sexta-feira, 24 de janeiro de 2020


O QUE ESTÁ A FALHAR NA GUERRA CONTRA A DROGA?
20/01/20


“A vida humana gira instável
Como os raios de uma roda de carroça”.

                  Anacreonte
(Poeta grego, Teos 570 a.C. – Teos 485 a.C.)

            Assim se interrogava a reportagem da SIC no pretérito dia 11 de Janeiro, que passou no horário nobre do Jornal das 20H00.
            Seguramente com o intuito de nos estragar o jantar e provocar um sentimento de vómito…
            Dá vontade de rir, embora apeteça chorar, pois é trágico!
            Vejamos.
            Guerra contra a droga, fala a reportagem, mas qual guerra? Que “mentira” despudorada é esta?
            O que existiu e existe é sim, uma rendição inominável do Estado e da maioria da Sociedade relativamente a este flagelo escabroso! E não só rendição, ainda se tem que acrescentar os termos conivência, cobardia, traição e estupidez.
            Convém ainda afirmar para registo, que até 1974, tirando uns casos pontuais em chamados “filhos maus das famílias boas”, que praticamente não havia qualquer problema de droga em Portugal. Foi a bandalheira e o desnorte que emanou do golpe de estado ocorrido em 25 de Abril desse ano, que escancarou as portas para a disseminação do tráfico e consumo de estupefacientes no nosso país e que atingiu números dramáticos nos anos 80.
            Desde que resolveram descriminalizar o consumo, em Novembro de 2001 (Lei nº 30/2000) e passar a tratar os consumidores como doentinhos/coitadinhos, que só se tem feito asneiras, chamando-lhes (às asneiras) ideias muito avançadas e progressistas, até pioneiras!
             Que a comunicação social espalhou aos quatro ventos, chegando-se a dizer que Portugal é uma referência mundial!
             O termo “doença” é um conceito complexo e multifacetado, mas pode ser sintetizada como sendo uma condição particular anormal que afecta negativamente o organismo e que não é causada por um trauma físico externo.
             Ora o “trauma” dos drogados é auto induzido e transforma-se em vício porque as substâncias com que se tentam “eutanasiar” causam adicção. Ou seja a responsabilidade maior em tudo o que se passa é sempre do próprio. Como é que isto se pode confundir com uma doença é um mistério…
             Basicamente o que se pretende com toda a parafernália argumentativa do actual estado de coisas, é desculpabilizar o infractor e passar o ónus para a “sociedade” entidade suficientemente difusa para a culpa morrer solteira.
             Como o tio Rousseau deve estar contente…
             Agora estão muito admirados e queixam-se que tudo falhou e - cito - aumentaram as mortes (30%) por “overdose”; o consumo de cocaína disparou e existem muitos distúrbios psicóticos por via da cannabis?
            E de que há cada vez mais queixas de cidadãos por terem de suportar o tráfico e o consumo à vista, muitas vezes à porta de sua casa? E das Escolas? Que logo que as autoridades gastam esforço e dinheiro a “sanear” uma zona de tráfico e consumo, logo se mudam para outra?
            Então faz algum sentido criminalizar o tráfico e despenalizar o consumo? Então uma coisa vive sem a outra? Então os consumidores são – no mínimo – coniventes com o tráfico, mas não têm qualquer tipo de responsabilidade sobre o mesmo? Nem sobre o acto de se estarem a auto destruir, consumindo?
             De que serve manter ilegal o consumo prevendo-se multas e identificação e registo dos ofensores, se a mensagem que se passa é a da desculpabilização? Quantos multados deixaram de consumir? Para além de que tudo isto representa um incentivo ao consumo pois se a coisa correr mal há sempre alguém a “pôr a mão por baixo”. Mal comparado é o mesmo que se faz com os migrantes clandestinos: eles são ilegais e arriscam viajar e os governos europeus esforçam-se por os ir salvar…
            E apesar de tudo estar bem explicado no “site” do Serviço Nacional de Saúde quem no país tem a noção de que a “triagem” e a eventual penalização dos consumidores (maiores de 16 anos, já que os menores são entregues aos pais), não é feita pelas autoridades mas sim por uma entidade existente a nível distrital que dá pelo nome de “Comissão para a Dissuasão da Toxicodependência”? A quem são entregues os “doentinhos” pelas Forças de Segurança e Tribunais?!
            Existem ainda umas almas caridosas que se dispõem até a descriminalizar o tráfico. Mas desde quando se deve (não digo pode) descriminalizar ou despenalizar uma coisa que é má, viciosa e causadora de incontáveis danos?
             Agora outros iluminados afirmam que o sistema está a falhar porque não são disponibilizados meios suficientes? Parece a mesma desculpa que é dada para a incompetente imoralidade do Comunismo: a teoria está certa, o que tem falhado é a sua aplicação…
            Nesta sociedade cada vez mais amoral, individualista, facilitista, hedonista, e insana em que estamos imersos, vale tudo?
            É por isso que “facilitam” a entrada de droga nas prisões?
            Há uma “sem - abrigo” que nem portuguesa é, que se droga e resolve jogar o filho recém - nascido no lixo e a Ministra da Justiça vai visitá-la à prisão? O PR dos afectos pede “compreensão”?
            Mas passa pela cabeça de alguém com dois olhos, que o Estado gaste os nossos impostos (sim porque o dinheiro é retirado do que todos pagamos) para distribuir seringas, remédios, alguns tipos de drogas; disponibilizem locais para se drogarem, material de higiene e restante parafernália, para o pessoal da “pica e da passa” se injectar com calma, sossego e lavadinhos, quando deviam andar era a trabalhar ou a fazer qualquer coisa de útil?
          Porque é que não oferecem garrafas de vinho aos bêbados?
          E eu tenho que pagar e cara alegre?
          E dizem com uma lata do tamanho do mundo que não fazer estas coisas, torna as consequências mais caras e gravosas? Mas então atacam-se efeitos em vez de causas? E afinal estamos preocupados com um problema criminal, social, de saúde pública e moral ou apenas com cifrões?
            E que raio de justiça social é esta em que os que se portam bem é que têm que aturar, sofrer e pagar pelos que se portam mal?
            E porque é que as autoridades não acabam com o tráfico? Pois parece-me que pelas mesmas razões porque não acabam com os paraísos fiscais. Porque não querem…
            Outros dizem que só se consegue apanhar os “pequenos” traficantes. É mentira. Além de que os grandes traficantes não podem viver sem os pequenos…
            Lembro que ao tempo do governador Giuliani, em Nova Iorque, a criminalidade desceu muitíssimo, tendo a luta começado por pequenos delitos, como os grafitis.
            Vivemos no meio da maior das hipocrisias e mentiras.
             No entretanto arranjou-se mais um negócio das clinicas de desintoxicação e agora a novíssima coqueluche da produção da canábis para fins medicinais![1]
            Ainda não se percebeu que com a actual política se esvaziou a autoridade e o moral das polícias e órgãos de investigação criminal, para actuarem?
            E depois faz-se reportagens a dizer que nos últimos 10 anos apareceram em Portugal 90 novos tipos de drogas sintéticas?[2]
            Ainda não perceberam que após 20 anos de políticas idiotas e cor – de - rosa, o número de drogados aumentou, idem para a diversidade de drogas e a sua disseminação e perigosidade se tornou mais fluida. E o tráfico não diminui, como é demonstrado pelas apreensões feitas? Não percebem que toda esta palhaçada é um péssimo exemplo para os mais novos?
            E que as consequências de tudo isto, acompanhada pela acção irresponsável dos “média” fizeram uma coisa terrível que foi tornar a sociedade complacente com esta desgraça, porque se tornou uma coisa “normal”? Ao ponto de me entrarem pela casa dentro as imagens mais miseráveis destes infelizes em cenas sórdidas e infra humanas, sem uma ponta de pedagogia adequada?
            Tanto filho d’algo a encher a boca com a palavra “liberdade” e não se preocupam com a escravatura degradante e indigna em que os agarrados pelo maldito vício, arrastam a sua existência?!
            Porque é que toda esta gente que polui o ambiente não é encarada como um problema ecológico?
            Estamos em crer que o único país que encarou o assunto a sério foi Singapura.[3]
            Para grandes males, grandes remédios.
            Abençoados.



                                                     João José Brandão Ferreira
                                                    Oficial Piloto Aviador (Ref.)



[1] Cinco empresas já obtiveram licença da Autoridade Nacional do Medicamento (Infarmed) para cultivar, importar e exportar a planta da canábis para fins medicinais, com uma área de cultivo de 120 hectares. Num país que não consegue manter a disciplina nas salas de aula, estou curioso de ver quem vai conseguir controlar o que se rá passar neste âmbito…
[2] Notícia do DN de 12/10/2018…
[3] Em Portugal seria necessário harmonizar as penas com o 5º Mandamento da Lei de Deus: “Não matarás”…

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