“Não se deve
pedir a inteligências jovens o que a história do pensamento humano demonstra
requerer tempo, exercício e adequada adaptação mental”.
Ruy Pastor,
Pi Calleja e A. Trejo In, “Analisis Matemático”.
Eis um bom
tema para final de ano…
Num curto
espaço de tempo vai assistir-se a uma mudança múltipla no topo da hierarquia
militar.
Deixando de
fora o “pormenor” de nenhum general dever ter aceitado ser promovido sem que o
normal sistema de promoções nas FA fosse reposto em vigor – uma das mais graves
indignidades a que os militares estão a ser sujeitos – eis, sucintamente, o
ponto de situação actual.
O Almirante
CEMA terminou o seu mandato e foi para casa. Não o quiseram reconduzir e,
aparentemente, ele também não o queria. Fartou-se.
Para o seu
lugar, os da área do Governo, alinharam um candidato e das bandas do EMGFA, terá
surgido outro.
Não havendo
entendimento o “juiz de Belém” aparentemente optou por um terceiro, o Almirante
Macieira Fragoso, a quem desejamos as maiores venturas.
Andam para
aí uns quantos agoniados, ruminando que é católico, coisa que o Estado laico
(ou maçónico?) obviamente condena.
Toda a
gente, aliás, sabe que não há qualquer tipo de discriminação racial, religiosa,
ideológica, partidária ou de sexo, na nossa democratíssima sociedade!
Quanto muito
pode haver é preferências…
Bom, algures
por Fevereiro terminam os seus mandatos os Generais CEMGFA e CEMFA. Este último
deve estar condenado a ir para casa, dado que o CEMGFA já não deve tercer armas
por ele e, sobretudo, por causa do desaguisado ocorrido aquando do seu discurso
no pretérito dia da FA, em Leiria, que resultou numa má-criação ministerial.
Acto que
devia ter correspondência em assertiva e adequada resposta, o que constituiu
mais um acto falhado em que as chefias militares têm sido férteis e que tem
levado ao abuso por parte de ignaros e petulantes políticos.
Para além
disso, da sua substituição tem dado conta – até já com um nome do putativo
substituto – uma das eminências pardas da área governamental, nas suas arengas
a quem o quer ouvir.
A questão
mais complicada, porém, vai ser a substituição do CEMGFA.
Por rotação
tradicional – mas não obrigatória – cabe a vez a um oficial da Armada, ocupar o
lugar.
Acontece que
tal obriga a promover outro Vice - Almirante a quatro estrelas e a passar o
recém - empossado (ou não – tudo é possível…) para o 6º piso do edifício onde,
em tempos, se controlava um “império”.
Mas,
sobretudo, porque parece haver interessados em colocarem o actual CEME em tal
lugar, onde já esteve como chefe de gabinete de um outro CEMGFA (aliás, anos em
gabinetes é coisa que não falta no seu currículo). Amor com amor se paga.
Nessa
hipótese, o leque de escolhas para um novo comandante do Exército, é estreito,
havendo uma opção óbvia (que não vamos revelar) caso os poderes instituídos
quiserem uma pessoa séria e capaz para o lugar.
A não ser
que esperem pela aprovação do novo EMFAR – vislumbro um desastre em que
qualquer ficção será ultrapassada pela realidade – em que só as praças devem
ficar de fora dos passiveis de serem escolhidos…[1]
Mudar o
Comandante da GNR para CEME, também é opção, embora tal hipótese deva ser
descartada pela necessidade em dar alguma estabilidade no agitado, e cada vez
mais indisciplinado, mundo das Forças de Segurança.
Sem embargo,
no meio disto tudo soube-se que um diligente oficial, com larga experiência em
números, teria feito as contas referentes à passagem à reforma do General
CEMGFA – face à imprevisibilidade extrema do futuro das pensões de reforma e
reserva, que o granel estabelecido nos últimos anos exponencia – e que este
estaria na disposição de sair já no fim do ano, de modo a não perder cerca de
700 euros.
Sossegados
os espíritos pela sua, aparente, não saída, faltando apenas saber se lhe prometeram
alguma coisa, face à sua decantada “tranquilidade” relativamente a todos os
atropelos que se vão cometendo para com a Instituição Militar (IM), resta
elaborar umas quantas reflexões.
O facto de
um chefe militar ponderar abandonar ou não, o serviço activo, por razões
financeiras, não parece dever admirar ou chocar ninguém.
São os
sinais dos tempos e a espuma da época.
Tal
representa o estado a que nos têm tentado reduzir como seres humanos e como
sociedade. O “Deus Mamom” tem sido posto nos altares, pelos luciferinos que por
aí pontificam.
Por outro
lado, que pode levar um general ou almirante, nos tempos que correm, a almejar
chegar a chefe de estado - maior? O que lhe sobra para comandar? Que autoridade
tem? Que dignidade institucional ou social possui? Que competências lhe restam?
Muito
poucas, praticamente nenhumas!
E com o novo
EMFAR e restantes alterações legislativas que se preparam, hão-de ser passados
a ferro…
Ter estomago
para aguentar tudo isto (e o que se prenuncia) varia inversamente com a
vergonha na cara ditada pelo carácter.
Ou seja, só se entende que um oficial general
aceite um lugar no topo da hierarquia se estiver na firme determinação de fazer
frente e tentar mudar a política errada, há muito seguida relativamente à
Defesa e Segurança Nacionais (e à própria destruição do País), que está a
liquidar a IM. E a minimizar os militares e a humilhar as chefias, com
constantes desconsiderações e atropelos.
Veremos onde
está o coração do CEMGFA, que há décadas é um observador crítico de tudo o que
se tem passado nas FA, ou se está apenas à espera de uma qualquer prebenda fora
de portas, como parece estar na moda.
****
E é nas
considerações finais que entra a matemática e os métodos dedutivos,
nomeadamente aritméticos.
Relembremos
conceitos:
Axioma (do
grego axioma), proposição cuja verdade é evidente – ou seja, não carece de
demonstração;
Teorema (do
grego théorêma), é uma proposição que precisa de ser demonstrada para se tornar
evidente;
Tese (do
grego thésis), proposição para ser defendida; conclusão de um teorema;
Hipótese (do
grego hypóthesis), suposição admissível de que se tira uma consequência.
Para o que
queremos provar, começamos por definir o nosso axioma e que é este: “Um General
é sempre um General, mesmo em cuecas”.
Daí passamos
para o teorema: “Um General é uma máquina de decisão”.
Formulamos
uma Hipótese: “Um General que não decida, não serve para nada”.
E,
finalmente a Tese: “Os Generais vão desaparecer”.
Demonstração:
Se um
general é uma máquina de decisão deve ter algo sobre que decidir;
Esse “algo”,
é definido superiormente bem como o âmbito a que se aplica;
Mas se,
superiormente lhe é retirado sucessivamente o “algo” até não restar coisa
alguma, o âmbito sobre que decidem é “zero” o que, não obstante ser um número
inteiro representa “nada”;[2]
Ora tal
retira e impede, à partida, qualquer “objecto” sobre o qual possa incidir a
capacidade de decidir de todo e qualquer general;
De onde se
pode deduzir, inferindo-se, que um general, nessas condições, não serve para
nada;
Não servindo
para nada, um general carece de objectividade analítica, logo de sustentação
matemática.
Mesmo
considerando o “infinito” resultante da divisão de uma decisão por zero, não é
demonstrável a sua necessidade ao equilíbrio do Cosmos.
Logo os
generais vão desaparecer.
C. q. d..[3]
Como o
Professor Vidal deve estar orgulhoso de mim![4]
Não se
cuidem não…
[1] EMFAR – Estatuto dos Militares das FA
[2]
Segundo a “Escola Formalista”, onde pontificou Giuseppe Peano (1858-1932),
“zero” como “conceito primitivo” representa um “ente matemático”, fundamentado
por cinco axiomas, um dos quais o considera um “número”. Espero que tenham
entendido.
[3] Como se queria demonstrar…
[4] Saudoso Catedrático da 1ª Cadeira – Matemáticas Gerais; do então 1º Ano Geral da Academia Militar e um dos terrores do “Zé cadete”.
[3] Como se queria demonstrar…
[4] Saudoso Catedrático da 1ª Cadeira – Matemáticas Gerais; do então 1º Ano Geral da Academia Militar e um dos terrores do “Zé cadete”.
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