sexta-feira, 11 de outubro de 2013

INSTITUIÇÃO MILITAR: DE MAL A PIOR (PARTE II)

INEPTOCRACIA: “Um sistema de governo onde os menos capazes de liderar são eleitos pelos menos capazes de produzir e onde os membros da sociedade aparentemente menos capazes de se sustentaram a eles próprios ou terem sucesso, são recompensados com bens e serviços pagos pela riqueza confiscada a um número cada vez mais diminuído de produtores”.
Autor desconhecido

A propósito da implementação do Hospital das Forças Armadas (HFAR), dizia-me há pouco tempo, uma jovem médica – com alguma graça e pertinência – que “se tinha tratado de um casamento sem namoro”…

Direi mais, o namoro foi tentado mas nenhuma das partes se mostrou interessado nele (namoro), muito menos em pensar em noivado.

Chegou o “pai tirano” e zás, casou-os à força, tendo os padrinhos (os chefes militares) sido convidados também à força.

Ficaram todos calados e hirtos durante a boda e, a seguir, desligaram-se da vida em comum, como se nada fosse com eles.

Da atribulada vida em “família” tem resultado gritos, discussões, incompreensões, rancores e más vontades, etc., que têm incomodado sobremaneira vizinhos e utentes da morada em que coabitam; e das cambalhotas no leito conjugal vem já um ser a caminho, que uma ecografia tirada à revelia dos “sacerdotes do templo” indica possuir várias mal - formações congénitas.

Passado que foi o “timing” da pilula do dia seguinte, restava a opção do aborto induzido, mas tal seria doloroso sobretudo para o tal pai tirano, não por correr o risco de alguma hemorragia, mas por ficar despenteado na fotografia.

Vai daí, mantém-se a “parturiente” em decúbito lateral de modo a que o tempo permita ir fazendo controlo de estragos

Não foi por culpa de vários “conselheiros matrimoniais”, que verteram palavras assisadas sobre os padrinhos, o pai tirano e seus acólitos e várias outras entidades, que se chegou a esta situação. Tudo debalde.

Na realidade precisavam era de um balde pela cabeça abaixo…

Entre mil minúcias que têm ocorrido, esta união “de jure” mas não “de facto” – que o pai tirano, enfatuado de fogo - fátuo, pretende estender a outras áreas – aparecem em verdadeira grandeza três evidências maiores, a primeira sendo que, em época alguma, o Rossio coube na rua da Betesga!

Ou seja o serviço que era assegurado por quatro hospitais do Exército, da Armada e da Força Aérea, não pode ser feito apenas por um, justamente aquele que apoiava o Ramo com menos efectivos.

Não se conhece a data para início das obras de ampliação prometidas, mas temos cá uma fezada de que terão o mesmo destino das estafadas promessas eleitorais.

Chegada a altura, alguém irá dizer “olhem desenrasquem-se com o que têm, pois não há dinheiro”…

É claro que tal decisão jamais será comunicada pelo pai tirano, incapaz de usar um termo tão marcadamente militar como é o “desenrasquem-se”. Ele tem uma educação esmerada.

A segunda evidência, onde a falta de “namoro” salta à vista, é o choque de culturas. Isto é, cada Ramo tem a sua cultura própria (que tem séculos) além de especificidades e maneiras diferentes de ser e de estar.

Ou seja quiseram fazer um cocktail de líquidos e sólidos pouco miscíveis e com algumas reacções químicas adversas.

A isto deve ainda adicionar-se a difícil relação com os Ramos e a incrível situação do Director do HFAR estar a despachar, “transitoriamente” com o MDN, quando devia fazê-lo com o CEMGFA, de quem o hospital irá depender.

O senhor ministro deve julgar que está a trabalhar no PSD ou no seu escritório de advogados e ainda ninguém lhe fez ver a diferença. Dele nada há a esperar de positivo.

Por último e a complicar ainda mais as coisas, assistiu-se a uma compressão acelerada em que todos se têm que adaptar a tudo – a que não é nada desprezível a má vontade generalizada – o que piora consideravelmente a natural resistência à mudança, mesmo quando é necessária, o que está longe de ser o caso.

Está tudo a “bater válvulas” e o sistema arrisca implodir.

Um recente processo colocado em tribunal por um oficial superior, contra o MDN a propósito da situação profissional do Director do HFAR e outras informações solicitadas ao ministério, que acabou na condenação (em 1ª instância) do MDN, é sintomático da situação a que se chegou.

O sentimento que resta no fim, face ao comportamento conhecido, é que as chefias militares não ouvem, não vêm, não sentem, não cheiram e não falam.

Respiram e alimentam-se, por isso existem.

Pergunta-se: para quê?

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