A CADA VEZ PIOR
QUALIDADE DOS POLÍTICOS
25/7/20
“Sendo a velocidade da luz superior à velocidade do som
É natural que algumas pessoas pareçam brilhantes até
Abrirem a boca”.
Autor desconhecido.
Se
eu porventura (o que Deus não permita) fosse Primeiro-Ministro (PM) de um
governo com o qual o país tivesse relações diplomáticas e, em cima disso, fosse
meu aliado numa aliança militar e co - membro de uma “associação política” (se
assim se lhe pode chamar) com o nome de União Europeia (UE), e um outro PM de
um desses países, em directo nas televisões, afirmasse que uma certa declaração
por mim feita, era “repugnante”, o mínimo que faria era ligar-lhe de imediato e
dizer-lhe que ou ele pedia desculpas públicas pelo que acabara de dizer, ou da
próxima vez que o visse lhe amassava o frontispício até o respectivo cônjuge o
deixar de reconhecer.
Note-se
que não se trata de uma ofensa de lesa - Pátria que poderia justificar uma
ruptura diplomática. Não, é apenas chicana política, que entra no foro ofensivo
entre duas figuras públicas.
Aparentemente,
porém, ninguém se molestou de tal sorte que, passadas poucas semanas, o
putativo ofensor foi visitar o não menos putativo ofendido, a fim de lhe pedir
– certamente – para tornar menos “repugnante” a sua posição no próximo Conselho
Europeu. Tratava-se, como (quase) sempre, de dinheiro.
Ora
isto passou-se entre o PM português, um certo descendente de indianos (como ele
diz), chamado Costa (lê-se Kosta) e um súbdito da Casa de Orange - por acaso
muito amiga dos portugueses - que por lá exerce funções idênticas.
E
quando se encontraram aquele que me representa como chefe de governo, curva-se
quase até ao chão para cumprimentar o anfitrião, sem estar minimamente enxofrado
por outros políticos holandeses entenderem que gastamos o dinheiro em “vinho e
mulheres” (eles não, parece que é em “drogas e homens”), tendo o auspicioso
herdeiro de quem inventou a teoria do “Mare Liberum” pensado, certamente, que
já não repugnava ao agora visitante e que ele até vinha vestido para a
“audiência” como se fosse jogar canastra (parecido aliás, a uma cena em Luanda
em que o nosso personagem passou revista à guarda de honra de jeans e sem
gravata…).
A
coisa passava numa de informalidade e sorrisos…
Afinal
o único que destoava desta cena pouco digna de um quadro de Rubens, era o
militar que, fardado a rigor e em apresentar armas, enquadrava o cenário, como
se fosse uma jarra de flores. E era.
Estas
cenas caricatas (que se lhes há - de chamar?) constituem uma excepção na vida
política e diplomática dos povos e nações, sobretudo no chamado mundo
ocidental? Não, passaram até a ser a regra.
Tudo
isto tem a ver com a falta de educação, instrução, carácter e escrúpulo da
maioria dos políticos que tomaram conta da “Res pública”.
Os
exemplos não faltam.
Ainda
na última cimeira da UE, apareceu o PM húngaro agastado, a dizer para o éter
que era o “holandês que estava a impedir o acordo, não era ele”. O holandês era
a supracitada figura.
E
que dizer das querelas públicas no governo brasileiro, para já não falar no
inaudito Lula e na ex- assaltante de bancos, Dilma? As diatribes do
inqualificável Maduro, na Venezuela? As trocas de galhardetes constantes de e para,
a Administração Americana? A fotografia do despenteado PM britânico com os pés
em cima da mesa, a cumprimentos ao PR francês no gabinete deste? As
inqualificáveis tiradas de monsieur Macron a propósito dos incêndios na
Amazónia?
Como qualificar as trocas
azedas de epítetos nas discussões do Parlamento, para depois irem (quase) todos
almoçar juntos nos restaurantes que rodeiam S. Bento? O que dizer da figura do
Presidente Marcelo, que não hesita em pôr-se, em fato de banho, publicamente,
sempre que tal lhe passa na republicaníssima mente? Logo ele que até não se
pode dizer que não tenha tido uma esmerada educação e instrução. Devo
continuar?
Infelizmente,
a “doença” não deu apenas nos republicanos, as casas reais não têm primado pelo
bom exemplo.
A
talhe de foice, porque terá o actual representante da República – que não é
capaz de estar quieto e calado – ido almoçar de fugida à Zarzuela a pedido de
Filipe, o VI? Será que S. Majestade, o Bourbon Real em efectividade de serviço,
gostaria de enviar para cá, de volta, o progenitor e outros da sua roda, pois a
sua presença em Madrid está a incomodar a frágil coroa espanhola? Afinal o
marido da sofrida Sofia tem cá muitos amigos (alguns até seus comparsas no
Clube de Bildelberg) e consta que passou tempos felizes nos Estoris.
Não
sei, é apenas um palpite…
Voltando
à qualidade (ou falta dela) dos políticos, porque se passarão as coisas desta
maneira?
Eu
que não me cultivei nessa ciência algo esotérica que dá pelo nome de
“Sociologia”, onde hoje pontifica o Boaventura de Coimbra (não confundir com
“boa” ventura”), parece-me – mas claro que apenas me parece – que as razões se
prendem com a “democratização” da sociedade e da vida política. Neste caso o
termo Democratização é sinónimo de “abandalhamento”; de nivelar por baixo; de
Demagogia e de falso igualitarismo, que levam à falta de vergonha, à falta de
Ética e à falta de Moral. Vale tudo, o que é exponenciado pelos diferentes
“ismos” e pela importância superlativa que os “media” adquiriram, acompanhado
da falta de “regras” que os orientem.
Os políticos, aliás, norteiam toda
a sua actividade e prioridades, pela agenda mediática, nomeadamente o
telejornal das 20:00. Os principais políticos caminham sempre com uma corte de
jornalistas atrás e não perdem uma oportunidade para se fazerem à fotografia e
à imagem.
Os
senhores jornalistas habituaram-se a tal e tiram partido disso. O actual
governo espera certamente, não ter desperdiçado os 15 milhões de euros que distribuiu
graciosa, mas muito pouco equitativamente, pela comunidade mediática. Terá sido
um óptimo investimento…
Naturalmente com o argumento de
que a comunicação social é imprescindível à Democracia. Azar o meu e de muitos
outros, que não sendo, tão pouco a nossa profissão, imprescindíveis à dita
cuja, ficámos a chupar no dedo…
Os
Partidos Políticos são outra das principais causas. Um Partido Político, não me
canso de repetir, é uma coisa mal enxabida e daninha da sociedade. Mas
inculcaram na cabeça dos votantes (vivemos da quantidade, não da qualidade) que
aqueles são fundamentais à Democracia. Como se tem visto.
Ora
um Partido Político é apenas um “clube” de adeptos de uma ideia, ideologia ou
doutrina, às vezes apenas um grupo de admiradores de um individuo; uma amálgama
que não tem crivo, preparação, nem selecção, tão pouco supervisão. As únicas
regras existentes são as de cumprirem os estatutos do clube, perdão, do
Partido, pagarem as quotas (e se não pagarem, “alguém” paga por eles para
poderem votar) e nada mais. Ora é daqui que saem os cidadãos que vão na sua maioria,
ocupar os lugares de mando da “Res pública”, a começar nas Autarquias. Os Partidos
possuem “juventudes”, que supostamente, sendo jovens teriam tempo para irem
aprendendo. Mas o que eles aprendem não tem nada a ver com governação, mas sim
“como se manterem no Poder”; o que não é propriamente a mesma coisa.
Aliás, a actividade mais
importante, ou seja o governo da Polis, é a única para a qual não existe curso
ou licenciatura, não se prestam provas, nem existe “mínimos” para ir a jogo. É
assim, mal comparado, como se um tipo qualquer viesse para a tropa com a roupa
que trouxesse no corpo, ia a votos e era eleito para um cargo qualquer
independentemente do posto a que correspondesse…
O
escrutínio público não assegura coisa alguma.
As
“massas” não estão preparadas (nem podem estar) para terem uma fotografia
correcta do que se passa e há muitas maneiras de as induzir em erro. Às vezes acerta-se,
mas é sol de pouca dura.
E
o “edifício” pela força das coisas, nunca tende a melhorar nem se regenera:
decompõe-se.
As pessoas de “Bem” há muito que
deixaram de ter o mínimo de respeito pelos Políticos; até porque eles são os
primeiros a não se darem ao respeito.
Lamento
desapontá-los, mas tudo isto só melhora com grandes mudanças de paradigma o que
exige uma acção “revolucionária” de carácter contra – revolucionário. E ter
saudades activas do futuro…
Sim,
eu sei, que não é fácil entender. E, por isso, depois realizar.
Até
lá, vou-me entretendo a ver desfilar os filhos d’algo deste mundo e a tentar
passar nos intervalos da chuva.
E
sempre que posso inebrio-me com um branco geladinho, comprado obviamente no
Pingo Doce (passe a propaganda).
Parece
que eles pagam os impostos na Holanda.
João
José Brandão Ferreira
Oficial
Piloto Aviador (Ref.)
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