Por isso os MDN (até para fazer jus ao titulo), MAI, MJustiça,
MAgricultura, etc., devem unir esforços para o enfrentar.
Até hoje os governos têm olhado para o assunto como se de uma
fatalidade se tratasse e encaram-no, maioritariamente, através da luta
partidária e da caça ao voto.
Esta última maneira de encarar a questão é tão criminosa como as
mãos criminosas que ateiam a maioria dos fogos; a primeira é, simplesmente,
errada.
Os incêndios florestais (IF) têm de ser encarados do mesmo modo
que se encaram os acidentes com viaturas, navios, comboios, aviões ou os
acidentes de trabalho. Os acidentes (cerca de 80% dos quais são causados por
falha humana) têm origem numa cadeia de eventos. Quando se quebra um dos elos
desta cadeia o acidente não se dá.
Ora os incêndios – tanto quanto se consegue perceber, e já lá vão
mais de 30 anos para se ter percebido – têm origem maior, numa conjugação de negócios, taras e desleixo.
A lista de acções a levar a cabo e de áreas a tocar é imensa e
complexa, e passa por reorganizar tudo o que existe, seriamente (a recente
mudança na lei que permite plantar eucaliptos, representa um retrocesso
lamentável).
Passa por “afinar” os meios de combate (sobretudo a estrutura de
comando e controle), legislação dura, prevenção adequada e dissuasão credível.
Dentro desta última convinha punir exemplarmente os incendiários (e a mão que
os paga), com trabalho e vivência prisional muito pouco agradáveis. E
apetecia-me não ficar por aqui.
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Uma palavra de apreço pelo trabalho que a Liga dos Combatentes
(LC) anda a fazer nas antigas províncias ultramarinas, onde se registou luta de
guerrilha num passado recente, e que se prende com recuperação dos cemitérios
onde repousam os restos mortais de militares portugueses; a tentativa de
identificação de ossadas e a ajuda à transladação de corpos cujas famílias
mostrem interesse em que regressem ao seu torrão natal. Bem hajam!
Tal acção é fundamental para a firmar o respeito pelos combatentes
e preservar a memória histórica. É uma questão de Dignidade Nacional, e convinha que os dignatários do Estado
português não se esquecessem de os visitar (os cemitérios), quando o
“protocolo” a isso aconselhasse.
Correm neste momento actividades em Moçambique, em várias
localidades, depois de já se ter feito sentir a acção da LC na Guiné. Só com
Angola as coisas estão mais difíceis, mas espera-se que se consigam ultrapassar
as dificuldades existentes e que já vêm de trás.
De facto Angola, melhor dizendo o MPLA, tem sido o maior obstáculo
à completa harmonia entre a antiga Metrópole e os restantes pedaços de Portugal
espalhados pelo mundo (faltando também resolver o “golpismo” militante na
Guiné).
Pelas mesmas razões não será fácil avançar na CPLP, a que se deve
juntar a tradicional falta de vontade do Brasil em colaborar com Portugal seja
no que for. O que nem sequer se conseguiu ultrapassar nos tempos da “Comunidade
Luso-Brasileira”.
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Nós temos a noção quando falávamos em heróis – noção caída em
desuso por quem adoptou uma visão marxista da História, ou passou a venerar
apenas a “História da Europa” – que eles se reportavam a figuras de um passado
mais ou menos longínquo.
Pois bem, por via do notável desempenho das FAs Portuguesas
durante as últimas campanhas ultramarinas (leia-se até meados de 1974), nós
temos verdadeiros heróis contemporâneos entre nós. Podemos vê-los, falar-lhes e
tocar-lhes.
Isto é, podíamos se eles fossem conhecidos e lembrados, ao
contrário de os terem feito cair no olvido.
Um deles é o
Major Piloto Aviador António Lobato. O seu comportamento configura, talvez, o
maior acto de heroísmo e patriotismo ocorrido em todos os teatros de operações.
Após o seu avião ter sido obrigado a fazer uma aterragem de
emergência na Guiné, em 1963, foi capturado e esteve sete anos e meio
prisioneiro. Aguentou tudo, fugiu duas vezes e ignorou altivamente todas as
propostas que lhe fizeram para desertar e trair a sua Pátria.
Foi libertado numa operação audaciosa, conduzida por forças especiais
portuguesas, no pior antro inimigo de toda a guerra.
Numa sociedade saudável e a quem restasse um mínimo de “Norte”,
uma figura destas (e há muitas mais), seria apontada como exemplo, falaria nas
escolas (e não só nas militares), seria convidada para eventos vários, etc.
Assim limita-se,
com humildade, a viver o seu dia-a-dia.
O Senhor MDN e todos os seus pares no governo, certamente que não
o conhecem nem, tão pouco, dele ouviram falar (depois de lerem este escrito, já
não têm desculpa…).
Mesmo não o conhecendo o MDN podia fazer a boa acção de o lembrar
às chefias militares, nomeadamente à Força Aérea, os quais sabendo de quem se
trata, também o olvidaram.
Na altura, não lhe atribuíram a “Torre e Espada”, do “Valor
Lealdade e Mérito” e foi pena, pois se muitos a mereceram, ele estava,
seguramente, no grupo da frente.
Azar dele, não se chamar Eusébio e não se ter dedicado às
habilidades do esférico…
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O MDN decidiu colocar, aparentemente, um ponto final na aquisição
dos helicópteros NH90, para o Exército.
A decisão é mais uma das muitas que prova, à sociedade, o
desconchavo da acção política em Portugal nas últimas décadas, e o modo como
encara a defesa militar do país.
A decisão de atribuir meios aéreos de asa rotativa, orgânicos do
Exército, remonta, salvo erro, a 1991 (no processo de tomada de decisão
entende-se que haja um tempo apreciável de maturação, para que a mesma seja boa
e sustentável no tempo).
Daí para a frente, e já lá vão 21 anos (!), assistiu-se a um longo
calvário de tergivizações, dúvidas, contestação, derrapagens, etc.;
constituiu-se o GALE (Grupo de Aviação do Exército); preparou-se pessoal – que
irão fazer agora aos pilotos e mecânicos? – e efectuaram-se contratos com
firmas estrangeiras no valor de muitas centenas de milhões de euros.
Os montantes já investidos são muito elevados e, agora que os
hélis estavam quase a chegar, cancelaram o projecto e ainda se tem que pagar milhões
em indemnizações!
Diz-se que o Estado quis poupar o que faltava pagar (parece que
cerca de 420 milhões de euros até 2020), o que representa uns amendoins com
aquilo que se gastou com o BPN, que não fazia falta nenhuma ao País…
Para salvarem a face ainda se está a tentar negociar a vinda de
alguns hélis (quais?), que agora ninguém garante que vão parar ao Exército,
podendo ir para a FA (que não sabe como há de substituir os ALIII); à Marinha
(que vai necessitar de renovar/acrescentar a frota “Linx”), à EMA (Empresa de
Meios Aéreos), por causa dos IF, talvez o INEM ou a uma qualquer entidade das
muitas que pululam pelo País, e que julgam que operar um héli, é a mesma coisa
que guiar uma mota.
Por falar nisto, ainda tenho esperanças de ver generais e
almirantes a andar de bicicleta, como preconizado, anos atrás, por esse
portento político que dá pelo nome de Freitas do Amaral…
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Ao fim de ano e meio o Governo “descongelou” as promoções nas FAs,
apesar de ainda não contemplar todos os que a tal têm direito (como se irá
fazer a selecção?).
Frisou-se que não haveria aumento da despesa, embora ninguém
perceba como, a não ser à custa do orçamento da logística ou operacional…
Cantaram-se algumas hossanas, mas não há lugar a qualquer
contentamento, mas sim a ressentimento, pela simples razão de que a situação
criada jamais devia ter ocorrido.
Não há desculpa para isto, assunto que não será esquecido.
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Pergunta para S. Exª o PR e S. Exª o MDN: será que, agora, é o Dr.
Fernando Seara que “comanda” as promoções a general, na Força Aérea?
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Em artigo do DN intitulado “Exército promove menos 30% do que é
necessário”, de 23/7, ficámos a saber que o Chefe daquele Ramo declarou, entre
várias coisas, que “vamos selecionar o
que é absolutamente indispensável”, devido aos constrangimentos financeiros.
Achei curiosa a frase, já que me lembrei de a ter ouvido dizer (ou
outra equivalente), a todos os seus
antecessores, nos últimos, vá lá, 30 anos.
E tenho verificado que, o que é “absolutamente indispensável”,
deixa logo de o ser assim que muda o ministro ou haja outro corte financeiro.
Já não há pachorra!