“Tantas vezes vai o cântaro à fonte…”
Aforismo popular
A reforma do Estado que “todos”
reclamam e ninguém faz, passou a ser um cliché vazio de sentido. Por inócuo e
indefinido.
Passou apenas a ser um chavão que os políticos intermitentemente expelem na sua loquacidade balofa e mentirosa.
Passou apenas a ser um chavão que os políticos intermitentemente expelem na sua loquacidade balofa e mentirosa.
Não se pode (deve) fazer a
reforma do Estado sem começar por se reformar o sistema político, quiçá, o
próprio regime político.
Ora neste (s) ponto (s) quase
ninguém quer tocar ou mexer.
Seguramente os agentes políticos
existentes, não querem. Logo não haverá reforma do Estado. Até este colapsar, é
claro.
O resto tem a ver com seriedade e
competência.
Ora o sistema político baseado em
Partidos Políticos tem mostrado à saciedade que é a antítese do atrás apontado.
É isto que gera leis mal feitas,
corrupção, imoralidade, maus exemplos, injustiças, etc..
E, quando a falta de seriedade e
competência se transpõe para a geopolítica arriscamo-nos a ver o país passar
vergonhas e desaparecer.
A maioria da população ao dar-se
conta de tudo isto (leva tempo, mas dá), deixa de ter respeito pelos
dirigentes, zurze-os com todos os adjectivos que há de pior no dicionário,
tenta isentar-se por todos os meios aos deveres de pertencer a uma comunidade,
passa ao “modo de sobrevivência” e, na pior hipótese, torna-se conivente activo
da pouca - vergonha.
Estes últimos casos não são
despiciendos.
Deste modo em vez de construirmos
uma Democracia que se aperfeiçoa com o concurso dos melhores e bem - intencionados,
afundamo-nos na partidocracia, na plutocracia e na corruptocracia.
A fronteira para a “bandalheirocracia”
passa a ser ténue.
A “fome de sangue” para lavar as
afrontas e injustiças, também.
*****
A semana que decorreu entre 17 e
23 de Novembro é exemplo do que acabámos de escrever e vai ficar nos anais da
História da Nação portuguesa.
Por um lado por ser das mais
vergonhosas, por outro e em simultâneo, como aurora de esperança. Esperança de
que as coisas possam mudar…
Estamos a referir-nos ao
encadeamento de escândalos e acções escandalosas que se sucederam em catadupas
de gravidade crescente.
Lembremos a continuação do caso
BES/GES talvez o maior “polvo” do regime; a má conduta recorrente e quase
compulsiva dos senhores deputados cuja falta de elevação no debate transformou
o hemiciclo numa feira de regateiras, permanentemente entrecortado por
incidentes pícaros cujo recente episódio do “dá-me cá, toma lá” o microfone,
apenas convida a um sorriso sarcástico; o episódio escabrosíssimo da tentativa
de nos passarem a perna com a recuperação das subvenções vitalícias dos
políticos.
Ficámos também a saber que a GALP
e a REN se recusaram a pagar os impostos extraordinários a que estão obrigados.
De facto é necessário muito
topete para se abalançarem a semelhante insubordinação: além de contribuírem há
muito para castigarem os consumidores com os produtos/serviços que lhes prestam
e de terem gozado de muitos favores estatais, quem é que são para se julgarem
diferentes do comum do cidadão e das restantes (sobretudo) pequenas e médias
empresas que andam a ser esbulhados dos seus bens?
Têm razão numa coisa, porém, que
nunca invocaram ou tornaram pública: é que há empresas, instituições e
“negócios” que ainda não foram afectados pela “austeridade”. E como têm poder
(leia-se dinheiro, gente influente e advogados) pensam, eventualmente, que
podem eximir-se às leis que se promulgam.
É mais um caso com que os órgãos
do Estado, cuja autoridade anda pelas ruas da amargura e nunca se recompôs do
descalabro dos idos do “PREC”, se vão confrontar.
Veremos se têm algum nervo ou
apenas se limitam a amachucar (e depenar) os fracos e desvalidos.
A coisa foi sempre em crescendo,
passando para a gravíssima questão da detenção, imagine-se, do Director do SEF,
do Presidente Nacional dos Registos e Notariado, e mais uma mão cheia de peixes
médios e arrastou consigo a demissão de um ministro, por causa de suspeitas de
corrupção. Desta vez ligada a esse aborto que dá pelo nome de vistos “gold”: uma
autêntica prostituição da nacionalidade!
Não há maneira destes “agilizados
mentais” perceberem que nem tudo o que tornam legal é legítimo ou moral!
Neste âmbito há um aspecto muito
preocupante e muito mal explicado: a actuação do SIS (vulgo serviços secretos)
versus PJ e ainda o facto do Juiz que impôs as condições em que os arguidos
ficavam a aguardar julgamento, constar a proibição de contactarem outros
juízes…
A cereja em cima do bolo viria a
ser, porém, a detenção no aeroporto (com uma estação de TV à espreita!), do
ex-primeiro ministro, cidadão José Sócrates.
As pessoas já não conseguem
digerir tanta barbaridade.
Será que o Estado e a Sociedade
estão podres?
*****
Apenas mais umas quantas
considerações, que o cortejo é infindável.
No palco da AR – a que
eufemisticamente chamam a “casa da democracia” – alguns deputados a quem não
tratarei por senhores”, decidiram levar a votação, em plenário, a reposição das
subvenções vitalícias dos políticos.
Felizmente a contestação à medida
surgiu, antes que a indignação popular se fizesse ouvir, no seio dos próprios
partidos políticos – a pior invenção, em termos de Ciência Política, jamais
dada à estampa - e a iniciativa acabou abortada.
Mas a intenção está lá e só o
facto de ter sido posta em marcha indicia o despudor e a amoralidade dos seus
defensores.
Então esta classe política, que
anda há décadas a desbaratar a Nação Portuguesa e se tem entretido a vender
Portugal aos bocadinhos e a esbulhar o comum dos portugueses dos seus parcos
haveres, tem a lata e o despautério de querer repor algo que nunca devia ter
existido?
Como lhes quero fazer a justiça
de não os considerar asnos de pensamento, só se pode entender a sua atitude
como uma pulhice miserável e aviltante.
Será que lhes dá prazer gozar com
a população?
Deviam ser amarrados a um
pelourinho e açoitados publicamente, para exemplo dos que ainda não decidiram
se andam por aí para praticarem o Bem ou o Mal.
A dita “Casa da Democracia” há
muito que está desqualificada.
E se dúvidas houvesse, a reacção
ao discurso do Dr. Paulo de Morais – a quem cumprimento e tiro o chapéu – que a
apelidou (falando lá), de ser o maior coio da traficância existente em
Portugal, provou-o à saciedade.[1]
*****
O culminar deste descalabro
político, moral e social deu-se aquando da detenção do agente técnico de
engenharia (parece que esse curso ele tirou) José Sócrates ex - primeiro entre
os ministros.
Só nos falta agora mandar para os
calabouços um ex-PR, um ex - Presidente da AR ou um ex - Presidente do Supremo
Tribunal de Justiça, ou um ex - PGR (sei lá, porventura por meterem processos
na gaveta e impedirem o normal e correcto desenvolvimento da justiça...).
Seria o fim da picada e pior será,
quando em vez de ser um “ex” qualquer, for mesmo um que esteja em funções.
Ora tudo isto está obviamente
ligado à acção política e à organização do próprio Estado (o tal regime/sistema
político).
Não vale a pena andar a escamotear
as questões.
Toda a gente no país, minimamente
informada, sabe – mesmo que não saiba pormenores – que se têm passado as coisas
mais incríveis nas últimas décadas e que a liberdade de noticiar escândalos ou
discutir assuntos não tem servido para quase nada (agora já não há a desculpa
da censura…).
A pessoa de Sócrates tem, neste
âmbito, um longo historial.
O ponto está em arranjar provas e
conseguir provar.
Ora para que isto aconteça, têm
de existir meios, organização e vontade.
Entre os meios destacam-se as
pessoas, a tecnologia e o edifício legal. Ora sendo os meios abundantes, a
organização existente (com falhas, é certo), resta a vontade. A vontade reside
fundamentalmente nas pessoas com autoridade para promoverem as investigações e
levá-las até ao fim.
Torna-se pois, necessário,
averiguar das mudanças de “vontade” existentes.
É certo que as leis são os
políticos que as fazem – sem embargo dos pareceres técnicos e tomada de posição
existentes – e não é o primeiro nem o segundo caso em que existem leis que se
modificam (curiosamente, quase sempre no sentido de protegerem eventuais
prevaricadores) até no meio de processos importantes – caso do processo Casa
Pia, por exemplo - mas mesmo assim temos que questionar o que mudou para que de
repente, tenhamos uma avalanche de casos gravíssimos, finalmente a serem
investigados a sério e com hipóteses de chegarem a bom termo.
Toda a corrupção gira à volta de
pessoas e negócios. Se as pessoas são honestas, fazem negócios sérios e vive
versa. As leis devem ser feitas em função disto.
Mas não se podem fazer leis
adequadas, com gente ignorante ou moralmente maculada. Digam-me: qual é a
escola/universidade onde um aluno chumbe por falta de idoneidade para o curso
que escolheu?
Que escrutínio existe para alguém
que se pretenda inscrever num Partido Político?
Estou em crer que se a justiça
continua por este caminho, vamos ter que construir campos de concentração, pois
as prisões não vão chegar.
Tratando-se de políticos ao mais
alto nível, o país passa a ser uma vergonha internacional e o Estado Português
perde toda a credibilidade. Mas quem é que hoje, está preocupado com isso?
Grave, grave, é que, entretanto,
arruinaram o país, desbarataram os bens de toda a comunidade (e o Poder
Nacional) e esfrangalharam as instituições nacionais, reduzindo Portugal a um
estado menos que exíguo.
“Eles” bem podem (e devem) ser
castigados a sério, mas a Nação dos Portugueses está perfeitamente diminuída,
endividada e pasto de interesses estranhos.
Há danos que não são reversíveis.
[1] Para os desconhecedores ou
mais esquecidos, a reacção foi, nenhuma. O que em bom português significa, quem
cala consente…
4 comentários:
Caro Adamastor: depois de conhecer os dois sistemas, percebo estar o militar bem mais perto de aquisição de competências efectivas e de valores para a vida. Existe regulação de valores e objectivos a atingir, onde se distrinça o bem do mal sem cabimento às personalidades dúbias e cinzentas que grassam por instituições cimeiras do país. Foram mesmos estes, que quiseram abandalhar o sistema, pois em terra anarquica de cegos e ignorantes quem tem olho será rei.
Muitos civis teriam de aprender muito com o sistema militar, pena que estejam ignorados e amordaçados, pois muitos civis até julgam que já não existem.
Caro Adamastor.
foi para isto que "limparam" certo rei e filho para os lados do Terreiro. Claro que Zés Buiças sempre se vão arranjando para encobrir a malignidade dos netos e bisnetos de tal gente, que prisioneiros obedientes de sociedades das trevas, vão vendendo os activos que custaram vidas e sacrificios ao povo português. Percebe-se perfeitamente porque se destruiu tudo o que havia de bom e de mau do anterior Senhor, aparentemente não os deixava banquetear com os activos acumulados por uma boa gestão económica e patriótica. Aconselha-se vivamente que se estude a história a partir das invasões francesas, pois por lá estarão as soluções de tudo o que por aqui se vai passando. Uma curiosidade interessante foi o de apelidarem o Rei D. Carlos I como chauvinista e porco, quando naquela altura o senhor era somente o rei mais culto da europa, se alguém duvida valerá a pena visitar o Aquário Vasco da Gama no Dafundo para perceber um pouco quem era afinal o este homem assassinado a sangue frio. Nesta escuridão vamos andando até nos dizerem que afinal já não somos ninguém, porque desaparecemos com a ajuda desta cambada que nos desgoverna desde há 40 anos e que se vão degladiando por lugares servis ao governo sombra.
Pode ser que os heróis se levantem de novo, tal como os portugueses verdadeiros sempre souberam fazer.
Falta o levantar de uma bandeira crível e o brado : "vamos acabar com o estado ignominioso a que este Estado chegou"
David Pinto
E tenho a sensação que se houvesse de novo algum golpe(do tipo do de Abril de 74,e isso se ainda houver gente capaz e se a Nato não estrebuchar acrescento eu)se cometeriam de novo erros crassos devido aos militares(em especial alguns oficiais)estarem "infectados" com vírus ideológicos(sim ainda,pelo que me apercebo em alguns posts da Aofa no fb)que minam a coesão da tal Instituição que devia estar acima de tudo para defender a nação e o povo em geral(já que este sistema mostra ser apenas uma oligarquia/parlamentar corrupta).
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