AS MENTIRAS DE
ESTADO E DO ESTADO – PARTE I
01/04/19
“Um tolo está sempre pronto a
alvoroçar-se perante qualquer teoria ou discurso”.
Antigamente
as “mentiras de Estado”, utilizavam-se principalmente para proteger o Estado
como tal, no pressuposto que servia a Nação, de algo mais grave. Mais grave do
que a própria mentira.
Até
porque mentir nunca é bonito.
Tal
acontecia muitas vezes em tempo de guerra, dado que a contra - informação é uma
arma muito importante. Que o digam algumas estações de rádio que emitiam contra
o Estado e a Nação Portuguesa durante as últimas campanhas ultramarinas
portuguesas…
O
“Estado de Direito Democrático” – se é que existe alguma definição oficial –
como é comum a classe política e a maioria da opinião publicada, referirem-se
ao actual regime ou sistema político, em vigor na sociedade portuguesa (já nem
refiro a Nação, pois foi termo escorraçado do vocabulário da língua
portuguesa) presumo que tal seja entendido como um sistema em que supostamente
os três “poderes” – executivo, judicial e legislativo – estão “separados”;
existem eleições “livres” onde cada cidadão vota num candidato que supostamente
o representa – tanto no Parlamento, na Presidência da República, nas Autarquias
e nessa figura de estilo que toma o nome de “Regiões Autónomas”.
Ou
seja, um sistema em que a fonte legitimadora do Poder se encontra no voto
popular (de toda a população). Tudo isto segundo a sacrossanta disposição de
normas estatuídas num documento, que toma o pomposo título de “Constituição”. E
como em Portugal se implantou ilegitimamente – já não falo de “ilegalmente”,
pois todas as revoluções/golpes de estado são, por definição, ilegais – a tiro
e à bomba, em 1910, após o assassinato a sangue - frio do Rei e do herdeiro da
Coroa, em 1908, um regime a que chamaram República, a constituição chama-se,
Constituição da República (CR).
Não
deixa porém, de ser curioso assinalar, que a única Constituição – isto
é, um papel que substitui uma pessoa ou conjunto de pessoas, na cadeira do
Poder – que foi aprovada por plebiscito nacional, foi a Constituição de
1933, o que torna – pelas razões atrás apontadas – o “Golpe de Estado” de 25 de
Abril de 1974, além de ilegal, também ilegítimo.
E
tornou-se uma traição ao alienar 90% de território e 60% da população,
do país que então éramos, sem consulta aos “interessados” e no meio de uma
indescritível cobardia, desnorteamento e caos.
Foi
assim que nasceu e se implantou o actual Estado de Direito Democrático (EDD),
que de Estado tem pouco, de Direito idem e de Democrático menos.
Em
síntese: a CR foi aprovada debaixo de sequestro, é antinatural, por conter
ideias marxistas; antipatriota pelas mesmas razões e não só; baseada em “Direitos”
em vez de “Deveres”; prolixa, dando para quase tudo o que resulta em quase
nada; mal escrita, antinacional, (não fala uma única vez em “Nação” e apenas
uma vez em “Pátria”, para alegar o dever e o direito de a defender, mas
acabando com o Serviço Militar Obrigatório – Art.º 276); e antidemocrática por,
entre outras coisas, obrigar à revisão republicana da CR e colocar a
acção política exclusivamente nas alfurjas dos Partidos Políticos.
Permite
ainda a existência e interferência de organizações cuja acção é assumidamente
discreta e, ou, secreta, tanto de âmbito nacional como internacional. Uma
absoluta incongruência num EDD…
A
CR é, na prática também, uma mentira, pois todos os agentes políticos e órgãos
de soberania, não cumprem objectiva e despudoradamente o principal ditame da
mesma, que diz que Portugal é um país soberano e independente. Porquê? Pois
porque alienam tal estatuto, constantemente e sob várias formas, sem nunca se
ter feito um referendo para tal!
Juro
que não tenho culpa de quase ninguém reparar nisto. Ou se reparam, estão calados.
O
Estado é, pois, um espaço público teatral onde os filiados nos partidos
políticos, e sindicatos afins, se mantêm numa espécie de guerra civil
permanente e só serve para cobrar impostos. A Segurança e a Justiça não
estão nas suas preocupações. E já há muito que desistiram sequer de imprimir
moeda e levantar tropas.
E
da Autoridade foi feita tábua rasa! Estão apenas interessados – é o que a
realidade nos prova – na Economia e nas Finanças na medida em que tal possa
favorecer os seus interesses pessoais e ganhar votos – a fórmula que uma
revolução sanguinária, debochada e naturalista, inventou para que os seus
sequazes assumissem o Poder. Estou a falar da Revolução Francesa (antecedida
pela Americana).
A
seguir trocaram os Dez Mandamentos pela Declaração Universal dos Direitos
Humanos; o Teocentrismo pelo Androcentrismo e o Direito Natural pelo Direito
Positivo.
A
coisa nunca mais parou, nem vai parar, porque a sua essência é diabólica (e uma
revolução é como uma bicicleta: quando pára, tomba…).
O
Estado é democrático? Não é, é partidocrático. E os Partidos são estruturas
ordinárias, sem escola, sem princípios, sem doutrina, sem gente capaz, pois
ninguém os selecciona, forma, supervisa ou sanciona. Uma espécie de central
distribuidora de tachos. E quando aparece alguém capaz é trucidado…
Por isso os chamados “homens bons
dos concelhos” fogem de se juntar a tal trupe.
Partidos, onde um chefe do mesmo,
acolitado ou não, pelos seus mais próximos, escolhe as listas de deputados que
irão (supostamente) representar o povo…
A
tendência é sempre para piorar. Quando se vêm acossados, blindam o sistema,
atrás de um corrupio de leis; compram influências; prometem o que sabem que não
vão cumprir e fazem demagogia. Sempre.
A
fórmula final adquire os contornos de nepotismo, que é aquela em que
parece que estamos.
Mas
quem manda na realidade não são eles; são, aparentemente, as tais organizações
“sem rosto” atrás apontadas. E, no meio internacional onde nos situamos, as
grandes organizações financeiras internacionais, paredes-meias com as
ideologias subversivas da sociedade (olá “Escola de Frankfurt”), com especial
incidência na ocidental e dentro de esta, na cristã, onde se destaca a
católica…
Sendo
o Estado fraco, cheio de corrupção (não há dia algum que não saiam nos
“media” notícias sobre corrupção), antinacional e inepto (a não ser para cobrar
os tais impostos), a Justiça – que se transformou quase exclusivamente no exercício
deletério do Direito - e a organização social, económica e financeira,
etc., seguem-lhe os passos.
O
equilíbrio dos tais “três poderes” é ilusório, a sua desejada complementaridade
é um embuste.
Cada
um puxa a brasa à sua sardinha, guerreiam-se e sabotam-se. Mais uma vez é a
Nação (que a ouvir os responsáveis políticos, desapareceu…) que sofre e fica à
deriva.
Aquilo
que se vai fazendo de útil são as iniciativas de empreendedorismo, de cidadãos,
que aproveitam nichos de liberdade; investigadores, artistas, desportistas,
outros profissionais, que devido ao seu valor e ocasiões que sabem aproveitar, sobressaem,
a maioria deles, no estrangeiro; e o que resta de antigas e veneráveis
instituições ou corporações que vão sobrevivendo e trabalhando em prol da
comunidade, como são os exemplos ainda existentes na Igreja, nas Forças
Armadas, na Diplomacia, nas velhas Academias, em áreas universitárias (não
muitas), em Instituições de Solidariedade Social, etc.
Deixou de haver “País” como tal,
não há um ideal comum, tudo é centrífugo, nada é centrípeto. Está tudo “partido”,
pudera…
O que existe resulta apenas da “energia
cinética” de quase 900 anos de História comum, que a muitos já pouco diz.
O
resto virou uma calamidade, onde sobressai a corrupção, o relativismo moral, o
“deus mamon”, a criminalidade, o desregramento da comunicação social, a
incultura, a decomposição da família e das instituições, etc., enfim as
barbaridades feitas “normalidades”.
Ora
um sistema destes, só se mantém, através dos subsídios (haver um mínimo de
dinheiro no bolso), algum pão e muito circo (futebol, telenovelas, “reality
shows”), imbecilização através dos OCS (sobretudo a televisão); de uma escola
que quase só produz analfabetos encartados e acesso desregrado ao crédito.
Tudo
isto produziu uma dívida escandalosa, impagável nas próximas gerações,
se é que em alguma.
Essa
dívida – cuja principal responsabilidade, reside na falta de senso e prudência
dos responsáveis portugueses – tem sido fomentada e, ou, aproveitada, desde há
250 anos pela finança apátrida internacionalista, que tem – no nosso caso e em
termos contemporâneos - origem na dependência da Coroa Portuguesa, desde 1805,
da Casa Inglesa Barings, falida há meia dúzia de anos na voragem da crise
espoletada em 2008 – e que tinha sido mantida em respeito, durante o consulado
do Professor Salazar, com vontade indómita e pulso de ferro.
Essa
maneira de lidar com o dinheiro (chamemos-lhe assim) voltou em força no fim dos
anos 70, a que a nacionalização da banca em 1975, só deu asas…
Para
os menos crentes lembra-se, se é que alguma vez deram conta, que o maior “Golpe
de Estado”, alguma vez feito em todo o mundo, ocorreu em 23 de Dezembro de 1913,
no próprio Congresso e Presidência Americana, o que deu origem ao “Federal
Reserve Bank” (“FED”, para os amigos…).
Numa
palavra não temos qualquer Democracia, mas sim uma Plutocracia onde com
o decorrer do tempo, o dinheiro e o Poder, estão concentrados em cada vez menos
mãos.
Estas
“forças” já se aproveitaram (e nós pusemo-nos a jeito) das três bancarrotas que
em Portugal já houve, desde o dia em que os cravos floriram por artes mágicas
nos canos das espingardas. A quarta bancarrota vem já a caminho.
Por
sorte, não tem havido ruptura de abastecimento, nem bombas nas ruas. O sol e a
praia ajudam.
O
vinho está (ainda) barato e é bom. Eis a grande conquista de Abril. Que já
vinha detrás…
Ora
um sistema como o descrito, onde sobressai a imoralidade e a dívida, só
se aguenta, também, pela mentira.
É o que ilustraremos na segunda
parte do escrito.
João
José Brandão Ferreira
Oficial Piloto Aviador (ref.)