segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

DEFESA E SEGURANÇA – CURTAS E GROSSAS IV

A Espanha único país com o qual voltámos a ter fronteiras desde a conquista de Ceuta, em 1415, continua a fazer-nos má vizinhança por causa das Ilhas Selvagens.
 
A questão última gira à volta de uma área de 10.000 Km2, que uma proposta do Estado Espanhol sobre o alargamento da Plataforma Continental das Canárias nos iria “roubar”, caso seja aprovada.
Está na altura do que resta do governo português sair da sua modorra cobardolas, a que normalmente se remete, e faça qualquer coisa com verdadeiro significado político.
Dou alguns exemplos.
Colocar a resolução do problema de Olivença em cima da mesa da próxima cimeira Luso-Espanhola (não “Ibérica”).
Enviar uma ou duas fragatas e instalar, temporariamente, um pelotão de fuzileiros e uma bataria de mísseis antiaéreos, nas Selvagens (o que só lhes fazia bem: respiravam ar puro e observavam a natureza no seu esplendor – caso ainda haja dinheiro para lhes pagar as ajudas de custo, bem entendido).
Em simultâneo, uma esquadrilha de F-16 “voaria” até Porto Santo onde fariam umas missões de treino aos “abibes” (filhotes dos Falcões – nome dado aos pilotos em treino na esquadra do mesmo nome).
Tal não parece má ideia, mesmo que pudesse causar alterações do foro psicossomático aos deputados do Bloco de Esquerda, dado o seu conhecido credo pacifista. Tinha ainda a vantagem de aproveitar as horas de voo disponíveis à pala da venda dos 12 F-16 à Roménia – quando os romenos se forem embora, a esquadra fecha…
Finalmente aproveitava-se para fazer um exercício de mobilização parcial dos cidadãos até aos 35 anos, que estejam na “reserva territorial”, o que sempre dava para explicitar, á luz do dia, o caos que uma tal decisão provocaria! Etc..
Acredito, porém, que nada disto se venha a passar; inclino-me, por outro lado, que se estabeleçam, á sorrelfa, umas conversações quaisquer em que os governantes “tugas” vão ceder em toda a linha, inventando-se uma contrapartida piedosa, para salvar a face.
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Abandonado que foi, por um governo, o programa dos “Navios de Patrulha Oceânica” da Classe Viana do Castelo”, que foi uma concepção da Armada Nacional, por via do encerramento dos estaleiros sitos na cidade que lhe deu o nome, vai agora comprar-se quatro patrulhas (“Stanflex 300)”, em segunda mão, à Marinha do Reino da Dinamarca.
Tal desiderato já foi aprovado na revista Lei de Programação Militar – sendo bom lembrar que, até hoje, nunca uma lei destas foi cumprida na sua plenitude, estando constantemente a ser revistas, significando na prática, ir-se cortando ou cancelando programas…
É lamentável que tudo isto tenha acontecido.
Primeiro porque a Marinha não vai obter o que pretendia e melhor cumpria os requisitos operacionais estabelecidos; depois, porque é material já usado, com uma expectativa de vida operacional limitada e implica mais um sistema logístico dispendioso; por último porque o país vai perdendo toda a capacidade de construção naval e de manter conhecimentos nesta área. Ficamos assim, sem qualquer autonomia e inviabilizando qualquer capacidade de exportação futura.
A cegueira estratégica das “elites” governantes anda ao nível das fossas abissais.
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A saga dos submarinos continua. A confusão também.
Esta confusão é, aliás, muito conveniente a quem, neste âmbito, não tem bons propósitos.
Uma distinção é prioritária fazer á cabeça: a de que a necessidade e a qualidade dos submarinos não têm nada a ver com eventuais actos de corrupção ou atropelos legais, na fase da sua aquisição.
Ora esta distinção não aparece clara nem ninguém fala nela, o que parece ser de propósito.
É preciso deixar bem claro, e assentar, que os submarinos são absolutamente necessários aos interesses nacionais; ao conceito estratégico de defesa nacional, aprovado, e às missões, dispositivo e sistema de forças que dele decorrem.
Aliás, deviam ser três submarinos e não dois, como inicialmente aprovado.
É necessário ainda não haver dúvidas que a qualidade dos submersíveis nunca esteve em causa, pois são do melhor que se fabrica e permitem às FA cumprirem um leque alargado de missões, com uma flexibilização táctica notável e, até, com alguma capacidade estratégica.
O seguinte ponto a esclarecer é que, os militares nada têm a ver com o negócio da compra dos submarinos, pois há muito que o poder político teve o “cuidado” de retirar os organismos militares do circuito da compra e venda de equipamento militar.
Por último o que parece ter corrido bastante mal é o processo das contrapartidas que são oferecidas/negociadas, a fim de tornar o contrato mais atraente e, desse modo, influir na decisão.
Estas contrapartidas costumam tomar a forma de investimentos, ou compras noutras áreas de negócio; transferência de tecnologia; incorporação de componentes subcontratados a empresas nacionais, etc..
Acresce, neste caso, o facto do financiamento da compra dos submarinos ter sido feita através de bancos em sistema de “leasing”.
Enfim, entre decisão e negócio o assunto arrastou-se por cerca de duas décadas…
Se no meio disto tudo foram pagas “luvas” ou “comissões” indevidas, a pessoas singulares ou para eventuais “sacos azuis” partidários ou, por via disso, houve qualquer outro dolo, ou dano; se houve má - fé nas contrapartidas, ou estas apenas serviram de “cortina de fumo” para “inglês ver”, ou qualquer outro ilícito, cabe às autoridades judiciais investigarem e actuarem em conformidade.
Haver empenhamento político para que as coisas se esclareçam; emendar procedimentos/legislação (ou não) e castigar eventuais infractores, é o normal que se deve exigir.
Até lá deixem os submarinos em paz e a Marinha operá-los e mantê-los.
Tenha-se esperança que nunca seja necessário usar as suas armas em termos reias, mas que não se hesite em fazê-lo caso seja necessário.
É que já não há pachorra!
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 Com a constante fuga de pessoal navegante da Força Aérea, do serviço activo – pois de uma verdadeira fuga se trata – as esquadras que operavam os helicópteros EH 101 (e não só) – uma excelente, complexa e, naturalmente, cara aeronave – ficaram muito decapitadas de pilotos, nomeadamente comandantes de bordo.
Tal facto levou, por exemplo, à incrível situação do helicóptero (deviam ser, no mínimo dois), que está destacado no Arquipélago da Madeira, não tivesse a tripulação completa, sendo o comandante de bordo, transportado de Lisboa (de Falcon) em caso de emergência SAR (busca e salvamento).
Caso houvesse disponibilidade de avião e de piloto, acrescentamos nós.
A FA conseguiu, ao fim de seis meses, formar um novo comandante de bordo, obviando-se assim à situação.
Devido às restrições orçamentais continuadas e outras, a FA encontra-se, já há muito, a viver três paradoxos: o de haver poucos pilotos que voam “de mais”; haver outros tantos que voam de menos (ou pura e simplesmente, não voam) e, mais grave de tudo, está quase sem capacidade para formar novos pilotos, nem de regenerar as qualificações dos existentes.
Tudo como dantes, quartel – general em Abrantes.
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Na sequência do escândalo dos “vistos gold”, veio à tona, uma suspeita de actuação de elementos do Serviço de Informações de Segurança (SIS), que andariam a “limpar” provas de um dos detidos, mais concretamente o ex-diretor do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras.
Outros casos e suspeitas existem de actuação menos consentânea e até de ligações perigosas entre membros do SIS e negócios.
Passados algumas semanas, o Primeiro-Ministro, algo discretamente, demitiu o Director do SIS, suspeito de ligações à Maçonaria, substituindo-o pelo seu número dois, igualmente suspeito de pertencer à mesma agremiação.
Aliás confrontado com uma pergunta directa e pública de uma Deputada do PSD – pergunta que não foi, certamente, inocente – o novel director, aos costumes disse nada.
Nesta questão de evitar que qualquer figura que vá ocupar um cargo público seja confrontado e tenha de responder a esta questão – o que seria do mais elementar bom senso e conveniência política – anda muito empenhado um antigo ministro socialista, também ele membro da “confraria do avental”, e já com especiais responsabilidades na matéria, no seu curriculum.
Pergunta-se: porque é que o PM não aproveitou a ocasião para ir mais além, no “saneamento” dos serviços?
Porque se continua a manter possíveis membros de sociedades secretas/discretas à frente de organismos de especial relevância, sem tirar tal facto a limpo?
Porque é que, aparentemente, as obediências maçónicas têm tanto empenho em “infiltrar elementos seus nos serviços secretos? (Serviços que, desde 1974 são uma questão mal arrumada e ou, não funcionam, ou deixam muito a desejar).
No estado em que estão as coisas, quando algum governo quiser endireitar os Serviços de Informação, vão ter que lá meter um militar, general ou não, que seja isento.
O que não se vislumbra que vá acontecer, já que esta gente dos Partidos, a começar no PSD, têm os militares na pior das contas. E, de resto, não descansaram enquanto não os tiraram de lá.

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