segunda-feira, 8 de outubro de 2018

AS CAUSAS DO FILME DE TERROR

AS CAUSAS DO FILME DE TERROR
05/10/2018

“Verba vólant scripta mánent exempla traúnt”
                    Aforismo latino.

       (“As palavras voam, os escritos permanecem, o exemplo arrasta”).

            Escrevemos há uns dias um pedaço de prosa em que comparámos a sucessão sucessiva de sucessos que se sucedem sem cessar, no nosso burgo, a um filme de terror. Melhor dizendo, a um festival de filmes de terror.
            Vamos tentar hoje, apontar as razões (causas) por que tal acontece.
            Este desacerto em que vivemos tem a sua razão próxima na estabilização assíncrona e mal mastigada, e até criminosa, das consequências dos eventos ocorridos após a data de 25 de Abril de 1974 e da réplica ocorrida a 25 de Novembro do ano seguinte.
            Como convém os considerandos têm de ser simplificados, sem embargo de se começar por dizer que a “verdade” política e social, oficial, que daí resultou, estar ferida de numerosas mentiras.
            O que já de si representa um símbolo de impossibilidade para que o edifício entretanto construído pudesse assentar em alicerces bem escorados, com tudo o que isso implica.
            Na prática e sem entrar em estudos sociológicos que deixamos para os serventuários dessa área algo esotérica que toma o nome de “Sociologia”, as principais causas do “status quo” existente – e que volto a adjectivar de filme de terror, a que devo acrescentar o termo “democrático” – são por ordem decrescente de importância, o Sistema Político; o Sistema de Ensino e o Relativismo Moral.
            Vamos ser sucintos.
            O sistema político é uma manta de retalhos mal equilibrado, baseado numa Constituição palavrosa, mal engendrada, escrita quase sob sequestro, meio utópica e claramente antidemocrática e até, anti nacional.
            Para já o sistema existe sob a forma republicana, o que representa uma realidade política e social menor, relativamente à Monarquia; é o “reino” da estúrdia.
            Depois não é carne nem é peixe, ou seja é “semi-presidencialista” e, neste caso, não é no meio que está a virtude, muito menos devido ao ADN do português.
            Por outro lado é jacobino serôdio, inspirado nos ideais terroristas da Revolução Francesa e na tão gabada teoria do Montesquieu da divisão de poderes (executivo, judicial e legislativo). Ora isto nunca funcionou bem e está ultrapassado (bem como a divisão idiota entre “esquerda” e “direita”), em primeiro lugar porque não há independência alguma, pois todos influenciam todos, depois porque há outros poderes, até mais reais que estes, que os subvertem.
            Depois porque está baseado, quase exclusivamente nos Partidos Políticos que são péssimos (sempre foram), pois são organizações medíocres e funestas, onde não há escrutínio, nem formação, nem prestação de provas entre os seus membros, eivados de doutrinas e ideologias erradas (algumas criminosas) que nunca resolveram nenhum problema e agravaram todos.
            São estruturas viciadas e viciosas cujo futuro é a degradação e “partirem-se”, como deriva do seu próprio e infeliz nome.
            Tudo se fazendo em completo desrespeito e menorização das instituições nacionais (Magistratura, Diplomacia, Forças Armadas, Universidade, Academias, Igreja, organizações de carácter cultural, desportivo, apoio social e recreativo, etc.) e de toda a população onde se tenta explorar os baixos instintos das pessoas.
            Apelidam, com desfaçatez e ar sério, tudo isto de “democracia” e alcandoraram a coisa aos píncaros da boa aventurança, ao ponto de ninguém poder criticar ou pôr em causa o “sistema”.
            “Máxime” é perigoso pois a ideia é veiculada de modo a convencer psicologicamente os votantes (tudo está baseado no voto) a pensarem que influenciam ou mandam em alguma coisa…
            O “sistema” não se regenera e só tende a piorar.
            Em súmula, enquanto tivermos “partidos” jamais teremos país…
            O Ensino, vítima disto e da subversão neomarxista e neocapitalista, emanadas por órgãos e estruturas difusas e mal identificadas (mas muito reais), vem a seguir e é um desastre.
            E em Portugal atinge paroxismos de estupidez e do politicamente correcto no que toca à dimensão mastodôntica do Ministério da (des) Educação (que se dá em casa e não na escola); autoridade e hierarquia (inexistente); indisciplina (consequência da falta daquelas); experiências pedagógicas (delirantes); avaliação (inexistente na prática), desorganização de carreiras e influência dos sindicatos; o vácuo do desporto escolar, inadequação ao mercado de trabalho, etc.. (A que se tem que acrescentar os negócios com obras e livros escolares).
             A coisa só aparentemente não é caótica e dura há 44 anos…
            Sem embargo nela se despeja (é o termo) em cada orçamento do Estado mais de um bilião de euros (há largos anos)!
            Resultado: milhares e milhares de jovens atirados para a vida profissional e social, muito deficientemente preparados em termos culturais, éticos, físicos, cívicos, morais e intelectuais, embora altamente proficientes em ouvir o MP3, enviar SMS, entrar no “Google” e fazer “downloads” da internet e anormalmente espertos na identificação de géneros, orientações e práticas sexuais.
            Depois aparecem uns “castiços” nas pantalhas da TV que, com ar ufano como se estivessem a acreditar naquilo que dizem, afirmam estarmos perante a geração mais bem preparada de sempre!
            Só com um pano encharcado na cara.
            Finalmente o “relativismo moral”, posto em prática pelas tais “agências” acima referidas, cuja mais conhecia, dá pelo nome de “Escola de Frankfurt” e suas derivadas (como o “Fórum de S. Paulo”, por exemplo).
            O Relativismo Moral tem sido a maior ferramenta que tem solapado a civilização dita ocidental e o maior aríete contra a Igreja que tem sede em Roma e que esta, em vez de combater com todas as suas forças, resolveu tentar “adaptar-se” e contemporizar, após o Concílio Vaticano II!
            Tudo tem sido posto em causa: os fundamentos da família tradicional; a religião (com predomínio para a cristã e nesta, a católica); o valor da Nação como a melhor expressão de agregação dos povos; as virtudes; as tradições: a preservação da cultura dos povos (pelo multiculturalismo); pela exaltação dos vícios; a subversão da própria natureza humana, através do aborto, da eutanásia, da teoria do género, pelo homossexualismo, etc.; a subversão da arte, pela cultua do feio; da grosseria; do ruído; do deboche, etc.; da sociedade, pelo individualismo, sincretismo religioso; hedonismo, materialismo, feminismo e outros ismos.
            Enfim, uma soma astronómica de utopias balofas, antinaturais, anticientíficas, antiéticas, antimorais, anti - religiosas.
            Em síntese, a verdadeira encarnação do Mal. Do Mal Absoluto!
            Em tudo e acima de tudo e transversal a tudo, os mentores da sociedade actual fizeram colapsar a Autoridade. Ora só a autoridade permite executar decisões, estabelecer rumos e realizar coisas.
            Ela caiu, entre nós, no PREC e não foi reposta.
            De seguida – e como a sociedade se rege por leis – desataram a fazer leis em catadupa, uma autêntica diarreia legislativa que podem ser muito boas para dar emprego e fazer ganhar dinheiro aos diferentes ramos dos licenciados em Direito (que são quem as elabora), mas que é péssimo para o funcionamento seja do que for.
            E como se deixou de ensinar português (lá está o ensino…), deixam muito a desejar na forma e na substância.
            Eis as três principais causas do filme de terror em que se transformou a nossa existência.
            Muitos poderão pensar que o Sistema de Justiça - porventura outras coisas) - se deveria juntar às causas.
            Sem dúvida que sim, mas tornaria o escrito demasiado extenso, sendo que o estado da justiça depende e deriva directamente das três apontadas.
            Passamos a viver noutro tipo de filme, eis o desafio que temos.
            Parece-me relevante que esse desafio seja aceite e saia vencedor.
            Embora não vá desistir, não estou nada seguro disso.


                                                                      
                                                    João José Brandão Ferreira
                                                         Oficial Piloto Aviador

           

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