sábado, 27 de outubro de 2018

PORQUE É QUE O CONSELHO DA EUROPA NÃO VAI DAR UMA VOLTA AO BILHAR GRANDE?


PORQUE É QUE O CONSELHO DA EUROPA NÃO VAI DAR UMA VOLTA AO BILHAR GRANDE?
25/10/18

“E julgareis o que é mais excelente; se ser do mundo Rei, que desta gente”.
Camões, Lusíadas, Canto I,10. 

                Pois é, a gente mete em casa quem dela nos põe fora…
                Diz o ditado e é verdade!
                Veio agora – a acreditar-se nos “media” – uma inenarrável Comissão Europeia contra o Racismo e a Intolerância (ECRI), elaborar um relatório em que tem o topete de recomendar às autoridades portuguesas, “repensar o ensino da história e em particular a história das ex-colónias”; “o papel que Portugal desempenhou no desenvolvimento e, mais tarde, na abolição da escravatura, assim como a descriminação e a violência cometidas contra os povos indígenas nas ex-colónias”. E outros mimos, tais como “a narrativa da descoberta do novo mundo deve ser colocada em questão e a história e contributo dos afro descendentes, assim como dos ciganos (sic), para a sociedade portuguesa devem ser tratados”, etc..
                Será que “Bruxelas” virou um manicómio em auto gestão? Ou é apenas mais um episódio da saga “os alcoólicos não querem ser anónimos”.
               Será que os “Lusíadas” também vão ter que ser emendados?
                Mas esta gente não se enxerga?
                Pior, vai haver por cá uma caterva de “progressistas” mentais, normalmente acolitados em tugúrios de pedantismo e mau cheiro militante, (e que andam a querer derrubar estátuas, mudar nomes de ruas ou praças; fazer museus mentirosos e outras borradas idiotas), virá prestes, anunciar os seus encómios associando-se às preocupações. Os taradões!
                Vamos lá perder algum tempo a cascar nestas infelizes e cretinas criaturas.
                Comecemos pelos negros, perdão, os afrodescendentes.
               Tirando os habitantes do norte de África, que eram berberes islamizados com mistura de árabes, invasores Vândalos e outras minorias godas e aculturados sobreviventes do antigo Império Romano, os povos de África viviam em tribos/etnias animistas cujo estádio civilizacional se assemelhava ao período pós - Neolítico.
                Estas tribos guerreavam-se e moviam-se frequentemente (estavam entre o nómada e o sedentário) escravizavam-se e alguns praticavam o canibalismo.
                A agricultura, a metalurgia, o comércio, a cerâmica, as manifestações culturais, etc., eram todas incipientes e primitivas.
               Foi neste estado que os portugueses os encontraram.
                Tirando as práticas consideradas contrárias à religião e à natureza humana – como o canibalismo, por exemplo – os nativos não foram incomodados nas suas crenças, cultura e modo de vida.
                Pretendeu-se fazer comércio e cristãos – muito mais pela palavra do que pela força – cujo exemplo que se pode considerar como expoente, foi o reino do Congo.
                É certo que houve zonas que foram incorporadas na Coroa Portuguesa através de vários meios (tratados, conquista, negociação, etc.) o que era prática corrente na época (estamos a falar dos séculos XV e XVI) e não ofendia qualquer lei internacional ou a moral pública!
                Compraram-se e capturaram-se escravos, é certo, mas tal prática era normal entre os negros e não fomos nós que a iniciámos – a sua origem perde-se nos recônditos da Antiguidade Clássica e a maioria das “peças” era obtida directamente dos chefes indígenas, que dispunham do direito de vida e morte sobre as populações que tutelavam.
                Esta prática era comum a todos os povos e só começou a ser contestada a partir de meados do século XVIII. E os portugueses estiveram longe de serem os piores, para além de estarem entre os primeiros a acabar com a prática e a combater o tráfico.
                E não poucos portugueses sofreram a agrura da escravatura, eles próprios, sobretudo às mãos da moirama e dos turcos…
                Por isso vamos lá, uma vez por todas, ganhar juízo e pôr as coisas na sua verdadeira perspectiva.
                Sinceramente existe dificuldade em vislumbrar as “contribuições dos descendentes negros para a sociedade portuguesa”, para além da culinária (que nós aproveitámos), dos mestiços (que provocámos) e da ajuda militar dada por muitos indígenas nos conflitos que, entretanto, foram surgindo. E também de algumas palavras que incorporámos na nossa língua tornando esta em contrapartida a língua oficial que os une!...
                E do contributo de alguns vultos que educámos e promovemos, ao longo dos séculos, como por exemplo, o Governador Honório Barreto, na Guiné.
                No mais fomos nós que civilizámos e promovemos tudo, sempre que os meios o permitiram, oferecemos a nossa nacionalidade e integrámos.
                Alguém imagina que algum povo no mundo poderia transformar um negro de Moçambique num (bom) matador de touros? Lembram-se do Ricardo Chibanga?
                Por isso, e em síntese, essa ridícula e desconhecida ERCI – apesar de pertencer a uma bem - conhecida e cada vez mais impopular, União Europeia – não devia estar preocupada com os nossos manuais escolares. Devia, isso sim, era ir verificar se nos países que foram colonizados pelos portugueses – e que só não continuaram portugueses por intensa campanha internacional contra a superior postura lusitana – os respectivos manuais equacionam devidamente o valor da acção dos portugueses nesses territórios ao longo dos séculos!
                E, já agora, se não há racismo (negro), homofobia (já nem falo de corrupção), etc., acompanhado por um retrocesso civilizacional geral!
Parte do mesmo se pode falar dos lugares da Ásia por onde labutámos, comerciámos e lutámos.
               Com uma diferença de monta: as civilizações que encontrámos equivaliam-se com algumas diferenças resultantes das idiossincrasias próprias. [1]
                Mais uma vez foram os islamizados – que estavam em guerra com a cristandade e vice-versa – que impediram o estabelecimento pacífico dos portugueses.
                Aqui houve uma troca muito maior de culturas com influências na literatura, na arquitectura, nas artes, etc. Embora os portugueses nunca tivessem perdido a sua personalidade própria.
                Não consta que haja em nenhum lugar do Oriente por onde passámos, qualquer sentimento menos amistoso ou louvável para connosco, desde a China ao Japão, da Índia a Timor.
                E se nalguns lugares, que se mantêm muçulmanos existe ainda um sentimento de inimizade, não deixa de existir um temor referencial…
               Passemos aos Ciganos.
                Esta “preocupação” ainda é mais inacreditável. Que culpa é que os nacionais têm que esta tribo de origens dúbias que, segundo o que é tido por assente, se dispersaram pelo território do Continente Europeu, a partir do Nordeste da Índia – havendo uma concentração acentuada da região ocupada contemporaneamente pela Roménia e Bulgária, tenham chegado até cá, nomeadamente quando são escovados das regiões aglomeradas num país chamado Espanha?[2]
               Passaram a constituir minorias étnicas espalhadas pelo mundo. Em Portugal estima-se (não é fácil contá-los) existirem cerca de 30.000.
                Sendo eles “nómadas” quer o Conselho da Europa tirar-lhes essa “liberdade”?
                Tirando o rapaz tatuado que tem jeito para dar uns chutos na bola (e joga na selecção), não existe na memória colectiva dos portugueses, que desta tribo/raça/etnia, que vem dos confins da História (e que pretende é que ninguém dê por eles e os chateie – penso eu de que) tenha deixado algum traço, influência ou mais - valia nesta canto ocidental onde a “terra acaba e o mar começa”.
Sabe-se o que fazem (não serão todos, mas é a marca que deixaram): deambulam de feira em feira, vendendo produtos que ninguém sabe como são obtidos; distinguem-se pelo contrabando, tráfico de droga; venda ambulante - que se confunde com um jogo de escondidas com a PSP (e agora a ASAE), etc.
Querem encafuá-los em apartamentos? Eis o resultado: destroem as casas; desatam aos tiros e às facadas a comunidades vizinhas (exemplo: os cabo-verdianos); os filhos fogem da escola (não sendo raro o casamento com menores) e é vê-los aos magotes junto a um hospital público ou tribunal, quando um dos seus membros está doente ou é julgado. Quando as famílias se zangam a bernarda é grossa.
Experimentem retirar a vigilância da GNR a esta gente que gosta de acampar ao ar livre (o que até é uma actividade saudável…)!
Que se saiba em Portugal nunca ninguém os perseguiu, mas também nunca ninguém teve neles qualquer confiança, pois nunca se quiseram integrar, nem se lhes conhece a matriz das lealdades.
                Por isso tudo o que os portugueses têm feito tem sido muito mais do que o expectável e o que toda esta gente merece, como é a outorga do rendimento social de inserção (antigo rendimento mínimo garantido).
                Por tudo isto – de que só dissemos uma pequena parte - e em todo o âmbito apontado pela tal “ECRI”, não temos lições a receber de ninguém!
                Perceberam ó adiantados mentais de Bruxelas?
              Creio que não será pedir muito que os organismos bruxelenses, que estão a ficar desde há muito descredibilizados, deviam passar a estudar e a investigar antes de escreverem sandices. [3]
                E se continuarem nesta senda só resta fazer uma de três coisas (ou até mesmo as três!):
                - Não chatear branco, pá!
                - Irem passear a vossa mal comportada mãe biológica, para trás do sol-posto, no calcanhar do mundo;
                - Limparem o fundo do recto pós evacuação fisiológica, com os papéis onde escrevem as vossas recomendações ou metê-los simplesmente pelo dito cujo acima!
                Verão que é um descanso, poupam no papel higiénico e ainda são parabenizados pelo “lobby” LGBT+?%$#&, etc..
                Não há pachorra.

                                                              João José Brandão Ferreira
                                                                  Oficial Piloto Aviador

               
               


[1] Sem embargo de, na Índia, por exemplo, e logo em 1510, Afonso de Albuquerque (“O Grande, o Tirríbil”, o “Leão dos Mares”, etc..) tenha proibido a prática do “SATI” – costume hindu, ainda hoje não completamente irradiado, que obriga a viúva a ser cremada junto com o marido defunto, numa pira. Convém não esquecer que os ingleses só se atreveram a proibir esta prática – que deve ser muito querida das feministas – dois séculos depois…
[2] “Ciganos" é um exômio para “roma” – conjunto de populações nómadas que têm em comum, a origem indiana e uma língua, o romani, originária do noroeste do subcontinente indiano. Na Península Ibérica são também conhecidos por “calés” e “calós”. Calcula-se que a primeira onda de migração tenha ocorrido entre c. 500 e 1000 DC.
[3] Soube-se agora por um artigo no “Observador” e na Revista “Sábado”, que a ECRI, não leu nenhum manual do Ministério da Educação (que nem sequer é flor que se cheire), nem investigou coisa alguma, apenas falando com pessoas e “ONG’s” que se recusa a identificar!... Cáfila!

segunda-feira, 15 de outubro de 2018

Congresso TEM Pensar Portugal 2018, Lisboa

https://www.youtube.com/watch?v=B7jtHDP_I5w

Link para inscrição em evento

https://www.eventbrite.pt/e/bilhetes-congresso-tem-pensar-portugal-2018-51068018819

OS 60 ANOS DOS “FALCÕES"


OS 60 ANOS DOS “FALCÕES”
4/10/2018

“Aqueles que procuram agradar se enganam. Para agradar, tornam-se maleáveis, apressam-se a corresponder a todos os desejos. E acabam por trair-se em todas as coisas, para ser como os desejam. Que fazer com seres que não têm ossos nem forma?”

“O homem se descobre quando se mede com um obstáculo”.
                                        Antoine de Saint-Exupéry


            “Falcões” é a denominação atribuída à original Esquadra 51, da Base Aérea 5, sita em Monte Real, inaugurada com esta, em 4 de Outubro de 1958.
            Fez agora 60 anos, que foram devidamente comemorados como “bodas de diamante”.
            Não se trata, todavia, de uns quaisquer “Falcões”, pois a denominação refere-se apenas a um membro dessa “família” de aves rapaces, o Falcão Peregrino, “Falcus Peregrinus Tunst”, o falcão caçador mais feroz e letal de todos!
            A escolha não foi fortuita: a esquadra assim denominada e equipada originalmente, com o extraordinário F-86F Sabre, era uma esquadra de caça pura, destinada à defesa do espaço aéreo nacional.
            A missão mais nobre do “Poder Aéreo” e garante da soberania nacional.
            O primeiro comandante da esquadra foi o saudoso e já lendário Coronel Gualdino Moura Pinto (que tem uma sala com o seu nome na esquadra) extraordinário piloto, combatente e líder, que acabou a sua carreira após ser Comandante da Zona Aérea da Guiné e Cabo Verde e da Base Aérea 12, em Bissalanca, Guiné Portuguesa.[1]
             Nestas funções foi a pedra chave para a resolução do grave problema do aparecimento dos mísseis SAM 7 “Strella” (em 1973) naquele teatro de operações e que retirou à Força Aérea a supremacia dos ares, mas não a superioridade aérea.
            Foi ele que, em 1958, lançou, mais a sua equipa da altura, os fundamentos da organização e espírito da esquadra, fazendo jus ao ditado que diz que o que não nasce torto, sempre se mantém e endireita …
            A Esquadra dos Falcões sempre se manteve e nunca precisou de se endireitar.
            Estamos em face de uma unidade de combate de excelência – e não há unidade de “operações especiais” que se lhe possa comparar – que está na primeira linha das operações e do combate, velando 24 horas sobre 24 horas, todos os dias do ano, na vigilância do espaço aéreo nacional, com um grau de prontidão de uma parelha pronta a descolar em 10’.
            E está (bem) armada, para o caso de haver dúvidas ou julgarem que a Força Aérea é apenas um aeroclube muito dispendioso.
            Que o será, no dia em que deixar de ter armamento e, ou, não for capaz de executar missões tácticas de cariz militar…
            A esquadra tem um lema: “guerra ou paz tanto nos faz”, que se não deve ler no sentido literal da frase, como alguns poderiam deduzir – pois aos militares é mais caro e importante ganhar a guerra pela dissuasão, do que pelo combate – mas porque estão sempre aptos a voar e operar tanto na paz, na crise ou na guerra. Por isso tanto lhes faz…. E têm também um “grito”, síntese da sua agressividade e determinação que tenta imitar o som estrídulo do falcão peregrino: KIAK!
            E para que não haja dúvida da sua (serena e eficaz) ferocidade, existe uma frase, que encima a entrada da esquadra conhecida pelo “Palácio dos Falcões”, o local selecto onde estão prestes a entrar: “Por esta porta passam os falcões mais ferozes do mundo”.
            A frase ainda não foi desmentida…
            Aos abibes, isto é, os filhotes do Falcão, ou seja, os novos pilotos que lá chegam aspirando (mas apenas aspirando) em se qualificarem Falcões, não é permitido passarem na porta, enquanto ostentarem aquele “diminutivo”. Têm que crescer e aparecer.
            Assim deve ser.
            A vinda do F-86F, que contabilizou cerca de 65 unidades, foi acompanhada pela montagem do restante Sistema de Defesa Aérea (comando, controlo, comunicações e radares de defesa aérea), que não chega a ser concluído, por entretanto ter sido desencadeada a agressão militar internacional aos territórios portugueses de Angola, Guiné e Moçambique.
            Após o fim das operações em África, em 1974/5, o F-86F foi finalmente abatido em 30 de Junho de 1980 – após 60.000 horas de voo e, mais tarde (tardiamente), substituído pelo A-7P, em 24 de Dezembro de 1984, opção encontrada por não haver disponibilidade financeira no país (isto é, querer político) para o substituir por um avião de caça moderno.
            A denominação da esquadra passou então, para 302.
            Com o abate destas máquinas, que somaram um total de 50, em 10/7/1999, após 64.000 horas de voo – e que eram uma excelente plataforma para atacar alvos marítimos e terrestres, mas não para defesa aérea – em boa hora foi a Força Aérea equipada com duas esquadras de F-16 que, depois de modificados, constituem ainda um excelente sistema de armas em qualquer parte do mundo.
            Parte dos aviões passou a equipar a Esquadra dos Falcões, que mudou a sua designação para Esquadra 201.
            A partir de 1978 (Directiva do Cemfa, de 19 de Outubro desse ano) começou a ser implementado um novo sistema integrado de Defesa Aérea, o SICCAP, maioritariamente financiado por acordos NATO, e de cujas duas primeiras fases foram concluídas (a terceira contemplava os Açores e foi abandonada por questões de prioridades e ameaças dentro da Aliança, decorrentes da queda do Muro de Berlim, em 1989). Mas o que foi implementado está a funcionar, mas já com algumas limitações dado que as opções políticas de desinvestimento sistemático nas missões soberanas do Estado e da Nação, nomeadamente as Forças Armadas, reduziram já estas à ínfima espécie, desarticulando-as nos últimos 30 anos, em termos financeiros, administrativos, em pessoal, em autoridade, em apoio social e cívico e na subversão da condição militar dos seus servidores.
            Não existe no vocabulário da língua portuguesa adjectivos suficientemente fortes e cáusticos para definir a acção empreendida!
            As comemorações decorreram com brilho, com graça, com dignidade, com simplicidade e tocando um conjunto alargado de eventos presenciados por mais de uma centena de antigos falcões (embora pudessem e devessem ter sido mais …), incluindo alguns falcões da primeira “postura” de 1958, a que se juntou um lote apreciável de “companheiras” (não “falcoas”), o que aconteceu pela primeira vez em eventos deste género.
            Tendo terminado com um Jantar de Gala, o que também ocorreu pela primeira vez.
            E, para que conste, a “Fazenda Nacional” não contribuiu com um cêntimo para o evento.
            A esquadra 201, Falcões, está pois de parabéns.
            São poucos os Falcões no activo e, nomeadamente, na esquadra (mas nós também nunca fomos muitos…) a quem estimamos boas “caçadas” e estamos certos que saberão continuar a honrar os pergaminhos do “ninho”.
            E um “falcão” só dá baixa aquando da sua descolagem para o voo eterno!
            As minhas saudações, comovidas, para todos aqueles que já o efectuaram e aguardam no seu “poleiro” (agora já sem necessidade de “entrar ao passo”) a reunião dos que cá estão.
            A certa altura das comemorações foi afirmado que enquanto houver Força Aérea, haverá Falcões.
            Eu diria antes, que enquanto houver Falcões, haverá Força Aérea!
            KIAK!





                                                       João José Brandão Ferreira
                                                            Oficial Piloto Aviador
                                                                Falcão da postura de 1976


[1] Passou à situação de reserva, a seu pedido, após regresso da Guiné, por portaria de 26/09/1973.

segunda-feira, 8 de outubro de 2018

AS CAUSAS DO FILME DE TERROR

AS CAUSAS DO FILME DE TERROR
05/10/2018

“Verba vólant scripta mánent exempla traúnt”
                    Aforismo latino.

       (“As palavras voam, os escritos permanecem, o exemplo arrasta”).

            Escrevemos há uns dias um pedaço de prosa em que comparámos a sucessão sucessiva de sucessos que se sucedem sem cessar, no nosso burgo, a um filme de terror. Melhor dizendo, a um festival de filmes de terror.
            Vamos tentar hoje, apontar as razões (causas) por que tal acontece.
            Este desacerto em que vivemos tem a sua razão próxima na estabilização assíncrona e mal mastigada, e até criminosa, das consequências dos eventos ocorridos após a data de 25 de Abril de 1974 e da réplica ocorrida a 25 de Novembro do ano seguinte.
            Como convém os considerandos têm de ser simplificados, sem embargo de se começar por dizer que a “verdade” política e social, oficial, que daí resultou, estar ferida de numerosas mentiras.
            O que já de si representa um símbolo de impossibilidade para que o edifício entretanto construído pudesse assentar em alicerces bem escorados, com tudo o que isso implica.
            Na prática e sem entrar em estudos sociológicos que deixamos para os serventuários dessa área algo esotérica que toma o nome de “Sociologia”, as principais causas do “status quo” existente – e que volto a adjectivar de filme de terror, a que devo acrescentar o termo “democrático” – são por ordem decrescente de importância, o Sistema Político; o Sistema de Ensino e o Relativismo Moral.
            Vamos ser sucintos.
            O sistema político é uma manta de retalhos mal equilibrado, baseado numa Constituição palavrosa, mal engendrada, escrita quase sob sequestro, meio utópica e claramente antidemocrática e até, anti nacional.
            Para já o sistema existe sob a forma republicana, o que representa uma realidade política e social menor, relativamente à Monarquia; é o “reino” da estúrdia.
            Depois não é carne nem é peixe, ou seja é “semi-presidencialista” e, neste caso, não é no meio que está a virtude, muito menos devido ao ADN do português.
            Por outro lado é jacobino serôdio, inspirado nos ideais terroristas da Revolução Francesa e na tão gabada teoria do Montesquieu da divisão de poderes (executivo, judicial e legislativo). Ora isto nunca funcionou bem e está ultrapassado (bem como a divisão idiota entre “esquerda” e “direita”), em primeiro lugar porque não há independência alguma, pois todos influenciam todos, depois porque há outros poderes, até mais reais que estes, que os subvertem.
            Depois porque está baseado, quase exclusivamente nos Partidos Políticos que são péssimos (sempre foram), pois são organizações medíocres e funestas, onde não há escrutínio, nem formação, nem prestação de provas entre os seus membros, eivados de doutrinas e ideologias erradas (algumas criminosas) que nunca resolveram nenhum problema e agravaram todos.
            São estruturas viciadas e viciosas cujo futuro é a degradação e “partirem-se”, como deriva do seu próprio e infeliz nome.
            Tudo se fazendo em completo desrespeito e menorização das instituições nacionais (Magistratura, Diplomacia, Forças Armadas, Universidade, Academias, Igreja, organizações de carácter cultural, desportivo, apoio social e recreativo, etc.) e de toda a população onde se tenta explorar os baixos instintos das pessoas.
            Apelidam, com desfaçatez e ar sério, tudo isto de “democracia” e alcandoraram a coisa aos píncaros da boa aventurança, ao ponto de ninguém poder criticar ou pôr em causa o “sistema”.
            “Máxime” é perigoso pois a ideia é veiculada de modo a convencer psicologicamente os votantes (tudo está baseado no voto) a pensarem que influenciam ou mandam em alguma coisa…
            O “sistema” não se regenera e só tende a piorar.
            Em súmula, enquanto tivermos “partidos” jamais teremos país…
            O Ensino, vítima disto e da subversão neomarxista e neocapitalista, emanadas por órgãos e estruturas difusas e mal identificadas (mas muito reais), vem a seguir e é um desastre.
            E em Portugal atinge paroxismos de estupidez e do politicamente correcto no que toca à dimensão mastodôntica do Ministério da (des) Educação (que se dá em casa e não na escola); autoridade e hierarquia (inexistente); indisciplina (consequência da falta daquelas); experiências pedagógicas (delirantes); avaliação (inexistente na prática), desorganização de carreiras e influência dos sindicatos; o vácuo do desporto escolar, inadequação ao mercado de trabalho, etc.. (A que se tem que acrescentar os negócios com obras e livros escolares).
             A coisa só aparentemente não é caótica e dura há 44 anos…
            Sem embargo nela se despeja (é o termo) em cada orçamento do Estado mais de um bilião de euros (há largos anos)!
            Resultado: milhares e milhares de jovens atirados para a vida profissional e social, muito deficientemente preparados em termos culturais, éticos, físicos, cívicos, morais e intelectuais, embora altamente proficientes em ouvir o MP3, enviar SMS, entrar no “Google” e fazer “downloads” da internet e anormalmente espertos na identificação de géneros, orientações e práticas sexuais.
            Depois aparecem uns “castiços” nas pantalhas da TV que, com ar ufano como se estivessem a acreditar naquilo que dizem, afirmam estarmos perante a geração mais bem preparada de sempre!
            Só com um pano encharcado na cara.
            Finalmente o “relativismo moral”, posto em prática pelas tais “agências” acima referidas, cuja mais conhecia, dá pelo nome de “Escola de Frankfurt” e suas derivadas (como o “Fórum de S. Paulo”, por exemplo).
            O Relativismo Moral tem sido a maior ferramenta que tem solapado a civilização dita ocidental e o maior aríete contra a Igreja que tem sede em Roma e que esta, em vez de combater com todas as suas forças, resolveu tentar “adaptar-se” e contemporizar, após o Concílio Vaticano II!
            Tudo tem sido posto em causa: os fundamentos da família tradicional; a religião (com predomínio para a cristã e nesta, a católica); o valor da Nação como a melhor expressão de agregação dos povos; as virtudes; as tradições: a preservação da cultura dos povos (pelo multiculturalismo); pela exaltação dos vícios; a subversão da própria natureza humana, através do aborto, da eutanásia, da teoria do género, pelo homossexualismo, etc.; a subversão da arte, pela cultua do feio; da grosseria; do ruído; do deboche, etc.; da sociedade, pelo individualismo, sincretismo religioso; hedonismo, materialismo, feminismo e outros ismos.
            Enfim, uma soma astronómica de utopias balofas, antinaturais, anticientíficas, antiéticas, antimorais, anti - religiosas.
            Em síntese, a verdadeira encarnação do Mal. Do Mal Absoluto!
            Em tudo e acima de tudo e transversal a tudo, os mentores da sociedade actual fizeram colapsar a Autoridade. Ora só a autoridade permite executar decisões, estabelecer rumos e realizar coisas.
            Ela caiu, entre nós, no PREC e não foi reposta.
            De seguida – e como a sociedade se rege por leis – desataram a fazer leis em catadupa, uma autêntica diarreia legislativa que podem ser muito boas para dar emprego e fazer ganhar dinheiro aos diferentes ramos dos licenciados em Direito (que são quem as elabora), mas que é péssimo para o funcionamento seja do que for.
            E como se deixou de ensinar português (lá está o ensino…), deixam muito a desejar na forma e na substância.
            Eis as três principais causas do filme de terror em que se transformou a nossa existência.
            Muitos poderão pensar que o Sistema de Justiça - porventura outras coisas) - se deveria juntar às causas.
            Sem dúvida que sim, mas tornaria o escrito demasiado extenso, sendo que o estado da justiça depende e deriva directamente das três apontadas.
            Passamos a viver noutro tipo de filme, eis o desafio que temos.
            Parece-me relevante que esse desafio seja aceite e saia vencedor.
            Embora não vá desistir, não estou nada seguro disso.


                                                                      
                                                    João José Brandão Ferreira
                                                         Oficial Piloto Aviador