Tentemos juntar o que poucos
disseram, se é que alguns (enfim, não posso garantir a 100%).
Singela e resumidamente:
Há mais de três anos, um governo
do PS em estado de negação e mentiroso compulsivo, entrou em perda e,
finalmente – com um empurrão da banca e um rebate de consciência do então
Ministro das Finanças [1] - pediu um resgate
financeiro.
“Resgate” é apenas um eufemismo
dos tempos, que significa pedir ajuda financeira para evitar uma bancarrota em
toda a sua crua dimensão.
Dos desatinos que levaram a isto
não vamos hoje falar, pois são demasiado conhecidos embora, sobre eles, ninguém
até hoje tenha assumido responsabilidades, tão pouco pedido desculpa, sequer
ter afivelado um ar compungido.
Forçado pelas conjunturas escolhidas
do anterior – diz-me com quem andas dir-te-ei quem és – em vez de irmos pedir
dinheiro ao Japão, ao Irão, à China ou ao Sultão do Brunei, ficámos pelos
vizinhos europeus consubstanciados no BCE (euro “oblige”); a Comissão Europeia
(que não é a mesma coisa, mas quase), e o FMI onde manda o dólar, isto é, quem
controla os EUA – o que pouco tem a ver com o Governo americano…
Acordou-se, isto é, aceitou-se,
um empréstimo de 78 mil milhões, com juros algo leoninos, e respectivas
condições: ou seja, uma dose brutal e experimental de austeridade (experimental
por não ter ainda sido testada num país do 1º mundo – nós fomos as cobaias
juntamente com a Grécia e a Irlanda).[2]
O actual executivo que foi
implementando a coisa (o anterior foi entretanto corrido, por indecente e má
figura) tem mostrado estar absolutamente impreparado para o governo da cidade.[3]
A impreparação junto com as
necessidades prementes de tesouraria fez com que o Governo passasse a aplicar
cortes cegos em tudo o que mexia e não trazia complicações de maior, provocando
uma contracção abrupta do consumo, falências e despedimentos em série e
incapacidade para cumprimento de encargos financeiros das famílias e empresas,
em catadupa.
O desemprego tornou-se dramático
e dramáticas são as suas consequências.
Ocorreram ainda dolorosos cortes
no chamado estado social consubstanciado na Saúde, Ensino, prestações sociais e
reformas, estado social, aliás, que vivia há longos anos muito acima da
capacidade da economia em o sustentar, estando afundado em dívidas e muito má
gestão. Para ficarmos por aqui.
Tudo foi sendo acompanhado de
muita agitação política e social, ruído mediático, avalanche de notícias e
desencontro constante entre números, promessas, diagnósticos, atoardas, demagogia
barata, etc.
Se entendem que isto é o que deve
passar numa “democracia”, pois quem sou eu para contestar…
De avaliação em avaliação, lá se
chegou à última em que a “Troika” decidiu abandonar o país com uma saída
“limpa”, isto é sem necessidade de um segundo resgate e sem medidas “cautelares”.
Mas, abandonará mesmo?
Pelo que se ouve dizer, a saída é
limpa mas continuarão a existir “mecanismos” de controlo durante muitos anos…
Quem apoia o governo engalanou em
arco; o PS dá uma no cravo e outra na ferradura (tem-se portado como uma “barata
tonta” em todo este interlúdio) e a extrema-esquerda vai mantendo o discurso do
bota abaixo, usual.
Nada disto é sério.
Vejamos para que serviram os 78
mil milhões, alguém sabe?
Vão apresentar contas de como o
dinheiro foi gasto?
Aparentemente os euros (os
milhões relativos aos juros, ficaram logo retidos na fonte, à cabeça) foram
gastos para pagar salários; dívida e juros de dívida; 12 mil milhões foram
destinados para ajudar a banca, mas parece que a verba não foi toda gasta, já
que houve grande relutância nalguns bancos, em quererem aceitar as condições do
governo.
Não se tem conhecimento, todavia,
de que um único euro tenha sido empregue em investimento ou em qualquer coisa
que garantisse uma mais-valia futura.
Ou seja, a austeridade apenas
serviu para diminuir o “deficit” orçamental – o que não é de somenos – e os 78
milhões, serviram de almofada para empurrar a crise com a barriga para a frente
de modo a garantir (esperançosamente) que os juros de quem nos emprestava
dinheiro baixassem para valores aceitáveis e não fossem considerados usura.
Lembra-se ainda que, durante todo
este processo não se deixou de pedir dinheiro emprestado e o serviço da dívida
não parou de aumentar…
Em súmula os 78 milhões apenas
compraram tempo à custa de nos terem feito aumentar o peso da dívida.
Continua a ser um excelente
negócio para os credores e nós ficámos agarrados como “escravos” para tempo
indeterminado.
Desde o início, porém, que o
Governo:
- E as forças políticas que o apoiam, não estruturaram e apresentaram objectivos políticos faseados no tempo, nem qualquer estratégia para os alcançar;
- Legislou amiúde contra a lei fundamental do país (a Constituição) o que resultou em frequentes choques com o Tribunal Constitucional;[4]
- Nunca deu o exemplo (aquilo de viajar em turística foi um flop sem importância e sem continuidade), o que seria fundamental para a sua credibilidade e para conseguir levar “alguém” atrás de si;
- Apenas conseguiu fazer acordos pontuais com os parceiros sociais e algumas vezes nem os cumpriu;
- Não se atreveu a cortar na PR, AR, Gabinetes de Ministros, Autarquias nem em nada que pudesse “lesar” os serventuários dos partidos;
- Manteve no essencial, a pouca vergonha da miríade de conezias ligadas às Swaps, PPPs, institutos, fundações, etc., etc., o que apesar de se falar e falar sem fim, nada de relevante acontece (afinal para que serve a tão apregoada liberdade de expressão?).
Deve ter-se ainda em conta que:
- O Ministério Público não consegue fazer condenar quase ninguém, face à onda de corrupção e destrambelhamento que alastrou pelo país, faz décadas (todo o sistema de justiça está montado para não funcionar e ninguém quer ver isto!);
- As verdadeiras gorduras do Estado que têm dado origem a copiosos escândalos, nunca foram atacadas de frente (nem de cernelha…);
- O Governo mostrou-se incapaz de reformar o Estado limitando-se a cortar nos reformados, despedir funcionários públicos e a destruir as Forças Armadas (também quiseram dar um nó nas Forças de Segurança, mas não se estão a sair bem da tarefa);
- Os órgãos de soberania deixaram-se “infiltrar” por elementos que estão ao serviço de interesses, que de portugueses não têm nada;
- O Governo e o Parlamento tomaram atitudes de confisco, que os comparam a autênticos salteadores de estrada, que fazem o Zé do Telhado parecer um menino de coro;
- Permite-se e alimenta-se uma Comunicação Social onde, na prática, quase tudo é permitido;
- Induziu-se na opinião pública que em Política é “normal” e faz parte do “sistema” mentir; ser troca-tintas; vira casacas; dizer uma coisa e fazer outra; misturar favores, apoios e negócios; ter falta de vergonha e todo um conjunto de comportamentos aberrantes, enfim tudo aquilo que o cidadão minimamente honesto repudia e não aceita, nas relações sociais!
No fundo os políticos vivem na
porcaria e na chicana e os cidadãos passaram a achar que isso é “natural” –
para políticos… Mas a percentagem de quem vota no âmbito do actual sistema,
ainda é elevada.
Ganhámos em tudo isto, uma
espécie de “saco azul” financeiro que o Governo veio prestes dizer, que se
trata de uma reserva para algo que possa correr mal, mas que nós só iremos
acreditar se não virmos esbanjar a dita, na caça aos votos para as próximas
legislativas.
Finalmente os incansáveis homens
e mulheres que se embrenham no que entenderam ser fazer Política, não se contêm
e exalam verborreia por todos os poros. Não perceberam ainda – o que revela já
uma profunda falta de inteligência e senso – de que se falassem menos,
acertavam mais, e retiravam à oposição o comburente por onde se alimentam evitando,
em simultâneo, o ruído mediático cacofónico o que seria um descanso para o
espirito de todos nós e um regalo para a alma.
Irra que já não se suporta!
No fim desta etapa o País está
mais pobre e os “mercados” satisfeitos; quem se portou mal, recompensado; a
população de gatas; a Soberania esvaída; a Nação portuguesa em suicídio
militante.[5]
Investimento para o futuro não se
vislumbra ao passo que um conjunto de empresas essenciais para o país, mudaram
para mãos estrangeiras; a finança apropriou-se de uma quantidade enorme de
bens, cujos proprietários endividados deixaram de poder pagar, e uma parte não
contabilizada de ouro e joias das famílias portuguesas, foram derretidas e
exportadas.
A partir de agora quem controla o
capital já pode abrir a torneira do crédito e dar-se início a um novo ciclo de
“expansão, contracção, recessão”.
E não parece ter-se aprendido
nada.
[1]
Aparentemente um homem sério que se deixou arrastar por maus caminhos e
companhias, até descarrilar. E não parece que o então PM lhe tenha, até hoje,
perdoado o seu rebate de consciência…
[2]
Na Islândia a manobra aparentemente, correu-lhes mal, por isso nada se fala…
[3]
Os Partidos Políticos Portugueses – com excepção do PCP, insiste-se – têm-se
revelado as entidades mais incapazes para lidarem seja com o que for e ainda
ninguém conseguiu ou quis explicar isto na televisão. Para nossa infelicidade o
PCP, sendo o único capaz, defende uma doutrina incompetente, anti - natural e
com implementação sanguinária sempre que foi tentada.
[4]
A vinda da “Troika” foi, aliás, a primeira medida anti constitucional…
[5]
Por via da demografia negativa, emigração e imigração…
2 comentários:
O maior problema de Portugal é a corrupção.
Os grandes practicantes dessa mesma corrupção, são os partidos.
Logo não podem ser os corruptos acabar com a corrupção.
Assim sendo,é impossível resolver o problema democraticamente, pois é a democracia ela próprio o problema.
Falta vir o menino gritar que o rei vai nu....
E alguns militares(oficiais e outros)continuam a fazer jogo partidário e sindical mesmo quando lhes apontamos estes factos,basta ir à página da aofa no face.Alguns (marxistas concerteza)até dizem à boca grande que a culpa é apenas do povo que vota sempre nos mesmo,como que a dizer "vejam lá se votam na cdu".Será que não entendem que o regime político está bloqueado?Ou não querem entender??
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