terça-feira, 15 de março de 2011

UM APONTAMENTO SOBRE A MANIF. DE DIA 12/3

Não interessa quantos foram, foram muitos. A parte central da Av. da Liberdade estava repleta, desde os Restauradores até à estátua do Pombal. E ainda faltam os das restantes cidades.

Interessa sim, como se realizou e o que significa/representa.

Correu bem para além de todas as expectativas.

Não havia mais jovens do que de outras idades – ou seja a “aflição” é transversal – não havia bandeiras partidárias (talvez uma), mas havia algumas bandeiras nacionais (o que está bem); não apareceram políticos (pudera!), nem frases estúpidas; não houve má educação, nem houve discursos – ou seja ninguém ficou desagradado.

Confesso que nunca imaginei ver cidadãos de extremos políticos opostos, em boa vizinhança e com outros com bandeira do “arco-íris” pelo meio. Mas vi.

Correu bem. Apesar de não haver organização, nem elementos de “segurança” da manifestação, etc., não houve um único incidente, um dislate, um mau comportamento. Respirava-se, como hei-de dizer – vos, um “bom ar”. Parecia um passeio de domingo onde as famílias se juntaram no mesmo local e decidiram seguir pelo mesmo caminho.

É certo que o caminho representava um protesto e cada um teria as suas razões. Mas cada um fez, aparentemente, das razões dos outros as suas razões…De facto somos um povo muito peculiar. Até nos chegar a mostarda ao nariz.

Um ponto comum se pode divisar: o protesto contra a classe politica e o comportamento dos Partidos. Porque, independentemente das razões de uns e de outros, foram eles que conduziram o Estado à falência, a Nação à indigência e a Sociedade à falta de Princípios.

Por isso ninguém os vislumbrou (aos políticos). Os políticos e os Partidos não gostam deste tipo de manifestações. Não são eles que as convocam, organizam e controlam…Às vezes até se opõem, estão lembrados do que aconteceu no 28 de Setembro de 1974, com a manifestação da “maioria silenciosa”? Por isso até o mais conhecido apóstolo do “direito à indignação”, o Dr. Mário Soares, desvalorizou e não apoiou esta indignação cívica…

A manifestação não tinha objectivos específicos e, por isso, se esgota, provavelmente, aqui. Mesmo não sendo só a juventude que está à rasca, mas o país inteiro.

Mas aquilo que significou devia quedar-se no espírito de quem ocupa, ocupou ou pensa vira a ocupar, as cadeiras do poder político. Para que ganhem juízo e decência. E para que deixem de querer fazer de Portugal e dos portugueses um negócio de vão de escada.
______
Fotos de João Alarcão

1 comentário: