terça-feira, 5 de julho de 2011

MALANDRICES POLITICAS E RESPOSTAS MILITARES

Dois ministros, dois, um da Defesa e outro das Finanças, resolveram, em fim de mandato, acusar publicamente as chefias militares – todas elas – de ilegalidades sobre promoções e pagamentos, subentendendo gestão danosa de fundos públicos.Tudo resultou de leis aprovadas pelos políticos, quando não inspiradas por eles, e de cuja modalidade de execução tiveram prévio conhecimento.
As chefias dos Ramos (que na execução da lei actuaram em sintonia), de igual modo tomaram pública uma posição em que desmentem os dois ministros (O CEMGFA tem-se mantido quedo). Foram declarações enxutas, institucionais, sem querer alimentar polémicas, mas sendo claros em que o Exército, a Armada e a FA, não cometem ilegalidades.

O Chefe do Exército foi mais longe e deu uma entrevista mais assertiva.

Ou seja, não tendo o diferendo sido resolvido pela parte política – pois é esta que se sentiu defraudada – através do diálogo, ou por uma simples ordem de suspensão, quiseram torcer o problema e tentar passar para a opinião pública que o ónus estava nos militares. É difícil ser-se mais demagogo, aldrabão e anti - ético!

Ora passando-se as coisas, em termos gerais, como as descritas resulta que ambas as partes não podem estar certas ou erradas ao mesmo tempo. Dito de outro modo: ou mentiram uns ou mentiram os outros, o que numa sociedade civilizada levaria a que se tentasse apurar a verdade e, dessa verdade, teriam que resultar consequências…
Mas não, todo o filho d’algo finge que não vê, assobia para o lado e aguarda calmamente que passem uns dias e a questão já tenha sido destronada, por um desaguisado amoroso de um príncipe, ou a transferência de um craque do futebol.
Chamar ao que temos, não direi uma democracia adulta, mas um Estado que funcione, é uma ficção.
As chefias militares não largaram a “cavalaria” e não fizeram a exploração do sucesso. A altura era muito propícia, já que era um governo que saia de cena amachucado, ao passo que permitiria marcar posição e terreno, face ao governo que entrava. Mas falta aqui sempre um rasgo, uma ideia, uma estratégia! Há sempre receios, prudências, pruridos.

Ou será melhor assim, já que em determinados assuntos os políticos (em todo o espectro partidário), se unem e defendem uns aos outros?
Em qualquer caso, parece haver muitas coisas erradas em tudo isto:
Então as leis e regulamentos – na fase da elaboração - não são discutidos entre autores, intervenientes e âmbito onde se irão aplicar? Durante a execução do regulamentado não existe acompanhamento/discussão entre as partes? Os problemas que surgem não são resolvidos no recato dos gabinetes, antes se passam para a opinião publicada? Quando se discutem os assuntos não existe lealdade e coragem suficiente, entre interlocutores para dizerem o que pensam, e acordarem no cumprimento da decisão havida, quando a haja?
Ora, parece-nos que é nestes “itens” que reside o segredo de uma boa governação e de uma salutar convivência. Mas não há maneira de convergimos nisto, resultando uma péssima prestação, de graves consequências, que a Instituição Militar e o País não merecem.
A classe política dos últimos 30 anos não tem provado nada bem e não tem merecido poder ser classificada como patriota. Generais e almirantes têm tido as maiores dificuldades em lidar com este quadro. Urge encontrar um ponto de equilíbrio sensato.
Eu sei que a vida é difícil e não é justa: Paiva Couceiro acabou exilado e Mouzinho meteu uma bala na cabeça. Mas o sol nasce todos os dias e Portugal tem que sobreviver.

1 comentário:

  1. Meu caro Ten.Cor.
    Esses problemas certamente serão a breve trecho resolvidos.
    A pessoa certa para o lugar certo já tem assento no Gabinete do Sr. Primeiro Ministro, o Senhor General Chaves, distinto oficial que certamente vai fazer ouvir a sua voz e meter os recrutas na ordem.
    Tenha V. Exª fé em Deus, porque eu nos homens já não acredito.

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