O QUE ESTÁ A
FALHAR NA GUERRA CONTRA A DROGA?
20/01/20
“A vida
humana gira instável
Como os raios
de uma roda de carroça”.
Anacreonte
(Poeta grego,
Teos 570 a.C. – Teos 485 a.C.)
Assim
se interrogava a reportagem da SIC no pretérito dia 11 de Janeiro, que passou
no horário nobre do Jornal das 20H00.
Seguramente
com o intuito de nos estragar o jantar e provocar um sentimento de vómito…
Dá
vontade de rir, embora apeteça chorar, pois é trágico!
Vejamos.
Guerra
contra a droga, fala a reportagem, mas qual guerra? Que “mentira” despudorada é
esta?
O
que existiu e existe é sim, uma rendição inominável do Estado e da maioria da
Sociedade relativamente a este flagelo escabroso! E não só rendição, ainda se
tem que acrescentar os termos conivência, cobardia, traição e estupidez.
Convém ainda afirmar para registo,
que até 1974, tirando uns casos pontuais em chamados “filhos maus das famílias
boas”, que praticamente não havia qualquer problema de droga em Portugal. Foi a
bandalheira e o desnorte que emanou do golpe de estado ocorrido em 25 de Abril
desse ano, que escancarou as portas para a disseminação do tráfico e consumo de
estupefacientes no nosso país e que atingiu números dramáticos nos anos 80.
Desde
que resolveram descriminalizar o consumo, em Novembro de 2001 (Lei nº 30/2000)
e passar a tratar os consumidores como doentinhos/coitadinhos, que só se tem
feito asneiras, chamando-lhes (às asneiras) ideias muito avançadas e
progressistas, até pioneiras!
Que a comunicação social espalhou
aos quatro ventos, chegando-se a dizer que Portugal é uma referência mundial!
O termo “doença” é um conceito
complexo e multifacetado, mas pode ser sintetizada como sendo uma condição
particular anormal que afecta negativamente o organismo e que não é causada por
um trauma físico externo.
Ora o “trauma” dos drogados é auto
induzido e transforma-se em vício porque as substâncias com que se tentam
“eutanasiar” causam adicção. Ou seja a responsabilidade maior em tudo o que se
passa é sempre do próprio. Como é que isto se pode confundir com uma doença é
um mistério…
Basicamente o que se pretende com
toda a parafernália argumentativa do actual estado de coisas, é desculpabilizar
o infractor e passar o ónus para a “sociedade” entidade suficientemente difusa
para a culpa morrer solteira.
Como o tio Rousseau deve estar
contente…
Agora estão muito admirados e queixam-se
que tudo falhou e - cito - aumentaram as mortes (30%) por “overdose”; o
consumo de cocaína disparou e existem muitos distúrbios psicóticos por via da
cannabis?
E
de que há cada vez mais queixas de cidadãos por terem de suportar o tráfico e o
consumo à vista, muitas vezes à porta de sua casa? E das Escolas? Que logo que
as autoridades gastam esforço e dinheiro a “sanear” uma zona de tráfico e
consumo, logo se mudam para outra?
Então faz algum sentido
criminalizar o tráfico e despenalizar o consumo? Então uma coisa vive sem a
outra? Então os consumidores são – no mínimo
– coniventes com o tráfico, mas não têm qualquer tipo de responsabilidade sobre
o mesmo? Nem sobre o acto de se estarem a auto destruir, consumindo?
De que serve manter ilegal o
consumo prevendo-se multas e identificação e registo dos ofensores, se a
mensagem que se passa é a da desculpabilização? Quantos multados deixaram de
consumir? Para além de que tudo isto representa um incentivo ao consumo pois se
a coisa correr mal há sempre alguém a “pôr a mão por baixo”. Mal comparado é o
mesmo que se faz com os migrantes clandestinos: eles são ilegais e arriscam
viajar e os governos europeus esforçam-se por os ir salvar…
E apesar de tudo estar bem
explicado no “site” do Serviço Nacional de Saúde quem no país tem a noção de
que a “triagem” e a eventual penalização dos consumidores (maiores de 16 anos,
já que os menores são entregues aos pais), não é feita pelas autoridades mas
sim por uma entidade existente a nível distrital que dá pelo nome de “Comissão
para a Dissuasão da Toxicodependência”? A quem são entregues os “doentinhos”
pelas Forças de Segurança e Tribunais?!
Existem ainda umas almas caridosas
que se dispõem até a descriminalizar o tráfico. Mas desde quando se deve (não
digo pode) descriminalizar ou despenalizar uma coisa que é má, viciosa e
causadora de incontáveis danos?
Agora outros iluminados afirmam
que o sistema está a falhar porque não são disponibilizados meios suficientes?
Parece a mesma desculpa que é dada para a incompetente imoralidade do
Comunismo: a teoria está certa, o que tem falhado é a sua aplicação…
Nesta
sociedade cada vez mais amoral, individualista, facilitista, hedonista, e
insana em que estamos imersos, vale tudo?
É
por isso que “facilitam” a entrada de droga nas prisões?
Há uma “sem - abrigo” que nem
portuguesa é, que se droga e resolve jogar o filho recém - nascido no lixo e a
Ministra da Justiça vai visitá-la à prisão? O PR dos afectos pede
“compreensão”?
Mas
passa pela cabeça de alguém com dois olhos, que o Estado gaste os nossos
impostos (sim porque o dinheiro é retirado do que todos pagamos) para
distribuir seringas, remédios, alguns tipos de drogas; disponibilizem locais
para se drogarem, material de higiene e restante parafernália, para o pessoal
da “pica e da passa” se injectar com calma, sossego e lavadinhos, quando deviam
andar era a trabalhar ou a fazer qualquer coisa de útil?
Porque é que não oferecem garrafas de
vinho aos bêbados?
E eu tenho que pagar e cara alegre?
E dizem com uma lata do tamanho do mundo que
não fazer estas coisas, torna as consequências mais caras e gravosas? Mas então
atacam-se efeitos em vez de causas? E afinal estamos preocupados com um
problema criminal, social, de saúde pública e moral ou apenas com cifrões?
E
que raio de justiça social é esta em que os que se portam bem é que têm que
aturar, sofrer e pagar pelos que se portam mal?
E
porque é que as autoridades não acabam com o tráfico? Pois parece-me que pelas
mesmas razões porque não acabam com os paraísos fiscais. Porque não querem…
Outros
dizem que só se consegue apanhar os “pequenos” traficantes. É mentira. Além de
que os grandes traficantes não podem viver sem os pequenos…
Lembro
que ao tempo do governador Giuliani, em Nova Iorque, a criminalidade desceu
muitíssimo, tendo a luta começado por pequenos delitos, como os grafitis.
Vivemos
no meio da maior das hipocrisias e mentiras.
No entretanto arranjou-se mais um
negócio das clinicas de desintoxicação e agora a novíssima coqueluche da
produção da canábis para fins medicinais![1]
Ainda
não se percebeu que com a actual política se esvaziou a autoridade e o moral
das polícias e órgãos de investigação criminal, para actuarem?
E
depois faz-se reportagens a dizer que nos últimos 10 anos apareceram em
Portugal 90 novos tipos de drogas sintéticas?[2]
Ainda
não perceberam que após 20 anos de políticas idiotas e cor – de - rosa, o
número de drogados aumentou, idem para a diversidade de drogas e a sua
disseminação e perigosidade se tornou mais fluida. E o tráfico não diminui,
como é demonstrado pelas apreensões feitas? Não percebem que toda esta
palhaçada é um péssimo exemplo para os mais novos?
E
que as consequências de tudo isto, acompanhada pela acção irresponsável dos
“média” fizeram uma coisa terrível que foi tornar a sociedade complacente com
esta desgraça, porque se tornou uma coisa “normal”? Ao ponto de me entrarem
pela casa dentro as imagens mais miseráveis destes infelizes em cenas sórdidas
e infra humanas, sem uma ponta de pedagogia adequada?
Tanto filho d’algo a encher a boca
com a palavra “liberdade” e não se preocupam com a escravatura degradante e
indigna em que os agarrados pelo maldito vício, arrastam a sua existência?!
Porque é que toda esta gente que
polui o ambiente não é encarada como um problema ecológico?
Para
grandes males, grandes remédios.
Abençoados.
João
José Brandão Ferreira
Oficial Piloto Aviador (Ref.)
[1] Cinco empresas já
obtiveram licença da Autoridade Nacional do Medicamento (Infarmed) para
cultivar, importar e exportar a planta da canábis para fins medicinais, com uma
área de cultivo de 120 hectares. Num país que não consegue manter a disciplina
nas salas de aula, estou curioso de ver quem vai conseguir controlar o que se
rá passar neste âmbito…
[2] Notícia do DN de
12/10/2018…
[3] Em Portugal seria
necessário harmonizar as penas com o 5º Mandamento da Lei de Deus: “Não
matarás”…
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