quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

O PSD E AS FORÇAS ARMADAS

“Politicamente correcto é uma doutrina sustentada por uma minoria iludida e sem lógica, que foi rapidamente promovida pelos meios de comunicação e que sustenta a ideia de que é inteiramente possível pegar num pedaço de merda pelo lado limpo”.
(Definição escrita por um aluno da Universidade de Griffit, na Austrália)

Quando este governo tomou posse escrevemos na hora, que iria arranjar problemas escusados com as Forças de Segurança (FS) e, principalmente, com as Forças Armadas (FA).

Meu dito, meu feito.

Não quer dizer que os outros Partidos e Governos tenham tido pela Instituição Militar (IM) qualquer posicionamento aceitável e, até, correcto – os graves eventos do período revolucionário não ajudaram nada e fizeram com que os militares, por uma razão ou por outra, saíssem de mal consigo próprios e com todo o País.

E ainda não se conseguiu ultrapassar este âmbito.

Deste modo os Partidos que passaram a ter assento na Assembleia da República, por razões que não vou abordar em detalhe, assumiram um comportamento perfeitamente esdrúxulo relativamente ao instrumento militar da Nação.[1]

Sobre o BE nem vale a pena comentar dada a irresponsabilidade e vacuidade com que trata o âmbito da Segurança e Defesa.

O PCP é o único que sabe o que anda a fazer e nunca hostiliza as FA; sabe que é um poder fáctico e fundamental na sua doutrina de tomada do Poder. Não dizendo mal, também não diz bem, pois estas não são as “suas” FA.[2] Têm uma atitude institucional; infiltra-se, monta uma rede de informações e tenta controlar/fomentar as estruturas associativas/sindicais.

O PS nunca soube lidar com fardas e não tem jeitinho nenhum para tratar destes assuntos, mas tisnado pela baixa política partidária lá vai fazendo o contorcionismo necessário para levar a água ao seu moinho que, também, ninguém sabe qual é.

O CDS e, sobretudo, o PSD são diferentes no sentido em que querem mostrar e impôr o seu mando. E têm-se revelado acintosos e soberbos.

Mas, coitados, como têm demonstrado um conhecimento limitado e deturpado da Geopolítica e da Geoestratégica e percebem mal a importância da IM (e suas peculiaridades) na História do seu País, só têm feito asneiras.

A situação seria apenas lamentável se não fosse trágica para todos.

A ofensiva contra as FA e os militares começou com a publicação da LDNFA, em 1982.[3]

Foi seu principal autor, esse político de muitas caras e casacas que dá pelo nome de Freitas do Amaral.

A coisa foi posta em movimento uniformemente acelerado com o ministro F. Nogueira ao tempo do 1º Governo do actual PR e “Comandante Supremo”, por inerência de funções.

Na altura o jotinha – mor das “forças laranjas” dava pelo nome de Passos Coelho, o qual não descansou enquanto não acabou com o Serviço Militar Obrigatório – um erro estúpido, escusado e caro.

Muitos outros erros e opções maléficas forma feitas nos últimos 30 anos.

Lucubrámos uma teoria para explicar esta má relação que o PSD tem com a instituição maior que, para o bem e para o mal, se confunde com a História de Portugal desde o longínquo dia 24 de Junho de 1128.

O problema aparenta estar no seu “ADN”.

Por um lado o PSD é o partido doutrinariamente menos consistente e estruturado. É uma espécie de amálgama onde cabe tudo.

Depois tem uma componente tecnocrática muito forte, uma característica que não liga nada bem com a IM, enformada que está, por Princípios, Valores, Cerimonial e Tradições (e onde a eficácia prefere à eficiência).

Mas, ainda - e, talvez sobretudo - porque o seu fundador, Doutor Sá Carneiro, nutria um especial antagonismo pelo então Conselho da Revolução (CR) e pelo “Pacto MFA – Partidos” (que estes aceitaram a contragosto).

Ora confundir o CR e o MFA, frutos de um “processo revolucionário em curso”, com a IM, é um erro de apreciação e julgamento, grosseiro, que qualquer inteligência limitada entenderia.

Finalmente acreditamos que o que coroou esta “má vontade e preconceito” relativos às FA e aos militares tem a ver com a campanha eleitoral que levou à reeleição do General Eanes, como PR, em 7 de Dezembro de 1980, três dias após a morte trágica de Sá Carneiro, então Primeiro-Ministro.

Na altura a Aliança Democrática (coligação PSD/CDS/PPM), que tinha maioria absoluta na Assembleia da República, não apoiou a candidatura de Eanes (as relações entre Eanes e Sá Carneiro não eram as melhores), lançando a candidatura de Soares Carneiro, pensando que o melhor candidato para vencer um general, seria outro general.

Este último perdeu e não devia ter voltado à vida militar activa. Mas foi escolhido para CEMGFA e aceitou, não tendo as coisas corrido da melhor forma, por razões que não vou explicitar.[4]

Finalmente o General Eanes apoiou a criação do PRD, em 1985, o qual, no fundo, era um partido contra os outros partidos.

Ora tudo isto levou a que, aparentemente, passasse a ser confundido pelas cúpulas e “baronatos” do PSD (um resquício de feudalismo partidário à portuguesa) a luta política com as missões e a existência das FA. Outro erro grosseiro.

Tudo o atrás elencado entrou na corrente sanguínea do PSD e fez que entre este e a IM e os militares, passasse a haver um passo trocado constante.

As sucessivas chefias militares, também não parecem que alguma vez tenham colocado o problema neste patamar, não fazendo nada para o desmontar, contrariar e adequar.

A continuarmos assim, os mal - entendidos, os conflitos e as inadequações manter-se-ão e todos sairemos a perder.

Enfim senso político e patriótico, em Portugal, precisa-se.


[1] E em 40 anos nunca se fez um debate sobre isto!...
[2] “O Partido comanda o fúsil e nunca deixarão que o fúsil comande o Partido”, Lenine.
[3] Lei da Defesa Nacional e das FA
[4] O que ocasionou, inclusive, a que se tenha aprovado uma lei, algo discriminatória para os militares, que obriga a que qualquer militar que queira concorrer a um cargo político tenha que passar previamente à reserva.

1 comentário:

  1. Caro Adamastor: para quem teve o privilégio de assistir à conferência na SGL sobre a "Desconstrução da História de Portugal" percebe a intima relação existente entre o que aqui se escreve e os trágicos destinos que foram traçados para a Portugalidade por certas forças obscuras, que infelizmente vão ainda passando despercebidas para a maioria das pessoas.É com alguma mágoa e estupefacção, que após a abertura da Conferência à discussão, dois personagens limitassem seus argumentos a interpretações algo estranhas e corporativistas de pendor narcisista, desfocados do tema essencial proferido. Numa altura em que "os bois deveriam ser tratados pelos nomes" certos pseudo ilustrados vão-se ficando pelo acessórios, quiçá porque fazem jus ao facto de terem sido e serem sócios fossilizados, ancorados em plataformas criticas, mas que não nos conduzirão ao poder necessário a este país precisa, para que possamos escolher nossos destinos.
    Seria de todo pertinente e para a generalidade dos portugueses, que se descodificasse o que está por detrás desta Desconstrução actual de Portugal, porque assumo que a ameaça só poderá ser contrariada se conhecermos a sua natureza.
    A discussão à volta do Tema "A Desconstrução de Portugal" estaria mais do que na ordem do dia, não fosse a ocultação da realidade de todos os portugueses. Afinal parecem querer conduzir-nos de mansinho, para um certo lugar, urge por isso, que despertemos.
    O despertar não pode no entanto, ficar prisioneiro de dois interlocutores, que se ficaram pelos desamores e acessórios de menor valia para o nosso futuro, como ficou patente naquela SGL.

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