A Espanha único país com o qual
voltámos a ter fronteiras desde a conquista de Ceuta, em 1415, continua a
fazer-nos má vizinhança por causa das Ilhas Selvagens.
A questão última gira à volta de
uma área de 10.000 Km2, que uma proposta do Estado Espanhol sobre o alargamento
da Plataforma Continental das Canárias nos iria “roubar”, caso seja aprovada.
Está na altura do que resta do
governo português sair da sua modorra cobardolas, a que normalmente se remete,
e faça qualquer coisa com verdadeiro significado político.
Dou alguns exemplos.
Colocar a resolução do problema
de Olivença em cima da mesa da próxima cimeira Luso-Espanhola (não “Ibérica”).
Enviar uma ou duas fragatas e
instalar, temporariamente, um pelotão de fuzileiros e uma bataria de mísseis
antiaéreos, nas Selvagens (o que só lhes fazia bem: respiravam ar puro e
observavam a natureza no seu esplendor – caso ainda haja dinheiro para lhes
pagar as ajudas de custo, bem entendido).
Em simultâneo, uma esquadrilha de
F-16 “voaria” até Porto Santo onde fariam umas missões de treino aos “abibes”
(filhotes dos Falcões – nome dado aos pilotos em treino na esquadra do mesmo
nome).
Tal não parece má ideia, mesmo
que pudesse causar alterações do foro psicossomático aos deputados do Bloco de
Esquerda, dado o seu conhecido credo pacifista. Tinha ainda a vantagem de
aproveitar as horas de voo disponíveis à pala da venda dos 12 F-16 à Roménia –
quando os romenos se forem embora, a esquadra fecha…
Finalmente aproveitava-se para
fazer um exercício de mobilização parcial dos cidadãos até aos 35 anos, que
estejam na “reserva territorial”, o que sempre dava para explicitar, á luz do
dia, o caos que uma tal decisão provocaria! Etc..
Acredito, porém, que nada disto
se venha a passar; inclino-me, por outro lado, que se estabeleçam, á sorrelfa,
umas conversações quaisquer em que os governantes “tugas” vão ceder em toda a
linha, inventando-se uma contrapartida piedosa, para salvar a face.
*****
Abandonado que foi, por um governo,
o programa dos “Navios de Patrulha Oceânica” da Classe Viana do Castelo”, que
foi uma concepção da Armada Nacional, por via do encerramento dos estaleiros
sitos na cidade que lhe deu o nome, vai agora comprar-se quatro patrulhas
(“Stanflex 300)”, em segunda mão, à Marinha do Reino da Dinamarca.
Tal desiderato já foi aprovado na
revista Lei de Programação Militar – sendo bom lembrar que, até hoje, nunca uma
lei destas foi cumprida na sua plenitude, estando constantemente a ser
revistas, significando na prática, ir-se cortando ou cancelando programas…
É lamentável que tudo isto tenha
acontecido.
Primeiro porque a Marinha não vai
obter o que pretendia e melhor cumpria os requisitos operacionais
estabelecidos; depois, porque é material já usado, com uma expectativa de vida
operacional limitada e implica mais um sistema logístico dispendioso; por
último porque o país vai perdendo toda a capacidade de construção naval e de
manter conhecimentos nesta área. Ficamos assim, sem qualquer autonomia e
inviabilizando qualquer capacidade de exportação futura.
A cegueira estratégica das
“elites” governantes anda ao nível das fossas abissais.
*****
A saga dos submarinos continua. A
confusão também.
Esta confusão é, aliás, muito
conveniente a quem, neste âmbito, não tem bons propósitos.
Uma distinção é prioritária fazer
á cabeça: a de que a necessidade e a qualidade dos submarinos não têm nada a
ver com eventuais actos de corrupção ou atropelos legais, na fase da sua
aquisição.
Ora esta distinção não aparece
clara nem ninguém fala nela, o que parece ser de propósito.
É preciso deixar bem claro, e
assentar, que os submarinos são absolutamente necessários aos interesses
nacionais; ao conceito estratégico de defesa nacional, aprovado, e às missões,
dispositivo e sistema de forças que dele decorrem.
Aliás, deviam ser três submarinos
e não dois, como inicialmente aprovado.
É necessário ainda não haver dúvidas
que a qualidade dos submersíveis nunca esteve em causa, pois são do melhor que
se fabrica e permitem às FA cumprirem um leque alargado de missões, com uma
flexibilização táctica notável e, até, com alguma capacidade estratégica.
O seguinte ponto a esclarecer é
que, os militares nada têm a ver com o negócio da compra dos submarinos, pois
há muito que o poder político teve o “cuidado” de retirar os organismos
militares do circuito da compra e venda de equipamento militar.
Por último o que parece ter corrido
bastante mal é o processo das contrapartidas que são oferecidas/negociadas, a
fim de tornar o contrato mais atraente e, desse modo, influir na decisão.
Estas contrapartidas costumam
tomar a forma de investimentos, ou compras noutras áreas de negócio; transferência
de tecnologia; incorporação de componentes subcontratados a empresas nacionais,
etc..
Acresce, neste caso, o facto do
financiamento da compra dos submarinos ter sido feita através de bancos em
sistema de “leasing”.
Enfim, entre decisão e negócio o
assunto arrastou-se por cerca de duas décadas…
Se no meio disto tudo foram pagas
“luvas” ou “comissões” indevidas, a pessoas singulares ou para eventuais “sacos
azuis” partidários ou, por via disso, houve qualquer outro dolo, ou dano; se
houve má - fé nas contrapartidas, ou estas apenas serviram de “cortina de fumo”
para “inglês ver”, ou qualquer outro ilícito, cabe às autoridades judiciais
investigarem e actuarem em conformidade.
Haver empenhamento político para
que as coisas se esclareçam; emendar procedimentos/legislação (ou não) e
castigar eventuais infractores, é o normal que se deve exigir.
Até lá deixem os submarinos em
paz e a Marinha operá-los e mantê-los.
Tenha-se esperança que nunca seja
necessário usar as suas armas em termos reias, mas que não se hesite em fazê-lo
caso seja necessário.
É que já não há pachorra!
*****
Com a constante fuga de pessoal navegante da
Força Aérea, do serviço activo – pois de uma verdadeira fuga se trata – as
esquadras que operavam os helicópteros EH 101 (e não só) – uma excelente,
complexa e, naturalmente, cara aeronave – ficaram muito decapitadas de pilotos,
nomeadamente comandantes de bordo.
Tal facto levou, por exemplo, à
incrível situação do helicóptero (deviam ser, no mínimo dois), que está
destacado no Arquipélago da Madeira, não tivesse a tripulação completa, sendo o
comandante de bordo, transportado de Lisboa (de Falcon) em caso de emergência
SAR (busca e salvamento).
Caso houvesse disponibilidade de
avião e de piloto, acrescentamos nós.
A FA conseguiu, ao fim de seis
meses, formar um novo comandante de bordo, obviando-se assim à situação.
Devido às restrições orçamentais
continuadas e outras, a FA encontra-se, já há muito, a viver três paradoxos: o
de haver poucos pilotos que voam “de mais”; haver outros tantos que voam de
menos (ou pura e simplesmente, não voam) e, mais grave de tudo, está quase sem
capacidade para formar novos pilotos, nem de regenerar as qualificações dos
existentes.
Tudo como dantes, quartel –
general em Abrantes.
*****
Na sequência do escândalo dos
“vistos gold”, veio à tona, uma suspeita de actuação de elementos do Serviço de
Informações de Segurança (SIS), que andariam a “limpar” provas de um dos
detidos, mais concretamente o ex-diretor do Serviço de Estrangeiros e
Fronteiras.
Outros casos e suspeitas existem
de actuação menos consentânea e até de ligações perigosas entre membros do SIS
e negócios.
Passados algumas semanas, o
Primeiro-Ministro, algo discretamente, demitiu o Director do SIS, suspeito de
ligações à Maçonaria, substituindo-o pelo seu número dois, igualmente suspeito
de pertencer à mesma agremiação.
Aliás confrontado com uma pergunta
directa e pública de uma Deputada do PSD – pergunta que não foi, certamente,
inocente – o novel director, aos costumes disse nada.
Nesta questão de evitar que
qualquer figura que vá ocupar um cargo público seja confrontado e tenha de
responder a esta questão – o que seria do mais elementar bom senso e
conveniência política – anda muito empenhado um antigo ministro socialista,
também ele membro da “confraria do avental”, e já com especiais
responsabilidades na matéria, no seu curriculum.
Pergunta-se: porque é que o PM
não aproveitou a ocasião para ir mais além, no “saneamento” dos serviços?
Porque se continua a manter
possíveis membros de sociedades secretas/discretas à frente de organismos de
especial relevância, sem tirar tal facto a limpo?
Porque é que, aparentemente, as
obediências maçónicas têm tanto empenho em “infiltrar elementos seus nos
serviços secretos? (Serviços que, desde 1974 são uma questão mal arrumada e ou,
não funcionam, ou deixam muito a desejar).
No estado em que estão as coisas,
quando algum governo quiser endireitar os Serviços de Informação, vão ter que
lá meter um militar, general ou não, que seja isento.
O que não se vislumbra que vá
acontecer, já que esta gente dos Partidos, a começar no PSD, têm os militares
na pior das contas. E, de resto, não descansaram enquanto não os tiraram de lá.
Sem comentários:
Enviar um comentário