terça-feira, 31 de agosto de 2010

ANGOLA NO INSTITUTO DE DEFESA NACIONAL

27/4/2010


Brasão de Armas do IDN
No âmbito do curso de auditores de Defesa Nacional, aquele prestimoso Instituto da Defesa Nacional (IDN), leva a cabo um conjunto de conferências, que de um modo geral capitalizam pela organização e interesse.

A última a que assistimos, porém, teve graves falhas neste último âmbito (interesse): o tema era sobre a Política de Defesa de Angola e as ameaças previsíveis. Figuras gradas da embaixada de Luanda, presentes, a sala composta. O orador foi o actual director do IDN angolano, Brigadeiro Armando Bravo da Rosa.

O texto que o Sr. brigadeiro – aliás pessoa simpática e conhecedora da casa, dado ter feito cá o curso, em 95/6 – leu, foi escrito em bom português, facto que envaidece os nossos brios; estava escorreito de conceitos teóricos, sinal que o IDN lhe deu um bom curso; fez uma apresentação da geografia de Angola que podia ter sido uma interessante introdução geopolítica, mas que apenas serviu para me relembrar o que tinha aprendido na instrução primária e quanto a política de defesa de Angola … nada.

Isto é, ouvi uns lugares comuns, um elencar de conflitos entre países africanos, dos quais Angola não fazia parte e apenas vislumbrámos umas preocupações por causa do petróleo no Golfo da Guiné e da Nigéria. Quanto ao resto classificou as ameaças de difusas. Falou ainda ma emigração ilegal, que é um caso de polícia. Ou seja, ficámos a inferir que Angola não tem ameaças, e ainda bem, pois parece também não ter nenhuma política de defesa para lhes fazer face…

Tocou nas questões da droga e do terrorismo (faltou a pirataria…), pois são questões que estão na ordem da agenda internacional, mas sem especificar coisa alguma - até porque Angola tem sido algo marginal a este âmbito; falou em conflitos fronteiriços, sempre possíveis por causa do modo como foram traçadas as fronteiras, mas não especificou quais.

De resto deixou de fora tudo o que teria interesse saber: a importância das FAs na coesão interna e na unidade do Estado; o problema de Cabinda; o mal estar gerado pelo comportamento de tropas suas no Congo; o relacionamento com a República da África do Sul e a questão da potência regional no cone sul de África; o acesso ao mar por parte do Zaire e da Zâmbia; que relações estabeleceram com os EUA; o que pretendem das alianças regionais; como vislumbram a sua acção sobre S. Tomé; como encaram as disputas/concorrências petrolíferas na região; os problemas de relacionamento com Cuba, a Rússia e a China no momento actual, face à controversa histórica contemporânea, etc.

Nem sequer se dignou falar da CPLP nem da Cooperação Técnico Militar com Portugal!

Dá ideia que o Sr. Brigadeiro veio a Lisboa passear e rever velhos amigos.

O período de perguntas e respostas foi ainda mais penoso. Utilizando um estilo muito lento a falar, mastigando as palavras, empaliou tudo e não respondeu a nada.

A uma pergunta pertinente do Presidente da Liga dos Combatentes – apesar deste ter falado em “guerra colonial”, coisa que desconhecemos ter existido – relativamente ao tratamento a dar aos restos mortais dos militares portugueses que ficaram no território, entaramelou-se em cirlunlóquios acabando por endereçar a resposta para os dignatários da embaixada, presentes.

Parecia que se estava num país da cortina de ferro, na fase inicial da Guerra Fria… A uma pergunta simples e bem feita, por um jovem angolano presente, sobre qual a política para o Atlântico Sul, tudo espremido ficámos a saber da sua preocupação com a pesca do carapau…

E antes que o anfitrião desse o tempo por terminado (não fosse alguma pergunta mais ousada?!), acabou logo ali a sua intervenção.

Fica aqui este registo, para que não nos tomem por tolos.

1 comentário:

  1. Só mesmo alguns incautos é que não percebem que esta coisa da cooperação técnico-militar e outras, é unívoca e não biunívoca.
    O carapau que se cuide.

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