Avião Dragon Rapid e JU-52 |
O Museu do Ar,
sito junto à Base Aérea 1, em Sintra, reabriu as suas portas depois de ter
sofrido melhoramentos: está de cara lavada. Fomos ver.
Antes, porém, de
passarmos o umbral da porta gostaríamos de realçar o seguinte:
Quando se pensou
na mudança do Museu do Ar, de Alverca para as suas actuais instalações na
Granja do Marquês (de Pombal), no município de Sintra, foi decidido juntar ao
dito – finalmente dando crédito ao nome “do Ar” – a parte museológica da TAP e
da ANA, o que veio trazer uma mais – valia ao conjunto.
Realça-se o facto
porque representa um esforço de entendimento e colaboração entre entidades
distintas, infelizmente pouco comum no nosso país. A ideia surtiu feliz e os
(bons) resultados estão agora à vista de todos.
As obras
efectuadas configuram algumas melhorias sensíveis e melhor seria impossível,
dados os modestíssimos meios de que o Museu dispõe: preparou-se um novo hangar
(já existente e cedido pela BA1), que permite a exposição de um número
considerável de aeronaves e peças; recuperou-se um “Dakota”, da TAP e
construiu-se um centro multimédia, com um “design” interessante.
Posto isto
torna-se necessário dar a conhecer o Museu ao maior número de portugueses e
estrangeiros, que for possível e – mais importante ainda – terá que se
sensibilizar as diferentes “autoridades” para a importância de se finalizar os
projectos ainda por acabar e de se fazer ainda um número considerável de outras
coisas, que a História da Aviação em Portugal justifica e merece.
14 Bis de Santos Dumont (suspenso) e Dragon Rapid |
O Grupo dos
Amigos do Museu do Ar pode ter, neste âmbito, um lugar importante e daqui se
apela a que se torne visível.[1]
Dos projectos
ainda por finalizar destaca-se a oficina para reparação de peças; a necessidade
de dar protecção às aeronaves ainda sujeitas à inclemência do clima e de tornar
o interior de vários aviões, visitável.
Quanto ao que
falta (o trabalho num museu, aliás, nunca acaba), aparenta ser mais
prioritário, e isto é apenas ideia nossa:
- A existência de
uma sala/área dedicada ao armamento utilizado pela Força Aérea – pese embora o
“politicamente correcto”, tem que se deixar bem claro que uma FA sem
bombas/foguetes/canhões/misseis, etc., mal se distinguiria de um aeroclube ou
de uma empresa civil, e era muito mais cara;
- As últimas
campanhas ultramarinas (1954-1974) que representam a “maioridade” da Força
Aérea, estão ainda fracamente tratadas e documentadas;
- A capacidade de criar
interactivade com os visitantes é aquilo que mais separa o Museu do Ar da
modernidade; é um passo em frente que urge dar, mas para isso é urgente
aumentar os recursos humanos e financeiros disponíveis sem o que esse
desiderato não será possível; a interactividade é fundamental para tornar o
Museu do Ar uma realidade viva e apelativa, sobretudo para os mais jovens (e
nisto estamos a incluir mais vídeos temáticos).
Avião Ju-52 e Beech AT-11 |
Infelizmente ainda
não existem condições para a existência de “polos” do Museu do Ar fora de
Lisboa como seria desejável, como por exemplo na Ilha Terceira e na zona de
Aveiro/Porto, como seria Espinho onde, em 1932, foi constituída a primeira
carreira de tiro ar/chão, no nosso país. Mas é de todo indispensável conseguir
salvaguardar pequenas relíquias da Aviação, como seja o que ainda resta na
Academia Militar, na Amadora, das “Esquadrilhas de Aviação República”, e o
edifício do Comando, em Vila Nova da Rainha, onde funcionou a primeira escola
de pilotagem, em Portugal.
Avião Ju-52, réplica do Demoisele de Santos Dumont e DH Hornet |
Por outro lado é
necessário chamar o máximo de visitantes ao Museu. A colaboração do Município
de Sintra, que tem sido prestimosa neste âmbito, é fundamental, colocando-o nos
roteiros turísticos e promovendo a vista de todas as escolas do Concelho o que
deve ser extensivo ao País.
Como às vezes em
“casa de ferreiro, espeto de pau”, não faz sentido que todas as escolas de
pilotagem civis, aeroclubes, escolas ligadas às tecnologias da Aviação, etc., e
por maioria de razão, todos os recrutas da Força Aérea (também dos outros Ramos
das FAs), não passem pelo Museu numa visita guiada para todos os seus discentes
e docentes…
Em complemento ao
Museu do Ar podia-se equacionar uma visita, em circuito, à Base Aérea 1 e à
Academia da FA, que lhe são adjacentes, o que permitiria não só uma excelente
divulgação da actividade e da imagem da Força Aérea, ao mesmo tempo que
garantia um pecúlio extra.
Um outro salto
qualitativo para o Museu do Ar seria fazê-lo entrar na era espacial, organizando-se
uma sala dedicada a esta área – que é uma fronteira do futuro – historiando o
que já ocorreu com o satélite POSAT 1; a participação portuguesa no âmbito
militar da UEO, UE e Nato e a participação do nosso país na Agência Espacial
Europeia, não esquecendo a indústria nacional que trabalha neste particular.
Esta é uma área
susceptivel de se conseguir apoios tipo mecenato.
Poder-se-ia
pensar, ainda, numa sala dedicada às Oficinas Gerais de Material Aeronáutico,
fundadas em 1918 e que, provavelmente, nunca deveriam ter deixado de pertencer
à FA.
Beech AT-11 e Ju-52 |
O mesmo se passa
com a parte do Museu de Marinha dedicada à aeronáutica naval (que existiu entre
1917 e 1952), pois é já uma realidade consolidada e por a Armada ter voltado a
ter meios aéreos além de que os marinheiros jamais me iriam perdoar…).
Para colmatar a
falta de pessoal com que o Museu se debate, reforço a ideia (certamente já
equacionada), de se tentar “recrutar” voluntários entre pessoal da Reserva e
Reforma, entre os profissionais ligados à Aviação.
Sabemos
perfeitamente que não somos um povo atreito a solidariedades comunitárias (a
não ser quando há catástrofes) e que, por motivos vários, virámos uma sociedade
de gente zangada. Mas há que porfiar e tentar mudar mentalidades pouco
profícuas.
Para terminar não
queremos deixar passar a oportunidade para evocar a morte, no pretérito dia 25
de Agosto, do astronauta Neil Armstrong, protagonista de uma das mais relevantes
efemérides em toda a História da Humanidade: a primeira presença humana em solo
lunar.
Devemos, todavia,
recordar que a missão “Apolo” que permitiu tal feito levou uma réplica do
sextante inventado pelo português, Almirante e sábio, Gago Coutinho em homenagem
ao povo/aviadores portugueses.
Este acto devia
constar, em lugar de honra, no Museu do Ar.
[1] Atente-se, por ex., ao trabalho do GAMMA – Grupo dos Amigos do Museu de Marinha
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