domingo, 29 de julho de 2012

ÚLTIMAS DA DEFESA (IV)

Os incêndios não são um problema de Defesa Nacional, tão pouco de Segurança Interna. Esta verdadeira calamidade é um problema de Segurança Nacional!

Por isso os MDN (até para fazer jus ao titulo), MAI, MJustiça, MAgricultura, etc., devem unir esforços para o enfrentar.

Até hoje os governos têm olhado para o assunto como se de uma fatalidade se tratasse e encaram-no, maioritariamente, através da luta partidária e da caça ao voto.

Esta última maneira de encarar a questão é tão criminosa como as mãos criminosas que ateiam a maioria dos fogos; a primeira é, simplesmente, errada.

Os incêndios florestais (IF) têm de ser encarados do mesmo modo que se encaram os acidentes com viaturas, navios, comboios, aviões ou os acidentes de trabalho. Os acidentes (cerca de 80% dos quais são causados por falha humana) têm origem numa cadeia de eventos. Quando se quebra um dos elos desta cadeia o acidente não se dá.

Ora os incêndios – tanto quanto se consegue perceber, e já lá vão mais de 30 anos para se ter percebido – têm origem maior, numa conjugação de negócios, taras e desleixo.

A lista de acções a levar a cabo e de áreas a tocar é imensa e complexa, e passa por reorganizar tudo o que existe, seriamente (a recente mudança na lei que permite plantar eucaliptos, representa um retrocesso lamentável).

Passa por “afinar” os meios de combate (sobretudo a estrutura de comando e controle), legislação dura, prevenção adequada e dissuasão credível. Dentro desta última convinha punir exemplarmente os incendiários (e a mão que os paga), com trabalho e vivência prisional muito pouco agradáveis. E apetecia-me não ficar por aqui.

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Uma palavra de apreço pelo trabalho que a Liga dos Combatentes (LC) anda a fazer nas antigas províncias ultramarinas, onde se registou luta de guerrilha num passado recente, e que se prende com recuperação dos cemitérios onde repousam os restos mortais de militares portugueses; a tentativa de identificação de ossadas e a ajuda à transladação de corpos cujas famílias mostrem interesse em que regressem ao seu torrão natal. Bem hajam!

Tal acção é fundamental para a firmar o respeito pelos combatentes e preservar a memória histórica. É uma questão de Dignidade Nacional, e convinha que os dignatários do Estado português não se esquecessem de os visitar (os cemitérios), quando o “protocolo” a isso aconselhasse.

Correm neste momento actividades em Moçambique, em várias localidades, depois de já se ter feito sentir a acção da LC na Guiné. Só com Angola as coisas estão mais difíceis, mas espera-se que se consigam ultrapassar as dificuldades existentes e que já vêm de trás.

De facto Angola, melhor dizendo o MPLA, tem sido o maior obstáculo à completa harmonia entre a antiga Metrópole e os restantes pedaços de Portugal espalhados pelo mundo (faltando também resolver o “golpismo” militante na Guiné).

Pelas mesmas razões não será fácil avançar na CPLP, a que se deve juntar a tradicional falta de vontade do Brasil em colaborar com Portugal seja no que for. O que nem sequer se conseguiu ultrapassar nos tempos da “Comunidade Luso-Brasileira”.

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Nós temos a noção quando falávamos em heróis – noção caída em desuso por quem adoptou uma visão marxista da História, ou passou a venerar apenas a “História da Europa” – que eles se reportavam a figuras de um passado mais ou menos longínquo.

Pois bem, por via do notável desempenho das FAs Portuguesas durante as últimas campanhas ultramarinas (leia-se até meados de 1974), nós temos verdadeiros heróis contemporâneos entre nós. Podemos vê-los, falar-lhes e tocar-lhes.

Isto é, podíamos se eles fossem conhecidos e lembrados, ao contrário de os terem feito cair no olvido.

Um deles é o Major Piloto Aviador António Lobato. O seu comportamento configura, talvez, o maior acto de heroísmo e patriotismo ocorrido em todos os teatros de operações.

Após o seu avião ter sido obrigado a fazer uma aterragem de emergência na Guiné, em 1963, foi capturado e esteve sete anos e meio prisioneiro. Aguentou tudo, fugiu duas vezes e ignorou altivamente todas as propostas que lhe fizeram para desertar e trair a sua Pátria.

Foi libertado numa operação audaciosa, conduzida por forças especiais portuguesas, no pior antro inimigo de toda a guerra.

Numa sociedade saudável e a quem restasse um mínimo de “Norte”, uma figura destas (e há muitas mais), seria apontada como exemplo, falaria nas escolas (e não só nas militares), seria convidada para eventos vários, etc.

Assim limita-se, com humildade, a viver o seu dia-a-dia.

O Senhor MDN e todos os seus pares no governo, certamente que não o conhecem nem, tão pouco, dele ouviram falar (depois de lerem este escrito, já não têm desculpa…).

Mesmo não o conhecendo o MDN podia fazer a boa acção de o lembrar às chefias militares, nomeadamente à Força Aérea, os quais sabendo de quem se trata, também o olvidaram.

Na altura, não lhe atribuíram a “Torre e Espada”, do “Valor Lealdade e Mérito” e foi pena, pois se muitos a mereceram, ele estava, seguramente, no grupo da frente.

Azar dele, não se chamar Eusébio e não se ter dedicado às habilidades do esférico…

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O MDN decidiu colocar, aparentemente, um ponto final na aquisição dos helicópteros NH90, para o Exército.

A decisão é mais uma das muitas que prova, à sociedade, o desconchavo da acção política em Portugal nas últimas décadas, e o modo como encara a defesa militar do país.

A decisão de atribuir meios aéreos de asa rotativa, orgânicos do Exército, remonta, salvo erro, a 1991 (no processo de tomada de decisão entende-se que haja um tempo apreciável de maturação, para que a mesma seja boa e sustentável no tempo).

Daí para a frente, e já lá vão 21 anos (!), assistiu-se a um longo calvário de tergivizações, dúvidas, contestação, derrapagens, etc.; constituiu-se o GALE (Grupo de Aviação do Exército); preparou-se pessoal – que irão fazer agora aos pilotos e mecânicos? – e efectuaram-se contratos com firmas estrangeiras no valor de muitas centenas de milhões de euros.

Os montantes já investidos são muito elevados e, agora que os hélis estavam quase a chegar, cancelaram o projecto e ainda se tem que pagar milhões em indemnizações!

Diz-se que o Estado quis poupar o que faltava pagar (parece que cerca de 420 milhões de euros até 2020), o que representa uns amendoins com aquilo que se gastou com o BPN, que não fazia falta nenhuma ao País…

Para salvarem a face ainda se está a tentar negociar a vinda de alguns hélis (quais?), que agora ninguém garante que vão parar ao Exército, podendo ir para a FA (que não sabe como há de substituir os ALIII); à Marinha (que vai necessitar de renovar/acrescentar a frota “Linx”), à EMA (Empresa de Meios Aéreos), por causa dos IF, talvez o INEM ou a uma qualquer entidade das muitas que pululam pelo País, e que julgam que operar um héli, é a mesma coisa que guiar uma mota.

Por falar nisto, ainda tenho esperanças de ver generais e almirantes a andar de bicicleta, como preconizado, anos atrás, por esse portento político que dá pelo nome de Freitas do Amaral…

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Ao fim de ano e meio o Governo “descongelou” as promoções nas FAs, apesar de ainda não contemplar todos os que a tal têm direito (como se irá fazer a selecção?).

Frisou-se que não haveria aumento da despesa, embora ninguém perceba como, a não ser à custa do orçamento da logística ou operacional…

Cantaram-se algumas hossanas, mas não há lugar a qualquer contentamento, mas sim a ressentimento, pela simples razão de que a situação criada jamais devia ter ocorrido.

Não há desculpa para isto, assunto que não será esquecido.

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Pergunta para S. Exª o PR e S. Exª o MDN: será que, agora, é o Dr. Fernando Seara que “comanda” as promoções a general, na Força Aérea?

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Em artigo do DN intitulado “Exército promove menos 30% do que é necessário”, de 23/7, ficámos a saber que o Chefe daquele Ramo declarou, entre várias coisas, que “vamos selecionar o que é absolutamente indispensável”, devido aos constrangimentos financeiros.

Achei curiosa a frase, já que me lembrei de a ter ouvido dizer (ou outra equivalente), a todos os seus antecessores, nos últimos, vá lá, 30 anos.

E tenho verificado que, o que é “absolutamente indispensável”, deixa logo de o ser assim que muda o ministro ou haja outro corte financeiro.

Já não há pachorra!

2 comentários:

  1. Já não há pachorra mesmo.
    Mais uma vez os meus parabéns.
    Abraço
    Medina da Silva

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  2. Ilustre Tenente Coronel, ajude-me a pensar.

    Há tempos a TAP deixou de ser Transportes Aereos Portugueses e passou a ser Transportes Aéreos dePortugal. à RTP acontece o mesmo. Agora vejo nso documentos oficiais, ao lado da n/ Bandeira uma sigla algo esquesita: GOVERNO DE PORTUGAL.

    De Potugal e não Portguês. É verdade?

    Cumprimentos e até sempre ... nestenoutroslocais.

    CD

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