Caius Júlio César (100-44 AC), referindo-se aos
Lusitanos
Esta frase tem sido mote para que o comum dos
burgueses e outros arrastados por eles, descambem em exercícios de puro
masoquismo, “arte” em que os habitantes deste cantinho europeu são,
provavelmente, imbatíveis.
Usar a frase (esquecendo, convenientemente, a
segunda parte), tem sido desculpa para que se afirme a esmo, em tertúlias e
conversas de corredor, algo como “seria bom que viesse alguém de fora para pôr
ordem no burgo”, olvidando que “ordem” é, justamente, aquilo que muitos não
querem!
Tal representa – basta dois minutos de reflexão –
uma falácia, já que os estrangeiros estão longe de nos conhecerem e jamais irão
defender os nossos interesses. As excepções, como Schomberg e Lippe – e estes
eram militares, não políticos, muito menos financeiros – só confirmam a regra.
Só a falta de autoridade, competência e noção da
dignidade do Estado que, infelizmente tem abundado, pode explicar a baixeza de
se ter “convidado” – se foi imposto ainda é pior – “técnicos” do FMI e do Banco
Mundial para (ao que consta) “ajudar” na reforma do Estado e a cortar 4000
milhões de euros.
Tirando as fortalezas que se rendem sem disparar um
tiro, poucas coisas existem que possam ser consideradas mais infamantes.
Acresce o facto de serem os governantes que é suposto darem as ordens aos que
guarnecem as ditas fortalezas, que actuam desta maneira…
Será que quando não conseguirem manter a ordem nas
ruas vão chamar os “os Marines” ou, quem sabe, a Eurogendfor?[1]
Os tempos estão, de facto, mudados…
Vejamos, os governantes portugueses depois de terem
endividado o País por gerações, não conseguem, agora, cortar na despesa nem
organizar-se para o que é necessário fazer e resolvem introduzir pelas
fronteiras – que há demasiado tempo deixámos de controlar – uns quantos
tecnocratas que tratam os povos como gado para, ao abrigo dos seus “pareceres”,
anunciarem umas quantas medidas como sendo inevitáveis. Será assim?
E sabe-se de tudo isto através de um ex-governante,
agora comentador político e, também, Conselheiro de Estado (e vão dois) -
actividades que devem ser tornadas incompatíveis – que o afirma explicitamente
na televisão (já eles por aí andavam), não deixando de acrescentar ser “uma boa
ideia”.
Boa ideia, meter cá dentro uns “gatos - pingados”,
passando-se a si próprios (um órgão de soberania – ou já não se chama assim?),
um atestado de incompetência?
Boa ideia, introduzir no centro do suposto poder,
do nosso desgraçado país, antenas de organizações sem rosto, que pretendem, ao
que tudo aponta, governar o mundo pela via financeira, e sem nunca o assumirem?
Para que votamos em partidos e personalidades se
depois eles se “vendem” a poderes estranhos à nacionalidade?
Já não bastou a experiência dos iberistas, face à
Espanha; dos comunistas face à URSS; dos maoístas face à China; e de todos os
“partidos” “franceses”, “ingleses”, “alemães”, etc., que pulularam ao longo da
História, em vez de nos unirmos à volta do partido português, que é o único que
interessa?
Que gente é esta, meu Deus?!
E o FMI vem, candidamente, dizer que já
disponibilizou esta “ajuda” de forma rotineira a todos os países membros;
reformar a organização ou as funções do Estado é uma ajuda rotineira? E será
que o fazem por filantropia, ou também cobram? Podemos ver as tabelas de preços?
Pelos vistos a “democracia” portuguesa (ou à
portuguesa), está reduzida a elegermos não quem nos governe, mas sim para que
contrate os melhores tipos, no mercado, para governarem por eles…
Convenhamos que descemos abaixo do nível de uma
ópera bufa.
Está na altura da população acordar. Mas, não
estando minimamente organizada (a não ser algumas “organizações” que, por
razões óbvias, ninguém refere), quando acordar vai sair asneira e sujeitamo-nos
ao caos.
Para evitar que tal aconteça, só nos restam as
instituições que tem especiais responsabilidades constitucionais, na defesa da
individualidade e identidade nacionais, e na salvaguarda da unidade do Estado,
tendo - se em conta, que numa delas, é cabeça uma personalidade mais próxima do
Senhor D. João VI, do que do Senhor D. João II, sem sequer lhe advir a
autoridade decorrente da instituição real…
E é preferível, por razões que me dispenso de
explicitar, que tal seja preparado a nível de topo do que em níveis inferiores
da hierarquia.
Só se deve ir para soluções de emergência em última
instância, mas não demasiado tarde.
O país está já em situação de emergência e o actual
sistema político e a generalidade dos políticos que o preenchem – não confundir
com “servem” – chegou a um beco sem saída e não são parte da solução.
Antes pelo contrário “eles” foram e são, o problema.
A liberdade de Portugal e dos portugueses está em
perigo. E a liberdade destes não se mantém sem a liberdade daquele, que foi um
erro em que muitos caíram e a outros aproveitou.
Talvez fosse conveniente ponderar nisto antes de
passarmos para a segunda parte da citação: “e não se deixam governar”.
[1]
Força de Gendarmeria Europeia
4 comentários:
Uma vez mais os meus parabéns.
MEDINA DA SILVA
Qual é a saída?
Salazar ou Sidónio Pais?
Talhas.
ESTE REGIME BEM PRECISAVA DOS DOIS; SALAZAR E SIDONIO PAIS PARA SE REFORMAR E SOBREVIVER.
A REPUBLICA FUNCIONA SÓ COM REPUBLICANOS DESTES A MANDAR. COM OS ANONIMOS REPUBLICANOS NO LUGAR HOJE EM DIA O PAÍS TOURNOU SE O PROTECTORADO DOS "EUROPEUS" E O POVO SUA MAO DE OBRA À DISCRIÇAO.
Estou a ler o livro "Revolução Liberal" no sec 19 do sr Pulido Valente e a história é quase igual à nossa realidade tirando o facto de agora estarmos na troika...perdão,na União?europeia.
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