quinta-feira, 21 de maio de 2020

COVID19: COMO NOS PORTÁMOS?


COVID19: COMO NOS PORTÁMOS?
20/05/20

“Vocês não sabem o limite da vossa resistência…”.
Frase proferida pelo instrutor durante uma sessão de instrução de “Aplicação Militar” (que é linda!), Santa Margarida, curso de entrada na Academia Militar, 1971/72.

            E de facto ninguém sabe, até ser testado.
            Fiquemos por uma análise sumária e a quente, do tempo desta “pandemia” (cerca de três meses).
            Primeiro o Estado. O Estado começou por andar atrás da sociedade. Não previu. Não previu porque não está para aí virado. Porque não quer saber da Segurança Nacional e não dispõe (e não quer dispor) de capacidade de informação estratégica e de segurança adequada. Porque não gosta de más notícias, porque vive para os votos.
            Podíamos continuar.
            Por isso as autoridades de saúde começaram por esconjurar o perigo para longe, como se, numa atitude típica portuguesa, o mal só acontecesse aos outros…
            Por isso as pessoas, no seu sexto sentido, começaram a meter-se em casa antes das autoridades enveredarem por esse caminho.
            Só foi pena as fronteiras não terem sido encerradas 15 dias antes mas, á “posteriori”, é mais fácil ter certezas…
            Apesar de tudo e de todos os erros que poluem o sistema político nacional, as coisas decorreram de um modo geral bem, tendo sido garantida a unidade do Estado e a coesão nacional.
            No entanto, houve azo a ocorrerem um conjunto de “incidentes”, que podiam ter degenerado em gravidade elevada, pelo que há que aproveitar os ensinamentos obtidos para os corrigir.
            Vou expor alguns, a maioria dos quais passaram despercebidos à opinião pública, foram desvalorizados pelos “média” e rapidamente silenciados ou resolvidos pelas autoridades.
             O primeiro foi ter-se fechado a fronteira perto de Elvas, cuja estrada dá para o Termo de Olivença. Ora por razões de Direito e de Princípio, a fronteira devia ser vigiada, mas não encerrada, por a parte de lá do território ser portuguesa “de jure” e espanhola “de facto”, sendo território usurpado. Não se pode dormir em serviço…
            Depois houve vários casos nas chamadas “Regiões Autónomas”, onde houve alguns sinais de exorbitação de poderes, que são apenas nacionais. O último dos quais teve a ver com a obrigação dos cidadãos oriundos do “Continente” terem que fazer confinamento, chegando o Governo Regional dos Açores a obrigar ao pagamento dos hotéis para onde iam confinados, ao contrário dos açorianos.
            Isto foi grave e teve que ser um tribunal a resolver a questão.
            Mais uma vez se tornou evidente a inutilidade muito cara, da parafernália política constituída pelo Ministro da República, Assembleias e Governos Regionais, que só o desnorte da situação política e social ocorrida após o 25 de Abril (de 74) permitiu.
            Formula procurada para evitar que pudesse acontecer aos Açores e Madeira o que tinha acontecido a Cabo Verde e S. Tomé e Príncipe e ao restante mundo lusitano. Não contentes com isto, ainda há quem queira prosseguir com a estúpida regionalização do Continente…
            Depois houve o caso de descoordenação aquando da declaração do confinamento do concelho de Ovar, o que se prolongou, mais tarde, com o desaguisado azedo quando se sugeriu a probabilidade do mesmo poder acontecer ao Porto, protagonizado pelo edil da Invicta e a Directora Geral da Saúde. As linhas de autoridade têm que ser claras; o comando e controlo centralizado e a execução descentralizada, bem como o estabelecimento de níveis diferenciados de decisão. Que é o mais difícil de organizar e decidir e para o qual somos especialmente relapsos.
            A declaração do estado de emergência suscitou claras divergências entre o PR e o Governo, divergências que nunca apareceram claras à luz pública.
            Mas é proverbial o mau relacionamento que PS, PC e BE têm quando se fala de “fardas” e a urticária que isso lhes causa. Entre outras coisas que agora não vêm ao caso.
            A coisa lá se foi resolvendo com as pessoas a colaborarem muito significativamente com as medidas tomadas.
            De tal modo que o Governo parece que passou a gostar…
            De resto foi um alívio, ter havido um decréscimo de ruído vindo dos lados do Parlamento.
            Pareceu até que funcionavam melhor confinados a um terço…
            De resto os episódios mal cheirosos relacionados com as comemorações do 25 de Abril e 1º de Maio, já foram suficientemente dilucidados para perdermos tempo com eles. Falta só a vergonhosa postura perante a Festa do Avante. Nós sabemos que há estados dentro do Estado…. E vacas sagradas.
            Por falar em fardas, ocorreu um incidente inadmissível e que não foi bem resolvido, não se podendo louvar nenhum dos intervenientes.
            Estou a referir-me a uma actuação “esdrúxula” de uma “patrulha” da PSP que tomou a iniciativa, ou foi instruída (não está claro), de identificar (e questionar o facto de estar armada) uma subunidade militar que estava a proceder a uma operação de descontaminação de um lar de idosos em Vila Real.
            Depois de vários incidentes o Chefe do Estado-Maior do Exército, nas declarações que fez, aquando da sua última interpelação parlamentar, reabriu a questão. Que não foi fechada…
            Questão que a ficar como está não dignifica as chefias das Forças Armadas e da PSP, bem como as respectivas tutelas. Ficámos numa “paz podre”, que irá rebentar a qualquer momento. E enquanto não rebenta, cria muito mau hálito.
            A ideia veiculada de enviar Fuzileiros para as praias a fim de reforçar as patrulhas da Polícia Marítima (o que já acontece do anterior, mas que passa despercebido), também não é nada aconselhável. Em primeiro lugar porque eles não têm funções de polícia; depois porque não devem andar desarmados (como andavam do anterior, só com um cassetete, e agora por o estarem impedidos por ordem do CEMGFA ou soprada pelos MDN e MAI); finalmente porque não se justifica gastar-se uma pipa de dinheiro e esforço a preparar tropas especiais para as colocar a “fazer piscinas”, nas praias. Ou já agora a apagar fogos… A situação é ainda mais delicada, por as praias serem da exclusiva competência da Autoridade Marítima, ou seja mais nenhuma outra Força de Segurança lá tem jurisdição. E se não há Polícia Marítima suficiente porque não se contrata mais? Mas se for para ir para as Ilhas Gregas e Italianas participarem no “negócio” de “salvar” “migrantes” (e ganhar ajudas de custo), já há?
            Finalmente optou-se pelo “estado de calamidade” não se estendendo mais o “estado de emergência”.
            Só que o Governo manteve várias restrições aos tão decantados “Direitos, Liberdades e Garantias”, que só era lícito fazer no estado de emergência, como foi logo denunciado por vários juristas, mas a que se juntou o silêncio cúmplice da AR e do PR. Afinal as leis em Portugal são muito “flexíveis” bem como o córtex dos legisladores. Facto, aliás, que não constitui novidade para ninguém…
            Por ultimo uma palavra para a Hierarquia da Igreja que por detrás da sua prudência de séculos, quis ser mais “papista que o Papa”. Neste âmbito adiantou-se até às autoridades “laicas” e auto confinou-se.
            Mas digamos que talvez não tenha defendido na sua plenitude o povo de Deus - que se dividiu neste âmbito, apesar de ter obedecido na sua enorme maioria. Sobretudo relativamente à abertura das igrejas e missas, no que concerne à equitatividade das actividades das restantes áreas da sociedade e à importância da espiritualidade sobre a matéria.
            Já esteve bem em recusar, mais tarde, a realização das cerimónias em Fátima não só por uma questão de coerência e exemplo, como também por ter dado uma bofetada de luva branca na desastrada actuação governamental e da maioria do espectro político, relativamente à manifestação do 1º de Maio e da Festa do Avante!
            O PR coitado – que de coitado não tem nada – lá vai fazendo de bonzinho, dando uma no cravo outra na ferradura. Ao fim destes anos todos, também, só engana quem quiser ser enganado.
            Uma palavra apenas para a questão do “Covid”, uma história ainda cheia de pontos escuros e mal contados.
            Depois de várias trapalhadas de comunicação da equipa nomeada para o efeito e que melhorou muito depois da entrada do Secretário de Estado da Saúde, parece ser necessário arranjar tempo para reformular as estatísticas no sentido de se perceber quem morreu de Covid das que faleceram com Covid e juntar a estes números, aqueles que se referem a quem morreu de todas as outras causas (uma média de 300 pessoas/dia, do anterior). Só assim poderemos ter uma ideia global e comparável, do impacto que esta nova “doença” teve na sociedade portuguesa e assim nos podermos preparar melhor para o futuro.
            Também me parece que não devemos ter em grande conta e muito menos andarmos a reboque da Organização Mundial de Saúde, organização descredibilizada, aliás como todas aquelas que estão no âmbito desse mamute branco que dá pelo nome de ONU.
            E por uma questão de princípio, de senso e de qualidade dos produtos, o governo português deve abster-se de fazer negócios com a China. Regime pouco recomendável.
            Isto do mal de uns, ser o bem de outros, é antigo, mas também tem que passar a ter regras. Assim como os negócios albardados para os “amigos”.





                                                   João José Brandão Ferreira
                                                        Oficial Piloto Aviador

domingo, 10 de maio de 2020

AUSTERIDADE OU IMBECILIDADE MILITANTE?


                                      AUSTERIDADE OU IMBECILIDADE MILITANTE?
9/5/20
                                      “A Política passou de ser (se é que alguma vez foi)
                                        a “arte” de governar para ser a arte de mentir”.
                                       Autor: espero ter sido eu.


        Austeridade, do latim, “austeritas”, qualidade do que é austero (rigor, severo); o que aplicado à Economia significa “rigor teórico no controle dos gastos”. Uma política de austeridade é utilizada quando o nível do “deficit” é considerado insustentável e é implementada através do corte de despesas.
    Imbecil, do latim, “imbecillis”, fraco, sem carácter, humilde; quem demonstra fraca inteligência ou discernimento; idiota, parvo, tolo; o que manifesta imbecilidade. Em Psicopatologia representa um atraso mental equivalente a uma idade mental entre os três e os sete anos e um QI entre os 30 e os 50.
    Agora que estamos situados, vamos imaginar uma família que tenha um rendimento mensal de 9.000 euros. Se devido a uma doença, um acidente, um mau investimento, ou qualquer outra coisa que corra mal (em que a vida é fértil), perder um terço do seu rendimento, no mês seguinte tem apenas 6.000 euros para gastar.
    Daqui decorre uma coisa simples e que é esta, a família não pode viver do mesmo modo como vivia no mês anterior (isto é, manter o nível de vida). Vai ter de se adaptar. Vai ter de se tornar mais austera…
    Tal só não acontecerá se dispuser de reservas acumuladas (poupança) ou se tenha precavido com planos de contingência (seguros, aplicações financeiras, etc..).
    Mesmo alguns muito ricos, que vivem de especulação bolsista (ou bolseira?) podem cair de um dia para o outro…
    Ora a esmagadora maioria das famílias e empresas portuguesas, além de terem baixos rendimentos; guardarem pouquíssimas reservas (poupanças), ou estarem descapitalizadas, estão afogadas em dívidas, sem fim à vista.
    O Estado está exactamente na mesma posição. Arrasta-se em falência técnica permanente; vive de habilidades (a que chamam “engenharia financeira”); de alienação de património (às vezes para resolver problemas de tesouraria), aliena a Soberania a troco de “apoios” investimentos e “solidariedades” várias e prostitui a nacionalidade. E tudo isto sacando ao cidadão, uma quantia que já ultrapassa os 40% da sua riqueza, em carga fiscal (impostos directos e indirectos).
    A banca então nem se fala, há décadas que é um desastre inominável (mas nunca paga pelos erros…), está também descapitalizada; cheia de crédito mal parado; metendo-se amiúde em negócios especulativos ruinosos e “empréstimos duvidosos a amigos”, etc.. E foi esticando a corda tão inconscientemente (o termo correcto é outro) que, estou em crer que se 10% dos depositantes fosse levantar metade do que lá têm a maioria dos bancos colapsava em horas. Mas nunca se regateia dividendos aos administradores; eles nem admitem discussões sobre a sua ganância…
    Em síntese a banca em vez de investir dinheiro na economia, tem sobrevivido com o dinheiro que suga aos depositantes e com o dinheiro que o Estado (essa figura anónima de costas largas) lá mete, sacado dos impostos dos contribuintes. Desde os anos 80 calcula-se que o “saque” já vá em cerca de 50 mil milhões de euros, ninguém sabe ao certo. O que se sabe é que foi sempre a piorar e cada vez com menos pudor. Assaz educativo.
   O que tem acontecido debaixo do olhar vigilante de uma corte de supervisores, principescamente paga, cuja característica maior tem sido a de nunca dar conta, ter presente nem se lembrar de nada! É obra.
     Tudo isto vai passando sempre embrulhado em papel celofane com perfume rasca e mentiras q.b.. Perdão, “inverdades” pois é feio mentir!
    Estávamos nós neste preparo e doce remanso que a ampla liberdade para mentir não chegava já para esconder, quando nos cai em cima esta história mal contada do “Covid19”, o qual por obra e graça do confinamento profilático nos meteu em casa, fazendo a vida social e económica cair a pique.
    As estimativas projectadas a esmo vão variando, mas podemos fixar isto: as consequências económicas, financeiras e sociais vão ser muito, muito graves. E ainda só passaram dois meses.
    Preparam-se agora as “forças vivas” do país para encetar a volta à “normalidade” e o retomar da vida – tanto quanto possível - a que estávamos habituados - e bem seria útil aproveitarmos para reverter as más práticas, que são muitas.
    Eis senão quando, aparecem uns cómicos que dizem que tudo se tem que resolver sem a tal austeridade…
    Eu sei que a maioria dos políticos de que temos sido servidos erraram a “profissão” pois deviam ter ido para ilusionistas, mas irrita-me que queiram fazer de nós todos imbecis, ou reduzirem-nos à imbecilidade!
    A Economia não é uma ciência exacta e possui muitas variáveis. A única coisa que é exacta é a soma algébrica das operações, que é zero. Mas para ser zero há um fluxo de meios - o mais conhecido dos quais se chama dinheiro – que se movem de um lado para outros. E não é fácil saírem todos a ganhar.
    Muitos factores contribuem para isso, mas quando se actua num, tal vai replicar-se noutros. Sempre. E tudo tem consequências. Por isso a Economia não é apenas ciência também tem algo de “arte”. De que resulta ser difícil encontrar dois economistas a defender a mesma coisa…
    Como a Estratégia, que deriva de uma política a qual tem origem numa ideia. Ora quanto melhores forem a ideia, a política e a estratégia, melhor será a economia.
    Acontece, porém, que há muito que não existe uma Ideia para Portugal; a Política é medíocre e escreve-se com minúscula e a estratégia desprezada. Não é de estranhar que a economia e as finanças (e tudo o resto) se ressintam disso…
    Ou seja a Economia deve derivar de uma Política e ser instrumento de uma Estratégia e as Finanças devem servir a Economia e ambas terem preocupações sociais. Não devem apenas servir para engordar banqueiros, promover negociatas e corrupções ou ser objecto de influência de “lóbis” político/empresariais.
    Por este encadeamento simples de entender (ou falta dele), se pode perceber o descalabro das últimas décadas, do qual só saíremos com muitos sacrifícios e mudanças radicais de comportamento e organização política.
    Ora não se tem encontrado um filho d’Algo interessado e na disposição de o fazer. E também jamais haverá enquanto não se vislumbrar nos altos cargos do Poder pessoas dispostas a dar o exemplo. Vai-se fugindo para a frente…
    E, deste modo, a “liberdade” mais utilizada na sociedade seja a do livre arbítrio de mentir. Mentir muito e impunemente (a que alguns se atrevem a chamar de “certezas ideológicas”).
    Por isso a “tanga” da austeridade ou falta dela, vai continuar com as "nuances" necessárias a prepararem a opinião pública para mudarem de agulha quando necessário. E tal vai acontecer quando finalmente, a nível da UE, se tiver acordado (ou não) no pacote de ajudas para fazer face à débacle. E independentemente daquelas que surgirem haverá aí sempre, campo de manobra a ser usado como desculpa…
    Não há, todavia, alternativa para Portugal, que não seja o tal rigor prático no controlo dos gastos!
     A preocupação deveria ser então, procurar distribuir os custos e danos que tal vai acarretar de um modo equitativo por toda a Nação, com os órgãos do Estado a darem o exemplo…
    Em conclusão já vimos que não temos reservas de nada (nem de divisas – o que resta do ouro não se pode tocar pois está “hipotecado” ao BCE – de cereais; de outros alimentos (a não ser algum vinho e azeite); de metais e outras matérias primas; até de água, etc..). Dispomos apenas de três meses de reservas de crude, mas a maioria está guardada na Alemanha… E alguma capacidade recente para guardar gaz natural por via das cavernas construídas na zona de Pombal, cujo montante desconheço.
    O Estado está sempre em fio de bancarrota, e os bancos não têm dinheiro para emprestar.
    A Economia (partindo do princípio que a balança comercial seria positiva) não tem capacidade de nos retirar só por si do fundo do poço onde nos encontramos.
    Ainda se consegue financiamento externo, mas tal já não será ao preço baixo a que nos habituámos últimamente, mas deitar mão dessa ferramenta é absolutamente desaconselhável, pelo gravíssimo endividamento em que já estamos e ao estado de escravatura a que nos sujeitamos; e vender património é a mesma coisa por outra via… Mas parece que ainda se aventa a hipótese de despejar na TAP centenas de milhões de euros, depois de se andar a fazer asneiras grossas com ela desde… 1974!
    De facto só resta o dinheiro da UE, mas mesmo esse é uma ilusão de óptica. Ninguém dá nada a ninguém…
    Mas de onde sairá o dinheiro?
    Do orçamento comunitário? Mas esse pertence a todos os países.
    Serão os países ricos que disponham de “superavit” a emprestar aos mais necessitados? Mas isso implica juros; seria a fundo perdido? Mas como justificar tal medida? As formigas vão dar dinheiro sempre que as cigarras precisem?
    Portanto o dinheiro só pode vir do BCE, mas o bolo lá guardado também é de todos (os que aderiram à moeda única – e há que resolver também o problemas dos outros) além de que tem accionistas privados, algo que é por norma escamoteado.
    Há sempre a solução de produzir moeda – a maioria em circulação é já escritural há muito tempo (ou seja é algo fictícia pois não tem nenhum “bem” a sustentá - la) e é baseada numa coisa a que chamam “confiança” - que ninguém sabe definir muito bem - mas tal iria depreciar o valor da moeda, incorrer em inflação e afectar a concorrência das exportações e o preço das importações.
    E, mais uma vez neste âmbito, para o valor final ser zero há uns que perdem e outros que ganham.
    Como qualquer agricultor sabe, por mais humilde que seja, não se pode ter sol na eira e chuva no nabal ao mesmo tempo, que é o que os espertos da política – querendo fazer dos outros cidadãos, imbecis (não é por acaso que se tem assistido à imbecilização da sociedade) - andam a tentar fazer há muito. Democraticamente é claro.
     Não era pois necessário o governo ter-se dado ao trabalho de declarar o “estado de calamidade” no país. Há mais de quatro décadas que ele existe.



                                             João José Brandão Ferreira
                                            Oficial Piloto Aviador (Ref.)




   

"Bom video sobre a Europa"; mas português primeiro!

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25 perguntas e respostas de Gandhi

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sábado, 2 de maio de 2020

A DATA DO 1º DE MAIO DEVE DEIXAR DE SER FERIADO NACIONAL!


                                     A DATA DO 1º DE MAIO DEVE DEIXAR DE SER FERIADO NACIONAL!
1/5/20


                              “Não discutimos a glória do trabalho e o seu dever”.
                                                         Oliveira Salazar, Discursos.

    Já que estamos em maré de feriados e deixando o “Covid 19” de parte.
    Tão pouco estamos contra que se comemore o dia; cada um que o festeje à sua vontade.
    Aliás, todos os dias são dias de comemorar qualquer coisa. Já nem chegam os dias para tanta evocação, vamos ter de passar a utilizar também as noites…
    A única comemoração (creio) para a qual ainda se não se dedicou um dia (quem será que “decreta” estes dias?) é o Homem. Sobretudo se for branco, cristão e hétero…
    Ora o que entendemos é que não se deve comemorar a data como feriado nacional.
    Impõe-se uma pequena incursão histórica.
    Em 1864 é criada a primeira Associação Internacional dos trabalhadores, em Londres, a que se chamou, mais tarde, a “Primeira Internacional Socialista”. As divisões ideológicas determinaram a sua extinção ao fim de sete anos. Uma das suas principais reivindicações era a de a jornada diária de trabalho passar a ser de 10 horas.
    As reivindicações desta “primeira internacional” repercutiram-se no IV Congresso da “American Federation of Labour”, em 1884. Mas todas as negociações havidas com as entidades patronais lançaram a revolta nos principais núcleos industriais do país.
    Tal estado de espírito levou a que a 1 de Maio de 1886, fosse convocada uma greve geral, que teve a adesão de entre 350.000 a um milhão de pessoas (os autores dividem-se).
    Porquê a um de Maio? Pois porque era a data em que a maioria das empresas iniciava o seu “ano financeiro” e se dava início ou término aos contratos de trabalho.
    A repressão a esta greve foi violenta e especialmente dura na cidade de Chicago. Nesta cidade, ao quarto dia de manifestações, explodiu uma bomba e a refregas subsequentes que causaram a morte de vários manifestantes e polícias. Deste incidente resultou a prisão de oito líderes do movimento grevista. Quatro deles foram enforcados e os restantes quatro condenados a prisão perpétua (um deles suicidou-se).
    A luta não parou e pressões várias levaram à constituição de um novo júri, em 1888, que determinou a anulação do anterior julgamento, ordenando a absolvição dos réus e a libertação dos três que estavam presos. Reconheceu ainda que a bomba tinha sido colocada pela própria polícia!
    Em 1890 o Congresso Americano votou a lei que estabeleceu que a jornada diária de trabalho passaria a ter oito horas.
    Todos estes eventos tiveram repercussão na Europa, com a “Segunda Internacional Socialista, criada em Paris, em 14 de Julho de 1889, por insistência de Frederic Engels, a proclamar o 1º de Maio, o Dia do Trabalhador, em memória dos que morreram em Chicago.
    Só a 23 de Abril de 1919, o Senado Francês ratificou a jornada de oito horas e proclamou o 1º de Maio, feriado naquele ano.
    Em 1920, a então União Soviética, adoptou a data como feriado nacional sendo seguida por alguns países.
    Os EUA nunca reconheceram o 1º de Maio como dia do trabalhador e comemoram o “Dia do Trabalho” (Labour Day) a 3 de Setembro, data relacionada com o período das colheitas e o fim do Verão (e, já agora, para evitar associar a festa do trabalho a qualquer movimento socialista). O mesmo é válido para o Canadá, tomando aí a designação do “Dia das Oito Horas”.
    Com isto dito vejamos porque não nos parece fazer sentido ter uma data destas como feriado nacional, em Portugal. E a primeira é já esta: é que a data de nacional não tem nada e não tem qualquer ligação ao nosso país. É, aliás, uma data e um evento de cariz internacionalista. Um internacionalismo de cariz ideológico, socialista, anarquista e comunista.
    Em Portugal a decisão da comuna de Paris em tornar o 1º de Maio feriado teve alguma repercussão, fomentando a luta operária por melhores condições de vida. Estão contabilizadas 559 greves entre 1852 e 1910 (entre 9 a 10 greves por ano, em média), sem que houvesse propriamente o que hoje se apelida de sindicatos. O cúmulo destas reivindicações pode considerar-se a manifestação que juntou em Lisboa cerca de 40.000 pessoas, no dia 1 de Maio de 1900. Sem embargo o número de aderentes às “novas ideias” sempre foi diminuto, até porque a industrialização era incipiente (Portugal falhou grandemente as duas primeiras “revoluções industriais…). 
    A I República nunca deixou comemorar o 1º de Maio (e até reprimiu violentamente as greves) o que se prolongou pela Ditadura Militar até que, em 1933, se deu uma espécie de nacionalização dos Grémios, Casas do Povo e dos Pescadores e Sindicatos, dentro da organização Corporativa instituída, e tanto a greve como o “lockout” foram proibidos, sendo os problemas laborais resolvidos através de concertação.
    A implantação do feriado do 1º de Maio só ocorreu após o Decreto – Lei 175/74 de 27 de Abril, da Junta de Salvação Nacional, apenas dois dias após o golpe de estado então ocorrido. O que não deixa de ser revelador.
    Como revelador é – a vários títulos – que em 1975, através do Dec. Lei nº 210-A/75, de 18 de Abril, se tenha renomeado o feriado de 25/4 como “Dia de Portugal”; ora o Dia de Portugal era assinalado a 10 de Junho, e só voltou a sê-lo três anos depois, em 1977, entretanto rebaptizado de “Dia de Camões e Dia das Comunidades. Só em 1978, o 25/4, foi renomeado “Dia da Liberdade” e o 10/6 passou a “Dia de Camões, de Portugal e das Comunidades Portuguesas”. E as Forças Armadas Portuguesas só passaram a participar nestas comemorações, novamente, no primeiro mandato de Cavaco Silva como PR, em 2006…
    A actual Constituição da República (CR), que inicialmente nos impunha um caminho para a utopia do Socialismo (na prática a arte de retirar a quem trabalha para dar a quem não quer fazer nada…) - e que agora apenas é referido no seu “preâmbulo” – tem consignado um enquadramento legal dos “direitos dos trabalhadores” (que agora passaram a designar-se, socialmente, por “colaboradores”…) completamente desajustado relativamente a outras entidades e aos deveres correlativos. Para já não falar na deficiente separação entre a liberdade intrínseca dos sindicatos relativamente à Política e às correias de transmissão dos Partidos e a facilidade como podem usar a greve para luta política e paralisação de sectores do país e prejudicar as populações. Para além de incentivar a greve e proibir o “lockout”.
     Podemos assim verificar que à semelhança de muitas outras realidades da evolução da Humanidade, as relações de trabalho foram fazendo o seu caminho, com recuos e avanços, lágrimas e alegrias. Não é por isso, por exemplo, que o fim da escravatura, ou a invenção da máquina a vapor, têm um feriado.
    A comemoração do dia do trabalhador nasceu no seio de uma sociedade capitalista algo selvagem, mas que rapidamente se tornou numa comemoração de carácter marxista, anarquista e comunista. Não representa a totalidade da população trabalhadora. É ideológica. Além disso é veículo e faz apelo à “guerra de classes” divisora da sociedade e originadora de ódios e conflitos permanentes.
    O trabalho contribui (e tem de contribuir) para a economia, as finanças e a vida social como um todo. Ora não se pode ter empresas a funcionar sem o trabalho e o capital. Temos que gerar harmonia, não dissensão. O que diz respeito a todos e não apenas a alguns.
    O próprio termo “trabalhadores” é enganador, pois não seremos todos nós trabalhadores? Há uns que trabalham e outros não? Um banqueiro não trabalha?
    Os únicos que em boa verdade não podem ser englobados no termo são os militares, pois prestam “serviço”. À Pátria. Um modo superlativo de “trabalho” e por isso tratado de modo diferente. Realidade que tem sido subvertida e destruída, mas isso é outra história (ou talvez não…).
    Há patrões que tentam explorar os trabalhadores? Há, e não são poucos; em vez de “empresários comportam-se como “donos”? Também; e muitas outras atitudes negativas existem. O mesmo acontecendo do lado dos colaboradores, perdão, trabalhadores: quantos são calaceiros, metem baixas fraudulentas, exorbitam, são enganadores? Pois é, mas tudo isso tem a ver com a natureza humana e com o Bem e o Mal. É outro campeonato.
     Fazer do 1º de Maio feriado apresenta também duas aparentes contradições: se somos todos trabalhadores não faz muito sentido que nos estejamos a evocar e a comemorar a nós próprios; além disso não é muito curial que estejamos a exaltar quem devia estar a trabalhar, não fazendo nada. Para isso a Divina Providência já tinha decretado os domingos…
    Aquilo que devia preocupar os promotores do 1º de Maio (enfim de todos) seria então a promoção de boas práticas de gestão e liderança; de como melhorar os meios de produção; promover as boas práticas profissionais; assegurar o cumprimento de normas deontológicas; organização e disciplina na Segurança e Higiene nas condições em que o trabalho é realizado; procurar que os impostos incidam no consumo e não no trabalho; estudar formas harmoniosas de participação na gestão e dividendos das empresas; impôr regras apertadas no funcionamento dos bancos e bolsas e proibir os paraísos fiscais, etc..
    Mas isto não parece estar na preocupação de ninguém: apenas sobram a luta por ideologias estéreis e viciosas e a ganância …
    Mas a verdadeira essência da coisa tem a ver com um equívoco de base, que é considerar o Trabalho como um direito (o que também está plasmado na nossa CR); ora o trabalho é sobretudo um dever, como tão bem o caracterizou o Professor Salazar, que era um profundo conhecedor e “filósofo”, das coisas dos homens e da vida.
    Pela simples razão que o trabalho é tão fulcral à vida que sem ele esta não poderia existir.
    Por isso faz algum sentido comemorar o “dia do Trabalho”, mas nunca o dia do trabalhador.
    Neste âmbito bom seria olhar para a Doutrina Social da Igreja, cuja notável encíclica “Rerum Novarum”, de 1 de Maio de 1891, do Papa Leão XIII, constitui a pedra basilar. E no dia 1º de Maio lembrar S. José, operário, santo padroeiro dos trabalhadores.
    Mas como fazê-lo devidamente se as Igrejas estão fechadas e nem sequer montaram um altar perto da Fonte Luminosa?
    Sim as Igrejas continuam fechadas (embora as autoridades tenham mostrado muita preocupação relativamente ao Ramadão).
    Parabéns ao “vírus”, conseguiu aquilo que os virulentos Lenine, o Mao, o Pol Pot, o Hitler (que não deixava de ser socialista), etc., e todos os mais acrisolados extremistas de outras religiões, jamais tinham conseguido. Fechar as Igrejas e com a complacência da própria hierarquia.
                                                    

                                                      João José Brandão Ferreira
                                                          Oficial Piloto Aviador

sexta-feira, 1 de maio de 2020

Nepotismo no Portugal de hoje

 "Eles" parecem agirem sem qualquer tipo de escrúpulos nem vergonha.
  O "resto" do País parece assistir a tudo, com idêntica postura...
   BF