quarta-feira, 19 de agosto de 2020

LISBOA DESDE ANTES DE CRISTO

 

 

Os Fenícios, os Cartagineses, os Romanos e

a Lisboa a.C. 

 

Depois de Atenas, Lisboa é a mais antiga das capitais da União Européia. A fundação de Roma, por exemplo, ocorreu 4 séculos depois e a de Madrid apenas no séc. IX d.C. 

Por milhares de anos Lisboa foi o último “porto seguro” da Europa e das Civilizações do Mediterrâneo, constituindo-se na divisa entre o mundo conhecido e um mar imenso que aterrorizava os mais ousados navegantes. 

antiga bandeira da Fenícia 

A Fenícia, uma das principais das Civilizações Antigas, tinha o seu território espalhado ao longo das regiões litorâneas de quatro países atuais: Tunísia, Síria, Líbano e o norte de Israel. A Civilização Fenícia caracterizou-se por ter desenvolvido uma cultura mercantil marítima extremamente empreendedora, que abrangeu todo o Mediterrâneo entre 1.500 a.C. e 300 a.C.. 

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o alfabeto Fenício 

A Fenícia foi a primeira sociedade a fazer uso extenso do alfabeto fonético de forma oficial, que é tido como o ancestral de todos os alfabetos modernos, embora ele não representasse as vogais, as quais seriam adicionadas mais tarde pelos gregos. Seu idioma era o fenício, que pertence ao grupo canaanita da família linguística semita. 

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Através do comércio marítimo, os fenícios espalharam o uso do seu alfabeto até ao Norte da África, à Península Ibérica e a outros pontos da Europa, que foi adotado pelos antigos gregos, que o ensinaram aos etruscos, os quais, por sua vez, o repassaram aos romanos. 

galé Fenícia 

Os fenícios realizavam o comércio usando “Galés”, embarcações movidas por remos e uma vela, sendo-lhes creditada a posterior invenção das embarcações “Birremes” e “Trirremes”.  

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birreme fenício 

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trirreme fenício 

Os navios fenícios eram as melhores embarcações da Antiguidade, com 2 ou 3 fileiras de remadores - daí os nomes “Birreme” ou “Trirreme” - com 32/35 mt de comprimento, que mais tarde seriam copiadas por gregos e romanos na disputa pelo domínio da navegação comercial e militar do Mediterrâneo. 

a Lisboa Fenícia 

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Lisboa na época dos Fenícios 

Entre 1.200 a.C. e 1.100 a.C., os fenícios criaram as primeiras feitorias comerciais de caráter semi-permanente no litoral da Península Ibérica, tornando-se Alis Ubbo (Lisboa), Malaka (Málaga) e Gades (Cádiz) as mais antigas e importantes. Alis Ubbo significa “Enseada Amena” em fenício, e ao rio Tejo eles chamavam de Taghi ("boa pescaria”). 

Os romanos mudariam seu nome para Tagus e os árabes para Taghr. Com 1.007 km de extensão, o Tejo é o maior rio da Península Ibérica, sendo agraciado com o maior estuário da Europa (340 km²), tão amplo que é chamado de “Mar da Palha”.

 

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o Estuário do Tejo 

A principal atividade econômica dos fenícios era o mercantilismo marítimo, realizado através de um intenso e permanente intercâmbio com as principais cidades gregas e egípcias, as ilhas de Creta, Chipre, Malta, Córsega, Sicília e Sardenha, e as tribos litorâneas da África Mediterrânica e da Península Ibérica. 

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Os fenícios contavam com uma frota de barcos mercantis e de guerra muito numerosa, o que lhes garantia a total soberania do Mediterrâneo, a imensa maioria de propriedade de ricos comerciantes que se utilizavam de remadores escravos. A base da organização política da Fenícia eram os clãs familiares, detentores da riqueza e do poderio militar, e suas capitais foram Biblos (1.200 a.C. - 1.000 a.C.) e Tiro (1.000 a.C. - 333 a.C.). 

a Lisboa Cartaginesa 

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Com o desenvolvimento da cidade de Cartago, também ela uma colônia fenícia, o controle de Lisboa passou para esta cidade. Durante séculos, fenícios e cartagineses desenvolveram Lisboa, transformando o que tinha sido um simples entreposto comercial num importante centro de comércio entre Cartago e as terras dos mares do Norte, como a Grã-Bretanha, onde eles mantinham uma feitoria na Cornualha, onde compravam estanho. 

Em Lisboa trocavam seus produtos manufaturados por metais, sal da região de Alcácer, peixe salgado e cavalos, sempre cobiçados e valorizados. Preferiam comercializar, do que tomar à força os locais onde negociavam.

 

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Cartago, a capital do Império Cartaginês (atual Túnis, capital da Tunísia – Norte da África) 

Os primeiros judeus chegaram a Lisboa com os fenícios, seus vizinhos. O hebreu é praticamente idêntico ao fenício e era raro o barco fenício que não transportava mercadores ou sócios da Judéia. 

 

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estandarte de Cartago 

A vitória dos romanos sobre os cartagineses na “Batalha de Zama” (na atual Tunísia) em outubro de 202 a.C., determinou o final da II Guerra Púnica, levando os cartagineses a sair da Península Ibérica. Lisboa foi então incorporada ao Império Romano, iniciando-se uma época na Europa que ficaria conhecida de “Pax Romana”. 

Os romanos chegaram a Lisboa em 205 a.C., quando ocuparam o povoado erguido no alto da mais alta das 7 colinas da cidade, aí erigindo uma acrópole. Da estratégica “Felicitas Julia Olisipo”, descrita por Plínio, o Velho, a presença romana é visível até hoje através de inúmeros achados arqueológicos: casas, teatros, fórum, circo, vias, pontes, cemitério, etc.  

Em 205 a.C. os romanos mudaram seu nome para “citânia” (cidade) Felicitas Julia, mas os Lusitanos sempre a chamaram de Olisipone (ou Olissipo). Já no tempo da invasão árabe seu nome mudou para Lishbuna (ou Ushbuna). 

a Lisboa Romana 

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Olisipo, a Lisboa na época dos Romanos 

Anos mais tarde, com a morte de Viriato em 139 a.C., e a rendição de Táutalo, seu seguidor, Decimus Junius Brutus Gallaicus iniciou a conquista final da Península Ibéria, em que os principais focos de resistência estavam concentrados entre a Serra da Estrela e a Galícia, na Espanha. 

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Decimus Junius Brutus Gallaicus 

Em Lisboa ele encontrou um reforço inesperado, quando a tribo celtibera dos Galérios que habitava a cidade, se aliou a Roma e mandou alguns milhares de guerreiros se juntarem às Legiões Romanas no combate aos Lusitanos e a outros povos Celtiberos como os Arévacos, Bastetanos, Vacceos, Vettones, etc. 

 

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guerreiro Galaico 

Com o domínio destas regiões, Junius Brutus conseguiu que o Senado Romano recompensasse os habitantes de Lisboa com a atribuição da cidadania romana, um raro privilégio nessa época para os povos não italianos.

Com tudo isto, os Lusitanos se revoltaram de novo e atacaram Lisboa várias vezes, o que fez com que Junius Brutus mandasse construir um cerco de muralhas para proteger a área urbana. 

 

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o Castelo de Lisboa 

Felicitas Julia, como a cidade passaria a ser chamada pelos romanos, também viria a beneficiar-se do estatuto de “Municipium” atribuído mais tarde pelo Imperador Júlio César, juntamente com os territórios à sua volta num raio de 50 km, o que lhe garantiu a implantação de diversos equipamentos urbanos (monumentos, termas, teatro, etc.), além de ficar isenta de pagamento de impostos a Roma, ao contrário de quase todos os outros “Castros” e povoados autóctones conquistados pelos romanos. 

A sua característica de "Oppidum" (a principal povoação de qualquer área administrativa do Império Romano, e onde os romanos concentravam as suas defesas estratégicas), resultou do tipo de terreno acidentado (7 colinas, tal como Roma), e da proteção natural oferecida pelo estuário do Tejo, além de um braço deste rio que então se desenvolvia a ocidente e penetrava profundamente no território. 

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Lisboa das 7 Colinas

O ouro e outros metais preciosos, além dos tesouros das tribos nativas da Lusitânia, foram então pilhados e levados para Roma. As minas de ouro e prata, como “Trêsminas” e “Jales” (ambas em Trás-os-Montes), que já eram conhecidas e exploradas pelos cartagineses, passaram obviamente a ser exploradas pelos romanos, de modo que toneladas destes metais preciosos deixaram a Península Ibérica. 

 

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Estandarte do Império Romano 

Nessa época, Lisboa ainda ocupava apenas a atual área central da “Baixa” e a colina do Castelo. Para os romanos, a cidade de Felicitas Julia já era um importante porto e centro de comércio, de modo que assim continuou a ser usada, garantindo a ligação entre as províncias do Norte e do Mediterrâneo. Seus principais produtos eram o “garum” (um molho de peixe altamente apreciado pela elite romana), sal, vinhos, peixe salgado e os soberbos cavalos lusitanos. 

as Galerias Romanas

de Lisboa 

 

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planta das “Galerias Romanas” de Lisboa

 (construídas entre 35 a.C. e 25 a.C.)

 

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entrada das “Galerias Romanas”

na Rua da Conceição, junto ao nº 77 – “Baixa” – Lisboa

(a visita - 20 min. duração - está aberta ao público desde 1986)

 

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 uma das “Galerias Romanas” 

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tradução desta lápide fixada nas

“Galerias Romanas” de Lisboa:

“ Consagrado a Esculápio.

Marcus Afranius Euporio e Lucius Fabius daphnus,

augustais, ao Município como oferenda deram. 

Curiosidade 

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A Lisboa romana foi um dos principais centros da introdução e desenvolvimento do Cristianismo na Península Ibérica. São Gens de Lisboa foi o “Primeiro Bispo-Mártir” de Lisboa, e não o “Primeiro Bispo de Lisboa” como muitos imaginam. Realmente, seu 1º bispo foi São Potamius (356 d.C.), que criou a “Diocese de Olissipo”.

 

Conta a lenda que quando nasceu São Gens (lendário bispo-mártir do séc. IV d.C. da dominação romana), sua mãe morreu durante o trabalho de parto. E esta lenda está na origem de uma curiosa tradição lisboeta que ainda hoje é cumprida por muitas gestantes, em que a mulher grávida que quiser assegurar-se de que terá um parto bem sucedido, deverá sentar-se na "Cadeira de São Gens".

 

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Ermida da Senhora do Monte

(Mirante da Graça -  Lisboa)

 

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o rio Tejo e do centro histórico de Lisboa

(Vista do Mirante da Graça)

 

Esta cadeira de mármore está guardada na “Ermida da Senhora do Monte” - no alto do bairro da Graça, em Lisboa - e foi erguida no local onde supostamente este bispo foi martirizado.

 

 

Quem também se sentou neste cadeirão de pedra durante a gravidez do herdeiro do trono (Dom José I), foi a própria Rainha Dona Maria Ana da Áustria, esposa de Dom João V, o Magnânimo, mas mais conhecido nos bastidores como “o Freirático”, por seu conhecido apetite por jovens freiras. 

FONTE DIVERSAS 

(Wikipédia e mais de 20 Sites e Blogs)

para saber mais

 

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“Portugalliae Monumenta Historica” 

(do historiador e escritor Alexandre Herculano) 

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 “Lisboa Insólita e Secreta” 

do pesquisador e escritor Vitor Manuel Adrião 

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“As Antiguidades da Lusitânia” 

do humanista e arqueólogo eborense André de Resende

 

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