedência os clandestinos.
Em tudo isto tem mais uma vez
evidenciado a sua falência, aquela organização desconforme, com sede em Nova
Iorque, conhecida por ONU.
E, sobretudo, impondo o respeito
da nossa ordem e valores sociais e morais a quem vem viver connosco.
Deve-se ainda perguntar, já
agora, ao Governo de Passos Coelho/Portas, quantos “migrantes” irão viver para
casa de cada um dos políticos que fazem parte do Executivo; dos Parlamentares
ou, eventualmente, irão acampar nos jardins da Presidência.
É que estão a tentar meter gente
em nossa casa, que nós não convidámos e ninguém perguntou se queríamos receber.
Há uma luta contra o tempo, que é
um recurso escasso.
Mais escasso até, que o dinheiro.
[1]
“Six livres de la République”, publicado em 1576. Jean Bodin (1530-1596),
jurisconsulto francês – um clássico da Ciência Política.
2 comentários:
Prevejo que nem todos os povos Europeus sobreviveram a estes "ventos" da história.
Acho que aparece tarde para a problemática: mistura "artificial" de populações, que visa objectivamente, o desaparecimento da raça branca e, a prazo, o fim das nações...
Aguardo então por o prometido texto.
Se os bons continuam de braços cruzados e os competentes não surgem para organizar a sociedade, então vamos continuar a ter mais do mesmo. Este é ainda o tempo favorável.
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