domingo, 23 de março de 2014

AS ILHAS SELVAGENS DISPUTADAS NO JOGO ESTRATÉGICO

 
Esta interessante obra, publicada em Fevereiro de 2014 pela Editora Apeiron, tem, entre outros,  o mérito de nos alertar  para a importância do Arquipélago das Selvagens  e para os interesses alheios que este suscita.

Descoberto no século XV pelos navegadores portugueses, localizado a cerca de 160 milhas a sul do Funchal, nos 30º de latitude sul, este pequeno arquipélago tem uma superficie  total de cerca de 2,73 Km2, e em termos administrativos faz parte da freguesia da Sé, concelho do Funchal. Contudo, a proximidade das Canárias, a cerca de 90 milhas, e a circunstância de estar normalmente desabitado tornaram-no visita frequente de caçadores e pescadores espanhóis. Propriedade privada de uma familia residente na Madeira, acabou por ser adquirido pelo Estado que ali criou em 1971 uma reserva natural, e mais tarde, em 1977, construiu um farol no cimo da ilha Selvagem Grande, a 163 metros de altura.
Com 79 páginas, em formato A5, o livro em apreço abre com um preâmbulo de Dulce Abalada a que se seguem dois interessantes textos pouco conhecidos, “O Arquipélago das Selvagens”, por Ernesto de Vasconcellos, de 1917, e “Trabalhos Geográficos nas Ilhas Selvagens”, um manuscrito muito reservado de Gago Coutinho, de 1929. Em ambos os textos se assinala a importância de firmar a soberania nacional, designadamente através da construção de um farol. Seguem-se os fac-similes das notas verbais de 2013, enviadas às Nações Unidas pela Espanha, em 5 de Julho, e por Portugal, em 6 de Setembro, a respeito das Selvagens e da polémica de serem rochedos ou ilhas, e as implicações disto na definição da ZEE e na extensão da plataforma continental.

Num oportuno texto “A Espanha, as Selvagens, Olivença, etc.” o Cor. Brandão Ferreira, nosso estimado assinante, na excelente prosa a que nos acostumou, alerta-nos para o facto dos nuestros hermanos, na nota verbal de 5 de Julho terem tido um procedimento nada fraternal, pois o seu envio não foi precedido de nenhum contacto prévio, como seria de esperar entre nações vizinhas e amigas. O livro encerra com o curioso texto “Pensamentos espoletados pelas Ilhas Selvagens”, de Rainer Daehnhardt, também nosso assinante, que nos alerta para as imprecisões, designadamente erros de tradução e ilustrações fantasiosas, que muitas vezes se encontram nas cartas e mapas antigos, designadamente desta área.
Em síntese, um livro muito oportuno, com documentos pouco conhecidos, que nos assinala a importância das Ilhas que marcam a nossa presente  fronteira a sul, que se lê rapidamente e com agrado.

Este livro está à venda no circuito comercial das livrarias, com um preço de capa de 10,20€. Está também à venda na livraria online das Edições Apeiron, tel 28 243 2173, e-mail apeiron.edicoes@gmail.com, endereço postal Rua Mª Eugénia Silva Horta, lote nº 3  3º G  Edificio Sol, Alto Quintão  8500-833 Portimão.

2 comentários:

Eduardo Barreira disse...

"alerta-nos para o facto dos nuestros hermanos"

Sr. Tenente-Coronel, esta expressão de índole iberista propagandeada aos sete ventos pelos traidores de Abril já fede.

Os castelhanos, há que chama-los pelo nome, não há espanhóis, isso é uma invenção do imperialismo castelhano é bem que se diga, como dizia, os castelhanos são na melhor das hipóteses vizinhos, na maior parte do tempo maus vizinhos, diga-se de passagem, quando não se transformam em inimigos.

Chamar-lhe irmãos é deprimente e insultuoso para Portugueses patriotas e conhecedores da nossa história.

Irmãos são os povos com quem temos laços culturais e linguísticos, Brasil, Palop's e Timor.

Chamar a esta tropa castelhana de irmãos, é desbaratar e desrespeitar a memória de milhares de Portugueses que tombaram para que hoje em possa escrever e exprimir-me em Português.

Em relação às desertas uma boa forma de aumentar a nossa soberania para além do farol e dos dois guardas que lá estão é criar lá um centro de estudo da vida marinha e da avifauna, e mandar para lá meia dúzia de biólogos por ano nem que seja para fazer estágios.

Porque criar lá um assentamento não é viável, se bem que há lá uma casa que é habitada sazonalmente por locais da madeira.

Cordiais cumprimentos.

VM disse...

E temos ainda o caso de Olivença, onde se manipulam as palavras de modo flagrante.

Cordiais cumprimentos