O Presidente da Câmara de Faro e destacado militante do PSD, Eng.º Macário Correia (MC) deu uma entrevista à Rádio Renascença, no dia 13 de Setembro, onde proferiu afirmações ofensivas, falaciosas e estúpidas, sobre as Forças Armadas e os militares.
Antigamente as coisas sobre as FAs e o seu relacionamento com a Nação, aprendiam-se na Escola, durante o Serviço Militar Obrigatório (SMO) e ao longo da vida, numa espécie de História falada que passava de geração em geração.
Hoje em dia a escola, parece que já não fala destas coisas, o SMO, infelizmente, acabou (nisso não houve problema em mudar a Constituição …), e o rápido fruir da vida em sociedade, cheia de estímulos e referências erradas, faz o resto. Concorre ainda, que a destruição da família tradicional impede que a maioria dos avós vá passando o testemunho aos netos.
O resultado, entre muitas outras coisas, é que alcandorámos pessoas a lugares que deveriam exigir um mínimo de competências e responsabilidade, a bolçar enormidades como é o caso de MC, pondo em triste evidência a sua ignorância e falta de educação. Pelos vistos não foi à escola, não foi à tropa e não teve um avô que lhe desse umas palmadas nos cueiros.
Observem o que esta portentosa inteligência e fulgurância política afirmou, a páginas tantas, na citada entrevista:
“Estamos a alimentar generais e oficiais superiores que não fazem praticamente nada”; “o mundo militar vive de mordomias e privilégios que devem acabar”; “vivem na ociosidade e sem qualquer produtividade”; “o mundo militar vive de mordomias muito curiosas”; “o que é que os oficiais superiores fazem ao fim do dia, de útil?”. E outros mimos.
O jornalista, para evidenciar a notícia, pôs em destaque que “Antes da Educação há que cortar nas FAs”.
Não há uma única verdade em todo o arrazoado de MC. Ora um indivíduo que não diz verdades, é mentiroso! E um cidadão e destacado autarca, que diz mentiras publicamente e com intenção de dolo – pois que se há-de inferir das ditas? – deve ser considerado no âmbito criminal.
E mesmo que seja corrente e supostamente aceitável, entre a classe política, que mentir ou dizer meias verdades faz parte do seu ofício, tal não consta, ainda, em nenhum código de honra, curriculum de instrução ou manual de virtudes militares.
Mesmo que os militares não fizessem nada, como defende o “califa” de Faro, ao menos nisto já levávamos a palma, à classe a que o senhor pertence.
E não costumamos dizer uma coisa hoje e amanhã outra, conforme a conveniência de momento, como MC recentemente fez, relativamente ao pagamento de portagens na Via do Infante. E estranha-se, ainda, que tendo na referida entrevista desancado os funcionários públicos chamando-lhes (claro que não são todos!!!), madraços e vigaristas, não ponha em ordem os da sua autarquia, que reconheceu também existirem.
Quando se manda cuspo para o ar, normalmente leva-se com ele em cima e quem diz o que quer, ouve o que não gosta. É o caso de MC.
Do que diz sobre as FAs e os militares, não vou esmiuçar, era dar-lhe confiança a mais. Ele que aprenda, que já tem idade para isso.
E que poderíamos retorquir a um conjunto de vacuidades que nada explicam e nada dizem, sobre a realidade que quis retratar a não ser o lançar do opróbrio sobre uma instituição fundamental ao Estado e à Nação, e aos seus – apesar das asneiras que sempre se fazem – mais fiéis e diligentes servidores? O senhor MC serve, ou trabalha? Sabe qual a diferença?
De facto a criatura não revelou nenhum defeito em concreto; não apontou nenhuma mordomia “curiosa”; não consubstanciou nenhuma crítica: limitou-se a ofender gratuitamente.
E, para se lavar por baixo, lá vem repetir a cassete, gasta de 30 anos, de que “não sou contra as FAs, defendo é que sejam reduzidas, competentes, bem apetrechadas (e pelo meio critica o equipamento, com a cara aquiescente da jornalista) e eficazes para as missões que têm de realizar. Para isso não são “precisos tantos”. Gostaram desta tirada?
Este ser multicelular é um fenómeno da natureza: promovam-no já a cabo quarteleiro (já que há generais a mais) e façam dele Ministro da Defesa!
Quanto aos oficiais generais e superiores, umas centenas no activo e uns milhares na reserva e reforma, deixo um alvitre para a resolução do problema: proponha a restauração da pena de morte e elimine-os sem dó nem piedade. Afinal, se até hoje nada fizeram…
Quanto a cortar nas FAs em vez da Educação , pensamos exactamente o oposto (e isto não é blague), e as razões explicam-se em duas penadas: nos últimos 20 anos os orçamentos e os meios do Ministério da Educação não pararam de aumentar; o que se tem vertido na educação, em euros foi, nos últimos 10 anos, superior a 7 biliões/ano (5 a 6% do PIB). Resultado obtido, a maioria das dezenas e dezenas de milhares de jovens lançados no mercado de trabalho, absolutamente impreparados para a vida em termos físicos, morais culturais e cívicos; um desperdício enorme; uma indisciplina e falta de autoridade que até dói; uma conflitualidade permanente, etc.
Ao contrário as FAs viram os seus orçamentos e meios diminuídos, ano após ano e, em simultâneo, as suas missões aumentadas (menos de 1.1% do PIB). Nunca tiveram imprensa favorável nem “cobertura” política. Têm aguentado tudo estoicamente e não deixaram de cumprir bem e diligentemente uma única das suas missões.
Tudo isto sem que o poder político lhes tenha proporcionado um mínimo de factores estáveis de planeamento.
Têm tido as melhores referências internacionais e ombreiam entre os melhores. É graças a elas que o Estado Português tem alguma visibilidade na cena internacional. Por isso senhor MC e senhora jornalista, quem precisa de reforço de meios não é o ME, são as FAs. Se tiverem dúvidas convidem-me para um frente a frente com o personagem e logo veremos, também, quem tem mordomias, se os militares, se a classe política em geral e os autarcas em particular; e quem tem pessoal a mais, se a tropa, se as autarquias. Aceitam o desafio?
Existe, porém, uma hipótese relativamente à causa do ataque de bílis do engenheiro: é que ele quando era Presidente da Câmara de Tavira – pelos vistos passa a vida a saltar de câmara em câmara – viu o Exército gorar-lhe uma negociata que pretendia fazer com a venda das instalações militares da cidade, a fim de lá ser instalado um “resort” de luxo.
Deixe lá, o “galo” incha e depois desincha. Meta-se naquilo que, supostamente, sabe fazer e preocupe-se com as rotundas, o caos urbanístico, a insegurança, os crimes ecológicos, o correcto atendimento aos turistas, a protecção civil, etc., da sua autarquia – trabalho não lhe falta – e vai ver que isso passa-lhe.
Não queira mandar para cima dos militares - que cumprem as suas missões sem alardes e se preocupam com assuntos que estão muito acima da sua formação - ónus e responsabilidades que não lhes cabem.
Os militares nunca tiveram, não têm e não querem ter “mordomias”, apenas pretendem a justa retribuição às exigências da sua condição militar. E o mais importante de todos é o direito ao respeito.
O Eng. MC tem, em dívida, um pedido de desculpas à IM e aos militares. Uma dívida certamente mais fácil de saldar do que a da sua autarquia (que está falida).
A asneira, apesar de ser livre, tem que ser responsabilizada.
Alguem, se lembra, do projecto de irrigação, do sotavento algarvio.
ResponderEliminarMacário Correia assentou praça na Escola Prática de Artilharia com destino ao curso de oficiais milicianos.
ResponderEliminarÀ data era, salvo erro, director de serviços no ministério do ambiente,
e já tinha sido accionada a requisição para a dispensa do serviço militar e regresso às funções.
Foi inspeccionado pelos serviços clínicos da EPA e mandado fardar.
Recusou vestir a farda, mas a isso foi obrigado pelo comandante da bateria de instrução.
Nesse mesmo dia o ministro da tutela telefonou para o CEME e para o comandante da EPA.
No dia seguinte a requisição estava na EPA e o cadete Macário Correia na disponibilidade.
Por acaso o homem que o obrigou a fardar é hoje o chefe do gabinete do Gen. CEME.
Manuel J.M. Talhinhas.
Macário Correia é um desbocado, politicamente incorrecto, que disse o que muita gente pensa e que a triste realidade confirma.
ResponderEliminarQuando estive na Marinha (durante 8 anos) a Banda da Armada era dirigida por um 2.º Tenente, às vezes por um 1.º Tenente. Há meses fui assistir a um seu concerto e tinha à frente um 2.º Tenente e um Capitão-de-mar-e-guerra.
O Instituto de Socorros a Náufragos era comandado por um Capitão-de-mar-e-guerra hoje é por um Almirante.
As fragatas eram comandadas por um Capitão-de-fragata e hoje são comandadas por um Capitão-de-mar-e-guerra.
O Comando Naval do Continente era comandado por um Capitão-de-mar-e-guerra e hoje é por um Almirante.
O Corpo de Fuzileiros era comandado por um Capitão-de-mar-e-guerra (o último que conheci antes de sair da Marinha foi Pinheiro de Azevedo) hoje é por um Almirante.
O quadro dos oficiais generais das FA contempla 73 mas existem 132.
Mais palavras para quê.
Eu não sou anti-militarsta, pacifista, maricas ou outro epíteto qualquer com que me queiram brindar.
Acho as FA imprescindíveis e um pilar essencial do Estado, uma reserva da Nação.
Acho é que este regabofe de não adaptar a dimensão das FA às verdadeiras necessidades do país, pagando bem aos seus membros, é que desprestigia as FA.
Não as declarações tolas de Macário Correia.