quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

PORQUE É QUE OS POLÍTICOS NÃO SE CALAM?

“Por qué no te callas?”
Rei Juan Carlos para Hugo Chávez

Sim, porque não se calam?

Só haveria vantagens nisso e o facto de o não fazerem só demonstra uma falta de inteligência e lucidez a toda a prova.

Expliquemo-nos:

Os políticos deviam falar pouco porque isso seria uma demonstração do mais elementar bom senso. Basta, aliás, ter em conta o ditado popular que reza “quanto mais se fala menos se acerta”.

Os políticos se fossem sérios, parcimoniosos e de bom gosto, falavam pouco. É certo que o sistema político vigente incentiva o “faladrar”. Porém, são os políticos que mantêm e usufruem do “sistema”.

Não querendo imitar o Eça que comparava os políticos, da altura, às fraldas, no sentido em que deviam ser substituídos pela mesma razão, a higiene – de que serve mudar um político, se vem outro idêntico? – direi que os políticos não fazem nada para que os votantes não os queiram mudar. Por isso a abstenção já passa os 50%...

E a primeira coisa que deviam fazer era estarem calados!

Não quero dizer que estivessem calados para todo o sempre – isso seria, eventualmente, o “Nirvana” – apesar de as suas obras falarem mais do que tudo o resto, mas devem falar apenas para explicar as ideias que lhes habitam o bestunto e as orientações que querem dar à coisa pública.

No mais o que as pessoas querem é que trabalhem (que diabo é para isso que são eleitos e se lhes paga), e produzam algo que se veja, isto é algo que seja patriótico e seja competente em termos de nos garantir a Segurança, promova a Justiça e providencie algum desenvolvimento; que sejam sãos – e obrem para que os outros sejam – e dêem e exemplo, sem o que ninguém os segue ou respeita.

Falar pouco, com propriedade e no tempo certo, eis pois o desafio que devia estar nas prioridades dos ditos cujos.

Falando pouco erra-se menos; tira-se o comburente às oposições; refreia-se a comunicação social, ao mesmo tempo que se envia metade dos comentadores para o desemprego.

Evitam-se, ainda, novelas mediáticas à volta de frases infelizes e centra-se as pessoas no que é fundamental. Por isso, ó políticos, lembrem-se que têm dois ouvidos e apenas uma boca, o que, à partida, vos devia precaver para escutarem o dobro do que falam. E mesmo na cacofonia parlamentar, refreiem-se. E nunca se esqueçam, ao menos, de “engatar” o cérebro antes de darem uso vocal, à cavidade por onde também ingerem as calorias que lhes mantêm os sinais vitais!

Percebam que cada vez há menos cidadãos que suportam ver e ouvir os noticiários, por já não aguentarem o circo mediático, as “cassetes”, o bota abaixo, tudo misturado com promessas que nunca são cumpridas.

A Política tem que ser séria e prosseguir objectivos sérios e não se transformar em política espectáculo ou, pior ainda, em teatro de sombras.

Depois deste arrazoado, caso não vos tenha ainda convencido da bondade da minha proposta, acrescento mais alguns argumentos com os quais espero, fiquem agradecidos com a paciência e cristandade com que vos trato:

 -- Baixa-se o nível do ruído, é ecológico;

 -- Obrigam-se as oposições a pensarem algo de positivo em vez de se gastarem em mexericos e muitos “V.Exª é uma besta”;

 -- Acaba-se com uma quantidade de apêndices mediáticos que vivem disto;

 -- Diminui-se os gastos com a saúde, pela redução das doenças provocadas nos cidadãos derivadas da angústia, revolta, frustração, ataques de bílis e manifestações do foro dermatológico, induzidas por tanta verborreia;

 -- Aumentar-se-ia a produção nacional, por se estimar que a alegria no trabalho aumentaria na proporção inversa do grasnar político;

 -- O jardim Zoológico veria aumentada a sua receita já que deixaria de ter a concorrência de tantos “papagaios, pavões, araras, gralhas, abelharucos, catatuas e cucos alpinistas”, etc. e, até, de alguns “ursos”;

 -- Enfim, depois de Portugal ter dado novos mundos ao mundo, seria a vez dos políticos portugueses darem um exemplo de inteligência e senso, ao Universo!

Por tudo isto, senhores e senhoras, contenção. Eu calculo, sobretudo se tivermos em conta que V.Exªs há tanto tempo que andam a liberalizar e a legislar no sentido de tornar respeitáveis – quiçá exemplos a seguir – toda a sorte de vícios, taras, imoralidades, crimes e situações antinaturais e contra – natura, que seja difícil e penoso ser casto nas palavras.

Mas tentem, é uma medida profilática de saúde pública! Falem pouco, pensem o que dizem, expliquem-se em termos claros, precisos e concisos (senão nem os militares vos compreendem!) e, depois, executem o que disseram que iam fazer. A partir daí tornem a falar apenas quando a tarefa houver sido realizada, tenha de ser corrigida e, ou, haja algo mais para fazer. Que sossego…

Evitariam, outrossim, que a “Democracia” passe a ser considerada como um sistema político menor, baseado numa algazarra estéril, indisciplinada e sem substância (em que, pelo meio, se fazem uns negócios). Se conseguirem, verão como é melhor para todos.

Se assim fizerem talvez, um dia, volte a votar num de vós. Até lá, convidem o Rei de Espanha a vir cá assistir a uns debates.

Talvez resulte.

1 comentário:

NFJ disse...

O que penso ser o resumo da ideia transmitida é um conceito simples mas difícil de ser encontrado hoje em dia: "Liderança". Entre as várias características que poderia enumerar, a que mais se adequa penso ser a capacidade de motivar, levar as pessoas a seguir-nos pela postura e exemplo que somos. Quando não há actos que nos espelhem tentámos que as palavras mascarem esse vazio. Não há como refutar actos visíveis, como tal inegáveis. Palavras... qualquer um se pode entreter a contrapor, distorcer e por vezes até brincar! É o que temos.