quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

O DESPUDOR CRIMINOSO DE BANQUEIROS E POLÍTICOS




O DESPUDOR CRIMINOSO DE BANQUEIROS E POLÍTICOS

12/1/16

“Aqueles banqueiros que não cumprissem imediatamente os seus compromissos,
ser-lhes-ia declarado bancarrota, e se não pagassem as sua dívidas no prazo de
um ano, caíriam em desgraça pública, o que seria apregoado por arautos por todo o povoado. Imediatamente a seguir, o banqueiro seria decapitado directamente em
frente da sua mesa de trabalho, e as suas propriedades vendidas localmente para
pagar aos seus credores”. (Tradução livre)

Alteração à “La Taula de Canvis”, em 14/8/1321, legislação que apareceu durante o
reinado de Jaime I de Aragão (1213-1276), relativamente às actividades financeiras.
Se um qualquer profissional das muitas actividades em que se divide o trabalho numa sociedade moderna, revelasse um cem avos da incompetência e, ou, dolo, que a generalidade dos agentes financeiros (agora não são só banqueiros) e dos políticos, de há umas décadas a esta parte, tem evidenciado, não havia prisões (nem campos de concentração) que chegassem para os meter, tão pouco haveria desemprego, pois a quantidade de lugares vagos por ninguém os querer voltar a contratar ou manter a trabalhar, seria incomensurável.
Mas não, aparentemente não há político por incompetente ou malandro que se revele, que seja responsabilizado seja pelo que for (nem os partidos os expulsam), nem nenhum banqueiro bem instalado na vida é preso, irradiado da função ou se lhe corta a mão direita.
E nenhum banco abre falência, quando tal já aconteceu a milhares de empresas (muitas delas, aliás, fraudulentamente!). Porque será?
Se um merceeiro causasse 0,001% dos danos que esta gente tem causado, o seu estabelecimento já teria fechado há muito e o homem/mulher apontado a dedo nos quarteirões em redor.
Se um chefe militar ou um diplomata, por incúria, ignorância ou azar, causam um incidente menor que seja, são irradiados e vilipendiados e regressam a casa com uma mão à frente e outra atrás.
Os casos de incúria, má decisão, acidentes, ou complicações inopinadas, no âmbito do exercício da medicina, são capas de jornais e objecto de reportagens televisivas quase diárias, numa frequência e dramatismo, que quase só falta exigir a garantia da vida eterna…
Os exemplos podiam continuar.
Mas quando toca a financeiros e políticos – falo dos dois pois o âmbito está cada vez mais ligado – podem fazer ou dizer, as maiores barbaridades que, como dizem os espanhóis “no passa nada!”.
É certo que alguns (poucos) banqueiros e políticos já foram (há pouco tempo) constituídos arguidos e raros ficado presos preventivamente (em casa – com excepção de um caso notável). É um bom indício, mas os processos arrastam-se e não houve, até hoje, qualquer um que tenha transitado em julgado. E tal só ocorreu porque a crise internacional – o fulcro da questão está fora de portas – rebentou; o país quase entrou em bancarrota e algumas comadres zangaram-se (e o chico-esperto que foi dentro, por ter julgado que estava acima da lei).
O polvo é enorme, extravasa a banca estendendo-se por militantes partidários, empresas de grande dimensão, escritórios de advogados, etc. E transversal a maçonarias várias…
Dez Pina Manique precisam-se! [1]
Na realidade é inacreditável e inaceitável que um país cuja economia, em 1974, crescia a 7% ao ano (fora o Ultramar, onde crescia mais); tinha a sexta moeda mais forte e respeitada do mundo; possuía 847 toneladas de ouro e 50 milhões de contos em divisas, nos cofres; após estar durante 14 anos em guerra, em três teatros de operações distintos; ter 230.000 homens em armas, em quatro continentes, e quatro oceanos, é inadmissível dizia, que passados 40 anos e sob a capa e invocação da Democracia – erigida como alfa e ómega de tudo – tenha perdido a sua independência financeira!
E sem esta todas as outras são apenas nominais…
E tal aconteceu depois de duas intervenções do FMI (1978 e 1983), e depois da entrada na CEE, em 1986 – está agora a comemorar-se os 30 anos desse semi - desastre, a caminho de um desastre completo – ter entrado no país cerca de dois milhões de contos/dia!
Uma soma enorme – de que nunca se prestou contas – que põem as especiarias do Oriente, o ouro e pedras do Brasil e as riquezas de África, todas juntas, a um canto. E sem as despesas e as perdas em homens e material que todas essas riquezas implicaram!
Pois mesmo assim chegámos a 2008, em pré bancarrota, com uma dívida colossal, impossível de pagar com os indicadores actuais e previsíveis, e com uma "troika" armada em Duquesa de Mântua, no Terreiro do Paço.
Das 847 toneladas de ouro restam 385,3 – foram sendo alienadas ao longo dos anos, as últimas das quais em 2006, nunca se apresentando contas, também, do que se lhes fez.
As que restam estão, digamos assim, “penhoradas” ao euro e só podem ser mexidas com ordem do Banco Central Europeu, senão, seguramente, já não restava 1 kg…
É preciso ser-se muito incompetente, corrupto e, ou, ganancioso, para se ter chegado a um resultado destes. E tudo feito com o mais abandalhado e cínico desrespeito pelo interesse nacional português.
No fim tudo é apresentado pelo grosso do discurso político, académico, de comentadores e de opinião publicada, como um sucesso retumbante do actual “sistema democrático”, como se a Democracia tivesse de per si, alguma coisa a ver com as contas públicas!
Chegou-se às últimas (só falta andar aos tiros) e foi preciso meter travões às quatro rodas da austeridade sob pena de não nos conseguirmos financiar.
Como se encheu a cabeça às pessoas que têm Direito a tudo e não têm dever a nada, todos se habituaram a reivindicar tudo e mais alguma coisa e ninguém está a fim de fazer sacrifícios. E como não há autoridade para impor seja o que for, ou seja respeitada, aumenta-se a demagogia, o maquiavelismo político, a mentira e os “esquemas” mais diversos que só têm limite na imaginação humana.
E a autoridade neste âmbito tinha que se começar a conquistar pelo exemplo e por responsabilizar política, social e criminalmente todos os responsáveis pelo descalabro.
Apontá-los a dedo e metê-los a ferros.
Ora não se fez nada disto; em vez de se cortar por cima, foi atacar-se impiedosamente as classes mais desfavorecidas da Nação e para evitar que se chegasse a extremos de pobreza, carregou-se ainda mais na classe média, que é aquela que mais tem a perder em todas as circunstâncias.
Em vez de se atacar as gorduras do Estado consubstanciadas nos tachos reservados aos “boys e girls” dos partidos, atacou-se brutalmente as pequenas e médias empresas, causando uma taxa de desemprego insustentável que levou à emigração em massa de camadas da população cada vez mais jovem.
Como há décadas deixámos de ter diplomacia própria, interesses próprios e qualquer tipo de estratégia que não passe por Bruxelas (e pela influência do Grupo de Bildelberg), os dirigentes portugueses tornaram-se papagaios de ideias alheias, até porque se alguma coisa de consistente, que todas as forças partidárias portuguesas fizeram, sem excepção, foi o de acabar com o Poder Nacional Português.
Ora sem Poder não pode haver Estratégia. Deixámos de ter estadistas para ser governados por homens pequeninos.
É com todo este pano de fundo que fomos confrontados com mais uma falência de um banco, neste caso o BANIF, onde o Estado português já tinha injectado 1100 milhões de euros, em 2013.
Desde 2008 tem sido um regabofe, com o BPN, com o BCP, com o BPN, com o BES e o Novo Banco. E os que adiante se verá…
A banca tornou-se um buraco negro insaciável, onde desde 2008 já foi injectado cerca de 10.000 milhões de euros (líquidos) a que se tem de juntar os 12.000 milhões do programa de recapitalização da banca, no âmbito do empréstimo que nos impôs o trio da "Troika". [2]
Sabendo-se que o dinheiro não é propriamente um material perecível cabe perguntar para onde foi para toda esta enorme soma de dinheiro?
O peso dos juros da dívida no PIB (4,9%) é o mais elevado da UE…
E só para citar um outro exemplo de negócio ruinoso aponta-se as parcerias público privadas, cujos encargos líquidos, entre 2010 e 2014, já totalizaram 6,531 milhões de € (3,8% do PIB)!
Tudo se passando com sucessivas nomeações de administrações, pagas pornograficamente, na suposição de que iriam endireitar as coisas e sem que nenhuma das muitas “entidades reguladoras existentes” – das quais no campo financeiro se tem que destacar o Banco de Portugal (que é uma espécie de estado dentro do estado) - tenha suspeitado de nada (se suspeitou não disse ou actuou) e com declarações da mais viva confiança nas entidades visadas, por parte dos maiores responsáveis políticos nacionais, sempre que vinha a público alguma suspeição. [3]
E a prova provada de que a mancomunagem é transversal à maioria da classe política, foi feita pelo apoio laranja ao actual governo na venda do BANIF, depois de terem jurado a pés juntos que o PS ficaria a falar sozinho caso viesse a precisar dos votos da “direita” (que não existe!) para uma votação na AR!
Por “acaso” após uma “fuga de informação” ter provocado uma notícia na TVI, que deu a entender que o banco estava à beira da falência, televisão propriedade da empresa “Prisa”, onde grande parte do capital accionista pertence “por acaso” ao banco Santander o que certamente sem ninguém querer, provocou uma corrida aos balcões do BANIF, onde em 24 horas foram retirados cerca de 1000 milhões de euros, o que “por acaso” fez baixar o valor das acções do mesmo banco na bolsa, para “lixo”, o que, “por acaso”, permitiu ao Santander comprar o banco a preços de saldo, “por acaso” a escassos dias das leis impostas pelo BCE irem mudar as regras do jogo e o negócio já não ser possível.[4]
A seguir o estado português assumiu a dívida “por acaso”, já se vê.[5]
“Por acaso” estavam todos distraídos e ninguém (com responsabilidades, obviamente) reparou no que se estava a passar…
São todos uns queridos.
Aguardo em jubilosa esperança a oportunidade de lhes ser útil.
               

                                                                                            João José Brandão Ferreira
                                                                                         Oficial Piloto Aviador


[1] Na realidade um, com os meios apropriados, chegava…
[2] De facto entre 2011 e 2014 o apoio financeiro foi de 13.900 milhões de euros (8,1% do PIB), tendo havido uma recompra dos “instrumentos de capital elegível” (COCOS) de 4,025 milhões de euros, dá a ajuda líquida acumulada de quase 10 mil milhões de euros (5,7% do PIB). Fonte: Relatório do Sindicato dos Quadros Técnicos do Estado. Mas nos últimos oito anos, calcula-se que a banca tenha “derretido” a soma astronómica de 40 mil milhões de euros!
[3] Cabe aqui perguntar também para que serve o Tribunal De Contas (TC). Não que o TC não tenha vindo a fazer um trabalho meritório (apesar de lento). Acontece que o TC é uma entidade assexuada, isto é, não tem capacidade executiva, apenas emite pareceres. Ora não parece nada que alguém de direito ligue peva aos seus pareceres…
[4] Em poucas palavras, as novas regras, obrigam a que o resgate dos bancos seja feito com o dinheiro dos donos/accionistas e só em último caso com o dinheiro de todos nós (e dos depositantes, apenas aqueles com contas acima de 100.000 euros).
[5] O Banif foi vendido por 150 MEuros e custou 2,25 mil milhões de euros, em apoios públicos e 1,766 mil milhões, cobertos directamente pelo Estado. Além de 489 Meuros ao Fundo de Resolução dos Bancos…

1 comentário:

Afonso disse...

A actual situação de constante perda de soberania económica/financeira é do agrado tanto da internacional socialista como da internacional capitalista,no topo da piramide plutocrática globalista ambas as correntes são usadas com o fim de sabotar toda a soberania.Só os "idiotas ilustrados" (da esquerda à direita canhota)não perceberam ainda a situação(tão evidente que qualquer elefante na sala se torna pequeno),não falemos agora de todos os canalhas vendidos que sabem bem e lucram à custa da dita situação.