sexta-feira, 31 de janeiro de 2020

PANTEÃO DA DINASTIA DE BRAGANÇA - Lisboa_Portugal

Um pormenor que raras vezes é realçado e também o não foi neste documentário:
aos pés do túmulo de D. João IV (o "Restaurador") está sepultado o coração de D. António Luís de Menezes - 3.º Conde de Cantanhede e 1.º Marquês de Marialva - herói da Guerra da Restauração, não por ser um estratega militar, mas por ter empenhado o seu prestígio pessoal no recrutamento popular dos nossos soldados e no alento às nossas tropas em combate.



sexta-feira, 24 de janeiro de 2020


O QUE ESTÁ A FALHAR NA GUERRA CONTRA A DROGA?
20/01/20


“A vida humana gira instável
Como os raios de uma roda de carroça”.

                  Anacreonte
(Poeta grego, Teos 570 a.C. – Teos 485 a.C.)

            Assim se interrogava a reportagem da SIC no pretérito dia 11 de Janeiro, que passou no horário nobre do Jornal das 20H00.
            Seguramente com o intuito de nos estragar o jantar e provocar um sentimento de vómito…
            Dá vontade de rir, embora apeteça chorar, pois é trágico!
            Vejamos.
            Guerra contra a droga, fala a reportagem, mas qual guerra? Que “mentira” despudorada é esta?
            O que existiu e existe é sim, uma rendição inominável do Estado e da maioria da Sociedade relativamente a este flagelo escabroso! E não só rendição, ainda se tem que acrescentar os termos conivência, cobardia, traição e estupidez.
            Convém ainda afirmar para registo, que até 1974, tirando uns casos pontuais em chamados “filhos maus das famílias boas”, que praticamente não havia qualquer problema de droga em Portugal. Foi a bandalheira e o desnorte que emanou do golpe de estado ocorrido em 25 de Abril desse ano, que escancarou as portas para a disseminação do tráfico e consumo de estupefacientes no nosso país e que atingiu números dramáticos nos anos 80.
            Desde que resolveram descriminalizar o consumo, em Novembro de 2001 (Lei nº 30/2000) e passar a tratar os consumidores como doentinhos/coitadinhos, que só se tem feito asneiras, chamando-lhes (às asneiras) ideias muito avançadas e progressistas, até pioneiras!
             Que a comunicação social espalhou aos quatro ventos, chegando-se a dizer que Portugal é uma referência mundial!
             O termo “doença” é um conceito complexo e multifacetado, mas pode ser sintetizada como sendo uma condição particular anormal que afecta negativamente o organismo e que não é causada por um trauma físico externo.
             Ora o “trauma” dos drogados é auto induzido e transforma-se em vício porque as substâncias com que se tentam “eutanasiar” causam adicção. Ou seja a responsabilidade maior em tudo o que se passa é sempre do próprio. Como é que isto se pode confundir com uma doença é um mistério…
             Basicamente o que se pretende com toda a parafernália argumentativa do actual estado de coisas, é desculpabilizar o infractor e passar o ónus para a “sociedade” entidade suficientemente difusa para a culpa morrer solteira.
             Como o tio Rousseau deve estar contente…
             Agora estão muito admirados e queixam-se que tudo falhou e - cito - aumentaram as mortes (30%) por “overdose”; o consumo de cocaína disparou e existem muitos distúrbios psicóticos por via da cannabis?
            E de que há cada vez mais queixas de cidadãos por terem de suportar o tráfico e o consumo à vista, muitas vezes à porta de sua casa? E das Escolas? Que logo que as autoridades gastam esforço e dinheiro a “sanear” uma zona de tráfico e consumo, logo se mudam para outra?
            Então faz algum sentido criminalizar o tráfico e despenalizar o consumo? Então uma coisa vive sem a outra? Então os consumidores são – no mínimo – coniventes com o tráfico, mas não têm qualquer tipo de responsabilidade sobre o mesmo? Nem sobre o acto de se estarem a auto destruir, consumindo?
             De que serve manter ilegal o consumo prevendo-se multas e identificação e registo dos ofensores, se a mensagem que se passa é a da desculpabilização? Quantos multados deixaram de consumir? Para além de que tudo isto representa um incentivo ao consumo pois se a coisa correr mal há sempre alguém a “pôr a mão por baixo”. Mal comparado é o mesmo que se faz com os migrantes clandestinos: eles são ilegais e arriscam viajar e os governos europeus esforçam-se por os ir salvar…
            E apesar de tudo estar bem explicado no “site” do Serviço Nacional de Saúde quem no país tem a noção de que a “triagem” e a eventual penalização dos consumidores (maiores de 16 anos, já que os menores são entregues aos pais), não é feita pelas autoridades mas sim por uma entidade existente a nível distrital que dá pelo nome de “Comissão para a Dissuasão da Toxicodependência”? A quem são entregues os “doentinhos” pelas Forças de Segurança e Tribunais?!
            Existem ainda umas almas caridosas que se dispõem até a descriminalizar o tráfico. Mas desde quando se deve (não digo pode) descriminalizar ou despenalizar uma coisa que é má, viciosa e causadora de incontáveis danos?
             Agora outros iluminados afirmam que o sistema está a falhar porque não são disponibilizados meios suficientes? Parece a mesma desculpa que é dada para a incompetente imoralidade do Comunismo: a teoria está certa, o que tem falhado é a sua aplicação…
            Nesta sociedade cada vez mais amoral, individualista, facilitista, hedonista, e insana em que estamos imersos, vale tudo?
            É por isso que “facilitam” a entrada de droga nas prisões?
            Há uma “sem - abrigo” que nem portuguesa é, que se droga e resolve jogar o filho recém - nascido no lixo e a Ministra da Justiça vai visitá-la à prisão? O PR dos afectos pede “compreensão”?
            Mas passa pela cabeça de alguém com dois olhos, que o Estado gaste os nossos impostos (sim porque o dinheiro é retirado do que todos pagamos) para distribuir seringas, remédios, alguns tipos de drogas; disponibilizem locais para se drogarem, material de higiene e restante parafernália, para o pessoal da “pica e da passa” se injectar com calma, sossego e lavadinhos, quando deviam andar era a trabalhar ou a fazer qualquer coisa de útil?
          Porque é que não oferecem garrafas de vinho aos bêbados?
          E eu tenho que pagar e cara alegre?
          E dizem com uma lata do tamanho do mundo que não fazer estas coisas, torna as consequências mais caras e gravosas? Mas então atacam-se efeitos em vez de causas? E afinal estamos preocupados com um problema criminal, social, de saúde pública e moral ou apenas com cifrões?
            E que raio de justiça social é esta em que os que se portam bem é que têm que aturar, sofrer e pagar pelos que se portam mal?
            E porque é que as autoridades não acabam com o tráfico? Pois parece-me que pelas mesmas razões porque não acabam com os paraísos fiscais. Porque não querem…
            Outros dizem que só se consegue apanhar os “pequenos” traficantes. É mentira. Além de que os grandes traficantes não podem viver sem os pequenos…
            Lembro que ao tempo do governador Giuliani, em Nova Iorque, a criminalidade desceu muitíssimo, tendo a luta começado por pequenos delitos, como os grafitis.
            Vivemos no meio da maior das hipocrisias e mentiras.
             No entretanto arranjou-se mais um negócio das clinicas de desintoxicação e agora a novíssima coqueluche da produção da canábis para fins medicinais![1]
            Ainda não se percebeu que com a actual política se esvaziou a autoridade e o moral das polícias e órgãos de investigação criminal, para actuarem?
            E depois faz-se reportagens a dizer que nos últimos 10 anos apareceram em Portugal 90 novos tipos de drogas sintéticas?[2]
            Ainda não perceberam que após 20 anos de políticas idiotas e cor – de - rosa, o número de drogados aumentou, idem para a diversidade de drogas e a sua disseminação e perigosidade se tornou mais fluida. E o tráfico não diminui, como é demonstrado pelas apreensões feitas? Não percebem que toda esta palhaçada é um péssimo exemplo para os mais novos?
            E que as consequências de tudo isto, acompanhada pela acção irresponsável dos “média” fizeram uma coisa terrível que foi tornar a sociedade complacente com esta desgraça, porque se tornou uma coisa “normal”? Ao ponto de me entrarem pela casa dentro as imagens mais miseráveis destes infelizes em cenas sórdidas e infra humanas, sem uma ponta de pedagogia adequada?
            Tanto filho d’algo a encher a boca com a palavra “liberdade” e não se preocupam com a escravatura degradante e indigna em que os agarrados pelo maldito vício, arrastam a sua existência?!
            Porque é que toda esta gente que polui o ambiente não é encarada como um problema ecológico?
            Estamos em crer que o único país que encarou o assunto a sério foi Singapura.[3]
            Para grandes males, grandes remédios.
            Abençoados.



                                                     João José Brandão Ferreira
                                                    Oficial Piloto Aviador (Ref.)



[1] Cinco empresas já obtiveram licença da Autoridade Nacional do Medicamento (Infarmed) para cultivar, importar e exportar a planta da canábis para fins medicinais, com uma área de cultivo de 120 hectares. Num país que não consegue manter a disciplina nas salas de aula, estou curioso de ver quem vai conseguir controlar o que se rá passar neste âmbito…
[2] Notícia do DN de 12/10/2018…
[3] Em Portugal seria necessário harmonizar as penas com o 5º Mandamento da Lei de Deus: “Não matarás”…

terça-feira, 14 de janeiro de 2020

AS CONDECORAÇÕES E O PR


AS CONDECORAÇÕES E O PR
10/1/20



“Foge cão que te fazem barão.
Para onde se me fazem visconde?”
                                                                                                         Almeida Garrett

            Fez há pouco nove meses, que o Presidente da República (PR) se deslocou a um hospital onde jazia no seu leito de morte, um português com “P” grande a fim de o condecorar, o que fez, atribuindo-lhe o Grau de Comendador da Ordem do Infante D. Henrique.
            O seu nome era Victor Manuel Tavares Ribeiro e estávamos a 23 de Março de 2019.
            Victor Ribeiro faleceu poucas horas depois, não sem antes ter sido contemplado com a condecoração maior: ter recebido a graça do Baptismo.
            Há poucas semanas (a 19 de Dezembro) Marcelo Rebelo de Sousa (MRS) deu um salto a outro hospital para condecorar o Almirante Nuno Vieira Matias, desta vez com a Grã-Cruz da mesma ordem.
            O Almirante Matias esteve para ser condecorado durante uma visita programada à Sociedade Histórica para a Independência de Portugal, sita no Palácio Almada (vulgo da Independência) no pretérito dia 27 de Novembro, visita entretanto adiada.
            O que coincidiu com uma queda do supracitado que o obrigou à baixa hospitalar.
            Já a 30 de Dezembro o PR entendeu condecorar o treinador de futebol Jorge Jesus com o grau de Comendador da mesma Ordem, tendo a mesma sido ventilada pública e previamente tendo MRS, na sua incontinência verbal, dito qualquer coisa como “o meu instinto é condecorá-lo já, mas vou consultar o Conselho das Ordens”.
            Imagina-se que o Conselho das Ordens há-de ter apreciado muito esta “subtil” maneira de o pressionar…
            A Ordem do Infante D. Henrique foi, recorda-se, criada nos tenebrosos tempos do “Estado Novo” (imagine-se), em 1960, para comemorar o 5º centenário da morte do Infante D. Henrique, destinando-se a (redacção de 1962) “distinguir os que houvessem prestado serviços relevantes a Portugal no país e no estrangeiro e serviços na expansão da cultura portuguesa ou para o conhecimento de Portugal, sua história e seus valores”.
            A Ordem do Infante D. Henrique tem vários graus, a saber:
            O Grande Colar (apenas destinado a Chefes de Estado); a Grã-Cruz; o Grande Oficial; Comendador; Oficial e Cavaleiro/Dama.
            São já imensas as veneras atribuídas pelo actual PR (embora ainda não tenha batido “records” anteriores), o que só tem concorrência no número de “selfies” tiradas e nas deslocações efectuadas.
            Bom, é sempre melhor distribuir condecorações e títulos, do que censuras e castigos, mas o que está em causa é porventura a precipitação (veja-se o caso da atribuição do nome do Ronaldo ao Aeroporto do Funchal) e sobretudo a Justiça com que se fazem as coisas. E a Justiça tem dois andamentos: a absoluta e a relativa.
            Existe ainda outro ponto assaz importante a ter em conta: a vulgarização. Ora a vulgarização leva ao descrédito, o que na sua vertente extrema levará a que uma condecoração seja tida como um “castigo” e à descredibilização de quem a atribui, o que levará naturalmente a que qualquer agraciado, com vergonha na cara, possa recusar a “distinção”.
            Os casos de várias (são já muitas) personalidades condecoradas, nomeadamente em cerimónias do 10 de Junho (Dia de Portugal e portanto a data mais importante para se condecorar alguém, o que já de si deveria constituir uma distinção adicional), que mostraram e, ou veio a saber-se, não serem dignas de as terem recebido, com a dúvida pública instalada, se as mesmas deveriam ser retiradas aos agraciados, não tem ajudado nada.
            Mesmo nada.
            Ora se atentarmos nos exemplos apontados – e não queremos com isto estar a comparar as pessoas como tal – verificamos que Victor Ribeiro que foi um ex-combatente do Ultramar, que nunca virou as costas ao perigo; muito competente profissional da Aviação Civil (Comandante de Linha Aérea) e a quem o país deve uma parte da vitória do 25 de Novembro, pois estando já fora do serviço activo militar, foi convocado para os “Comandos” e comandou uma das companhias que ajudou a salvar Portugal de uma guerra civil e de uma ditadura odiosa de esquerda, está ao mesmo nível de um treinador de futebol que ao fim de 50 anos aprendeu que o Brasil foi descoberto por Pedro Álvares Cabral (esquecendo-se de acrescentar “oficialmente”).
            Não tenho nada contra os treinadores de futebol, mas tenho mais-valias a acrescentar a muitas outras coisas. Nomeadamente ao que Victor Ribeiro e Vieira Matias fizeram. Neste último a disparidade é um pouco menor dado que foi contemplado com dois graus acima (Grã-Cruz). Mas mesmo assim a diferença afigura-se muita.
            Vieira Matias foi um muito bom e considerado marinheiro e oficial da Armada, com duas comissões em Angola e na Guiné, que acabou a sua carreira militar como Chefe de Estado-Maior da Armada, que entre muitas outras coisas (positivas) que fez, teve a presciência de colocar de alerta e pronta a zarpar, uma força naval para actuar na Guiné-Bissau, numa altura crítica em que nacionais e interesses portugueses estiveram em risco, e o Governo Português estava a dormir na forma.
            Tem lutado sempre pela importância do Mar na vida nacional portuguesa e é sem dúvida um patriota, um homem de saber, de carácter e um académico distinto.
            Comparar estes exemplos profissionais de vida com outros que dirigem uns quantos atletas que têm jeito para dar chutos numa bola, por mais que isso divirta a mole humana e nos massacre nas pantalhas da televisão, parece-me um pouco como confundir a “estrada da Beira com a beira da estrada”…
            E cabe às entidades de maior hierarquia do Estado, dada a sua responsabilidade, dar o exemplo e promover os bons exemplos.
            Mas o que mais choca nestes eventos é que, enquanto a Jorge Jesus – de quem estimamos a simplicidade e autenticidade – foi dada ampla promoção mediática (abertura de telejornais!) com a distinção da mesma ter sido efectuada no Palácio de Belém, perante muitos convidados e as duas outras condecorações terem sido atribuídas quase em segredo, perante meia dúzia de pessoas mais chegadas, tendo sido ignoradas pela comunicação social. Apesar também da distinção que a deslocação do PR comporta.
            Será que os serviços da presidência se esqueceram de avisar os homens da pena, do microfone e da câmara?
            Porque é que não há uma coisa que bata certo nesta malfadada III República?
            As palavras de Garrett fazem-nos pensar que a natureza humana não muda mesmo e aquilo que se vai aprendendo não é lá grande coisa.


                                               João José Brandão Ferreira
                                              Oficial Piloto Aviador (Ref.)

terça-feira, 7 de janeiro de 2020

SERÁ O SERVIÇO NACIONAL DE SAÚDE MAIS IMPORTANTE DO QUE O SISTEMA DE DEFESA AÉREA?


SERÁ O SERVIÇO NACIONAL DE SAÚDE MAIS IMPORTANTE DO QUE O SISTEMA DE DEFESA AÉREA?

05/01/20
                       “Eu acredito que todos nós devíamos pagar
                         nossos impostos com um sorriso. Eu tentei.
                         Mas eles queriam em dinheiro.”
                         Autor desconhecido


Por exemplo.
Como vivemos numa sociedade dita democrática, onde as decisões são tomadas supostamente, pela votação de maiorias (metade mais um) - não por quem sabe e tem boas intenções - não temos dúvidas em afirmar que se submetermos a pergunta a referendo directo, 98% dos chamados a urnar perdão, a votar, seriam a favor do Serviço Nacional de Saúde (SNS).
Neste âmbito a abstenção seria reduzida - a não ser aqueles que, por julgarem a certeza do resultado, não veriam necessidade em dar-se à maçada da deslocação - e quase não haveria urnos, perdão votos, brancos ou nulos.
A percentagem no pessoal da Força Aérea (que opera o Sistema de Defesa Aérea (SDA), dado ainda não ter ainda passado para a GNR ou para a Protecção Civil e o Dr. Marta Soares não o ter reivindicado para o Sporting, perdão para os Bombeiros) caíria - estamos em crer - para 90% de “sim” ao SNS e que - Nossa Senhora do Ar me perdoe - a chefia da mesma, ainda se tentaria a fazer campanha pelo SNS que temos, sugerido por um dos “filhos da viúva” mais conhecidos dos últimos tempos.
É claro que a “Briosa” dado ainda não se terem inventado barcoletas com asas, aos costumes diria nada, enquanto o “Glorioso”, agora de farda nova, está apenas de olho no soldado que de escopeta em punho (mesmo sem munições) vela pela bandeira no cimo da AR. Mesmo que ela (distinta Assembleia) se esteja nas tintas para a bandeira que lá flutue...
Além disso essa coisa de andar no ar é para meia dúzia de estarolas meio delicadinhos - nem podiam ter boxe na Academia, vejam lá! Que vão para um Aeroclube, mas é, e paguem!
A votação seria feita sem debate ou esclarecimento prévio (para quê!?) por desnecessário dado o nível educacional da população - agora distinguida numa das suas partes constitutivas pela “geração mais bem preparada de sempre” mas, sobretudo, para evitar termos de ouvir perorar os habituais comentadores e seus apropriadíssimos ditos.
Estou a lembrar-me daquele vindo de uma direita extrema longínqua, que cobra pareceres ao minuto e logo asseguraria haver dezenas de generais para cada tipo de avião existente; aquele outro que quando fala fica com cara de bulldog (e não é do PAN), para quem os militares são a expressão terrena da besta do apocalipse, ou até o mais pequenino de todos que assim ficava dispensado de consultar o oráculo de Belém para saber o que iria dizer.
Já me esquecia de um outro muito rotativo e que não admite controvérsia, que já veio defender publicamente que se deveria vender mais F-16 à... Croácia.
Há para todos os gostos.
Ainda só não entendi porque é que nós votamos para eleger deputados (isto é, nas listas apresentadas pelo ditador do Partido em funções), mas não elegemos os comentadores. Injustiças!
São assim como que “profissões” para as quais qualquer um pode ir sem ter frequentado sequer um cursilho de novas oportunidades a 90% de créditos...
Mas estávamos a falar do SNS e do SDA.
Vamos lá tentar demonstrar que o SNS não é mais importante que o SDA (início de um coro audível de adjectivos e impropérios, contra a minha pessoa...).
Estou recordado que as três funções clássicas (e utópicas) (assim chamadas) do Estado são a Segurança, a Justiça e o Bem-Estar.
Por esta ordem.
A ordem dos termos não é arbitrária.
Se não houver Segurança e Justiça não pode haver Bem-Estar...
Se o Estado não servir para tentar fazer estes três grandes conjuntos de coisas, não serve para nada.
Ora o Estado tem o dever de enquadrar e liderar a população (a Nação) nos melhores caminhos para realizar tais desideratos. Interagindo com frequência com esta, sobretudo através das grandes instituições nacionais, como são a Universidade, a Igreja, a Magistratura, a Diplomacia, as Forças Armadas, as Academias, corporações diversas, os Parceiros Sociais etc.. Quando se sentam com estes últimos à mesa de qualquer coisa, nunca se entendem. Porque será?
Porém, quase só interagem com os Partidos Políticos, quando lhes convém, os quais representam a pior entidade possível que se pode escolher para esse fim…
Harmonizar tudo isto não é fácil, mas tem que ser tentado em cada momento. Chama-se a isso governar.
Sintetizadas as três funções do Estado de outro modo, pode dizer-se que sem Segurança não há, ou pode não haver, Desenvolvimento.
E acima de tudo temos que ter, como comunidade, um padrão de princípios morais e ético/deontológicos, sob pena de estarmos a resvalar constantemente para o mal e a asneira, que é para onde a coisa tende sempre.
Senão a Eva não tinha trincado a maçã...
Ora quem providencia a Segurança no plano externo e em termos militares são as Forças Armadas - onde está inserido o tal SDA - coadjuvadas com o Sistema de Informações e a Diplomacia.
E para a Segurança Interna, existem as Forças de Segurança, outro ramo dos Serviços de Informações, órgãos de investigação criminal e Serviço de Estrangeiros.
Tudo isto muito debilitado e a precisar de grandes reformas.
Ora o Sistema de Defesa Aérea - foi o exemplo que buscámos - vale mais do que o SNS pois se nós já estivermos mortos não precisamos de ter saúde alguma...
O SDA é um sistema soberano por excelência (algo com pouco crédito hoje em dia, no pensamento político) que em tempo de guerra nos defende dos inimigos e em tempo de paz nos protege dos amigos...
E tomem-no como um seguro. Quem, porém, gosta de pagar seguros?
Todavia se for utilizado apenas uma vez, não vale a pena?
A norma da prudência é outra: a velha discussão entre canhões e manteiga, o que tem a ver com ameaças. E cujo velho princípio é a de tentar fazer frente à (s) mais provávei (s) e ter em conta a mais perigosa.
Ora uma ameaça é o produto de uma capacidade por uma intenção. As intenções mudam de um dia para o outro. As capacidades levam anos a construir. É o caso do SDA.
Mas a questão que se põe e é mais perigosa é deixar destruir o SDA (o que está a acontecer), para salvar o SNS (por exemplo). Acontece porém, que irão os dois para o fundo (e muitos outros mais...).
Ora isto não deve (embora possa) andar ao sabor das conveniências político/partidárias de momento ou de governo.
E aqui é que a porca torce o rabinho.
E torce o rabinho porque para se poder ter alguma qualidade na Segurança, na Justiça e no Bem-Estar, teríamos que ter Economia e Finanças que o sustentassem.
Ora não temos nem uma nem outra, além do que há 45 anos que vivemos do que nos emprestam ou “subsidiam” e mesmo assim a dívida fica a perder de vista.
Ora casa onde não há pão...
E como já começa a ser risível mandar as culpas para cima do Professor Salazar - que Deus tenha em Sua Santa Glória - a classe política que tem (toda ela) responsabilidade no descalabro, não encontra nada melhor para fazer do que tourear-se uns aos outros (e a nós todos) numa de passa culpas constante e mediático, usando dos mais sórdidos métodos para continuar a enganar o Zé Povinho.
Que continua a fazer-lhes manguitos, mas por baixo da mesa...
Nunca houve um adiantado mental que fosse capaz de dizer: “desculpem que meti os pés nisto ou naquilo, vamos lá corrigir...”, ou depois da borrada que fiz vou pintar a cara de preto e nunca mais apareço (vou antes mudar para lilás que está na moda e assim nem sequer me podem chamar racista).
E só prometem o que sabem que não podem dar.
E está difícil (não é por acaso) ao sistema judicial de enfiar na choça quem prevarica.
A falta de seriedade é tão grande que além de se mentir com o maior descaramento sobre tudo e todos, ninguém tem o discernimento de mitigar o delírio com algumas frases de simples bom senso como sejam as de: é preciso trabalhar mais e sobretudo melhor; economizar; não querer ser rico amanhã; seleccionar os mais capazes para exercerem a liderança; impôr hábitos de disciplina, estudo e reflexão; garantir o exercício da autoridade; combater seriamente a corrupção e não só de palavras leva-as o vento; não gastar mais do que aquilo que se produz; apostar na virtude e não no vício, etc..
A lista podia continuar, mas não quero deixar de referir que também nada se conseguirá enquanto não se puserem os Deveres à frente dos Direitos...
Leia-se a Constituição.
Dá para perceber que está tudo mal, ou não?
O Estado depois de se ter demitido de defender a soberania do seu espaço e população, emitir moeda e levantar tropas, apenas serve para cobrar impostos. Para depois fazer justamente o que não deve.
Os políticos que têm gerido o Estado preocupam-se com negócios, gerir a comunicação social (outros que se arrogam o direito de influir e mandar sem serem eleitos nem terem mandato para tal, em vez de se limitarem a informar com verdade) e condicionar o espírito dos cadáveres adiados que vão às urnas, urnar, perdão, votar, que o façam neles. E assim continuar o ciclo.
Ter-vos-ei convencido que o SDA é mais importante que o SNS? Duvido o mais possível.
Deixo-vos então outra questão:
A Federação Portuguesa de Futebol é ou não, mais importante que o SNS?
Não preciso que me respondam.




                     João José Brandão Ferreira
                    Oficial Piloto Aviador (Ref.)