O Dr. Durão
Barroso (DB) escreveu no Jornal “Público”, de 14 de Setembro de 2012, e na sua
qualidade de Presidente da Comissão Europeia[1], um artigo intitulado
“Rumo a uma Federação de Estados Nação”. No papiro DB defende, sem qualquer
pudor, uma união política, que entronca numa afirmação prévia de que “ A Europa
precisa de um novo rumo. A Europa precisa de uma nova forma de pensar”.
Aqui
levanta-se o primeiro grande obstáculo, o qual tem a ver com aquilo que DB – um
ex-maoista expulso do MRPP[2], em 1975, e que aderiu ao
PSD (onde pelos vistos cabe tudo), em 1970, entende por “Europa” e de que
Europa fala.
Será a
Europa física que vai do Cabo da Roca aos Urais? Ou só até à fronteira da
Federação Russa (e, já agora, esta situa-se onde?).
Será a
Europa Política, constituída por uma miríade de Estados dos quais só numa
pequena parte os mesmos têm correspondência na Nação que representam?
Será a
Europa da maritimidade ou aquela identificada com a continentalidade?
Será a
Europa que pertence à NATO ou a dos países que estão de fora?
Será a
Europa dos Impérios ou a dos que foram sendo subjugados?
Será que a
Turquia também faz parte?
É que
poderíamos ter começado por cingir - nos à Europa dos 27, mas se calhar fica
muita Europa de fora…
Bom, mas
mesmo quanto aos 27, temos que ter em atenção que só 17 países aderiram ao
“Euro”, serão só estes a quem DB se refere?
E, pergunta-se ainda, sendo a “eurozona”
constituída por 17 estados porque é que a maioria das reuniões tem sido só a
dois, entre a Alemanha e a França? Porque é que eles não se federam, para dar o
exemplo?
A segunda
contradição insanável é a ideia peregrina que veiculou da “Federação de Estados
Nação”! O senhor meditou bem na parvoíce que escreveu, está a tentar reinventar
a Ciência Política ou - o que é mais verosímil - está apenas a mandar areia
para os olhos do cidadão pouco avisado?
Quer fazer
o favor de explicar o significado exacto do que pariu? Como concilia a “federação”
que pressupõe uma soberania a que todos os demais povos aceitam e se submetem,
com a figura de estado-nação que requer uma individualidade e identidade
própria? Será que ainda lê o livrinho vermelho do Mao e anda confuso (não
confundir com Confúcio), ou atem-se ao princípio leninista de que uma mentira
repetida mil vezes torna-se uma verdade?
Porque
labora neste imenso erro que representa a União Europeia? Que desígnios
obscuros escondem? Sim, porque só pode.
Porque se
quis transformar uma organização de sucesso que a Comunidade Económica Europeia
representava (enquanto protegida pela NATO – leia-se guarda – chuva nuclear
americano), numa utopia desastrada, a partir do Tratado de Maastricht?
A História
dos países europeus tem centenas de anos de conflitos – muitos ainda por
resolver – cheia de identidades políticas fortíssimas e o senhor defende que
isto tudo se amalgame, ninguém sabe como? E deixaram entrar na Europa 50
milhões de emigrantes que nada têm de parecido com os europeus, que não se
integram – nem os querem integrar - [3] para facilitar as coisas?
Será que DB
ainda não entendeu que, a maioria das nações europeias são como ovos cozidos e
não se podem fazer omeletes com ovos cozidos? Ou pensa que pode reduzir os povos
a picado primeiro, para melhor os esmagar, depois?
Porque não
propõe a obrigatoriedade do “esperanto” como língua oficial?
É tão
obcecado que não vê que a riqueza da Europa deriva da sua diversidade e não na
sua uniformização?
O Senhor
Comissário quer, por acaso, transformar a UE numa babel ingovernável (onde,
curiosamente, nunca deixou de imperar a hierarquia do poder dos Estados), que
acabará inevitavelmente em várias guerras civis e entre estados?
Ou julga
que uma oligarquia de banqueiros é a solução dos problemas?
O senhor
acredita mesmo naquilo que diz, ou apenas o diz porque lhe pagam para isso?
Tirando os
ensinamentos da História qual é o laboratório da ciência política onde vai
beber as suas tiradas?
Ou trata-se
de mais um experiencialismo político/social, agora já serôdio pela idade,
depois das maluquices maoistas que lhe enxamearam a tola, na juventude?[4]
O que DB
evita dizer é que o que se passa (entre muitas coisas):
Os bancos e
instituições financeiras dos diferentes países emprestaram dinheiro uns aos
outros (e ninguém sabe realmente o que se passa); inflacionaram o “dinheiro de
plástico” e o crédito ao desbarato; especularam; inventaram e transacionaram
“vigarices tóxicas”, tudo acompanhado com propaganda abundante e demagogia
política (para ganhar votos), num sistema que está baseado e vive disso mesmo e
dos negócios (e não de valores).
Com tudo
isto aumentaram exponencialmente as dívidas das famílias e dos Estados - que a
ganância de muitos e a pouca clarividência de quase todos - potenciaram em
extremo.
De repente
esta “Dona Branca” gigantesca rebentou e os governos em vez de
responsabilizarem os fautores do descalabro, “nacionalizaram” os buracos
financeiros pondo os contribuintes a pagá-los. Nem o José Stalin se lembrou de
uma coisa destas!
Não
contentes com isto, os bancos entretanto escorados com o dinheiro dos nossos
impostos ainda querem vir reaver o que emprestaram, com juros de usurário.
Para
facilitar as coisas rebaixam os países, pondo-os de joelhos e o senhor DB em
vez de querer atacar as causas que nos levaram a este desastre, quer é fazer a
união política!
Pois a mim
parece-me que se tem prolongado artificialmente este estado de coisas, até
levarem o desespero às pessoas, justamente para poderem, depois, acenar com
essa suposta solução salvífica!
A Europa só
tem futuro com Estados- Nação que colaborem, não que se federem, ou pensa que
vou trocar as sardinhas assadas pelo arenque fumado? Julgará, por absurdo, que
os interesses geopolíticos dos alemães têm alguma coisa a ver com os dos
ingleses?
Não nos
iludamos: o que a união política europeia significa para nós, portugueses, é o
desaparecimento da nossa individualidade, primeiro, e da nossa identidade,
depois. É a diluição da Pátria Portuguesa numa mirífica escravatura
internacionalista…
Parece ser
isto que o evolucionista social Barroso quer. Espero que aos restantes
compatriotas reste a inteligência e a determinação de o mandarem à fava.
Se o
senhor já não se sente português, aconselho-o a renunciar à nacionalidade,
antes de entrar no âmbito da estrofe lapidar camoniana “entre os portugueses,
alguns traidores houve, algumas vezes”.
Fará,
todavia, o favor de devolver a Grã Cruz da Ordem de Cristo, com que alguém, certamente
distraído, o condecorou, em 8/6/96.
Convenhamos
que lhe assenta mal.
[1]
Para onde marchou (pois “passaram-lhe” guia de marcha), em 23 de Novembro de
2004, quando já exercia a pseudo função de Primeiro - Ministro de Portugal. É
claro que tudo isto só foi possível depois de DB, como MNE, ter participado
pela 1ª vez numa reunião do Clube de Bilderberg, em 1994 (antecedido por um
elogio do “World Economic Forúm”, no ano anterior, em que referindo-se a DB
dizia ser ele um dos “Global leaders for tomorow” e uma “Political Star”. A sua
ida para a Comissão Europeia foi antecedida por mais uma participação numa
reunião do mesmo grupo (cuja 1ª reunião, patrocinada pelo Príncipe Bernardo –
da Casa de Orange – ocorreu, em 1954). Depois participou, por inerência de
funções (?), para receber ordens (?), em mais duas reuniões: na Alemanha, em
2005 e na Grécia, em 2009.
[2]
“Movimento Reorganizativo do Partido do Proletariado”, fundado em 18/09/1980.
[3]
A grande maioria dos europeus é racista, ou muito racista e o único povo que
sabe, verdadeiramente, “integrar” é o português. O reconhecimento do falhanço
do “multiculturalismo” é disso mesmo, prova eloquente!
[4]
Quer que lhe envie uns vídeos para se rever?
Muito bem redigida e esclarecedora.Este presidente faz-me lembrar aquela velha etiqueta duma antiga marca de discos,a HMV, recordam-se?Pois é isso mesmo,His Master's Voice.Como português vir advogar no "Público" esta causa fica-lhe tão bem quanto a mim umas sapatilhas cor-de-rosa de bailarina.Talvez gostasse de,um dia,vir a ser o "presidente do estados unidos da europa",não? Repasso,com o meu aplauso.
ResponderEliminarAntónio dAlmeida
Brandão Ferreira, caríssimo Amigo, Português inteiro,
ResponderEliminarUma vez mais, brilhante polemista e apurado nas suas análises, felicito-o por esta lição pública.
Permita-me brevíssimas adendas:
- em [2], o ano correcto é 1970;
- relembro que o citado Zé DB (tb conhecido por "cherne"), mal amanhada espécie-de "Dani-le-rouge" à-portuguesa, quando menino-reguila-pintor-d'paredes, foi um dos co-autores do lançamento através da rádio, em Lisboa no dia 04Mai74, da celerada 'mot-d'ordre' «Nem mais um só soldado p'rás colónias!», com todas as subsequentes malfeitorias que se conhecem... ;
- em [3], certeiro tiro na 'mouche'...
Forte abraço,
do
Abreu dos Santos
Sr. Tenente Coronel
ResponderEliminarMais um óptimo texto.
A propósito, e com a devida vénia, ouso trazer para aqui um texto de um comentário lido hoje no Blogue Do Portugal Profundo:
"EU JÁ VIVI O VOSSO FUTURO! Declarações do escritor e dissidente soviético, Vladimir Bukovsky, sobre o Tratado de Lisboa
"É surpreendente que, após ter enterrado um monstro, a URSS, se tenha construído outro semelhante: a União Europeia (UE). O que é, exactamente a União Europeia? Talvez fiquemos a sabê-lo examinando a sua versão soviética.
A URSS era governada por quinze pessoas não eleitas que se cooptavam mutuamente e não tinham que responder perante ninguém. A UE é governada por duas dúzias de pessoas que se reúnem à porta fechada e, também não têm que responder perante ninguém, sendo politicamente impunes.
Poderá dizer-se que a UE tem um Parlamento. A URSS também tinha uma espécie de Parlamento, o Soviete Supremo. Nós, (na URSS) aprovámos, sem discussão, as decisões do Politburo, como na prática acontece no Parlamento Europeu, em que o uso da palavra concedido a cada grupo está limitado, frequentemente, a um minuto por cada interveniente.
Na UE há centenas de milhares de eurocratas com vencimentos muito elevados, com prémios e privilégios enormes e, com imunidade judicial vitalícia, sendo apenas transferidos de um posto para outro, façam bem ou façam mal. Não é a URSS escarrada? A URSS foi criada sob coacção, muitas vezes pela via da ocupação militar. No caso da Europa está a criar-se uma UE, não sob a força das armas, mas pelo constrangimento e pelo terror económicos.
Para poder continuar a existir, a URSS expandiu-se de forma crescente. Desde que deixou de crescer, começou a desabar. Suspeito que venha a acontecer o mesmo com a UE. Proclamou-se que o objectivo da URSS era criar uma nova entidade histórica: o Povo Soviético. Era necessário esquecer as nacionalidades, as tradições e os costumes. O mesmo acontece com a UE parece. A UE não quer que sejais ingleses ou franceses, pretende dar-vos uma nova identidade: ser «europeus», reprimindo os vosso sentimentos nacionais e, forçar-vos a viver numa comunidade multinacional. Setenta e três anos deste sistema na URSS acabaram em mais conflitos étnicos, como não aconteceu em nenhuma outra parte do mundo.
Um dos objectivos «grandiosos» da URSS era destruir os estados-nação. É exactamente isso que vemos na Europa, hoje. Bruxelas tem a intenção de fagocitar os estados-nação para que deixem de existir.
O sistema soviético era corrupto de alto a baixo. Acontece a mesma coisa na UE. Os procedimentos antidemocráticos que víamos na URSS florescem na UE. Os que se lhe opõem ou os denunciam são amordaçados ou punidos. Nada mudou. Na URSS tínhamos o «goulag». Creio que ele também existe na UE. Um goulag intelectual, designado por «politicamente correcto».
Experimentai dizer o que pensais sobre questões como a raça e a sexualidade. Se as vossas opiniões não forem «boas», «politicamente correctas», sereis ostracizados. É o começo do «goulag». É o princípio da perda da vossa liberdade.
Na URSS pensava-se que só um estado federal evitaria a guerra. Dizem-nos exactamente a mesma coisa na UE. Em resumo, é a mesma ideologia em ambos os sistemas. A UE é o velho modelo soviético vestido à moda ocidental. Mas, como a URSS, a UE traz consigo os germes da sua própria destruição.
Desgraçadamente, quando ela desabar, porque irá desabar, deixará atrás de si um imenso descalabro e enormes problemas económicos e étnicos. O antigo sistema soviético era irreformável. Do mesmo modo, a UE também o é. (...) Eu já vivi o vosso «futuro»..."
Minhas saudações
Manuel
Muito bem! É preciso reagir!
ResponderEliminarJoaquim Reis
MUITO BEM, JOÃO!
ResponderEliminarABRAÇO,
Paulo Augusto Barreto
O que é que se pode esperar de um individuo que ABANDONOU o cargo de primeiro ministro da nação que o elegeu para promoção pessoal?
ResponderEliminarSó este acto diz tudo!
Jorge Silva