Aristóteles
Pretendo colocar um conjunto de questões para
reflexão e a primeira questão é já esta: porque não refletimos sobre elas?
· Do que sabemos sobre o “Direito Natural”, retiramos
que a Natureza, ou a natureza divina desta e do homem, estabelecem normas, ou
leis morais. Estas “leis” devem ser transformadas em Direito?[1]
·
Partindo do princípio que acreditamos em Deus e
na vida eterna coloca-se, mesmo assim, a questão do que andamos a fazer nesta
passagem pela Terra:
- Porque nascemos? Porque morremos?
- Trata-se de uma evolução natural de todos os seres vivos? Porque é o
homem diferente de todos os restantes seres vivos?
- Estará o homem ao “serviço” dos outros seres vivos ou estão estes ao
serviço daquele? Complementam-se? Fazem parte de um equilíbrio cósmico? Qual o
sentido desse equilíbrio?
* Nascemos
e temos o nosso percurso pré-determinado? Até que ponto influi o livre arbítrio?
* O
nosso percurso terreno destina-se a quê?
- Um aperfeiçoamento?
- Uma evolução para um estádio superior?
- Um teste? (para ver como nos comportamos?)
- Um castigo?
* O
equilíbrio do Cosmos, da Terra e do “Eu”: a nossa missão é manter esse
equilíbrio – seja ele qual for – ou romper com ele? Ou, simplesmente, conviver
com ele?
* O
que podemos fazer para aumentar o nosso nível de consciência sobre o passado, o
presente e o futuro? Como devemos fazer? Que ferramentas temos ao nosso dispor?
*
Nós acreditamos na existência de Deus (o que pensarão os que não acreditam?) e
que Ele fez tudo e obrou tudo; e que devemos caminhar para Ele segundo os
preceitos que nos deixou. Porém, recorda-se, que apenas temos consciência/conhecimento
desses ditames há cerca de 2000 (para o caso do Deus Cristão).
A Humanidade existe, contudo, há mais de um milhão
de anos. Fixemos um milhão de anos. Deus deixou-nos em “pecado” durante 998.000
anos e só depois nos veio salvar, remindo-nos na Cruz? Porque levou tanto
tempo?
*****
“Assim como fogo que queima em todas
as partes, o homem é natural como a natureza
e por isso todos têm direito à defesa”
Aristóteles
Outras questões merecem a nossa reflexão e, porque
não dizê-lo, inquietação.
As mesmas derivam do facto incontornável de não
termos qualquer controlo sobre as coisas mais importantes da nossa existência,
isto é, da nossa aventura terrena.
Ou seja:
·
Não decidimos nascer (e se tal não for
assim, não temos disso qualquer consciência);
·
Não sabemos quando morremos (o suicídio
entra no âmbito do livre arbítrio e noutro plano de discussão);
·
Não escolhemos os nossos pais;
·
Se temos irmãos ou não;
·
Se nascemos sãos ou doentes;
·
As nossas características físicas e o
nosso carácter;
·
O país/localidade onde nascemos;
·
A cor da pele;
Porque é que as coisas se passam assim?
E porque acreditamos tanto na Ciência se ela ainda
não cuidou resolver nenhum destes mistérios?
Será que desafiamos Deus por não o entendermos ou o
que nos rodeia?
E se nada temos a ver com a dádiva e o mistério da
vida, a não ser pela união de um espermatozoide com um óvulo – o que nos coresponsabiliza
– será licito que possamos interferir com o seu natural desenvolvimento (leia-se,
aborto, eutanásia e manipulação genética)?
Finalmente, umas quantas questões relativamente à
floresta de constrangimentos em que passamos a viver, derivados do mundo em que
de repente “aterrámos” sem termos, aparentemente, contribuído em nada para o que
ele é.
Estes constrangimentos limitam-nos e
influenciam-nos, tremendamente, nas capacidades que entretanto desenvolvemos e
nos permitem em maior ou menor grau, decidir nas escolhas importantes da nossa
existência, com sejam:
·
Os nossos amigos;
·
Com quem casamos;
·
A nossa Religião;
·
A nossa profissão;
·
O que herdamos;
·
Se gostamos ou não de alguém;
·
O que aprendemos (e podemos querer e não
ser capazes);
·
Onde passamos a viver;
·
O modo como vivemos e o caminho do Bem e
do Mal;
·
A riqueza que criamos;
·
A felicidade que buscamos, etc.
Tudo depende das oportunidades que vamos tendo e
das decisões que tomamos.
Eis algumas questões que acompanham o Homem desde
tempos imemoriais e cada um de nós, desde que nasce e chega à idade da razão –
seja lá o que isso for. E que cada um tem que aceitar e resolver consigo mesmo,
para poder fazer o seu caminho. E dormir bem.
Questões que o torvelinho da vida moderna, sem
tempo e sem silêncio, cada vez mais ilude, e torna mais difícil refletir.
Sobretudo porque são muito incómodas.
A vida, afinal, aparenta ser um mistério que só a
Fé compreende. E a Razão intui.
[1]
São dois os tipos de direito que regem a vida dos homens e dos povos: o direito
natural e o direito positivo. Enquanto o direito natural é estabelecido pela
razão natural, o positivo procede das leis e costumes de cada povo constituído
em unidade política superior (civitas). Javier Hervada
2 comentários:
Grato pela excelente dissertação - mais uma.
Dá para pensar maduramente.
D. Pinto
Caro senhor Tenente-Coronel,
todas as suas questões se resumem a uma só: qual a Vontade de Deus. Tal como ensina a Santa Madre Igreja: existimos para conhecer, amar e servir a Deus, e mediante isto, salvar a nossa alma. E não é pouco, porque não temos a certeza da nossa salvação (de fide) - ainda que possam existir indícios de predestinação.
Outras questões que coloca estão respondidas no CREDO e outras no Pai-Nosso; e ainda, outras das suas questões encontram resposta no Magistério infalível (depósito da Fé). Tudo nos foi revelado. Ver ainda Manual de Teologia Dogmática de Ludovico Ott.
Respeitosamente,
Rui Manuel das Neves Azevedo Machado
TCOR (Res)
PAX
Enviar um comentário