segunda-feira, 10 de março de 2014

OU DAMOS CONTA DOS PARTIDOS OU OS PARTIDOS DESTROEM PORTUGAL!

Escrito em 8/11/2005
“Ho que cumpria aho bom governo”
D. Manuel I
Frase, que segundo Damião de Góis, o Rei teria proferido após ter reconhecido a Janes Mendes Cicioso, burguês de Évora, depois de este ser ouvido uma justificação do seu protesto contra um imposto real.
Não só lhe deu razão, como o louvou apontando-o como exemplo dos homens que pretendia ter junto de si, de modo a dizerem-lhe “........”

E já o fizeram várias vezes...

Mas como o país tem a memória curta e se faz gala na ignorância militante, nunca se vai aprendendo nada.

Resumidamente foi assim:

Em 1820, na sequência de uma tentativa de golpe de estado frustrado, de contornos difusos, chefiada pelo General Gomes Freire de Andrade, em 1817, surtiu, no Porto, uma revolta que logrou sucesso. Esta revolta de carácter liberal foi urdida numa loja maçónica – o Sinédrio - e o vulto que assomou proeminente dava pelo nome de Fernandes Tomás. Rapidamente o movimento alastrou a pontos - chave do País, nomeadamente Lisboa. Nascia assim o Liberalismo em Portugal, inspirado nos ideais da Revolução Francesa. Em 1822 foi aprovada a primeira Constituição Portuguesa – que muitos viam como a chave da resolução dos problemas nacionais - e o Rei posto a recato no Brasil nos idos de 1807, resolveu regressar à capital do Reino a tempo de a jurar.

Os acontecimentos, porém, precipitaram-se: a independência do Brasil em marcha há algum tempo, foi apressada por imprudências da recém - eleita Assembleia Constituinte; a Família Real cindiu-se entre adeptos do novo regime e partidários da Ordem Antiga. E com eles dividem-se o Exército, o Clero, a Burguesia e o Povo. Estas desavenças que demoram livros a contar desembocaram na guerra civil mais cruenta que em Portugal houve, tendo atingido o seu auge entre 1832 e 34. O país, exangue pelas invasões francesas estava agora esfacelado. Com a paz de Évora - Monte inaugurou-se a Monarquia Constitucional. Em 1838, nova Constituição era aprovada que substituía uma outra de 1826. Mas o sossego estava longe de assentar praça. Em vez dele reacenderam-se ódios; os Partidos desacreditaram-se completamente e irrompiam constantemente quarteladas, golpes palacianos, revoltas militares à mistura com crises financeiras terríveis.
 
A desorientação era total e acabámos noutra guerra civil, em 1847, a Patuleia, que só foi resolvida após intervenções militares da Espanha e da Inglaterra! Em 1851, após mais um golpe de estado do “Cabo de Guerra” Saldanha, as forças políticas tomaram consciência do desastre em que tinham atolado o país e tentaram entender-se procurando imitar o parlamentarismo inglês. Surgiram, então, dois partidos, um mais à direita – o Regenerador e o outro, mais à esquerda, o Progressista, que se alternariam no Poder. Entrou-se na Regeneração e no “Rotativismo”.
 
Gerou-se alguma paz social e uma melhoria das contas públicas permitiu algum progresso económico. Apareceu um estadista: Fontes Pereira de Melo. As coisas foram-se aguentando com altos e baixos até 1890, com muita chapelada e caciquismo local à mistura.

A luta política nunca foi séria e disso se ressentia o “governo da cidade”. Eça, Ramalho, Oliveira Martins e o imortal Bordalo, fixaram toda esta época para sempre. A partir de 1890 com nova crise financeira e o “Ultimatum”, entrámos no estertor da Monarquia, que iria durar 20 longos anos. Surgia agora em força a propaganda e agitação republicana e algumas ideias socialistas e anarquistas.

A Monarquia caiu mal, vítima da inépcia, da cobardia e até da traição dos partidos e outras forças que a apoiavam e a República nasceu pior, pois que se fundou num crime de Regicídio. Também, nesses tempos, muitos houve que achavam que a simples mudança de um regime seria o suficiente para a salvação da Pátria, mas enganaram-se. Os 16 anos que se seguiram foram de indiscritível agitação político-social, bancarrota, revoltas, assassinatos, desgraças várias.

Pelo meio combatemos em quatro frentes durante a I Guerra Mundial o que causou imensos lutos, sacrifícios e desavenças.

Em 1926 o país estava novamente exangue e desacreditado, interna e internacionalmente. Por isso não espanta, nem se deve criticar, que o Exército tomasse o Poder. Só que as FAs sabiam o que não queriam, mas não estavam seguras do que deviam fazer a seguir.

Salvou-nos (é o termo!) um homem que se tornara conhecido pelas suas ideias e integridade e chamado a pôr ordem nas finanças se houve prestes, com grande acerto e competência. Chamava-se Salazar e era lente em Coimbra.

Sabendo concitar apoios, dispondo de uma Ideia Telúrica de Portugal e do seu povo e uma doutrina original que a sustentava, acabou por ser nomeado chefe do governo e por lá ficou 40 anos. E um dos principais e primeiros actos que intentou foi acabar com os partidos políticos e não se lhe pode levar a mal a atitude face aos péssimos serviços que estes tinham prestado ao país no último século! Não pode pela Ciência Política, ser qualificado de democrático, o regime então instaurado. Mas não se lhe pode negar coerência, Patriotismo extremo; princípios elevados; recta intenção; respeito pelo Direito e pela Moral e, ao contrário do que muitos dizem, elevado progresso económico e desenvolvimento social. Foi um regime sério e maioritariamente servido por pessoas sérias.

E, durante décadas, fez com que os portugueses voltassem a ganhar orgulho e confiança neles próprios. Pelo meio ganhou-se a guerra de Espanha, saímos incólumes e prestigiados da Segunda Guerra Mundial e quando se montou um dos maiores ataques à escala mundial que jamais se conjugara contra a maneira portuguesa de estar no mundo, organizou-se a resistência e a luta de tal modo, que não encontra paralelo desde o tempo do Senhor Afonso de Albuquerque. Perdeu-se Goa, Damão e Diu, é certo, mas só depois de termos ultrapassado vitoriosamente durante mais de 10 anos, todas as tropelias da União Indiana, e quando esta nos esmagou militarmente com força bruta, perante a inanidade hipócrita da “Comunidade Internacional.”

Quando o obreiro de tudo isto faleceu, não possuía palácios, contas na Suíça, nem qualquer bem que surtisse inveja ao mais pobre dos seus compatriotas. E a exiguidade da sua conta bancária (140 contos) só encontra paralelo na probidade com que serviu o Estado e a Nação. Nunca alardeou honrarias e jaz, por seu desígnio, em campa rasa na sua aldeia natal. Não se encontra exemplo que lhe possa ir a par, em toda a História de Portugal.

Chegámos a 1974 e uma pequena parte do Exército, entendeu, por razões que ainda não foram devidamente assumidas, fazer um golpe de estado. Ao contrário dos seus camaradas de 1926, não se percebeu muito bem o que possam alegar como justificação.

Todos os órgãos do estado funcionavam em pleno; não havia crise financeira nem económica; a ordem imperava nas ruas e nos lares.

A Nação encontrava-se em guerra e batia-se no seu melhor ia para 13 anos e não se pode admitir que profissionais do quadro permanente aleguem, porventura, estarem cansados de fazer a guerra.

Mas as coisas são o que são e o golpe deu-se. À semelhança de 1926 os militares também não sabiam o que fazer a seguir e logo se dividiram, prenderam e sanearam.

Ainda hoje a Instituição Militar está a pagar tanta insensatez. O país esteve à beira de nova guerra civil. A coisa lá se resolveu menos mal nos territórios europeus. No Ultramar foi o desastre. O Poder Nacional caiu catastroficamente mas, “hélas”, passámos a ter um regime “democrático”, mesmo assim contestado pela extrema - esquerda. E lá voltámos novamente aos Partidos.

A “pesada herança” (em ouro e divisas), dois acordos com o FMI e a adesão à CEE, têm aguentado as finanças e permitido a distribuição de benesses com que se compram votos. Mas tudo isto vai acabar e os vícios do sistema irão começar a aparecer em verdadeira grandeza. Os partidos são medíocres e são incapazes de se reformar. O que Eça, Ramalho e Bordalo escreveram voltou a estar actual.

3 comentários:

  1. Senhor tenente coronel Brandão Ferreira factos, são factos; as divergências surgem na interpretação dos factos.
    Sem margem para dúvida estou de acordo consigo quando aponta as boas qualidades de Salazar como homem,como estadista,como patriota que faz lembrar o profeta Oséias - o prato positivo da balança, que a máfia dominante quer abafar a todo o custo;
    Mas e o outro prato? Sim,e o outro prato? O prato das qualidades negativas? Senhor,para termos força moral para apontarmos o bom exemplo, também temos que apontar o mau exemplo;Na minha análise, Salazar foi um excelente e um péssimo exemplo.O bom exemplo já por muitas vezes o senhor tenente coronel tem apontado, que nunca serão demais.
    As más? Tal como as boas daria muito tempo em explasnar; vou só aos factos de Goa, Damão e Diu.
    Sem dúvida que a razão estava do nosso lado;após a quebra da acção diplomática, confrontado com a agressão militar qual foi a ordem dada ao governador-comandante Vassalo Silva? O senhor tenente coronel sabe, eu sei que sabe.
    Exigir o sacrifício último dos militares depois de ter reduzido tudo, pessoal e material, ao limite do ridículo?
    Salazar teria força moral para exigir tudo àqueles homens, se tivesse dado tudo o que Portugal tinha de melhor para dar.
    "Senhores, dou-vos o melhor que Portugal dispõe - cumpram o vosso juramento".
    Que estado de alma teria agora o meu tenente coronel se um político manhoso lhe desse ordem de defender a Madeira ou os Açores de um ataque americano, com um F-84 e armamento a encravar logo aos primeiros disparos?
    Honra, honra e nobreza de Oliveira Carmo e dos seus subordinados; MILITARES que têm de estar para sempre no altar da Pátria.
    Cogito: teria Oliveira Carmo a mesma informação de Vassalo Silva?.
    O "processo" da Índia foi o princípio do fim;definitivamente perturbou a lealdade de muitos levando-os a esquecer que "PORTUGAL acima, muito acima, de um Salazar, de um Cunhal, de Soares... de uma ditadura, de uma democracia, de um ismo qualquer". Tenente coronel Brandão Ferreira confesso-lhe que, não me revendo em tudo o que parece defender, estou com o senhor no sentir Portugal.
    Cumprimento cordial.
    D. Pinto


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  2. Exactamente meu General, este regime de democratico so tem o nome, porque na realidade temos sido (des)governados ha quarenta anos, por uma minoria cada ver menor, porque mais de metade ja nem vota!
    Queira D*us que ainda consiga ver, o meu Portugal, tal como o anseio, com uma democracia pessoal e nao partidaria, com gente honesta a governar-nos, gente essa que nos possa orgulhar!

    Viva Portugal!

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  3. Jurei duas vezes defender a Pátria com o sacrifício da própria vida. Sinto-me um hipócrita, mentiroso não por que morria duas vezes pela minha Pátria, hipócrita por que precisa que a defenda e eu (milhares que juraram como eu) não cumprimos.

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