segunda-feira, 22 de julho de 2019


EPISÓDIO NUNCA VISTO! [1]
19/7/19

“Fomos descobrir o mundo em Caravelas e regressámos dele em traineiras.
A fanfarronice de uns, a incapacidade de outros e a irresponsabilidade de todos deu este resultado: o fim sem a grandeza de uma grande aventura.
Metade de Portugal a ser o remorso da outra metade.”

                                         Miguel Torga
                                (Sobre a Descolonização)

            Estando o meu cadáver adiado - como diria o Pessoa – cuja procriação já conheceu melhores dias, em franca discussão degustativa com uma gostosa sopinha de beldroegas – há que aproveitar, pois não se sabe até quando estes tesouros gastronómicos vão durar – deu entrada no restaurante um rapaz na casa dos 20 anos.
            Pelas beldroegas certamente já os leitores identificaram que a cena se passa no Alentejo. Desta vez em Beja.
            O moço de nacionalidade indeterminada (com o mau uso que fazem da lei frouxa, que permite a naturalização “à balda”, até já pode ser português) arranhava umas palavras na língua de Camões e tinha aspecto (creio que utilizar apalavra “aspecto” ainda não pode ser considerada “racismo”), de ser etnicamente cigano ou romeno (dos de tez escura).
            Era “vendedor ambulante”, pois carregava cintos, meias e um saco com parafernália afim. Dirigiu-se ao balcão e numa linguagem confusa inquiriu que comida havia.
            A proprietária começou por lhe dizer que ele não podia vender nada ali dentro e quando entendeu que o sujeito queria comer, começou a explicar-lhe os pratos que havia, ao que ele mostrou não perceber, ou querer perceber, quase nada.
            Depois de uma conversa de surdos lá escolheu carne de porco à alentejana.
            Depois perguntou se podia provar, sendo a resposta negativa.
            A senhora, já curtida nestas coisas, manteve a calma e perguntou se ele queria almoçar e sentar-se. Ele disse que sim (se é que percebeu). Depois foi-lhe perguntado o que queria beber, a resposta foi uma “cola”.
            O rapaz (que nunca se sentou) anda para a frente e para trás, até que a (aparente) dona do restaurante e cozinheira da dita sopa, com presciência, perguntou-lhe se ele tinha dinheiro para pagar. Meneou com a cabeça e perguntou quanto custava. Dez euros, foi-lhe dito.
            A agitação continuava, tendo o jovem ameaçado abrir a lata de cola, no que foi questionado, serena mas firmemente, pela interlocutora, se tinha dinheiro para a pagar.
            Até que, sem mais aquelas, o calcorreador de ruas pousou a lata e retirou-se.
            Ainda o vi, mais tarde, a interpelar cidadãos no intuito de lhes impingir algo do que transportava e a entrar e sair de estabelecimentos congéneres.
            Que quereria de facto o sujeito ao entrar no restaurante, onde ainda tentou trocar uma refeição por um dos objectos que transportava?
            Que lhe oferecessem algo para comer por medo ou filantropia? Esperava que algum dos clientes – a quem nunca se dirigiu para pedir fosse o que fosse, mas apenas se queriam algo (do que vendia) – se oferecesse para lhe dar de comer?
            Eis alguns comentários elucidativos da senhora do restaurante, que estava acompanhada de uma empregada, e cujo marido se tinha ausentado no entretanto: “estas situações estão a tornar-se mais recorrentes”; “é preciso ter cuidado, pois já foram detectados comércio de órgãos”, “é preciso não mostrar medo”; “eu até lhe podia dar de comer, mas depois não me largava a porta”.
            A situação representa um microcosmo que se tende a transformar num macrocosmo, como já sofrido em muitos países do mundo, nomeadamente na Europa, onde a situação se agravou com a permeabilidade das fronteiras e a crise (altamente provocada) dos “migrantes”. Um termo desenterrado como por magia, de um dia para o outro.
            A situação em Portugal ainda não saiu fora de controlo por razões que agora não vou dilucidar, mas já está demasiado abandalhada sob a capa do “humanitarismo” (tendo a Igreja caído neste arame de tropeçar); desculpabilizada por causa da demografia negativa e por os nativos não quererem trabalhar numa série alargada de profissões (afinal “trabalhar sempre é bom é para o “preto, o monhé, os tipos de leste”, etc…); e, finalmente, camuflada com o abuso do alçapão da lei da nacionalidade que transforma, por ilusionismo, estrangeiros – que nada têm a ver com a matriz cultural nacional – em portugueses!
            Tudo isto acompanhado por um número alargado de tugas espertalhões que dizem à boca pequena (claro está), que não estão preocupados, pois os tais migrantes (muito poucos dos quais, são refugiados), não querem ficar cá, mas irem para sítios onde lhes paguem melhor, ou têm mais regalias…
            Não sei se dizem isto, por convicção, por esperteza saloia, porque perderam a noção da realidade ou, simplesmente, porque lhes dá um enfado dos diabos preocuparem-se com estas “chatices”.
            Resumindo, parece ser urgente para ontem:
            - Controlar as fronteiras e sair do acordo de Schengen;
            - Dificultar e dar dignidade à Lei da Nacionalidade;
            - Combater as redes ilegais de contrabando de pessoas;
            - Reter prioritariamente os meios de fiscalização nacionais para controlarem as fronteiras terrestres, aéreas e marítimas do país;
            - Expulsar sem contemplações todos os ilegais (apostando até na prevenção);
            - Obrigar todos os que cá ficam, a trabalhar, a integrar-se e a dispersar-se pelo território;
            - Desenvolver serviços de informação adequados;
            - Controlar estritamente qualquer Organização Não Governamental” (ONG), que passe pelo nosso país;
            - Prender, em prisões a sério, todos os que prevaricarem;
            - Dar autoridade às polícias e reformar o Código do Processo Penal;
            - Atacar a contrafacção, contrabando e a venda ilegal. [2]
           
            Portugal não pode ser transformado numa espécie de “passe-vite”, sem lei, nem roque, muito menos sem soberania.
            Cumulativamente lembrei - me que seria útil:
            - Enviar-se umas quantas aspirinas para o Palácio de Vidro, em Nova Iorque, destinadas a aliviar as aflições do “nosso” engenheiro Guterres;
            - Chamar-se urgentemente o Núncio Apostólico, a fim de transmitir a Sua Santidade o Papa, que o governo português, com o alto patrocínio do Palácio de Belém, está disposto a alugar um porta contentores (dado que deixámos, há muito de ter Marinha Mercante), que transportará gratuitamente para o Vaticano umas centenas de tendas – que só não serão climatizadas para não aumentar o “deficit” – com que poderão instalar uns milhares de migrantes (obviamente não cristãos) na praça de S. Pedro e na Capela Sistina.
            O núncio será, porém, informado “off record” de que o nosso país – dado até, que a Igreja passa o tempo nessas práticas – espera um pedido de desculpas por a Santa Sé ao tempo do Papa Paulo VI, ter passado ostensivamente a tentar correr com a presença política dos portugueses, fora do continente europeu;
            - Finalmente devia enviar-se uma carta armadilhada ao inenarrável e inadjectivável cidadão “do mundo”, Soros (George, para os amigalhaços), que ao explodir o cobrisse com a mais fina fragância mal cheirosa do mercado, pela acção que tem tido no meio disto tudo. E está longe de ser o único.
            Já me esquecia, não seria má ideia, por outro lado, pegar num tal “activista” senegalês, um adiantado (e avençado) mental, do Bloco Canhoto e metê-lo na fronteira. Melhor ainda seria levá-lo numa mota de água da Polícia Marítima até à Costa da Líbia e deixá-lo lá (enfim, com água q. b. e um saco de alcagoitas) à espera que os apaniguados pagos pelo Soros o vão “salvar”.
            Enfim, não quero deixar de recomendar o restaurante, que além da magnífica sopa já referida, é tradicional de costumes e decoração; o serviço é simpático e “last but not the least”, tem licor de poejo.
            Uma raridade nos quatro Alentejos que nos restam (o alto, o baixo, o da margem esquerda e o Termo de Olivença – este último algo esquecido), desde os tempos em que uma entidade com a sigla ASAE decidiu no seu superior critério, atacar os subprodutos de uma cultura inferior e decrépita, tentando elevá-los aos altares científicos bruxelenses do século XXI (prá frente!).
            Haja Deus.




                                               João José Brandão Ferreira
                                              Oficial Piloto Aviador (Ref.)


[1] Isto é, que eu nunca tinha assistido. Ocorrido a 13/7/19.
[2] Apesar de ter havido há pouco tempo, um festival em Castro Marim evocando o contrabando de outros tempos não muito antigos…

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